JEFFREY LESSER INVENO DA BRASILIDADE JEFFREY LESSER Jeffrey
JEFFREY LESSER – INVENÇÃO DA BRASILIDADE
JEFFREY LESSER • Jeffrey Lesser estudou na Brown University e defendeu o seu doutorado na Universidade de Nova Yorque. • Lesser estuda os fenômenos étnicos na América Latina, focando nas experiências de imigrantes na América Latina • Atualmente atua como professor visitante no Instituto de Estudos Avançado da USP. • Além da Invenção da Brasilidade, sua outra grande obra é a Negociação da Identidade Nacional.
OS BRASILIANISTAS • O termo surgiu na década de 1960 para se referir aos pesquisadores estrangeiros que tinham interesse em questões relacionadas ao Brasil • O governo norte-americano, preocupado com a possibilidade do comunismo se espalhar pela América Latina, principalmente depois do fenômeno Cuba, investiu na concessão de bolsas para estimular estudos sobre países importantes como o Brasil.
• Frank Tannenbaum (Escravidão e Cidadania) • Warren Dean (A industrialização de São Paulo) • Thomas Skidmore (Preto no Branco e “Brasil: De Getúlio Vargas a Castelo Branco”) • Bárbara weinstein (Borracha na Amazônia e Color of Modernity)
IMIGRANTES EM NÚMEROS • Entre 1870 e 1930, cerca de 4 milhões de imigrantes se estabeleceram na Argentina; entre 2 e 3 milhões se estabeleceram no Brasil; 1 milhão em Cuba e 400 mil no Uruguai. • Na América do Norte, o Canadá recebeu cerca de 1, 3 milhões de imigrantes, enquanto os Estados Unidos mais de 20 milhões.
• A imigração brasileira girou em torno de duas questões: • a preocupação com a formação de uma mão de obra livre e laboriosa • A possibilidade de embranquecer a sociedade brasileira
BRANQUITUDE • Nos estudos sobre a branquitude, no Brasil e em outros países, existe o consenso de que a identidade racial branca é diversa. No entanto, na busca por uma definição genérica, podemos entender a branquitude da seguinte forma: a branquitude refere-se à identidade racial branca, a branquitude se constrói. A branquitude é um lugar de privilégios simbólicos, subjetivos, objetivo, isto é, materiais palpáveis que colaboram para construção social e reprodução do preconceito racial, discriminação racial “injusta” e racismo. Uma pesquisadora proeminente desse tema Ruth Frankenberg define: • “a branquitude como um lugar estrutural de onde o sujeito branco vê os outros, e a si mesmo, uma posição de poder, um lugar confortável do qual se pode atribuir ao outro aquilo que não se atribui a si mesmo”.
OS AÇORIANOS • A Imigração Açoriana no Brasil foi estimulada pelo interesse de Portugal em povoar o território do Brasil colônia, alternativa empregada para impedir a exploração das novas terras portuguesas por outras nacionalidades. • Para ocupar o território do Brasil pertencente a Portugal, os açorianos receberam vantagens. A primeira leva de casais açorianos chegou ao Brasil em 1617 e então o fluxo migratório mantevesse até o século XX. As capitanias de Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram os destinos principais da imigração açoriana no Brasil, as duas regiões eram tomadas como importantes para colonização, medida que asseguraria a presença dos portugueses e garantiria a posse das terras. A população de Santa Catariana, especificamente, mais que dobrou por conta da presença dos açorianos.
AS EXPERIÊNCIAS CHINESA E SUIÇA • Os suíços surgiram como opção durante o período de D. João IV. A suíça passava por momento de crise econômica e forma. • Cerca de 2000 suíços embarcaram para o Brasil, mas 20 por cento faleceu durante a viagem. • Ao se estabeleceram na cidade de Nova Friburgo, encontraram dificuldades para se adaptar e continuaram a falecer. • O Brasil era um país que tinha uma religião oficial, mas o rei abriu mão da exclusividade religiosa porque havia a percepção de que os europeus protestantes eram mais laboriosos. • O projeto foi um fracasso e muitos suíços retornara à Europa
• Os Chineses surgiram como uma alternativa aos trabalhadores europeus, durante o século XIX. • Cerca de 700 trabalhadores vieram para o Brasil para cultivar chá no Rio de. Janeiro. Este projeto também fracassou. O grupo era formado por homens que vieram sem as esposas. Não se adaptaram • Havia também uma certa resistência ao fato dos chineses serem considerados como uma raça inferior. Os defensores defenderam a tese que os chineses eram uma raça entre a negra e o Branco, então poderiam colaborar. • Na segunda metade do século XIX surgiu um outro projeto, mas foi refutado devido a possibilidade de “escravização” dos Chineses.
ALEMÃES • Os alemães foram recrutados para ocupar áreas despovoadas do Brasil. A ideia era de trazer famílias e iniciar a colonização de terras nos moldes da colonização britânica na América do Norte. • O esquema para atração de imigrantes foi marcadas por fraudes e erros de comunicação. • Houve uma “explosão demográfica” nos estados alemães provocando e emigração de trabalhadores. • Cerca de 5000 alemães vieram para o Brasil no período (década de 1820) • As sociedades privadas deram certo em cidades como Blumenau. Herman Hering foi exitoso na criação de uma fábrica de tecidos.
BRASIL INFERNO PARA OS IMIGRANTES • Enquanto a escravidão sobreviveu no Brasil, o país foi tratado como espaço no qual os trabalhadores eram maltratados. • Devido às experiências malsucedidas no Brasil, alemães e britânicos proibiram a vinda de trabalhadores para o Brasil. • Os imigrantes que vieram trabalhar nas grandes fazendas trabalharam em uma regime de servidão, pois não conseguiam dar conta dos débitos
OS CONFEDERADOS • Na cidade de Americana, um grupo de fazendeiros norte-americanos se instalaram depois da guerra civil. • A ideia era a de atrair brancos com capital para investir na agricultura do café. • O norte-americanos criaram uma identidade confederada que causou mal estar com brasileiros que se posicionavam contra a escravidão e, posteriormente, contra o preconceito racial.
FESTA DOS CONFEDERADOS
ITALIANOS • No início da República, o governo brasileiro deu passou a promover de maneira mais organizada a imigração de trabalhadores estrangeiros • A tecnologia baseada nos motores a vapor tornou as viagens mais rápidas e mais baratas, possibilitando a chegada de 2, 6 milhões entre 1890 e 1919. • A grande maioria dos imigrantes fez a opção pelos Estados Unidos, que nesse momento se recuperava da Guerra Civil e crescia economicamente. • Os italianos foram aqueles que mais sofreram com os hábitos escravocratas de maltratar os trabalhadores. • Como consequência evitavam o contato com os negros, demonstrando uma suposta superioridade racial.
• Os imigrantes percebiam o papel de agentes do embranquecimento da sociedade brasileira, demonstrando desprezo pela configuração racial. • As sociedades de imigração administradas por estrangeiros procuraram garantir terras para os colonos, evitando o trabalho para as grandes fazendas. • A Sociedade Promotora de Imigração, contudo, procurou instalar os europeus nas zonas agrícolas de exportação. • Os italianos representaram cerca de 30 por cento das entradas no Brasil. • A primeira geração, da região norte da Itálias, se estabeleceram como colonos em terras pequenas. • A segunda foi trabalhar como mão de obra nos cafezais.
• Os italianos tiveram as suas passagens subsidiadas e neste período chegaram a 1, 2 milhões. • A grande maioria teve de enfrentar a violência dos proprietários de terras, mas alguns segmentos mais favorecidos conseguiram se destacar no comércio e se transformaram em uma classe de burgueses. • As entidades e organizações italianas tiveram grande destaque, o jornal Fanfulla, de 15 mil exemplares, teve circulação superada apenas pelo Estado de São Paulo. • O governos estrangeiros, quando tinham recursos, apoiavam essas entidades como o Palestra Itália e a Portuguesa de Desportos.
OS PORTUGUESES E ESPANHÓIS • Os portugueses se concentraram no comércio e pouco atuaram no trabalho agrícola. Os portugueses não eram subsidiados e tinham maior liberdade para de deslocamento. • Além do anti-lusitanismo nos posterior à independência, os portugueses tinham má fama por se casarem com mulheres afro-brasileiras. Esse hábito era considerado como aspecto negativo para o processo de enbranquecimento da sociedade brasileira. • Os Espanhóis, em números menores, chegaram com as famílias e se estabeleceram principalmente nas zonas rurais. • Mas assim como os demais procuraram se livrar das amarras dos contratos com os grande proprietários e se estabelecerem em pequenas glebas.
ÁRABES E JUDEUS (OS INDESEJADOS) • No pensamento social brasileiro, os dois grupos faziam parte de uma mesma raça. Havia resistência porque não eram todos católicos e também não eram considerados brancos. • Por outro lado, eles eram vistos como próximos por parecerem com segmentos “miscigenados” da sociedade brasileira. • Os primeiros judeus vieram de Marrocos e fugiam do conflito do país com a Espanha. Estavam atrás de uma cidadania brasileira, mais fácil de adquirir na virada entre os séculos. • Os sírios e libaneses fugiram dos conflitos do Império Turco-Otomanos e eram conhecidos genericamente enquanto turcos. • Os dois grupos se dedicaram ao comércio e, posteriormente, experimentaram a ascensão social.
JAPONESES • O grupo teve grande apoio do governo japonês, que foi obrigado a promover a emigração devido à explosão demográfica no país. • Para evitar o discurso do perigo amarelo, os japoneses difundiram a representação de “brancos da Ásia” disciplinados e laboriosos. • O crescimento econômico ajudou o país a promover a imagem da nação japonesa como grande força industrial no início do século. • A Comunidade Japonesa, quando entrava em conflito, tinha o apoio de um mediador do governo japonês. • No momento de ascensão de Getúlio Vargas, o estímulo a nacionalidade questionou a adesão dos japoneses e as condições biológicas.
AFRO-AMERICANOS • Na década de 1920, negros dos Estados Unidos abastados criaram uma companhia de colonização para assentar fazendeiros negros no Mato Grosso. • Os diplomatas brasileiros negaram os visto. A alegação era a de que afroamericanos poderiam criar um conflito racial no país.
WILSON MARTINS • Em 1955, o crítico literário Wilson Martins, nascido em São Paulo mas radicado em Curitiba, publicou a obra Um Brasil diferente. Apresentada como uma contribuição à sociologia do Brasil meridional, a obra inspirava-se no culturalismo de Gilberto Freyre para contrapor ao Brasil mestiço retratado pelo pernambucano a formação, nos estados do sul (incluindo São Paulo), de um Brasil culturalmente europeu e branco. • Aprofundando-se na história do Paraná e, principalmente, de sua capital, Curitiba, Martins tomou o conceito de “aculturação” do trabalho de Emílio Willems e descreveu, utilizando-o, a formação de uma nova cultura, originalmente paranaense, a partir da fusão das várias culturas europeias introduzidas no estado pela imigração
JEFFREY LESSER • O autor demonstra que o imigrante estrangeiro veio ao Brasil enquanto agente de modernização. • Já nos Estados Unidos, os imigrantes eram vistos como inferiores que seriam assimilados e aperfeiçoados.
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