LITERATURA REALISMO Prof Tefilo Bevilqua CONTEXTO HISTRICO n
LITERATURA REALISMO Prof. Teófilo Beviláqua
CONTEXTO HISTÓRICO n Segunda metade do século XIX; n Nova visão de mundo: a realidade deve ser observada objetiva, cientifica e experimentalmente; n Surgimento de metrópoles e de duas classes bem definidas: o operariado e a burguesia; n A sociedade vive em permanente tensão de classes;
NOVAS IDEIAS FILOSOFICOCIENTÍFICAS n Positivismo: só é realidade o que pode ser captado pelos sentidos; n Experimentalismo: aproximação da ideia de arte à ideia de ciência; o escritor deve agir como um cientista; n Determinismo: o comportamento do homem pode ser explicado pelo meio em que vive, a origem, a raça, a classe social, etc.
REALISMO BRASILEIRO n Didaticamente inicia-se com a publicação de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis; e de “O Mulato”, de Aluísio Azevedo; n Oposição ao idealismo romântico: o objeto é exterior, está na realidade; n Buscam a realidade pela razão, pelo racionalismo; n Só interessa o que pode ser observado;
n Preocupação com o momento histórico, presente da sociedade em seus contextos políticos e econômicos; n Crítica à burguesia e às instituições que a orientam: Estado, Igreja e Família; n A religião e a metafísica são consideradas subjetivas demais; n É uma estética comprometida com a conscientização social; n A essência das pessoas e acontecimentos substituem a superficialidade das aparências;
n Os personagens são cotidianos: o homem não é um herói; n Os cenários passam a ser urbanos; n Em vez do ambiente natural, o ambiente social passa a ser valorizado; n Linguagem culta, mas simples, objetiva, sem exageros estéticos; n É quando se dá a oficialização da Literatura Brasileira – criação da Academia Brasileira de Letras - 1897
MACHADO DE ASSIS
MACHADO DE ASSIS Ø FASE ROM NTICA Ø aborda temas indianistas na poesia dessa fase acentua o gosto psicológico e a análise de costumes o humorismo, cinismo, quase alegre erotismo e o sensualismo. pudor nos arrebatamentos sentimentais depuração da forma preocupação indianista nas poesias: Crisálidas, Falenas, Americanas Ø Ø Ø
n FASE REALISTA n Caracterização psicológica de suas personagens; Retrato criado para a sociedade da época. Os temas comuns são: o adultério, o casamento, a exploração do homem pelo próprio homem. A figura feminina representa mulheres recatadas, sedutoras, adúlteras, fatais e dominadoras. Preocupação do escritor com a linguagem. Metalinguagem: o leitor é convidado e a obra é explicada. O caráter das personagens é, muitas vezes, ambígua, permitindo diferentes opiniões n n n
n n n n Humor: repleto de pessimismo e ironia, de difícil definição A vida nada mais é do que um palco onde os homens lutam Não-linearidade da narrativa. Somente a análise da consciência dará sentido aos fatos. Seus livros não são a representação direta de nenhuma das grandes correntes ideológicas que agitavam o momento. Alfredo Bosi afirma que é nessa fase que o escritor desenvolve a "análise das máscaras que o homem afivela à consciência tão firmemente que acaba por identificar-se. Entra na alma de cada um deles, trazendo todos os defeitos da conduta humana (egoísmo, luxúria, vaidade, etc).
“Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia – algumas vezes gemendo –, mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando muito, um “ai, nhonhô!” – ao que eu retorquia: – “Cala a boca, besta!” (Memórias Póstumas de Brás Cubas)
“. . . Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis, nada menos. Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que o caso excedia as raias de um capricho juvenil. ” Memórias Póstumas de Brás Cubas (Capítulo XVII: Do trapézio e outras coisas) “Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e realço a minha mediocridade; advirta que a franqueza é a primeira virtude de um defunto. Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência; e o melhor da obrigação é quando, a força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma sensação penosa e a hipocrisia, que é um vício hediondo. Mas, na morte, que diferença! que desabafo!” Memórias Póstumas de Brás Cubas
“Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração - se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto. ” Dom Casmurro - CAPÍTULO PRIMEIRO / DO TÍTULO n “Como vês, Capitu, aos quatorze anos, tinha já idéias atrevidas, muito menos que outras que lhe vieram depois; mas eram só atrevidas em si, na prática faziam-se hábeis, sinuosas, surdas, e alcançavam o fim proposto, não de salto, mas aos saltinhos. ” Dom Casmurro CAPÍTULO XVIII / UM PLANO
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