Karl Marx 1818 1883 A Segunda Revoluo Industrial
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Karl Marx 1818 -1883
A Segunda Revolução Industrial A Revolução Industrial da segunda metade do século XIX teve como base o desenvolvimento do eletromagnetismo com as experiências seguidas de muitos físicos brilhantes e a síntese matemática de James Clerk Maxwell, que com suas quatro equações básicas, envolvendo campos elétricos e magnéticos, proporcionou completa compreensão teórica dos fenômenos naturais observados em laboratório.
Avanço tecnológico e privações sociais A aplicação dos achados da ciência física na construção de motores, na comunicação por telégrafo, na indústria siderúrgica e em outros campos criou as condições para um novo impulso no desenvolvimento do capitalismo industrial. Às expensas dos bens de consumo populares, intensifica-se o investimento em bens de capital cuja criação ampliada cobrava um elevado custo social com grandes privações para as massas.
Sacrifício e especialização As classes sociais inferiores foram as mais sacrificadas. Mais uma vez, relações tradicionais no seio das comunidades eram substituídas por pura relação de mercado. O trabalho foi, cada vez mais, especializado em operações mecânicas simplificadas e a tirania do relógio no interior das fábricas ditava o ritmo do trabalho, inteiramente dependente das máquinas. Mulheres e crianças eram empregadas nas fábricas.
Lei dos pobres, capatazes e condição das mulheres A lei dos pobres na Inglaterra não conseguia assegurar os direitos das crianças e muitas delas ficavam aos cuidados de inescrupulosos que se dedicavam ao tráfico de crianças. Os capatazes eram pagos para manter a rígida disciplina do trabalho e recebiam pela produtividade. A condição da mulher na sociedade foi revista na medida em que passava ela a desempenhar papéis nas fábricas que antes eram prerrogativas de homens.
Urbanização e conflito Crescem as cidades na Inglaterra, num ambiente empoeirado e sem condições mínimas de higiene. O poder absoluto e irrefreável dos grandes industriais foi contestado em motins organizados pelos trabalhadores. Até 1813 eclodem revoltas de grupos de trabalhadores contra o sistema fabril, mas os ímpetos contestatórios foram sendo dominados pelo emprego da força e pela necessidade de sobrevivência dos revoltosos.
Novas leis sociais O governo tratou de intervir nas relações sociais fazendo a revisão das leis que haviam sido edificadas no fim do século anterior. A lei das associações, de 1799, visava coibir as ações dos primeiros grandes sindicatos na indústria têxtil. Um complexo sistema de auxílio aos pobres havia sido edificado, entretanto, muitos argumentavam que tal sistema teria contribuído para a queda dos salários e limitado a mobilidade da força de trabalho. A nova legislação, de 1834, condicionou a assistência ao pobre à exigência de internação nas casas de trabalho.
Novos ideais de sociedade Nem todos, porém, acreditavam que reformas nas leis poderiam conter o quadro desumano criado pela expansão capitalista. A descrença para com a sociedade, tal como era, tinha levado alguns pensadores a imaginarem novo tipo de sociedade regulada por outras regras e princípios. Muitos deles chegaram a implementar, em contextos particulares, pequenas comunidades regidas pelos critérios imaginados. Seguiam o exemplo de Gerrard Winstanley (16091652) que, em sua época, tinha fundado uma comunidade nas terras da coroa inglesa.
Socialismo na Revolução Francesa Na época da Revolução Francesa, havia se difundido a ideia de que a tomada do poder populares poderia, enfim, eliminar as injustiças sociais criadas pela desigual condição humana. Gracchus Babeuf (1760 -1797) pregava o socialismo como modelo social e foi executado logo após a queda de Robespiere. Mas ao contrário de Babeuf, a maioria dos socialistas pensava que a transição ao novo modelo de sociedade poder-se-ia realizar de modo pacífico.
Robert Owen Na Inglaterra, conservadores Tóris propunham reformas sem ruptura na sociedade. Robert Owen (1771 -1858) critica os excessos cometidos por empresários industriais, acreditando que por meio de empreendimentos industriais de caráter experimental poderia demonstrar a superioridade de um modelo mais humano nas relações de trabalho.
A fábrica experimental de Owen Imaginava ele que o ambiente da fábrica poderia funcionar como uma irmandade de iguais, na qual operários seriam estimulados a dar o melhor de si. Em troca, seriam recompensados e tratados com toda consideração. Para Owen, o socialismo atenuaria a competição e faria prevalecer relações de cooperação entre os homens. A fábrica experimental de Owen não foi bem sucedida e ela só pode funcionar mantendo rígida disciplina do trabalho.
Willian Godwin (1756 -1836) Outros também pensavam que o socialismo poderia vir a prevalecer a partir de exemplos bem sucedidos em experimentos particulares. Willian Godwin faz a defesa da classe operária mostrando que ela tem sido quase sempre prejudicada pelas leis que só favorecem os ricos. Godwin acredita que a educação e o bom uso da razão levariam à transformação social.
Henri de Saint-Simon (1760 -1825) Outro conservador radical, Henri de Saint-Simon pensava que o governo deveria participar diretamente na produção e distribuição de riquezas. A propriedade privada não deveria ser abolida, mas usada no interesse das massas. Tidos como mais eficientes que a pequena manufatura, os grandes empreendimentos industriais não são combatidos, mas Saint-Simon assevera que eles deveriam ser canalizados para atender o interesse público.
Charles Fourier (1772 -1837) Fourier foi outro que acreditou ser possível reformar o capitalismo pela força dos exemplos. No entanto, as cooperativas rurais que fundara também foram uma experiência fracassada. Fourier critica a concorrência no capitalismo alegando que ela leva sempre ao monopólio. O capitalismo é um sistema irracional, já que nele poucos realizam trabalho útil para a sociedade, enquanto a maioria é composta por parasitas.
Joseph Proudhon (1809 -1865) Finalmente, outro socialista que se destacou no período foi Joseph Proudhon que contesta radicalmente a existência da propriedade e afirma literalmente que a propriedade é um roubo.
Do socialismo utópico ao socialismo revolucionário Todos esses socialistas apontados anteriormente, a exceção de Babeuf, acreditam que reformas políticas graduais poderiam levar a uma sociedade melhor. Na segunda metade do século XIX, aparece a concepção do socialismo como algo a ser alcançado pela revolução social. Ele não seria obtido pelas reformas nas leis e nem pelo exemplo particular.
Seus adeptos substituem a concepção do socialismo como uma utopia ideal pelo socialismo como método de interpretação da história e de ação política. O principal nome na teoria do socialismo revolucionário foi o pensador alemão Karl Marx.
A vida de Karl Marx
Karl Heinrich Marx (1818 -1883) nasceu em Tréveris, em região desenvolvida e com moderna indústria fabril ao sul da Alemanha. Filho de família relativamente abastada, de origem judaica e convertida ao cristianismo, seu pai foi brilhante jurista e lhe conferiu uma vigorosa orientação formadora. Marx perdera-o com apenas 20 anos, mas as influências do falecido pai permaneceram por toda a vida.
Aos 17 anos, ingressa no curso de Direito na Universidade de Bonn. Inicia relação afetiva com Jenny von Westphalen, com quem viria a se casar anos depois. No ano seguinte, o pai de Marx envia-o à Universidade de Berlim, tida como mais séria, onde permaneceria por quatro anos, tempo em que abandonou o romantismo.
A esposa de Marx Jenny era filha do Barão de Westphalen, membro proeminente da sociedade de Trier e o responsável pelo interesse de Marx na literatura romântica e nas ideias saint-simonianas.
Hegel e os jovens hegelianos O rico ambiente cultural despertou o interesse de Marx por filosofia, especialmente por G. Hegel (1770 -1831) e pela leitura dele feita pelos jovens hegelianos. Marx torna-se membro desse movimento, e seu grupo incluía os teólogos Bruno Bauer e David Friedrich Strauss, que fazem crítica radical ao cristianismo e, por implicação, estão contra os opositores liberais da aristocracia prussiana, afeitos ao regime democrático e constitucional.
A concepção materialista A filosofia hegeliana, no entanto, já se encontrava em crise e cisão, e dela Marx se ateve a certos elementos enquanto negava outros. O que logo de início ele tratou de se desvencilhar foi o idealismo, em prol de concepção materialista que o levou à escolha do tema de sua tese de doutorado em filosofia no estudo comparativo dos filósofos gregos materialistas Demócrito e Epicuro, defendida na Universidade de Iena em 1841.
Influência de Feuerbach O materialismo de Marx foi reforçado com a leitura da obra de Ludwig Feuerbach (1804 -1872), A Essência do Cristianismo, lançada em 1841 e que propôs apoiar a crença materialista no naturalismo antropológico e na revisão do conceito hegeliano de alienação.
A nova noção de alienação Enquanto a noção de alienação em Hegel descrevia o processo em que as ideias se realizam nas criações objetivas da história humana, para Feuerbach alienação corresponde à perda da essência humana, o afastamento de si mesmo em prol da submissão ao Deus projetado. No lugar do cristianismo, propõe ele um humanismo naturalista.
Marx rompe com Feuerbach Embora Marx tenha acolhido com entusiasmo as ideias de Feuerbach, ele havia rejeitado a descrição naturalista e universal do homem e a crítica à dialética hegeliana, tida por Feuerbach como mera especulação mistificadora.
O que determina o caráter humano? Para Marx, o caráter do homem dependeria do lugar por ele ocupado na trama das relações sociais e o princípio dialético de Hegel não deveria ser descartado, mas elaborado no sentido da criação de uma dialética materialista. Assim, Marx, em sua crítica ao idealismo hegeliano, ainda manteve a dialética, agora redefinida como elemento propulsor do materialismo.
Diferentes interpretações da dialética: Na história da filosofia, a noção de dialética ganha diferentes significados. Nos pré-socráticos é a mutabilidade do mundo, a transformação de toda propriedade em seu contrário. Em Platão e Aristóteles adquire o significado de arte da discussão. Em Hegel é a força dos aspectos contraditórios no processo de desenvolvimento das ideias, que possui uma conexão interna a ser desvendada pela filosofia.
Marx reteve a concepção dialética de Hegel, mas não como propulsora das ideias e sim como motor do desenvolvimento nas relações econômicas.
O que é de Marx? As ideias de Marx foram firmando-se enquanto tendência particular dentro do materialismo filosófico. Ele se afastara das noções filosóficas idealistas de Hegel, da crença de que “todos os fenômenos da natureza e da sociedade têm sua base na idéia absoluta”. Reteve, entretanto, o conceito de alienação e o ponto de vista dialético da compreensão da realidade.
A nova dialética A dialética de Hegel, afirmara Marx, estava correta, mas deveria ser posta de cabeça para baixo substituindo-se o idealismo pelo materialismo, a visão da história como sendo movida pelo desenvolvimento do espírito absoluto pela ideia de que as condições materiais seriam o motor verdadeiro do devir histórico.
Prioridade da matéria. . . A matéria é o princípio primordial e o espírito apenas um reflexo secundário dela. Da matéria surge a consciência e o conhecimento do universo é a realidade refletida nessa consciência. Mas a realidade enquanto tal existe independentemente da consciência.
Evolução do materialismo Os primeiros filósofos materialistas apareceram na Grécia antiga. Tales de Mileto, Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito, Demócrito e Epicuro, todos eles procuraram identificar o elemento material básico, o bloco de construção do universo: água, vapores, átomos materiais e até mesmo o fogo foram selecionados como sendo esse elemento. Depois, na Idade Média, as concepções materialistas sobreviveram na filosofia nominalista. Na Renascença, G. Bruno manteve ideias materialistas. Tido como herege, ele foi condenado à fogueira.
O hilozoísmo e o panteísmo acreditam que sensações e outros fenômenos psíquicos possuem as mesmas propriedades do mundo físico. No século XVIII, surge o materialismo mecanicista de La Metrie, Diderot e Holbach. Tidos como ateus, suas concepções escandalizaram o mundo em sua época. Feuerbach, portanto, pode contar com uma longa tradição em filosofia materialista. Ele usou o materialismo em seu ataque a Hegel, e Marx, mesmo não aderindo integralmente às teses de Feuerbach, esteve sob suas influências.
Apenas Marx uniu o materialismo à dialética na construção do seu materialismo dialético que acredita estar embasado na prática social e aspira ser a teoria orientadora da revolução do proletariado.
A trajetória de Marx
Marx jornalista: Com a pretendida carreira universitária impedida pelo governo prussiano, Marx muda-se para o jornalismo e, em outubro de 1842, se tornou editor, em Colônia, da influente Gazeta Renana, um jornal liberal financiado por industriais. Foi a atividade política, no exercício do jornalismo, que o impeliu ao estudo da economia política e das teorias socialistas. Os artigos de Marx, particularmente em questões econômicas, forçaram o governo da Prússia a fechar o jornal. Marx então emigrou para a França após se casar com Jenny em 1843.
Marx em Paris Chegando em Paris no fim de 1843, Marx rapidamente trava contato com grupos organizados de imigrantes alemães que faziam oposição ao absolutismo prussiano e também com vários adeptos de diferentes seitas socialistas francesas. Ele publica, em colaboração com Arnold Ruge, figura destacada da esquerda hegeliana, o periódico de curta duração Anais Franco-alemães, que pretendia unir os socialistas franceses aos radicais alemães de inspiração hegeliana.
Manuscritos Econômicos e Filosóficos Durante seus primeiros meses em Paris, Marx tornou-se comunista e expôs suas concepções numa série de escritos reunidos depois nos Manuscritos Econômicos e Filosóficos, que permaneceram não publicados até 1932. Nos Manuscritos, Marx delineia uma concepção humanista do comunismo, ainda sob influencia da filosofia de Feuerbach e com base no contraste entre a natureza alienada do trabalho no capitalismo e a sociedade comunista na qual os seres humanos desenvolveriam livremente sua verdadeira natureza na produção cooperativa.
Nos Manuscritos, Marx delineia uma concepção humanista do comunismo, ainda sob a influência da filosofia de Feuerbach e com base no contraste entre a natureza alienada do trabalho no capitalismo e a sociedade comunista na qual os seres humanos desenvolveriam livremente sua verdadeira natureza na produção cooperativa.
O encontro com Engels Foi em Paris que Marx iniciou sua parceria, que se desenvolveria por toda vida, com Friedrich Engels (18201895), filho de um industrial têxtil e afastado da universidade, mas que se tornara incansável autodidata, movido por enorme curiosidade intelectual. Engels também se ligara ao movimento dos jovens hegelianos.
O primeiro contato intelectual entre ambos se deu nos Anais, onde consta artigo de Engels intitulado Esboço de uma Crítica da Economia Política.
Esboço de uma Crítica da Economia Política Tido como genial na avaliação de Marx. O Esboço de Engels focaliza a obra dos economistas clássicos ingleses como expressão da ideologia burguesa da propriedade privada, que não teria, portanto, uma significação científica. Marx fica convencido, a partir das influências do amigo, que sua atividade teórica em complemento à ação política teria como orientação a crítica à economia política.
Introdução à Crítica à Filosofia do Direito de Hegel e A Questão Judaica: Marx esboçara, por meio de giros dialéticos e da concepção teleológica da história, o modo como o proletariado alemão seria a classe agente da transformação mais profunda que deveria combater o absolutismo na Prússia e abolir a divisão de classes na nova sociedade.
Conceitos de alienação
Alienação micro: O operário não conhece o efeito real da contribuição de seu trabalho particular no conjunto das operações da fábrica que resultam no artigo vendável a que ela se destina. A essência humana se objetiva nos produtos do trabalho do operário que a ele se contrapõem por serem produtos alienados e convertidos em capital.
Alienação macro: O automatismo do capital num modo de produção particular; o capitalismo funcionando como uma “segunda natureza”, a ideia de que o capital possui leis próprias de funcionamento e é movido por uma lógica intrínseca a ele em direção à acumulação, submetendo os agentes a essa mesma lógica. Qualquer ator social vira mero suporte de relações e deixa de ter uma vida voltada à execução de seus próprios desígnios. As exigências da acumulação capitalista se impõem aos objetivos individuais e empobrecem o sentido da vida humana.
Alienação em Feuerbach Deus foi inventado pelos homens como projeção das próprias ideias deles. Contudo, ao criarem Deus como sua imagem haviam alienado o homem dele mesmo. Eles criaram outro ser em contraste consigo mesmo, reduzindo a si próprio a uma criatura pecadora que necessitaria da religião e dos governos a fim de guiá-la e controlá-la. Se a religião fosse abolida, diz Feuerbach, os seres humanos superariam o estado de alienação.
Alienação econômica A ideia de alienação de Marx aplica-se à propriedade privada; propriedade esta que faz o homem trabalhar para ela e não para o bem de sua espécie. Nos Manuscritos, a alienação tem base econômica. Só a sociedade comunista poderia se contrapor ao efeito desumano da propriedade privada.
A fuga de Paris Sob pressão das autoridades prussianas, o governo francês expulsa Marx de Paris no fim de 1844. Na companhia de Engels, ele se move para Bruxelas permanecendo por lá nos próximos três anos. Neste período, visita a Inglaterra, onde a família de Engels possuía uma indústria de tecelagem de algodão em Manchester. Marx iria residir em Londres a partir de 1847.
Três novas obras de Marx e Engels trabalham conjuntamente o livro A Sagrada Família, de 1845, em que os amigos jovens hegelianos são criticados por manterem a interpretação hegeliana do conceito de alienação. Ainda em Bruxelas, no mesmo ano Marx trabalha em algumas notas, As Teses sobre Feuerbach, que em colaboração com Engels seriam ampliadas e resultariam no livro A ideologia Alemã.
A Ideologia Alemã
Trata-se de intenso estudo em história em que se elabora o que viria a ser conhecido como a concepção materialista da história. A tese fundamental é a de que a natureza dos indivíduos depende do papel deles na produção material ou que o pensamento humano é determinado por forças socioeconômicas. Marx traça a história de diferentes modos de produção desenvolvendo o método de análise do materialismo dialético, em que a ação de forças históricas leva à mudança na sociedade. Ele prevê o colapso do estágio atual, o capitalismo industrial, e sua substituição pelo comunismo.
Na Ideologia Alemã o materialismo de Marx alcança plena maturidade. Sua filosofia procura ser antimetafísica e contrária ao idealismo. Ela é o estudo das leis mais gerais que regem a natureza, a sociedade e o pensamento, partindo do modo como a realidade objetiva se reflete na consciência. Estuda como se transforma a matéria, como se realiza a passagem das formas inferiores às superiores. Sua teoria do conhecimento enfatiza a prática social como critério de verdade. As verdades científicas são sempre parciais enquanto conhecimento limitado pela história.
O materialismo histórico de Marx, tido como uma evolução do materialismo dialético, estuda as leis sociológicas que caracterizam a vida em sociedade, bem como sua evolução histórica e a prática social dos homens no desenvolvimento da humanidade. Ao mesmo tempo em que estabelece as bases do materialismo histórico, a Ideologia Alemã critica os jovens hegelianos e Feuerbach, pois, contrariamente à opinião deles, a história não é o mero resultado de um jogo de ideologias e da presença de grandes heróis. O verdadeiro fundamento dela reside nas formações socioeconômicas e nas relações de produção. Marx e Engels não negam a força das ideias, pelo contrário, afirmam serem elas capazes de introduzir mudanças na base econômica que as originou. Decorre então a importância da ação dos partidos políticos e de outras associações.
O materialismo histórico e dialético
O materialismo histórico trabalha com conceitos. A unidade do processo social é o “ser social”, não o indivíduo mas suas relações uns com os outros e com a natureza. Tais relações têm existência objetiva, não dependendo da consciência. A “consciência social” é o conjunto de ideias políticas, jurídicas, filosóficas, estéticas e religiosas, mais a psicologia das classes sociais. Esse conjunto de ideias e representações constitui-se através da história.
Outros conceitos centrais são os “meios de produção”, tudo o que é empregado para gerar bens materiais, as “forças produtivas”, que englobam meios de produção, capacidade técnica, conhecimento e rotinas de produção, as “relações de produção”, relações de cooperação, submissão e outros vínculos que se estabelecem entre os homens na produção, e os “modos de produção”, conceito mais abrangente que caracteriza o estágio de desenvolvimento da sociedade, entre comunidade primitiva, escravagismo, feudalismo, capitalismo e comunismo, o ápice na escala de evolução das sociedades.
O modo de produção é basicamente composto de três estratos. A base material que são as forças produtivas, o conjunto de relação sociais que compõe as relações de produção e a superestrutura, o conjunto de crenças ou a ideologia que mantém a coesão entre os homens justificando o status quo e compelindo-os ao cumprimento dos papéis individuais.
A concepção materialista da história A filosofia do devir histórico de Marx e Engels é cravejada de conceitos, não apenas os que definimos anteriormente. Diversos outros termos e expressões adquirem conotação particular no interior de uma ontologia social. Sociedade, formações socioeconômicas, estrutura social, organização política da sociedade, vida espiritual, cultura, história, personalidade e progresso social, cada qual deve ser interpretado à luz do quadro de referências associado ao sistema filosófico.
A concepção materialista da história parte da materialidade do mundo, onde tudo é matéria em movimento e a matéria é anterior à consciência. O mundo pode ser conhecido; primeiro as qualidades e depois os aspectos quantitativos e as causas dos fenômenos.
Aspectos da lógica no sistema filosófico de Marx Além de conceitos peculiares, a crença de Marx parte de uma ontologia social, que identifica o que constitui os objetos da realidade social, e de uma lógica. A lógica é apenas uma linguagem. A lógica dialética de Marx é uma alternativa à lógica tradicional. Esta última aceita o princípio da não contradição: duas proposições opostas não podem ser simultaneamente verdadeiras.
Marx, seguindo a filosofia hegeliana, acredita que em certas circunstâncias o uso dessa lógica pode levar a resultados contraditórios e busca contornar tais dificuldades. Se a realidade é contraditória, ou seja, se a contradição está no próprio objeto de estudo é melhor aceitá-la desde o início e examiná-la no prisma de uma lógica que aceita a contradição. A lógica que não admite a contradição, ao examinar uma realidade ela mesma contraditória, leva a resultados também contraditórios. Tratando a realidade por meio de uma lógica que admite a contradição chega-se a resultados não contraditórios. Portanto, a lógica dialética apreende melhor a realidade do capitalismo.
A Miséria da Filosofia Simultaneamente à composição da Ideologia Alemã, Marx trabalha na elaboração de um polêmico panfleto, A Miséria da Filosofia, no qual ele demarca nitidamente as teses do socialismo revolucionário das crenças socialistas anteriores. Os escritos de Owen, Godwin, Saint-Simon e Fourier, são considerados formulações ilusórias do socialismo a que Marx rotula de “socialismo utópico”. Nesse ensaio, ele tem em vista principalmente a concepção socialista idealizada de Proudhon. Não se pode negar, entretanto, as influências que esses socialistas tiveram na formação de Marx.
Manifesto do Partido Comunista
Em 1847, uma organização de trabalhadores emigrados da Alemanha com sede em Londres, conhecida como Liga Comunista, convida Marx e Engels a participarem de uma conferência em Londres na condição de líderes teóricos. Ao final dela, eles são solicitados a escreverem uma declaração de suas posições pessoais. Ela apareceria no ano seguinte em meio à eclosão de diversas revoluções na Europa; intitula-se Manifesto do Partido Comunista.
O Manifesto condensou o trabalho teórico dos autores em termos de estratégia e tática política. Sua fórmula é simples; ele declara que toda a história tem sido a história da luta de classes. Sobre o capitalismo, o enfrentamento entre a classe trabalhadora e os capitalistas resultará no comunismo. A eclosão da revolução na Alemanha e em outros países da Europa conduziu Marx de volta à Colônia, onde ele iniciou a publicação do jornal diário Nova Gazeta Renana que até o seu fechamento, em maio de 1849, defende a perspectiva comunista no decurso de uma revolução democrático-burguesa. Com o fracasso do movimento liberal na Alemanha, Marx transfere-se permanentemente a Londres.
Marx em Londres Por muitos anos, Marx e sua família viveram na pobreza, ajudados pelas pequenas subvenções de Engels e de parentes. De 1851 a 1862, Marx contribui para o jornal americano New York Tribune, escrevendo artigos e editoriais. Ele permanecia, entretanto, a maior parte do tempo no museu britânico, estudando economia, história social, e desenvolvendo suas teorias.
As ideias de Marx levaram alguns alemães refugiados em Londres a estabelecerem, em 1864, a Associação Internacional dos Trabalhadores, conhecida como Primeira Internacional. No ano de uma breve comuna em Paris, em 1871, o nome de Marx começou a se tornar conhecido em alguns círculos políticos europeus
O Capital
Os estudos de economia em Londres resultaram na obra O Capital, a mais importante de Marx. Ele concluiu o primeiro volume em 1867 e outros dois foram editados postumamente em 1884 e 1894. Marx hesitou em publicar esses dois volumes tendo trabalhado neles até seus últimos dias. O lançamento póstumo deles se deu graças à iniciativa de Engels que também reuniu esboços feitos por Marx na compilação de um quarto volume.
O Capital é o ápice no desenvolvimento do trabalho de Marx em economia política. Em 1857 ele já havia produzido um gigantesco manuscrito de 800 páginas a respeito de temas como capital, propriedade da terra, salário, o papel do Estado, comércio exterior e mercado mundial intitulado Grundrisse. Tal obra permaneceu desconhecida só sendo publicado em 1941. No começo dos anos 1860, Marx havia composto três volumes reunidos nas Teorias da Mais-Valia onde critica as teorias da economia política, particularmente as de Smith e Ricardo.
O volume I de O capital é uma reelaboração ampliada dessas reflexões, analisando o processo capitalista de produção e elaborando sua própria versão da teoria do valor-trabalho e seus conceitos de mais-valia e exploração articulados num modelo que levaria à queda na taxa de lucro e ao colapso do capitalismo industrial.
Participação política Um dos motivos porque Marx demorou em publicar O Capital foi que ele estava devotando muito de seu tempo e energia à primeira Internacional, onde havia sido eleito para o conselho geral em 1864. Marx esteve ocupado em preparar os congressos anuais da Internacional. Uma batalha interna se desenvolve então entre Marx e o anarquista russo Mikhail Bakunin (1814 -1876), contestado e depois expulso por Marx. Embora Marx tenha vencido o conflito com Bakunin, a transferência da sede do Conselho Geral de Londres para Nova York em 1872, apoiada por ele, levou ao enfraquecimento e posterior declínio do movimento.
O evento político mais importante no período de existência da Internacional foi a Comuna de Paris em 1871, quando os cidadãos de Paris se rebelaram contra o governo e mantiveram a cidade sob controle por dois meses. Ao longo dos combates sangrentos da rebelião, Marx escreve um de seus mais importantes panfletos A Guerra Civil na França, defesa entusiasmada do comunismo.
Marx foi demitido da Primeira Internacional em 1872 e passa seus últimos anos trabalhando na sua obra mais importante O Capital, à medida que seu estado clínico ia crescentemente se debilitando. Mesmo às custas de sua saúde, Marx manteve-se ainda engajado em movimentos políticos. Na Alemanha, ele se opôs à aliança entre seus seguidores Karl Liebeknecht e Augusto Bebel e o governo socialista de Lassalle, que procurava unificar o partido socialista. O ponto de vista de Marx a respeito aparece na Crítica ao Programa de Gotha. Em correspondência com Vera Zasulich, Marx contemplava a possibilidade de a Rússia pular o estágio capitalista de desenvolvimento e ir direto ao comunismo.
A morte de Marx Durante a última década de sua vida, Marx lutava para recuperar a saúde. Ele esteve em vários spas europeus e até na Argélia em busca de uma melhora. O falecimento de sua filha mais velha e de sua esposa o debilitou ainda mais. Falecido em 1883, Marx foi enterrado no cemitério de Highgate em Londres
Avaliação da obra de Marx
Mais do que a especialização em Economia, Karl Marx foi filósofo, cientista social e historiador, além da atividade prática como revolucionário. Ele é, sem dúvida, o pensador social mais influente do século XIX. Suas ideias sociais, econômicas e políticas tiveram rápida aceitação no movimento socialista após a sua morte. Até recentemente, quase a metade da população do mundo vivia sob regimes que se autoproclamavam marxistas. No entanto, em vida, Marx foi completamente ignorado nos meios acadêmicos.
Marx e a crise da economia Na época em que Marx se dedicou a estudar a economia clássica com o intuito de criticá-la, a ciência econômica vinha atravessando um período de crise de credibilidade. A contribuição econômica de Marx poderia ter-se firmado como novo paradigma em substituição aos clássicos. Esta possibilidade não se realizou, pois seu sistema teórico deixara de atrair para si os descontentes da época com a economia de Ricardo e Mill.
No século dele, antes da década de 1880 sua obra em nada afetara o ambiente acadêmico dos economistas. Embora o primeiro volume de O Capital tenha sido publicado no alemão em 1867, ele só foi traduzido para o inglês em 1887. Marx morreu desconhecido. Os expoentes da Revolução Marginalista, Jevons, Menger e Walras, não conheciam as ideias dele.
Alguns historiadores buscam equivocadamente interpretar o surgimento da economia marxista como reação ao marginalismo e sua tentativa de salvar a crença na eficiência dos mercados dando-lhe uma outra roupagem teórica alternativa aos clássicos. Ou então que o marginalismo seria uma reação ao marxismo. No entanto, nos seus primeiros trabalhos, a teoria marginalista não pode ser vista como uma mera tentativa de defesa do capitalismo ou como uma reação ao avanço das ideias socialistas na Europa.
Somente após a difusão do marxismo, as ideias de Marx passam a ser criticadas pelos marginalistas que empregam seu peculiar instrumental teórico para atacá-las. Destacamos, entre os críticos de Marx, os nomes de Wicksteed, Pareto, Wieser e Böhm-Bawerk. Particularmente, este último procura refutar Marx por meio de nova interpretação do conceito de exploração.
Os marxistas acusam a aparente assepsia da teoria da utilidade marginal de ser uma defesa do status quo, pois, argumentam, nela não se pode lutar contra a propriedade privada, já que a alocação eficiente de recursos pressupõe a sua aceitação. Tal teoria também fornece uma justificativa para a desigualdade na distribuição de renda ao falar em remunerações dos fatores pelas suas produtividades marginais.
Em suma, avaliar o impacto ideológico da Revolução Marginalista é questão controvertida. Para alguns, o conceito de utilidade marginal é ideologicamente neutro. De fato, algumas coisas na economia clássica servem como instrumento para defender a propriedade privada, como, por exemplo, a teoria do fundo de salários. Além disso, há certos elementos que poderiam ser considerados subversivos no marginalismo: de acordo com ele, uma distribuição igualitária da renda maximizaria a satisfação social, se fossem possíveis comparações interpessoais.
Tal argumento apareceu nos movimento socialista fabiano. Também se argumenta que, dentre os marginalistas, Walras era um reformista social e que Pigou tinha derivado conclusões igualitaristas da teoria da utilidade marginal. Há ainda o caso de George Bernard Shaw que tentou construir um socialismo vulgar com base nos trabalhos de Jevons e Menger. No estágio inicial de desenvolvimento da análise marginalista, ela não foi usada para criticar a teoria de Marx.
A teoria marginalista da utilidade foi atacada pelos socialistas como sendo meramente uma nova versão da economia ortodoxa, nova linha de defesa necessária em face do ataque bem sucedido de Marx ao argumento clássico do laissez-faire. No entanto, sabemos que ela não foi uma resposta burguesa às teses de Marx.
Problemas na interpretação de Marx O sucesso das ideias de Marx no meio político, não significa que ele tenha sido completamente assimilado no contexto do desenvolvimento lógico das teorias econômicas e sociais. O sistema marxista angariara adeptos mais em função de seus apelos humanistas e da promessa de um mundo melhor do que em função de uma compreensão verdadeiramente científica de duas ideias.
O mito de Marx pesou mais do que critérios racionais de substituição de teorias. A interpretação nebulosa e pontos obscuros do sistema marxista resultaram no processo em que várias de suas ideias originais foram frequentemente modificadas e seu significado adaptado a uma grande variedade de circunstâncias políticas. Adicionalmente, há o fato de muitos dos escritos de Marx terem sido publicados com grande atraso, de modo que apenas em décadas recentes os acadêmicos tiveram a oportunidade de apreciarem a estatura intelectual de Marx.
Raízes do pensamento de Marx é um economista bastante singular no desenvolvimento do pensamento econômico. Sua obra vastíssima abrange não apenas questões econômicas, mas uma ampla variedade de temas. O que torna a interpretação econômica de Marx particularmente afastada da ortodoxia é a peculiar maneira em que ele combina diferentes raízes de seu pensamento na interpretação da economia.
Há o fundamento filosófico alemão, alicerçado na visão de Georg Hegel, com a dialética, a noção de ideias objetivas e sua teoria do progresso. Dele, Marx extrai a interpretação econômica da história e certas teses ontológicos e metodológicas. Há também o materialismo de Ludwig Feuerbach e o conceito de alienação. Da economia política, Marx serviu-se de fontes tais como Smith e Ricardo, donde encontra inspiração para sua teoria do valor trabalho e outras ideias: a divisão de classes sociais, a noção de arbitragem entre mercados que iguala as taxas de lucro, a preocupação com a evolução do capitalismo na teoria da queda tendencial da taxa de lucro e uma miríade de conceitos. Finalmente dos socialistas utópicos ele extrai a ideia de construção de uma nova sociedade com a abolição parcial da propriedade privada.
Esta confluência em um único autor de diferentes matrizes de pensamento espalhadas em pelo menos três países (Alemanha, França e Inglaterra) era novidade na evolução da ciência econômica. Ao mesmo tempo em que tal fato confere originalidade e brilhantismo aos escritos de Marx, torna-o espécie de corpo estranho na tradição ortodoxa da economia. Resultam dele dificuldades de interpretação em face do problema conceitual e de pressupostos ontológicos nem sempre explícitos da análise de Marx. Mas embora nutrindo-se de fontes alienígenas ao ambiente inglês, o pensador alemão também seguiu certos modismos da Inglaterra, um exemplo é a admiração que sentia por Darwin e a crença de que a economia deveria seguir o exemplo da biologia.
Não sem motivos, O Capital foi dedicado a Darwin. Marx uma vez escreveu que. . . “O trabalho de Darwin serviu-me como uma base natural científica para a ideia de luta de classes na história. ”
Livros, artigos e entrevistas de Karl Marx. Crítica à Doutrina do Estado de Hegel (1843) Cartas a Arnold Ruge (1843) Contribuição à Crítica à Filosofia do Direito em Hegel (1844) A Questão Judaica (1844) Notas Críticas sobre o "Rei da Prússia" (1844) Excertos dos Elementos de Economia Política de James Mill (1844) Manuscritos Econômicos e Filosóficos (1844) A Sagrada Família (1844) Teses sobre Feuerbach. (1845) A ideologia Alemã (com Engels) (1845) Liga Comunista (com Engels) (1847) A Miséria da Filosofia (1847) Discurso: Sobre a Questão do Livre Comércio (1848) O Manifesto do Partido Comunista (com Engels) (1848) Discurso: Comunismo, Revolução e a Polônia Livre (1848) Demandas do Partido Comunista na Alemanha (com Engels) (1848) Salário, Trabalho e Capital. (1849) A Revolução do Século 17 na Inglaterra (com Engels) (1850) A Luta de Classe na França: 1848 a 1850 (1850) Revolução e Contra-Revolução na Alemanha (1852) O Dezoito Brumário de Louis Bonaparte (1852) Revelações sobre a Colônia Comunista de Trial (1852) Introdução à Contribuição para a Crítica à Economia Política (1857) Formações Econômicas Pré-Capitalistas (1857) Grundrisse (1857) Contribuição para a Crítica à Economia Política (1859) Teorias da Mais Valia, Vol. 1 (186163) Teorias da Mais Valia, Vol. 2 (1861 -63) Teorias da Mais Valia, Vol. 3 (1861 -63) Proclamação na Polônia (1863) Valor, Preço e Lucro (1865) O Capital, Vol. 1 (1867) A Abolição da Propriedade da Terra (1869) New York World: Entrevista com Marx (1871) Resolução da Conferência de Londres sobre a Ação Política da Classe Trabalhadora (com Engels) (1871) A Guerra Civil na França (1871) A Alegada Ruptura na Internacional (com Engels) (1872) Relatório para o Congresso de Hague (1872) Conspectos do Livro de Bakunin “Estatismo e Anarquia” (1875) Para a Polônia (com Engels) (1875) Crítica ao Programa de Gotha (1875) Chicago Tribune: Entrevista com Marx (1879) Reformistas no Partido Social-Democratica da Alemanha (com Engels) (1879) Carta Circular a Bebel, Liebknecht, Bracke, et. al. (com Engels) (1879) Notas Marginais sobre o Lehrbuch der politischen Okonomie de Adolph Wagner (1880) Introdução ao Programa do Partido dos Trabalhadores Franceses (1880) O Capital, Vol. 2 (1885) O Capital, Vol. 3 (1894).
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