HEPATITE VIRUS A Ana Esther Mortera Ana Paula

  • Slides: 44
Download presentation
HEPATITE VIRUS A Ana Esther Mortera Ana Paula Barreto Coordenação: Luciana Sugai HRAS –

HEPATITE VIRUS A Ana Esther Mortera Ana Paula Barreto Coordenação: Luciana Sugai HRAS – ESCS – INTERNATO 6° ANO – 2012 www. paulomargotto. com. br Brasília, 20 de setembro de 2012

IDENTIFICAÇÃO: KFDM, MASCULINO, 9 ANOS, NATURAL DO DF, RESIDENTE EM ESTRUTURAL-DF. QP: FEBRE HÁ

IDENTIFICAÇÃO: KFDM, MASCULINO, 9 ANOS, NATURAL DO DF, RESIDENTE EM ESTRUTURAL-DF. QP: FEBRE HÁ 2 DIAS.

20/08/12 - HRGu HDA: Mãe do paciente refere que há dois dias criança iniciou

20/08/12 - HRGu HDA: Mãe do paciente refere que há dois dias criança iniciou quadro de febre não aferida e sem fatores de melhora. Associado à cefaléia, dor em panturrilha e joelho esquerdo e dor abdominal, todas moderadas. Nega náuseas, vômitos e diarréia. Diurese preservada.

Antecedentes e hábitos de vida: Nascido de parto normal a termo e Peso adequado,

Antecedentes e hábitos de vida: Nascido de parto normal a termo e Peso adequado, sem intercorrências em gestação e parto. DNPM adequado. Imunização atualizada de acordo com calendário básico. Nega internações, cirurgias e patologias prévias. Nega alergias e uso continuo de medicação.

 Reside em casa de madeira de 4 cômodos com pais e dois irmãos.

Reside em casa de madeira de 4 cômodos com pais e dois irmãos. Tem cachorro e relata presença de roedores em peridomocílio. Mãe, pai e irmãos hígidos.

Ao exame: PA: 100 x 73 mm. Hg Temp: 38°C BEG, icterícia discreta, hidratado,

Ao exame: PA: 100 x 73 mm. Hg Temp: 38°C BEG, icterícia discreta, hidratado, eupneico, hipocorado (++/4+), com boa perfusão. AR: MVF, sem ruídos adventícios. Sat: 96% em ar ambiente ACV: RCR em 2 T, BNF, sem sopros Abdome: globoso , distendido , discretamente doloroso em HCD , fígado palpável em 2/3 cm do RCD, baço palpável, RHA+. Ext: sem edema , boa perfusão

 Exames (20/08/12): Leuco: 12. 400 (seg : 66 bast: 22 linf: 7 mono:

Exames (20/08/12): Leuco: 12. 400 (seg : 66 bast: 22 linf: 7 mono: 3) TGO: 316 , TGP: 229, CK: 137, CKMB: 29, EAS: normal. Ecografia abdominal (21/08/2012): fígado discretamente aumentado de volume e de ecogenicidade levemente aumentado. Vesícula biliar de parede espessada (colecistite? Jejum prolongado? ). Baço levemente aumentado. sem ascite. Obs: Iniciado Ceftriaxona e Kanakion 5 mg IM

 Exames (23/08/12): Leuco 2. 400 (seg : 42 bast: 11 linf: 40 mono:

Exames (23/08/12): Leuco 2. 400 (seg : 42 bast: 11 linf: 40 mono: 7) HB: 11, 8 Ht: 34, 6 Plaquetas: 109. 000 TGO 8452 TGP 4586 BD 2 BI 0, 6 Amilase: 38, CK: 137, CKMB: 29, LDH: 9194 TTPA: 37, 3 seg TAP: 24, 6 seg INR: 1, 91 Albumina: 3, 7 EAS: normal

 No HRGu, paciente evolui com queda do estado geral, sonolência, apresentou um episódio

No HRGu, paciente evolui com queda do estado geral, sonolência, apresentou um episódio de vômito e urina concentrada. Com estado de depressão do sensório foi solicitado vaga na UTI. Demais sistemas permaneceram com alterações anteriores. Havia sido iniciado Rocefin 1, 5 g de 12/12 h Dia 23/08 foi encaminhado a UTIP-HBDF

 Na UTIP-HBDF: evoluiu bem, com melhora do quadro neurológico. Exames dia 24/08: PANCITOPENIA

Na UTIP-HBDF: evoluiu bem, com melhora do quadro neurológico. Exames dia 24/08: PANCITOPENIA HB: 9, 3. HT: 15, 4. Leuco: 1900. SEG: 51%, EOS 0, 4%, MN: 31, 5%, Baso: 2, 4%, Linf 14, 7%. Plaquetas: 51000, Albumina: 3, 3; amilase: 30, BT: 4, 1. BD: 3, 39, BI: 0, 74. FAL: 543, GGT: 270, gli: 75. TGO: 7389

 Encaminhado à DIP- HRAS em 26/08/12. HD: ? ? ?

Encaminhado à DIP- HRAS em 26/08/12. HD: ? ? ?

 - EM DISCUSSÃO NA DIP: HEPATITE VIRAL HEPATITE AUTO-IMUNE. LEPTOSPIROSE DOENÇA DE WILSON

- EM DISCUSSÃO NA DIP: HEPATITE VIRAL HEPATITE AUTO-IMUNE. LEPTOSPIROSE DOENÇA DE WILSON

 HEPATITE AGUDA: Desde quadro subclínico oligossintomático a quadros graves, com insuficiência hepática e

HEPATITE AGUDA: Desde quadro subclínico oligossintomático a quadros graves, com insuficiência hepática e óbito. Incubação: A – em média 21 dias. B – em média de 60 dias. C – em média 60 dias E – em média 40 dias. D – indefinido, acredita-se que seja como da hep B.

 Pré-ictérica: poderá apresentar febre, astenia, mal-estar, cefaléia, dores musculares, sintomas digestivos como náuseas

Pré-ictérica: poderá apresentar febre, astenia, mal-estar, cefaléia, dores musculares, sintomas digestivos como náuseas e vômitos, dor abdominal em quadrante direito superior, duram em média de 3 a 15 dias. A febre é mais comum na Hep A, e geralmente desaparece com a icterícia.

 Fase ictérica: poderá ocorrer em 20 a 50% dos casos. Podendo aparecer acolia

Fase ictérica: poderá ocorrer em 20 a 50% dos casos. Podendo aparecer acolia fecal e escurecimento da urina. E ainda prurido cutâneo. A icterícia costuma desaparecer em 2 a 8 semanas. Fase de convalescência: desaparecimento dos sintomas e das alterações laboratoriais.

 Elevação de TGO e TGP até de 10 x acima. Podendo preceder o

Elevação de TGO e TGP até de 10 x acima. Podendo preceder o sintomas e atingir o máximo uma semana após o início. Normalmente o aumento de TGP é superior à TGO. Há também aumento das bilirrubinas direita e indireta. FA e GGT pouco elevadas.

 Hep A: locais menos saneamento básico; água ou alimentos contaminados; após enchentes; instituições

Hep A: locais menos saneamento básico; água ou alimentos contaminados; após enchentes; instituições como creches e asilos. Em geral é autolimitante, curso rápido e pouco debilitante. Diagnóstico é feito por dosagem anti-HAV Ig. M.

Hep B: em geral mais grave que Hep A. tendência a cronificar. Ocorre febre,

Hep B: em geral mais grave que Hep A. tendência a cronificar. Ocorre febre, rush cutâneo , artrite durante a fase pré-ictérica. Há mais casos esporádicos que surtos. Transmissão vertical, parenteral e sexual. Ocorre mais em hemotransfundidos, usuários de drogas, hemodialíticos, profissionais de saúde, pessoas com múltiplos parceiros. . . Diagnóstico: anti- HBc Ig. M, Ag. HBe (antígeno da hep B). Já a detecção e Anti-Hbe e desaparecimento do antígeno - significa resolução da infecção.

Hep C: transmissão parenteral e sexual. Grande maioria assintomático. Diagnóstico: mais PCR, pois anti-HCV

Hep C: transmissão parenteral e sexual. Grande maioria assintomático. Diagnóstico: mais PCR, pois anti-HCV aparece tardiamente.

 Hep Delta: vírus defectivo, precisa do Ag. HBs para replicar. Por isso, fator

Hep Delta: vírus defectivo, precisa do Ag. HBs para replicar. Por isso, fator de risco é ter Ag. HBs positivo. Todos fatores de risco para Hep B. Pode haver doença aguda de Hep B junto com Hep D em paciente cronificado de hep B. Diagnóstico: pré-requisito é ter Ag. HBs. Há kits de Ig. M e Ig. G, porém Ig. M pode aparecer rapidamente, mas também permanecer na fase crônica. E Ig. G aparecem somente no fim da fase aguda. (teste ruim). PCR – pode ser identificado na fase aguda e crônica.

Hep E: endêmico na Índia e Ásia. Fora dessas áreas é rara a infecção,

Hep E: endêmico na Índia e Ásia. Fora dessas áreas é rara a infecção, geralmente envolve viajantes. Transmissão oral-fecal. Diagnóstico Ig. M anti HEV e PCR no soro e fezes.

 Hepatite por CMV e Epstein Baar: O citomegalovírus (CMV) e o vírus Epstein.

Hepatite por CMV e Epstein Baar: O citomegalovírus (CMV) e o vírus Epstein. Barr (EBV) pertencem às sub-famílias beta e gama dos vírus da herpes. Não afetam um órgão específico, mas espalham-se pelo corpo através dos leucócitos periféricos após a infecção Podem causar hepatite como principal manifestação clínica, mas geralmente esta hepatite é assintomática

 QC: sintomas pouco característicos, como febre e artralgia Diagnóstico: sorologia e detecção viral

QC: sintomas pouco característicos, como febre e artralgia Diagnóstico: sorologia e detecção viral Biópia hepática: O achado característico da hepatite pelo CMV são inclusões grandes e únicas no núcleo das células, chamadas de "olhos de coruja"(Cowdrey tipo A). Elas podem ser encontradas nos hepatócitos e nas células de Kupffer, mas são mais comuns nas células do epitélio biliar.

 Tratamento: Hepatites virais (A, B, C, D, E): suporte. Hepatite por CMV e

Tratamento: Hepatites virais (A, B, C, D, E): suporte. Hepatite por CMV e Epstein Baar não se cronifica Drogas: ganciclovir e o valganciclovir

 Causada pela bactéria Leptospira. Epidêmica periódica – meses chuvosos. São eliminados cronicamente na

Causada pela bactéria Leptospira. Epidêmica periódica – meses chuvosos. São eliminados cronicamente na urina de roedores domésticos e silvestres. Animais como vacas, porcos e cães também podem eliminar a leptospira cronicamente. Estas bactérias infectam o homem ao entrar em contato com solução de continuidade da pele e mucosas. Também é considerada doença ocupacional – trabalhadores das redes de esgoto, fazendeiros e açougueiros.

 Acometimento de todo organismo, mas principalmente fígado, rins e coração. Incubação de 2

Acometimento de todo organismo, mas principalmente fígado, rins e coração. Incubação de 2 a 20 dias, em média de 10 dias. Inicia com febre, calafrios, cefaléia e intensa mialgia. Além de náuseas, vômitos e diarréia. Conjuntivite com hiperemia e focos de hemorragia são típicos. Hepatomegalia é frequentemente encontrada e doloroso ao toque. Esplenomegalia ocorre em 20% dos casos. Nas formas graves (10%) ocorrem manifestações renais, como IRA. Além de envolvimento cardíaco, (arritmias) e leptomeningite.

 Icterícia é sinal de mau prognóstico. No laboratório há aumento de bilirrubinas até

Icterícia é sinal de mau prognóstico. No laboratório há aumento de bilirrubinas até 50 mg%. E aumentos leves a moderados de TGP e TGO e elevação de FAL e GGT. Diagnóstico Isolamento da bactéria a partir do sangue, urina ou LCR. Anticorpos séricos, presente a partir da segunda semana de doença.

 Penicilina G cristalina – droga de escolha. Ampicilina ou amoxicilina Doxiciclina, oral. Ceftriaxona

Penicilina G cristalina – droga de escolha. Ampicilina ou amoxicilina Doxiciclina, oral. Ceftriaxona

Hepatite autoimune Doença inflamatória hepática, com início e duração variáveis, desencadeada por fatores desconhecidos

Hepatite autoimune Doença inflamatória hepática, com início e duração variáveis, desencadeada por fatores desconhecidos Reação imunológica contra antígenos do hospedeiro, levando a danos celulares irreversíveis. Associação com outras doenças auto-imunes extra-hepáticas (tireoidite autoimune, artrite, anemia hemolítica e glomerulopatias)

Hepatite autoimune QC: hepatite aguda icterícia, colúria, febre, astenia, anorexia, emagrecimento e aumento de

Hepatite autoimune QC: hepatite aguda icterícia, colúria, febre, astenia, anorexia, emagrecimento e aumento de volume abdominal. Em 19% dos casos os sinais e sintomas são insidiosos Alguns casos podem se manifestar desde o início com sinais de descompensação da doença hepática (já avançada) como ascite, sangramentos gastrintestinais, encefalopatia hepática, chegando ao coma

Hepatite autoimune Hepatomegalia está presente em 90% dos casos esplenomegalia em 60%. Manifestações extrahepáticas

Hepatite autoimune Hepatomegalia está presente em 90% dos casos esplenomegalia em 60%. Manifestações extrahepáticas

 Laboratório: aumentos das transaminases, podendo chegar a níveis de uma hepatite aguda (>1.

Laboratório: aumentos das transaminases, podendo chegar a níveis de uma hepatite aguda (>1. 000 U/L) e hipergamaglobulinemia GGT e FA podem estar também aumentados, porém, com níveis menores que as transaminases; bilirrubina, às custas de BD albumina Tempo de protrombina alargado C 4 e C 3 Anemia microcítica e hipocrômica, podendo haver leucopenia e trombocitopenia, associadas a hiperesplenismo

Hepatite autoimune Como diagnosticar? - Quadro clínico compatível com hepatite ( evolução variável, com

Hepatite autoimune Como diagnosticar? - Quadro clínico compatível com hepatite ( evolução variável, com ou sem outras manifestações extrahepáticas) - Ausência de marcadores de infecção como vírus da hepatite A (VHA), vírus da hepatite B (VHB) e vírus da hepatite C (VHC); - Elevação de transaminases, hipergamaglobulinemia, altos níveis de imunoglobulinas e - Presença de auto-anticorpos não órgão-específicos.

Hepatite autoimune Diagnóstico diferencial: ◦ ◦ ◦ Hepatite viral aguda Doença de Wilson Deficiência

Hepatite autoimune Diagnóstico diferencial: ◦ ◦ ◦ Hepatite viral aguda Doença de Wilson Deficiência de alfa- 1 - antitripsina Colangite esclerosante primária Hepatite crônica HVC

 Tratamento: ◦ Imunossupressão para remissão completa, seguida de dose de manutenção ◦ Drogas:

Tratamento: ◦ Imunossupressão para remissão completa, seguida de dose de manutenção ◦ Drogas: Prednisona e azatioprina

Doença de Wilson Distúrbio do metabolismo do cobre em nível hepático, hereditário, de caráter

Doença de Wilson Distúrbio do metabolismo do cobre em nível hepático, hereditário, de caráter autossômico recessivo, não ligado ao sexo, ocorrendo igualmente em homens e mulheres 2 genes defeituosos, que codificam ATPase transportadora de ferro – ATP 7 B O acúmulo de cobre se faz inicialmente no fígado e, posteriormente, em diversos órgãos e tecidos, particularmente no cérebro, córnea e rins. Degeneração hepatolenticular

Doença de Wilson QC: Incidência aos 8 -20 anos Sintomas hepáticos: indisposição, anorexia, ascite,

Doença de Wilson QC: Incidência aos 8 -20 anos Sintomas hepáticos: indisposição, anorexia, ascite, debilidade, alterações no peso, icterícia e aminotransferases aumentadas Sintomas neurológicos (lesões dos gânglios da base e putamen): ◦ tremor ou coréia, distúrbios da marcha, contratura ou rigidez (distonias), reflexos anormais, anormalidades da fala, dificuldade de deglutição, resposta ocular anormal, anormalidades psiquiátricas (depressão, psicoses e comportamento antissocial resultando em isolamento) e sintomas semelhantes ao mal de Parkinson

Doença de Wilson Diagnóstico: < ceruloplasmina ------- <20 mg (NR: 21 -53) > Cu

Doença de Wilson Diagnóstico: < ceruloplasmina ------- <20 mg (NR: 21 -53) > Cu hepático (biópsia) --- > 250 mcg/g (NR: até 50) Queda do Cu sérico Anéis de Kaiser Fleisher (90%) – lâmpada de fenda TC cerebral e RNM: atrofia dos gânglios da base e putamen e também do córtex, cerebelo e substância cinzenta

Doença de Wilson Quando supeitar? Deve-se suspeitar desse distúrbio quando pessoas jovens manifestam sinais

Doença de Wilson Quando supeitar? Deve-se suspeitar desse distúrbio quando pessoas jovens manifestam sinais de disfunção hepática crônica ou recorrente e distúrbios neuropsiquiátricos.

Doença de Wilson Tratamento: O tratamento é direcionado para remover o excesso de cobre

Doença de Wilson Tratamento: O tratamento é direcionado para remover o excesso de cobre acumulado e prevenir sua reacumulação. A terapia deverá ser mantida por toda a vida. Dieta pobre em Cobre: Evitar fígado, chocolate, frutos do mar, feijão, amendoim, castanha de caju e nozes.

Doença de Wilson Tratamento – Drogas: Quelante de cobre: Dimercaptopropanol (Bal) e Trientine (dicloridrato

Doença de Wilson Tratamento – Drogas: Quelante de cobre: Dimercaptopropanol (Bal) e Trientine (dicloridrato de trietilenotetramina) Penicilamina (dp) Acetato de zinco Transplante hepático

 O que o nosso paciente teve?

O que o nosso paciente teve?

 Sorologias: Anti HAV: POSITIVO. CMV: NEGATIVO EPSTEIN-BARR: NEGATIVO

Sorologias: Anti HAV: POSITIVO. CMV: NEGATIVO EPSTEIN-BARR: NEGATIVO

 Manual de doenças infecto-contagiosas – Min da Saúde, 2006. Tratado de Clínica Médica

Manual de doenças infecto-contagiosas – Min da Saúde, 2006. Tratado de Clínica Médica – Antônio Carlos Lopes, 2006