HISTRIA CRTICA TEORIA Marina Waisman In WAISMAN Marina
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HISTÓRIA, CRÍTICA, TEORIA Marina Waisman In: WAISMAN, Marina. 0 interior da história: historiografia arquitetônica para uso de latinoamericanos. São Paulo: Perspectiva, 2013. (Estudos; 308)pp. 29 -37.
HISTÓRIA, CRÍTICA, TEORIA Três modos de refletir sobre arquitetura, que : a) – são intimamente entrelaçados; b) - se diferenciam por métodos e objetivos; c) - cumprem funções distintas para o pensamento e a práxis arquitetônica.
INTERDEPENDÊNCIA A crítica se manifesta conforme a história passa a ser uma trabalhada como tarefa científica, através de: - crítica das fontes; - critérios de verossimilhança; - seleção por critérios de valor. CRÍTICA É ELEMENTO DE ANÁLISE A aproximação à matéria histórica de maneira crítica exige exercício do juízo crítico em cada etapa da elaboração do material. A crítica deve reconhecer a condição histórica do objeto arquitetônico analisado, para poder alcançar seu significado.
A teoria contribui para: - seleção e valoração do material histórico; - desenvolvimento de princípios para estabelecimento de pautas críticas. Mas: - obtém sua fundamentação, sua sustentação, da realidade histórica.
CULTURA De acordo com a antropologia, cultura é: conjunto de padrões de comportamento, crenças, conhecimentos, costumes etc. que distinguem um grupo social; forma ou etapa evolutiva das tradições e valores intelectuais, morais, espirituais (de um lugar ou período específico); civilização. Todo fato cultural está imerso na história e é inexplicável fora dela.
TEORIA Sistema de pensamento por meio do qual se organiza um conjunto de proposições lógicas; precede, dirige a investigação histórica; o material utilizado para a elaboração do sistema teórico é extraído da história. Produto - sistema. Método - abstração de conceitos a partir da análise dos objetos reais.
Qualquer tipo de reflexão que se refira à arquitetura deverá manter relação mais ou menos direta com a práxis. - A teoria (sistema de pensamento) pode ser uma forma normativa: sistema de leis ou normas que determinam como deve ser a arquitetura, o que foi habitual no passado e, ainda nos tempos recentes, no ensino. - A teoria como uma poética: enunciado particular de um arquiteto ou grupo de arquitetos, base de sua proposta, uma definição própria para sua arquitetura e como pretende praticá-la. - A teoria pode configurar uma filosofia da arquitetura: concepção organizadora em busca de princípios universais válidos, mais ligada à especulação que à realização.
HISTÓRIA Descrição crítica da sucessão dos fatos arquitetônicos; em todo relato histórico podem ser descobertos elementos de uma teoria, implícitos e inarticulados, pois constituem uma hipótese de trabalho, não uma finalidade da exposição. Produto – descrição. Métodos: pesquisa, compreensão, valoração e interpretação de objetos reais a partir de conceitos.
HISTÓRIA E CRÍTICA Atividade do historiador - estudo e interpretação da arquitetura do passado (passado inclui o tempo mais recente) e sua organização no tempo, segundo critérios de narração, ou de aproximação nomológica (conjunto de leis ou regras que se configuram a partir do recolhimento e análise dos fenômenos arquitetônicos). Atitude do historiador - valoração e interpretação do fato com base em seu significado histórico. Pode derivar de:
- consideração do tema em seu contexto histórico - análise em relação ao conjunto de acontecimentos, ideias e orientações que se entrecruzaram quando de seu aparecimento; possível valoração em relação a seus possíveis aportes: caráter crítico, transformador ou continuador das tendências existentes; - interpretação da linguagem da obra - os aspectos de gosto, ou os cânones artísticos vigentes – permitirá discernir valores estéticos ou intenções críticas; - produtividade – grau de contribuição para mudar o desenvolvimento futuro de alguns de seus aspectos; - contribuição com o sentido da história - novo fenômeno na história pode produzir transformações no conjunto, pois pode suscitar novos pontos de vista, valores, formas de enfrentar a construção do entorno, que levem à revisão dos modos de considerar a arquitetura de todos os tempos. Qual o “peso” histórico?
HISTÓRIA E CRÍTICA Atividade do crítico - elabora comentário sobre a arquitetura do presente, o acontecer diário da arquitetura: identifica novas ideias; avalia e interpreta novas obras ou propostas; descobre novas tendências. - estabelece, em cada caso, a proeminência de uns e outros, de acordo com sua própria escala de valores e o caráter do tema examinado. - considera o objeto de estudo no contexto histórico e define o papel que pode desempenhar nele. - identifica novas ideias, descobre novas tendência, valora novas propostas, contribui para a tomada de consciência do significado que o tema examinado possa ter para a própria cultura. - não pode deter-se em uma mera avaliação.
HISTÓRIA E CRÍTICA Atitude crítica - interpreta o fato com base em critérios de valor (que se alteram ao longo do tempo). - critérios de valor: são próprios da análise crítica e abrangem todos os aspectos da produção arquitetônica.
HISTÓRIA E CRÍTICA “[. . . ] as duas atividades, a do historiador e a do crítico, precisam de métodos tanto históricos como críticos, ou talvez se deva dizer diretamente de um método histórico-crítico que, em cada caso, seria aplicado a tarefas diferentemente delimitadas no tempo e a objetivos diferentes (p. 36)”.
Aqui “[. . . ] fecha-se o círculo se considerarmos que a valoração e a análise, efetuada tanto pelo historiador como pelo crítico, implicam uma teoria da arquitetura, uma ideia do que a arquitetura é ou deve ser, do que tem sentido na arquitetura ou não, teoria que é a expressão de uma ideologia (p. 37)”. Ideologia aqui entendida como o conjunto de convicções filosóficas, sociais, políticas etc. de um indivíduo ou grupo de indivíduos.