Fundamentos da Cincia da Informao Carlos Alberto vila
Fundamentos da Ciência da Informação Carlos Alberto Ávila Araújo 31 de março de 2017
Um segundo desafio contemporâneo • A Ciência da Informação é uma ciência? • Se sim, de que tipo? • Literatura aponta: a) é uma ciência pós-moderna b) é uma ciência interdisciplinar c) é uma ciência social Mas o SIGNIFICADO disso está claro para a comunidade científica?
1. A discussão da pós-modernidade • “Postmodern science is not like classical science, driven by the search for complete understanding of how the world works, buy by the need to develop strategies to solve in particular those problems which have been caused by classical sciences and technologies” (WERSIG, 1993, p. 229)
. . . “information science is not to be looked at as a classical discipline, but as a prototype of the new kind of science” (WERSIG, 1993, p. 235).
1. 1. Modernidade: origem e proposta • • Confusão conceitual Renascimento, Iluminismo, Rev. Francesa Grande projeto para a humanidade Antropocentrismo Razão como locus da verdade Rompimento com as trevas e preconceitos Weber: “desencantamento do mundo”
Desdobramentos • • • Ciência e descobertas tecnológicas Industrialização Explosão demográfica e urbana Democracia Liberalismo e Socialismo Ideais da Revolução Francesa
Crise do projeto da Modernidade • • • Totalitarismos e o projeto nazista Guerras e a bomba atômica Desastres ecológicos e poluição Aumento das desigualdades Esgotamento estético, arte como mercadoria • Instrumentos de persuasão • Adorno e Horkheimer: “O Iluminismo como mistificação das massas”
1. 2. Pós-Modernidade • Grandes mudanças no modo de viver e pensar • Queda das metanarrativas • Pulverização do poder • Desconfiança da razão (“reencantamento”) • Simulação/tecnologias do virtual • Niilismo • Presenteísmo e hedonismo • Globalização e fundamentalismos
Compreensões da Pós-Modernidade • Autores que acreditam se tratar de um acirramento do processo de implantação da Modernidade (Habermas, Giddens, Latour) • Autores que proclamam a Pós-Modernidade e se encantam com ela (Maffesoli, Harvey, Lévy) • Autores que vêem a Pós-Modernidade como o apocalipse (Baudrillard, Lyotard, Vattimo, Virilio)
1. 3. Ciência • O desejo de conhecer a natureza, formular teorias e sistemas explicativos, inclusive com acumulação e aplicações práticas, sempre existiu na história da humanidade • “consiste numa produção historicamente datada: surgiu no bojo das primeiras manifestações de um vasto período plurisecular, no qual se gestou o que conhecemos como ‘Iluminismo’ ” (CARDOSO, 1996, p. 64 -65).
Ciência moderna • Ser humano como sujeito do conhecimento • Se constrói em oposição ao senso comum e às demais formas de conhecimento - se apresenta como a única dotada de razão • Rigor metodológico • Leis de aplicação universal
• Separação total entre a natureza e o ser humano • Ideal matemático - conhecer = quantificar • Redução da complexidade • Conhecimento causal • Previsão do comportamento futuro dos fenômenos • Determinismo mecanicista utilitário e funcional: não compreender mas transformar
O paradoxo do século XX • Promessa de acesso universal x exclusão • Promessa de progresso x violência, mortandade, destruição • Crise mais ampla da Modernidade • A previsão da literatura
Resultados e perspectivas • Questionamento da racionalidade científica • Objeções ao paradigma da objetividade e da universalidade • Iniciativas: Teoria da Relatividade, Teoria do Caos, Inter e Transdisciplinaridade, etc • “Momento paradoxal para a ciência” • O desafio da ciência pós-moderna (Boaventura Santos, Axel Honneth, Edgar Morin, Pedro Demo, Fritjof Capra)
1. 4. Ciência pós-moderna • A crise do paradigma dominante a) Condições teóricas: o próprio avanço do conhecimento científico b) Condições sociais: o uso feito do conhecimento científico • Paradigma emergente: antipositivista, contra teoria representacional da verdade, contra a primazia das explicações causais • Rousseau
Características a) Todo conhecimento é social (contra distinção ciências naturais x sociais): características de auto-organização e historicidade em todos os objetos; b) Todo conhecimento é total e local: contra especialização, disciplinaridade; constitui-se com problemáticas específicas, circunstanciais
c) Todo conhecimento é auto-conhecimento: contra a expulsão do sujeito (dicotomia sujeito/objeto), o objeto é a continuação do sujeito por outros meios d) Todo conhecimento científico visa a constituir-se em senso comum: contra a ruptura com outras formas de conhecimento • Interpenetração: “o desenvolvimento tecnológico deve traduzir-se em sabedoria”
Avaliações/reações a essa proposta • Sokal: debilidade das posições antipositivistas ditas pós-modernas • Sokal e Bricmont: uso incorreto de teorias e conceitos das ciências físiconaturais • W. Gomes: vivemos num tempo normal, normal até demais
1. 5. A proposta de Wersig • Algumas mudanças: da instituição para o fluxo (Miksa), do sistema para o usuário • Bibliotecas e SRIs x ação informacional • Documentação surge diante de uma nova necessidade • Novo papel do conhecimento na sociedade pós-moderna
Mudança no papel do conhecimento 1. Despersonalização (x tradição oral) 2. Credibilidade (x experiência direta) 3. Apresentação (vários sistemas de ideias, pluralidade identitária) 4. Racionalização (ação orientada pela informação) Inf = conhecimento para a ação CI: resolver um novo problema causado pela própria ciência (volume e complexidade)
CI como ciência pós-moderna • Não é ciência – objeto e método únicos • Novos campos – orientados para problemas, não receita de como algo funciona mas estratégias para lidar com os problemas • Construção da CI não nos moldes de uma ciência tradicional – outro esquema de organização
O desafio teórico • Redefinir conceitos • Ex: “SI” conceito reificado x abstração; o papel do sujeito que age • Reformular interconceitos • Ex: “conhecimento”, “imagem”, “figura” • Entrelaçar modelos e interconceitos • Metáfora do pássaro tecelão, pegar de outros lugares e reestruturá-las – não teoria mas estrutura de conceitos ampliados
- Slides: 22