Introduo Psicologia Cognitiva Prof Gustavo Gauer Psicologia Experimental

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Introdução à Psicologia Cognitiva Prof. Gustavo Gauer Psicologia Experimental III – 2006/2 Universidade Federal

Introdução à Psicologia Cognitiva Prof. Gustavo Gauer Psicologia Experimental III – 2006/2 Universidade Federal de Minas Gerais

Filosofia da mente Corpo e mente são matérias separadas? t Como corpo e mente

Filosofia da mente Corpo e mente são matérias separadas? t Como corpo e mente se relacionam? t A mente é uma coisa única ou é repartida, composta de elementos distintos? t

Filosofia da mente t t t t Mente Alma Espírito Consciência Psique etc. t

Filosofia da mente t t t t Mente Alma Espírito Consciência Psique etc. t t Corpo Sistema nervoso Bases neurais Correlatos anatomofisiológicos etc. René Descartes (1596 -1650) t Res extensa (matéria Res cogitans (matéria concreta) pensante) Psicologia Cognitiva (Séc. XX) t Correlatos anatomo. Processos psicológicos fisiológicos

Mente x corpo em Descartes t. Cogito: “penso, logo existo” é a única certeza

Mente x corpo em Descartes t. Cogito: “penso, logo existo” é a única certeza t. Qual a relação entre Mente e Corpo? t. Natureza mecânica do corpo (matéria extensa) t. Natureza metafísica da mente (matéria pensante) t. Resultado: Dualismo

Mente única ou dividida? t. Se existe mente, ela é uma “coisa” única ou

Mente única ou dividida? t. Se existe mente, ela é uma “coisa” única ou se divide em diversas partes? Platão e Aristóteles Respostas Históricas Descartes Psicologia das Faculdades (séc. XVIII) M. Malpighi (séc. XVII) J. Flourens (séc. XVIII) Respostas Contemporâneas Sistemas cognitivos Teoria da Ação em Massa: especializados cérebro uniforme, sem partes especializadas (K. Lashley) Neuropsicologia Psicologia Cognitiva

Platão – Alma Tripartida t Razão (+ sentidos) t t Vontade (+ emoções elevadas)

Platão – Alma Tripartida t Razão (+ sentidos) t t Vontade (+ emoções elevadas) t t Dirige e ordena Executa e freia os apetites Apetites (emoções inferiores, faculdade sensual)

Aristóteles – Psyche em três níveis Alma vegetativa 1. • Alimentação e reprodução Alma

Aristóteles – Psyche em três níveis Alma vegetativa 1. • Alimentação e reprodução Alma sensitiva 2. • Percepção e movimento Alma racional 3. • Pensamento

Psicologia das faculdades t Filosofia racionalista européia no século XVIII t Ch. Wolff t

Psicologia das faculdades t Filosofia racionalista européia no século XVIII t Ch. Wolff t “potências para ação” – conhecer, lembrar, querer, sentir t divisão básica em cognição (percepção, memória, entendimento e razão) e sentimento/desejo Th. Reid: 43 faculdades (linguagem, cor, cautela, idealismo, esperança. . . ) t J. Tetens: faculdades cognitivas, afetivas e conativas t

Frenologia – J. Gall

Frenologia – J. Gall

Faculdades e Frenologia t. Quais os problemas com essas teorias? t. A psicologia das

Faculdades e Frenologia t. Quais os problemas com essas teorias? t. A psicologia das faculdades é “circular” “eu tenho memória porque eu tenho a capacidade de ter memória” t t. A frenologia era “intuitiva” t“se as pessoas inteligentes têm a testa grande, então a inteligência está na testa”

Unidade versus divisão da vida mental nos dias de hoje t t A ação

Unidade versus divisão da vida mental nos dias de hoje t t A ação dos humanos como sujeitos que conhecem o mundo é unificada: não dá pra “ligar e desligar” a memória, a percepção, etc. Há doenças, lesões e substâncias que prejudicam apenas algumas das capacidades cognitivas, e não outras Há tarefas cognitivas que acionam alguns processos, e não outros Estudos de neuroimagem conseguem registrar que áreas do córtex “acendem” quando determinada tarefa cognitiva é executada

Psicologia cognitiva: Fundamentos t Biologia evolutiva t t Processamento de informação t t Adaptação

Psicologia cognitiva: Fundamentos t Biologia evolutiva t t Processamento de informação t t Adaptação Estrutura / função Correlatos anatomo-fisiológicos Símbolos Processos Input / output Contraste com o behaviorismo t Entre o estímulo e a resposta, infere-se que haja processos passíveis de serem investigados e explicados

Psicologia cognitiva t Princípios biológicos t t t Seleção natural: evolução e adaptação Resposta

Psicologia cognitiva t Princípios biológicos t t t Seleção natural: evolução e adaptação Resposta ao ambiente Bases fisiológicas Estruturas e funções mudam ao longo da história da espécie Processos psicológicos cumprem funções adaptativas: Habilidades e capacidades para conhecer e lidar com o mundo que nos cerca

Comportamentalismo comportamento Estímulo Resposta Organismo “Caixa-preta” Não é acessível empiricamente “Mente” “Psique” “Consciência”

Comportamentalismo comportamento Estímulo Resposta Organismo “Caixa-preta” Não é acessível empiricamente “Mente” “Psique” “Consciência”

Psicologia Cognitiva Estímulo Resposta “input” “output” “ambiente” “habilidade” Organismo “Mente” “Psique” “Consciência” Cognição Existem

Psicologia Cognitiva Estímulo Resposta “input” “output” “ambiente” “habilidade” Organismo “Mente” “Psique” “Consciência” Cognição Existem processos subjacentes à aquisição do conhecimento, e eles podem ser estudados

Cognição e conhecimento t Cognição = capacidade de conhecer o mundo t t Do

Cognição e conhecimento t Cognição = capacidade de conhecer o mundo t t Do latim cognitio, cognoscere: conhecer; tornar-se familiar com algo “Mundo” inclui toda a realidade: física, biológica, psicológica, social, cultural. . . Conhecer o mundo = perceber, lembrar, pensar, decidir, comunicar, gostar (e desgostar), querer. . . Sofisticação variável: das plantas a Einstein

Biologia Evolutiva t t Charles Darwin Evolução (surgimento, seleção, manutenção e extinção) de estruturas

Biologia Evolutiva t t Charles Darwin Evolução (surgimento, seleção, manutenção e extinção) de estruturas anatômicas depende da vantagem adaptativa que elas acarretam para o animal Sistema Nervoso Central (SNC) e as capacidades psicológicas (cognitivas) evoluem Estrutura e função t t Um não existe sem o outro: cada estrutura biológica cumpre uma função adaptativa Sistema t É um todo organizado: pode ser um organismo (vários subsistemas e órgãos), uma população (vários indivíduos), uma mente (vários processos), um dos processos psicológicos que caracterizam essa mente

Modelos cognitivos t. Modelos cognitivos servem à explicação dos fenômenos mentais t. Modelos representam

Modelos cognitivos t. Modelos cognitivos servem à explicação dos fenômenos mentais t. Modelos representam processos, e podem ser mais ou menos específicos e precisos t. Ex: modelo da memória em 3 armazenamentos (Atkinson & Schiffrin, Memória de 1968): Sensorial Curto Prazo (MCP) Longo Prazo (MLP)

Processamento de informação t t t Metáfora computacional para a mente Mente é como

Processamento de informação t t t Metáfora computacional para a mente Mente é como um computador, uma máquina de processar símbolos Símbolos são informações que representam aspectos do mundo Os símbolos passam por diversos processos: são transformados, comparados, armazenados, recuperados, comunicados, etc. Os processos ocorrem na forma de algoritmos

Sensação Percepção Memória sensorial (MS) Informação se perde Prestei atenção à informação? após uma

Sensação Percepção Memória sensorial (MS) Informação se perde Prestei atenção à informação? após uma fração de segundo, ou poucos segundos Não Repetição de manutenção Sim Informação se perde após cerca de 15 segundos Nenhum processamento Codificação Repetição reflexiva Memória de curto prazo (MCP) Como a informação é processada? Processamento profundo Memória de longo prazo (MLP) Recuperação Processamento superficial Informação é Mantida na MCP por mais tempo Se a informação for necessária mais tarde, é transferida para a MCP

Tarefas cognitivas Uma tarefa é uma ordem que se dá a um sujeito para

Tarefas cognitivas Uma tarefa é uma ordem que se dá a um sujeito para que ele realize uma certa operação diante de certos estímulos t Também podem ser chamadas de “paradigmas” t A seguir, veremos uma tarefa clássica de estudo da atenção t

Paradigma de Stroop: azul roxo azul verde vermelho amarelo verde vermelho roxo azul vermelho

Paradigma de Stroop: azul roxo azul verde vermelho amarelo verde vermelho roxo azul vermelho amarelo Procure dizer os nomes de cada uma das cores dos retângulos acima

Paradigma de Stroop: azul roxo azul verde vermelho amarelo verde vermelho roxo azul vermelho

Paradigma de Stroop: azul roxo azul verde vermelho amarelo verde vermelho roxo azul vermelho amarelo Procure dizer os nomes de cada uma das cores das letras acima

Paradigma de Stroop: azul roxo azul verde vermelho amarelo verde vermelho roxo azul vermelho

Paradigma de Stroop: azul roxo azul verde vermelho amarelo verde vermelho roxo azul vermelho amarelo Procure dizer os nomes de cada uma das cores das letras acima

Paradigma de Stroop: azul roxo azul verde vermelho amarelo verde vermelho roxo azul vermelho

Paradigma de Stroop: azul roxo azul verde vermelho amarelo verde vermelho roxo azul vermelho amarelo O tempo que se leva para dizer os nomes das cores na última linha de estímulos é significativamente maior que nos outros dois conjuntos Esse dado indica que o processamento de um dos aspectos dos estímulos (lingüístico) interfere na habilidade

Métodos de investigação t. Experimentos em laboratório t. Análise de tarefas cotidianas t. Dados:

Métodos de investigação t. Experimentos em laboratório t. Análise de tarefas cotidianas t. Dados: t. Medição da Performance em tarefas cognitivas (nível comportamental) t. Correlação entre tarefas e bases neurais (níveis corporais e comportamental) t. Relatos sobre estados subjetivos (nível fenomenal)

Bases biológicas do comportamento t Evolução t Filogênese – história da evolução da espécie

Bases biológicas do comportamento t Evolução t Filogênese – história da evolução da espécie t t t Ontogênese – desenvolvimento do indivíduo Motivação adaptativa: sobrevivência e reprodução SNC t t t Características anatômicas – estruturas diferenciadas, com funções diferenciadas Características fisiológicas – funcionamento em resposta à demanda ambiental Interação com sistema endócrino – influência sobre o comportamento

SNC – estruturas diferenciadas e funcionamento t Estrutura (organização) em partes especializadas t Tálamo

SNC – estruturas diferenciadas e funcionamento t Estrutura (organização) em partes especializadas t Tálamo – informação sensorial para o córtex t Hipotálamo – fome, sede, frio, articulação c/ sistema endócrino t Sistema límbico – motivação, emoção, memória t Cerebelo – postura, equilíbrio, movimento t Córtex t t Lobos parietais – informação somatossensorial e motora Lobos frontais – funções associativas, pensamento, self Lobos temporais – registro e armazenagem Lobos occipitais – informação visual

Bases biológicas da aprendizagem t Evolução t t t Seleção de organismos capazes de

Bases biológicas da aprendizagem t Evolução t t t Seleção de organismos capazes de aprender Aprendizagem possibilita adaptação rápida, eficiente, sofisticada, socialmente compartilhada SNC t t t Plasticidade – característica do cérebro que permite que ele responda a mudanças ambientais ou internas do organismo Fisiologia – natureza da condução do sinal nervoso Associação estímulo-resposta <=> modificação de sinapses

Recapitulando. . . t Bases biológicas: t t Comportamento – respostas t t t

Recapitulando. . . t Bases biológicas: t t Comportamento – respostas t t t Evolução por seleção natural e características de organização e funcionamento do SNC influenciam nosso comportamento e nos permitem aprender com a experiência Evolução – tendências herdadas e adquiridas SNC – estruturas e neurônios Aprendizagem – modificação das respostas t t t Evolução – vantagens da aprendizagem SNC – mecanismo celular da aprendizagem Modelos psicológicos aplicados à biologia: habituação, condicionamento clássico, operante

Níveis de Evidência (A. Damasio, 1994; 2000) Acesso direto (o próprio Acesso indireto (apenas

Níveis de Evidência (A. Damasio, 1994; 2000) Acesso direto (o próprio Acesso indireto (apenas em outros organismos, organismo pode e/ou por meio de conhecê-los) instrumentos) t Anatômico (estrutura corporal) t Fisiológico (funcionamento corporal) t Neural (organização do SNC) t Cognitivo (funcionamento dos t Fenomenal (autorelato de estados da consciência) t Comportamental (relato do que é observável em si e nos outros) t Comunicacional

Cérebro e funções mentais (M. Bunge, 1985) t. Relação SNC – mente t. Funções

Cérebro e funções mentais (M. Bunge, 1985) t. Relação SNC – mente t. Funções do SNC t. Controle t. Dos sistemas internos t. Do movimento (do sistema motor) t. Das entradas sensoriais t. Cognição t. Dos (conhecimento) acontecimentos externos t. Da atividade interna que não for cerebral t. Da própria atividade cerebral

Funções de conhecimento (M. Bunge, 1985) t. Conhecimento t. Obtido do mundo externo diretamente

Funções de conhecimento (M. Bunge, 1985) t. Conhecimento t. Obtido do mundo externo diretamente t. Estímulos do ambiente captados na forma de sensações t. Ex: Está quente ou frio na sala? Claro ou escuro? t. Obtido indiretamente t. Através de operações do intelecto (raciocínio, imaginação) t. Ex: Como vai estar a temperatura da sala amanhã? Como seria se a sala tivesse ar-

Funções de conhecimento (cont. ) (M. Bunge, 1985) t. Autoconhecimento t. Sentimento e emoção

Funções de conhecimento (cont. ) (M. Bunge, 1985) t. Autoconhecimento t. Sentimento e emoção t. A partir de informações que o cérebro recebe do resto do corpo t. Ex: Sentir medo, raiva, alegria, dor t. Autoconsciência t. Conhecimento dos próprios estados da consciência t. Ex: Neste momento estou acordado; estou pensando sobre “x”