HISTRIA DA ARTE Comunicao e Multimeios Profa Dra

HISTÓRIA DA ARTE Comunicação e Multimeios Profa. Dra. Ane Shyrlei de Araújo

A IMAGEM

Imagens são mediações entre o homem e o mundo, superfícies que pretendem representar algo que se encontra lá fora, no espaço e no tempo. São, portanto, resultado do esforço de se abstrair duas das quatro dimensões espaço-temporais, para que se conservem apenas as duas dimensões do plano (altura e largura). (FLUSSER, 2002, p. 7) FLUSSER, 2002, p

As obras mais surpreendentes do Paleolítico são as imagens de animais pintadas nas superfícies rochosas das cavernas, como as da caverna de Altamira, na Espanha.

CUEVA DE ALTAMIRA Bisões – Pintura feita há cerca de 15. 000 anos.

CUEVA DE ALTAMIRA Bisões – Pintura feita há cerca de 15. 000 anos.

Executadas nas paredes de cavernas, usando carvão e terra como pigmento, e gordura animal como aglutinante, as pinturas rupestres possuíam um caráter mágico, preparando o grupo para a atividade que garantiria sua sobrevivência – a caça.

Bisões, veados, cavalos e bois estão representados nas paredes e tetos; alguns têm apenas um contorno em negro e outros estão preenchidos com cores mais fortes. A iluminação trêmula e instável de tochas, que revela parte das imagens, enquanto outras permanecem na sombra, dão a sensação de movimento.

CUEVA DE ALTAMIRA Pintura feita há cerca de 15. 000 anos.

CUEVA DE ALTAMIRA Pintura feita há cerca de 15. 000 anos.

Imagens devem sua origem à capacidade de abstração específica que podemos chamar de imaginação, que se revela em possibilidade de fazer e decifrar imagens (abstrair e reconstituir dimensões). (FLUSSER, 2002, p. 7) FLUSSER, 2002, p

Quem quiser “aprofundar” o significado da imagem e restituir as dimensões abstraídas, deve permitir à sua vista vaguear por sua superfície. Tal vaguear pela superfície é chamado SCANNING. (FLUSSER, 2002, p. 7) FLUSSER, 2002, p

GROTTE CHAUVET (APROX. 32. 000 ANOS ATRÁS).

A cabeça dos cavalos e bisões estão mais preenchidas com traços negros. Os corpos se constituem como traços e linhas, e se confundem na morfologia da caverna.

A força dos traços auxilia a leitura das imagens. Traços mais grossos e escurecidos dão destaque a determinados elementos a serem observados.

O Estudo da sobreposição dos traços mostra que as cabeças de cavalo foram desenhadas, sucessivamente, de cima para baixo.

Na parte inferior da imagem, vemos o embate entre dois rinocerontes. Os animais parecem ter um volume, pois o desenho de seus corpos considerou a morfologia da caverna. (detalhe na tela seguinte)

Várias cenas estão sendo representadas nesse recorte da parede. As imagens registram momentos que não ocorreram, necessariamente, ao mesmo tempo. NÃO HÁ, AINDA, UMA NOÇÃO DE LINEARIDADE.

A inclinação dos corpos sugere que os animais (cavalos, rinocerontes e bisões) estão se movendo; Os animais rumam a uma determinada direção.

O traçado do scanning segue a estrutura da imagem, mas também os impulsos íntimos do observador. Imagens não são conjuntos de símbolos com significados únicos, mas oferecem aos seus receptores um espaço interpretativo.

GROTTE DE LASCAUX, APROX. 15. 000 ANOS

FAÇAM O SCANNING DO MURAL ABAIXO GROTTE DE LASCAUX, APROX. 15. 000 ANOS DESTAQUEM: 1) O aproveitamento da textura e morfologia da caverna 2) As técnicas pictóricas, como cores, contraste, luz, sombra

FAÇAM O SCANNING DO MURAL ABAIXO GROTTE DE LASCAUX, APROX. 15. 000 ANOS DESTAQUEM: 3) Enquadramento, profundidade, diversidade de planos, movimentos e direções dos animais;

FAÇAM O SCANNING DO MURAL ABAIXO GROTTE DE LASCAUX, APROX. 15. 000 ANOS DESTAQUEM: 4) Como as representações trabalham com o gráfico (como esboços, traços, ritmos visuais) na construção das imagens?

O tempo que circula, permite o vaguear dos olhos pela imagem e estabelece relações significativas é chamado TEMPO DE MAGIA; Ao contrário do tempo linear (baseado em causa e efeito), um elemento explica o outro, e este explica o primeiro. (FLUSSER, 2002, p. 8) FLUSSER, 2002, p

ARTE RUPESTRE

GROTTE DE LASCAUX (FRA): Suas pinturas foram achadas em 1942 e datam de até 17. 000 anos atrás.

GROTTE DE LASCAUX, APROX. 15. 000 ANOS

GROTTE DE LASCAUX, APROX. 15. 000 ANOS

GROTTE DE LASCAUX, APROX. 15. 000 ANOS

GROTTE DE LASCAUX, APROX. 15. 000 ANOS

CUEVA DE ALTAMIRA (ESP): Situa-se há 30 km da cidade de Santander, no norte da Espanha, na qual se conserva um dos conjuntos pictóricos mais importantes da pré-história.

CUEVA DE ALTAMIRA Pintura feita há cerca de 15. 000 anos.

CUEVA DE ALTAMIRA Pintura feita há cerca de 15. 000 anos.

PQ. NACIONAL DA SERRA DA CAPIVARA (BRA): Situado no Piauí, existem atualmente 737 sítios arqueológicos catalogados onde foram encontrados esqueletos humanos e pinturas rupestres que representam cenas de sexo, dança, parto, entre outras.

SERRA DA CAPIVARA

SERRA DA CAPIVARA

SERRA DA CAPIVARA

SERRA DA CAPIVARA

GROTTE CHAUVET (FRANÇA): A caverna foi descoberta em 1994 e suas pinturas datam de 32. 000 anos atrás

GROTTE CHAUVET

GROTTE CHAUVET

A explicação mais provável para essas descobertas é a de que se trata das mais antigas relíquias da crença universal no poder da produção de imagens; (GOMBRICH, 1987, p. 22)

Em outras palavras, o pensamento desses caçadores primitivos era que, se fizessem uma imagem de sua presa – e talvez a surrassem com suas lanças e machados de pedra – os animais verdadeiros também sucumbiriam ao poder deles. (GOMBRICH, 1987, p. 22)

O homem primitivo comunicou, desde muito cedo, usando sinais sonoros. Antes do aparecimento dos primeiros instrumentos o homem fazia música, imitando os sons da natureza: com gritos, sons corporais, batendo com paus, ramos, pedras, conchas…

Há vestígios - pinturas nas cavernas - de que o homem utilizava música nas cerimônias rituais: encorajamento para a caça, evocação das forças da natureza, culto aos mortos, etc. .

CAVERNA DOS SONHOS ESQUECIDOS (Werner Herzog, 2011) – lançado originalmente em 3 D EXIBIR SEQUÊNCIAS SELECIONADAS

ARTE PRÉ-HISTÓRICA

As imagens que geraram as pinturas rupestres começam a se transportar para outros objetos, adornos, utensílios, apetrechos. Com eles, as imagens ganham mobilidade. (BAITELLO, 2005, p. 73)

Os objetos móveis passam a ser os portadores dos registros antes circunscritos aos espaços interiores ou de interioridade.

A quase totalidade dos objetos desse período – pequenas esculturas, amuletos e adornos – tem como tema ou animais ou a figura humana, principalmente a feminina.

CAVALO SELVAGEM. pré-história cerca de 30. 000 a. C (Sttutgart, Alemanha)

Considera-se arte pré-histórica todo o conjunto de manifestações estéticas criadas pelo homem antes do surgimento das primeiras civilizações, isto é, antes do surgimento da linguagem escrita.

BISÃO LAMBENDO A MORDIDA DE UM INSETO cerca de 25. 000 a. C La Madeleine, França

VÊNUS DE LAUSSEL cerca de 25. 000 a. C Bordeau, França

VÊNUS DE WILLENDORF cerca de 20. 000 a. C Viena, Áustria

AMULETOS cerca de 7. 500 a. C Jutland, Dinamarca

MACHADO cerca de 3. 000 a. C St. Petersburg, Rússia

OS QUATRO GESTOS ABSTRAIDORES

O primeiro gesto: através da manipulação, o homem abstrai o tempo do mundo concreto. Milhões de anos se passaram até que tivéssemos aprendido a olhar primeiro e manipular em seguida, a fazer imagens que servissem de modelos para uma ação subsequente.

O segundo gesto: através da visão (que abstrai a profundidade de uma circunstância), o homem transforma a si próprio em homo sapiens. Criam-se imagens bidimensionais (altura e largura) que representam cenas.

O terceiro gesto: a conceituação é o terceiro gesto abstraidor (abstrai a largura da superfície e transforma as imagens em linhas); cria-se o texto e graças a ele, o homem transforma a si próprio em homem histórico.

O quarto gesto: o cálculo e a computação abstraem o comprimento da linha, graças ao qual o homem transforma a si próprio em jogador que calcula e computa o concebido. A tecno-imagem é produzida por gesto que reagrupa pontos para formarem superfícies, isto é, por gesto que vai do abstrato rumo ao concreto.

CAVES DIGITAIS

A CAVE é um sistema de Realidade virtual baseado em projeções de imagens estereoscópicas, exibidas de modo sincronizado em telas especiais, dispostas como paredes de uma sala em forma de cubo, equipadas com sensores de posicionamento. Em seu interior, o usuário vê as imagens projetadas nas quatro paredes, com nitidez

Esquema de composição das CAVES. Os projetores estão posicionados no exterior do cubo e as imagens projetadas são refletidas para as telas que formam as paredes.

CAVE DIGITAL – Laboratório de Sistemas Integráveis, da POLI-USP

CAVE DIGITAL – Laboratório de Sistemas Integráveis, da POLI-USP

Em maio de 2003, o trabalho Op-Era, de Rejane Cantoni e Daniela Kutschat, foi apresentado na caverna digital (CAVE) da USP. Colocando óculos de estereoscopia e utilizando dispositivos manuais, o interator era convidado a mergulhar em um espaço abstrato que se desdobrava em quatro mundos virtuais interconectados.

OP-ERA, de Rejane Cantoni e Daniela Kutschat

OP-ERA, de Rejane Cantoni e Daniela Kutschat

Eram projetados ambientes formados por linhas, gráficos, sons, formas geométricas e cores que interagiam com o interator, em tempo real, de acordo com o seu movimento corporal.

OP-ERA, de Rejane Cantoni e Daniela Kutschat

GRAFITES URBANOS

Nas cidades surgem marcas e sinais que contam uma história visual das relações do homem com o meio. Essa comunicação estabelecida, comprova que existem vários textos não-verbais que informam e definem a cultura contemporânea.

Das inscrições paleolíticas, consideradas os primeiros grafites que encontramos na história da arte, chegamos às expressões contemporâneas que desarticulam os limites das cidades, com intervenções expressivas.

Grafite de ZEZÃO Galeria subterrânea na cidade de São Paulo

Grafite de ZEZÃO Galeria subterrânea na cidade de São Paulo

Grafite de ZEZÃO Córrego do Mandaqui, na Zona Norte de São Paulo

As pinturas rupestres e o grafite têm como elemento comum a representação de vivências que estruturam a sociedade, por meio da ilustração de seus costumes.

Trabalhador removendo pinturas rupestres Banksy (Londres)

Grafite de Paulo Ito – São Paulo

Grafite de Paulo Ito – São Paulo

Grafite de Paulo Ito – São Paulo

O grafite reúne em si uma série de elementos que fornecem informações para as ciências humanas. Como registro criativo, se lança no universo das linguagens, das representações subjetivas e simbólicas.

Grafites de Vitché e Jana Joana

Grafites de Speto – São Paulo

Grafites de Speto – São Paulo

Grafite de Os. Gemeos (Boston, EUA)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A imagem: FLUSSER, Vilém. Filosofia da caixa preta. Rio de Janeiro: 2002. FLUSSER, Vilém. Universo das imagens técnicas. Elogio da superficialidade. São Paulo: Annablume, 2008. Brasil Arqueológico: www. magmarqueologia. pro. br www. eco. tur. br/ecoguias/emas/fotos/arqueologia. htm Lascaux: http: //www. lascaux. culture. fr/#/fr/02_01_01. xml Pré-história: www. geocities. com/historiadavida/pre_historia. html/ www. prehisto. ifrance. com/ Graffitis: BRANDÃO, Claudia Mariza Matos. (Re)lendo os espaços nas ondas imaginárias do graffiti. Pelotas, 33 encontro da ANPED, 2010.