FORMAO ECONMICA E SOCIAL DO BRASIL II REC
FORMAÇÃO ECONÔMICA E SOCIAL DO BRASIL II (REC 2402) Amaury Patrick Gremaud 1º semestre 2017
AULA 10: A INDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL ANTES DE 1930 As controvérsias acerca da origem da industrialização brasileira
q Aula passada: Controvérsia (Furtado x Pelaez) sobre os anos 30 e o deslocamento do centro dinâmico Ü Segundo Celso Furtado, no início da década de 30 existia uma capacidade produtiva industrial ociosa no Brasil Ü Furtado não é muito claro sobre como este capacidade produtiva industrial foi estabelecida Ø Fato é que antes de 30 existiu algum desenvolvimento industrial Como ? Qual ?
INDÚSTRIA NO BRASIL ALGUNS DADOS 1889: 636 ESTAB. INDUSTRIAIS com 54. 169 OPERÁRIOS 1907: 3. 410 ESTAB. INDUSTRIAIS com 156. 250 OPERÁRIOS 1920: 13. 000 ESTAB. INDUSTRIAIS com 275. 512 OPERÁRIOS 4
INTERPRETAÇÕES SOBRE INDUSTRIALIZAÇÃO ANTERIOR À 1930 v Wilson Suzigan: 4 interpretações: 1. Teoria dos Choques Adversos 2. A tese da industrialização liderada pela expansão das exportações (tese da complementariedade) 3. Ótica do Capitalismo Tardio 4. Ideia da industrialização intencionalmente promovida por políticas do governo
ANOS 60/70: DEBATE CLASSICO Industrialização antes de 30: debate: �teoria dos choques adverso �industrialização induzida pelas exportações qproblema básico: café e sua expansão estimulam ou não a industrialização do país �controvérsia: argumentos teóricos/empíricos e aspectos políticos � possui correlação com debate sobre os anos 30: Ø foram as crise das exportações que propiciaram o crescimento da indústria? ou foi a expansão das exportações que garantiu condições propícias para o desenvolvimento
A TEORIA DOS CHOQUES ADVERSOS (I) q Industrialização é uma resposta à dificuldade de importações nos momentos de crise externa § Indústria nasce/cresce nos momentos de crise da economia cafeeira (momentos de choque adverso) Ø Existe uma relação inversa entre café e indústria A crise do setor exportador = crescimento da indústria, Pq ? Proteção à indústria (medidas de restrições às importações dada a crise no Balanço de Pagamentos) diminui lucratividade do café Bcrescimento do setor exportador = indústria em crise, Pq ? facilidade de importar bens concorrentes lucratividade café atrai capital 7
A TEORIA DOS CHOQUES ADVERSOS (II) Difícil encontrar formulação explicita em algum autor tese extremada: visão cepalina para América Latina idéia esta subjacente a Caio Prado Jr. e Nelson Werneck Sodré, clara em alguns momentos de R. Simonsen: I Guerra Mundial: expansão do número estabelecimento e dobra a produção è Normalmente olha-se indicadores de produção Furtado/Tavares - aceitam choque adverso para a crise de 30, mas não teoria geral para antes de 1930 Existe crescimento industrial dentro da economia primário exportadora mas é insuficiente para dar autonomia às atividades internas e se restringe a bens de consumo Crise 30 – ponto de inflexão 8
A LIDERANÇA DAS EXPORTAÇÕES (I) q Expansão da indústria liderada pela expansão das exportações de café existe relação linear direta positiva entre café e indústria Industria abrangente (não só bens de consumo) A. expansão do café = crescimento da indústria, Pq? existe mercado consumidor possibilidade de importar e ampliar capacidade produtiva existem recursos para investir B. crise do café = problema para a indústria, Pq ? argumentos inversos de A è olha-se para volume de investimentos físicos 9
A LIDERANÇA DAS EXPORTAÇÕES (II) Ø Versão extremada: W. Dean, tese vira teoria e vale inclusive para 1930 (Peláez) § crítica a Simonsen sobre IGM: investimentos caem, existiu forte crescimento industrial antes da guerra § Robert Nicol aceita revisões sobre 30 Ambos: Café Promove monetização da economia e crescimento da renda interna Cria mercado para produtos manufaturados, com Estradas de Ferro amplia e integra mercado Comércio de Importações/exportações: cria sistema de distribuição Traz mão de obra e supre recursos para importações de insumos e bens de capital 10
RUMO ÀS TESES DO CAPITALISMO TARDIO (I) Década de 70/80 debate continua mas já não se aceitam visões extremadas - gerais sobre período
Em meados anos 70 a polêmica central sobre a industrialização na Primeira República encontrava-se esgotada. "Choques adversos" e "industrialização induzida pelas exportações" não poderiam mais ser defendidas como explicações gerais para o processo de industrialização. Os mecanismos descritos por tais explicações são encontrados em um ou outro momento da industrialização na Primeira República, não sendo, no entanto, mutuamente exclusivos. (Saes, 1989)
RUMO ÀS TESES DO CAPITALISMO TARDIO (I) Década de 70/80 debate continua mas já não se aceitam visões extremadas - gerais sobre período v sobressai as ideias de sucessão e ambiguidade nas relações entre dois setores E Versianni & Versianni: Momentos de desvalorização: proteção – aumenta a produção Momentos de valorização: aumento dos investimentos Sucessão (escada e/ou ciclo): Momentos de ampliação da capacidade produtiva, seguidos por momento de ampliação da produção (uso da capacidade produtiva)
ALBERT FISHLOW v Década de 90: mecanismo para crescimento da indústria: relação defasada inflação e câmbio: 1º inflação sem desvalorização favorece importação (de produtos em geral e também de bens de capital 2º desvalorização - proteção e uso da capacidade ociosa v 1ª Guerra: aumento da produção (mercado doméstico e externo) e acumulação de lucros § Apesar de não ocorrer expansão da capacidade produtiva v Período 1905/13: industria cresce no bojo da expansão do café até 1913 - crescimento do café - ampliação da capacidade produtiva guerra - proteção - amplia produção
RUMO ÀS TESES DO CAPITALISMO TARDIO (II) Vários autores alteram a problemática: Desenvolvimento da indústria dentro do processo de constituição do capitalismo no Brasil Ø Década de 60: FHC, J. S. Martins: condições sociais da industrialização: divisão do trabalho e urbanização, mercado consumidor; trabalho assalariado – imigração Ø Década de 70: J. M. C. Mello, S. Silva: buscar précondições da formação do capitalismo: mercado de trabalho, formação da burguesia, origem 15
O CAPITALISMO BRASILEIRO E SUAS FASES Sergio Silva, W. Cano, João Manuel C de Mello, C. Tavares § transição para trabalho assalariado/ imigração /fim escravidão marca a emergência de novo modo de produção no Brasil, modo capitalista Ø Mudança na periodização: CEPAL: economia voltada para fora (ate 30) e para dentro (depois de 30) Nova periodização: Economia Colonial (exportadora com trabalho escravo) Economia Mercantil nacional (exportadora com trabalho escravo) Economia Capitalista exportadora (nesta fase se origina capital industrial) v Etapas percorridas pelo capitalismo brasileiro a partir da introdução do trabalho assalariado: ØEconomia exportadora capitalista ØIndustrialização restringida 16
O CAPITALISMO TARDIO A VISÃO DA UNICAMP M. Conceição Tavares (tese de livre docência) J. M. Cardoso de Mello v. Capitalismo tardio: q Crítica da economia política cepalina Ø Apreendem as historicidades particulares da constituição do capitalismo no Brasil que ocorre na fase monopolista do capitalismo mundial ü Tem passado colonial e ocorre na fase monopolista do capitalismo mundial ü Diferente do capitalismo originário e do capitalismo atrasado (passado feudal e ocorre na fase concorrencial
A VISÃO DA UNICAMP: O CAPITALISMO TARDIO (II) Desenvolvimento industrial é fruto de um processo de acumulação de capital: no setor agrícola exportador Este depende da demanda externa, mas beneficiamento de café e estradas de ferro estimulam a acumulação de café ÄCapital industrial - teve sua origem no processo de acumulação de capital com café; é uma extensão (um vazamento) do capital cafeeiro, Øocorre no processo de diversificação (formação do complexo
Relação café-indústria contraditória (não linear): Ø Existe de fato proteção e uso da capacidade produtiva quando das crises Ø Mas também existe uma enorme dependência em relação ao crescimento da economia cafeeira: § a ampliação do mercado consumidor § possibilitar a importação de máquinas, equipamentos e insumos (viabilizando os investimentos) Ø Café acaba por impor limites à autonomização da indústria: § setores de bens de consumo (não diversificação) § tamanho do vazamento do capital § política econômica Ø Com tempo: tendência a ampliação da autonomia (dec 30)
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