Gravidez e maternidade na adolescncia mobilidade social e
Gravidez e maternidade na adolescência: mobilidade social e sociabilidade local na periferia de São Paulo Introdução e problema A gravidez na adolescência vem, muitas das vezes, acompanhada da ideia de precocidade. A noção de vulnerabilidade geralmente atribuída ao adolescente cria um consenso geral de que a gravidez neste momento da vida estaria ligada a uma série de riscos e complicações. Ainda que muitos estudos tenham se empenhado na tentativa de compreender essa questão, é fato que a gravidez na adolescência se revela como um fenômeno dotado de particularidades e variáveis que o tornam de extrema complexidade e pouca homogeneidade. Considerando que a maior parte das gestações na adolescência acontece nas regiões periféricas da cidade, entendemos que a pesquisa é de significativa relevância ao aproximar os conceitos das Ciências Sociais, atrelados às noções relacionadas ao universo da periferia, às discussões e discursos proferidos por parte das Ciências da Saúde, possibilitando que a temática da gravidez na adolescência seja tratada, também, sob a perspectiva das variáveis sociais, orientando um novo olhar para as políticas públicas voltadas à adolescente grávida que compreenda uma abordagem mais plural e que evidencie a experiência de vida e a memória social do grupo estudado. Metodologia e Desenvolvimento São Paulo Periferia Condição da Mulher Adolescente Gravidez e Maternidade Programa de Saúde da Mulher Objetivos A pesquisa tem como objetivos compreender o que pensam as adolescentes grávidas e mães sobre a própria gravidez e maternidade, identificar os impactos e as transformações desse período em suas vidas, bem como a percepção que elas têm em relação às pessoas de sua convivência social sobre o momento que viveram estão vivendo. Hipótese Partimos do pressuposto de que o ambiente periférico detém um conjunto de valores e comportamentos coletivos característicos de uma rede de sociabilidade interna, construída a partir da similaridade quanto às exclusões vividas e enfrentadas diariamente. A partir dessa lógica, alguns fenômenos que lá se efetuam com maior intensidade - necessitam de uma leitura que compreenda a existência de uma cultura local própria, fortemente associada a padrões de segregação, sendo a gravidez na adolescência um destes fenômenos. Esta, que muitas vezes é atrelada por especialistas a uma série de futuras limitações e complexidades, pode-se revelar de maneira completamente distinta na perspectiva das meninas adolescentes e seus respectivos núcleos familiares. Levantamos, então, a hipótese de que a gravidez na adolescência na periferia esteja ligada, numa perspectiva coletiva, à possibilidade de reconhecimento de um lugar social valorizado e demarcado. Essas meninas, que são colocadas totalmente à margem da sociedade, encontrariam na maternidade uma maneira de se estabelecer socialmente frente às dificuldades provenientes da periferização. Sendo assim, a questão será aqui tratada sob a ótica de uma possível alteração ascendente intraclasse das adolescentes (mobilidade social), enquanto mães, como sujeitos sociais. UBS Jardim Vera Cruz Total de 30 entrevistas com roteiro semiestruturado Variáveis : Demográfica Obstétrica Psicossocial Orientador Prof. Dr. Ednilson Quarenta Conclusões Referências DURHAM, E. R. 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Autoras Eloísa Maria de Souza Falcão Maria Luiza de Oliveira Jorge 1 - A natureza da gravidez na adolescência não pode ser exclusivamente associada à desinformação. 2 -A gravidez altera significativamente a auto percepção das adolescentes em relação ao meio em que se encontram. 3 -O fenômeno esta intimamente associado a uma logica social de segregação e periferização. “Porque você tem que aprender a cuidar de você sozinha quando você está grávida, ninguém pode sentir o que você está sentindo, e depois que ela nasce, você também tem que criar a criança sozinha, tem que dar a vida por essa criança. [. . . ] No dia que uma amiga estava mal, ela pediu para ir no médico com ela, porque se ela fosse sozinha não dava para ela ir porque ela é menor de idade e precisava de um responsável, agora se eu for no médico sozinha, eu não preciso de responsável, entendeu? Você já se torna maior de idade por ser mãe. ” - A. P. (17 anos)
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