LIBERDADE E RESPONSABILIDADE FENOMENOLOGIA E EXISTENCIALISMO PROFESSORA KAREN
LIBERDADE E RESPONSABILIDADE FENOMENOLOGIA E EXISTENCIALISMO PROFESSORA: KAREN DACOL DISCIPLINA: FILOSOFIA
O ENTE E O SER Aforismo: frases curtas, que chamam atenção, são provocativas, fazem pensar, tem como finalidade provocar o interlocutor, sugerindo algo e incentivando a reflexão. Platão inicia uma tradição filosófica de desconfiança em relação aos objetos. De acordo com ela, os objetos que se apresentam diante dos nossos sentidos nos enganam. Martin Heidegger postula que estes objetos podem ser caracterizados como: Entes Gerais: tudo aquilo que nos encontra, nos cerca, nos conduz, nos constrange, nos enfeitiça, nos preenche, nos exalta e nos decepciona. Entes Particulares: coisas ou objetos, propriamente ditos. O verdadeiro sentido ocultado pelo ente é o SER, também conhecido como essência. Nas palavras de Hegel, o ser é puro e sem nenhuma determinação. Em oposição as coisas, que mudam e se transformam, o ser é aquilo que permanece inalterado e estável, mesmo com o passar do tempo.
FENOMENOLOGIA Durante o século XIX, o conhecimento científico sofreu um rápido processo de desenvolvimento. Ocorreram avanços importantes na Química e na Física. Na Biologia, Charles Darwin (1809 -1882) explicou a origem das espécies de forma racional, opondo-se ao criacionismo da Igreja. Essa série de avanços foi acompanhada da convicção de que as explicações científicas sobre o mundo natural eram definitivas. O desenvolvimento das ciências da natureza fez com que diversos pensadores das ciências humanas e da Filosofia buscassem estabelecer um estatuto científico para seu campo de saber. Marx desenvolveu suas ideias afirmando a existência de leis da História, que lhe permitiriam prever o advento do socialismo (e que levariam Engels a definir o marxismo como um “socialismo científico”). Da mesma forma, o alemão Edmund Husserl (1859 -1938) buscou estabelecer critérios mais rigorosos para a formulação do pensamento filosófico. Partindo da tentativa de superação da antiga oposição entre idealismo e empirismo, chegou à ideia de que não há separação radical entre a consciência e as coisas: “Toda consciência é consciência de alguma coisa” (MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 15) afirma um princípio da fenomenologia. Assim, os objetos a serem conhecidos, bem como os atos de conhecer esses objetos, se apresentam diante da consciência como fenômenos. Segundo Husserl, o conhecimento do fenômeno baseia-se, sobretudo, em uma “maneira de ver” que está submetida a um método. A base do método deveria ser o reconhecimento de que existem leis lógicas que não provêm de nenhum mundo sobrenatural (metafísico). A consciência não cria os objetos do mundo e também não os percebes exatamente como são. A consciência não possui conteúdos, mas é intencional e opera com os “fenômenos” que a ela se apresentam: ela está direcionada ou para as coisas ou para os atos que conhecem as coisas. Por esse motivo, reconsiderar todos os conteúdos da consciência torna-se o elemento central do método da fenomenologia de Husserl.
EXITENCIALISMO O francês Jean-Paul Sartre (1905 -1980) foi influenciado pela fenomenologia e foi um dos principais pensadores do existencialismo. Além de filósofo, foi romancista e ativista político, engajando-se profundamente nas questões de seu tempo. Com base na fenomenologia, Sartre elaborou uma de suas concepções mais importantes: “a existência precede a essência” (SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 11. Coleção Os Pensadores. vol. XLV). Assim, em vez de pressupor uma essência que deve ser desvendada pelo pensamento, caberia à Filosofia debruçar-se sobre as coisas conforme elas existem. Sartre estabeleceu a distinção entre o ser em si (que são as coisas físicas, da natureza) e o ser para si (que é o indivíduo, dotado de consciência, capaz de perceber a si mesmo e aos objetos do mundo). Com base nessa distinção, Sartre questionava o interesse de muitos filósofos anteriores em investigar uma suposta essência ou natureza humana. Se não há uma essência humana, então não somos um segredo a ser desvendado ou uma mente a ser descoberta. Nossa consciência é um vazio, um nada, que precisa ser preenchido. O vazio da consciência é preenchido pela maneira como construímos nossa existência por meio de nossos atos, uma vez que somos livres. Para Sartre, a liberdade é essa possibilidade do ser humano de agir em toda e qualquer circunstância. Nesse sentido, até o escravo é livre, uma vez que ele sempre tem a possibilidade de escolher se quer fugir, revoltar-se, morrer ou apenas obedecer.
EXITENCIALISMO A liberdade paira sobre os seres humanos como uma sentença, pois estaríamos condenados a passar nossa existência decidindo, assumindo nosso destino e nos responsabilizando pelas decisões: “o homem, estando condenado a ser livre, carrega nos ombros o peso do mundo inteiro: é responsável pelo mundo e por si mesmo enquanto maneira de ser” (SARTRE, Jean-Paul. O ser e o nada. Rio de Janeiro: Vozes, 2011. p. 678). Aparentemente, essa visão de liberdade é pessimista, pois declara que estamos condenados a ser livres. No entanto, quando exercemos nossa liberdade (o que é inevitável), dotamos de sentido nossa existência e tomamos conta de nosso destino. O vazio ou o nada de que fala Sartre torna-se um espaço de amplas possibilidades. Podemos criar diversos projetos diferentes para a nossa vida. O existencialismo, portanto, não seria pessimista, e sim uma doutrina de “dureza otimista”. Podemos pensar que essa dureza se relaciona à visão um pouco sombria da ausência de uma essência humana, mas que é otimista por nos abrir possibilidades de vivenciar nossa liberdade de fato. A consciência de que somos nada, bem como a necessidade de exercer a liberdade sem diretrizes preestabelecidas, gera angústia, que caracteriza a condição humana. Muitos tentam fugir dessa situação, o que acarreta má-fé. Sartre caracteriza a má-fé como dissimulação (ou autoengano), que é quando o indivíduo rejeita a liberdade e justifica seus atos com formulações do tipo “eu não podia fazer nada” ou “estava apenas cumprindo ordens”. É como ser humano abrisse mão de agir como um ser para si e se transformasse em um ser em si, em um objeto.
A RELAÇÃO COM O OUTRO Exercendo sua liberdade, cada ser humano se define. Vivemos no coletivo, cercados por outros indivíduos que também são dotados de liberdade, de escolhas e de julgamento das nossas ações. A relação com o outro atesta nossa própria existência. Precisamos do outro para saber quem somos, essa dependência pode nos levar a abrir mão da liberdade, e quem vive em função da busca por aprovação, acaba vivendo um “inferno”. Sartre afirmou “O INFERNO SÃO OS OUTROS”. Ao colocar no centro de suas preocupações a maneira como a existência é constituída a partir dos atos, Sartre torna evidente o sentido ético do existencialismo. Sua visa de liberdade inclui o principio da responsabilidade, enfatizando que devemos responder pelas nossas ações e somos os únicos responsáveis por elas.
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