Formao Econmica do Brasil Celso Furtado Economia escravista
Formação Econômica do Brasil Celso Furtado
Economia escravista de agricultura tropical séculos XVI e XVII
Capitalização e nível de renda na colônia açucareira � Desenvolvimento da indústria açucareira: esforço do governo português ◦ Dificuldades do meio; ◦ Favores especiais (concessão de direitos e privilégios). � Dificuldades iniciais: escassez de mão de obra ◦ Escravidão: condição de sobrevivência da colônia; ◦ Base da economia colonial: escala de produção; ◦ Subsistência de núcleos de povoamento no sul da colônia. � Colonização (século XVI): atividade açucareira. ◦ Especialização na captura de escravos indígenas: fase inicial de instalação da colônia. ◦ Mão de obra africana: fase de expansão e capitalização da empresa agrícola. ◦ Desenvolvimento rápido: superação das dificuldades de instalação ◦ Final do século XVI: ≈ 2 milhões de arrobas de açúcar.
�Montante de capitais invertidos na colônia ◦ 120 engenhos: 15 mil libras = 1, 8 milhão de libras; ◦ 15 mil africanos: 25 libras = 375 mil libras; �Custos com mão de obra: 20% do capital fixo. �Montante da renda gerada: conjeturas (ano favorável) �Valor total do açúcar exportado: 2, 5 milhões de libras; �Renda líquida: 60% do valor do açúcar exportado; ◦ Açúcar: ¾ da renda total gerada ◦ Renda total: 2 milhões de libras. ◦ População de origem europeia: 30 mil habitantes �“A pequena colônia açucareira excepcionalmente rica. ” (p. 79). �Forte concentração da renda: classe de proprietários engenho.
� Gastos monetários: ◦ 5% (renda gerada) de pagamentos em serviços fora do engenho (transporte e armazenamento); ◦ Trabalhadores assalariados: 1500 homens – 15 libras/ano = 22, 5 mil libras (2% da renda gerada); ◦ Gado: 15 mil – (1/5 do valor do escravo ≈ 5 libras): 75 mil libras �Taxa de reposição: 25 mil. ◦ Lenha e outros. ◦ 3% da renda gerada. �≈ 90% da renda gerada: classe de proprietário de engenho e plantadores de cana. � Renda dos capitais invertidos na etapa produtiva: acima de 1 milhão de libras. � Consumo: produtos de luxo. ◦ Brasil holandês (1639): 160 mil libras (impostos) – 20% do valor das importações = 800 mil libras ◦ 1/3 vinhos. ◦ Exportações brasileiras: 1, 2 milhões de libras. ◦ Padrão de consumo: 600 mil libras; Sobram 600 mil libras não despendida na colônia. � Economia suficientemente rentável: decuplicar no último quartel do século XVI. ◦ A cada dois anos: duplicação da capacidade produtiva
�Potencialidade financeira: possibilidade de absorção pelos mercados compradores. ◦ Etapa de comercialização: decisões fundamentais a respeito do negócio açucareiro. �Destino dos recursos financeiros? ◦ Não utilizados no interior da colônia: não desenvolvimento de outras atividades; ◦ Comerciantes: pagamento dos créditos; ◦ Renda de não-residentes: permaneceu fora da colônia. v “Íntima coordenação existente entre as etapas de produção e comercialização, coordenação essa que preveniu a tendência natural à superprodução. ” (p. 82)
Fluxo de renda e crescimento
Possibilidade efetiva de expansão e evolução estrutural apresentava o sistema econômico do nordeste? � Processo de formação da renda e acumulação de capital � Economia escravista: processo de formação do capital ◦ Fase de instalação �Larga escala �Capital importado ◦ Equipamentos e mão de obra especializada; ◦ Mão de obra não especializada: índigena. ◦ Mão de obra africana: capitalização; sem alteração na estrutura produtiva. ◦ Processo de expansão: �Gastos monetários na importação: equipamentos, materiais de construção e mão de obra escrava (não especializada).
◦ Etapa da inversão: ◦ Construção e instalação: não forma fluxo de renda monetária �Uso do trabalho escravo. v Economia industrial: inversão -> crescimento da renda da coletividade. v Pagamento dos fatores de produção -> criação de renda monetária. � Inversão na economia exportadora-escravista: pagamentos feitos no exterior (importação de mão de obra, materiais de construção e equipamentos) �Fatores de produção: escravo. ◦ Lucro do empresário: diferença entre custo de reposição e de manutenção da mão de obra e o valor do produto do trabalho da mesma. ◦ Aumento de renda real: lucro do empresário, sem formação de uma expressão monetária (não há pagamentos). ◦ Escravo: bem durável de consumo.
� Funcionamento da economia: v Renda monetária gerada no processo produtivo revertia em sua quase totalidade as mãos do empresário. � Fluxo de renda: operações � Economia feudal? contábeis. v. Possibilidade de expansão e evolução? ØOferta externa de trabalho elástica + terras disponíveis: ilimitadas. ØExpansão extensiva: associação entre a manutenção dos preços e ampliação do mercado consumidor; ØDecadência: queda dos preços; ØAtrofiamento: lento.
Projeção da economia açucareira: a pecuária
�Economia açucareira: alta rentabilidade e elevado grau de especialização ◦ Mercado de dimensões relativamente grande: capacidade de importação. �Fator altamente dinâmico para o desenvolvimento de outras regiões: desvios para o exterior do impulso dinâmico 1. Interesses portugueses e holandeses: fretes; 2. Política colonial: evitar o desenvolvimento de atividades concorrentes com a economia metropolitana. �São Vicente, no sul: colônia de povoamento, caça ao índio. ◦ Limitação do impulso: abundância de terras no Nordeste – fluidez da fronteira. v. Pecuária: segundo sistema econômico.
� Pecuária: setor de bens de produção. ◦ Transportes; ◦ Alimentação. � Expansão da empresa agrícola = crescimento necessidade de animais de tiro. � Política colonial: separação dos sistemas: �Açucareira; �Criatória. da � Pecuária: sistema econômico dependente � Características do sistema: ◦ Terras extensiva e itinerante; ◦ Baixa inversão de capital; ◦ Acumulação de capital: indução a permanente expansão; ◦ Rentabilidade baixa (5% do valor das exportações de açúcar ≈ 100 mil libras) -> gado e exportação do couro; ◦ Mão de obra: homens livres sem capital e indígenas (≈ 13 mil pessoas; 1 vaqueiro para 250 animais).
“Que possibilidades de crescimento apresentava esse novo sistema econômico que surgira como um reflexo da atividade açucareira? � Condição fundamental: terras. � Baixa inversão de capital: oportunidade de acumulação a partir do trabalho. � Oferta: não existe fatores limitativos; � Procura: expansão da economia açucareira. � Expansão: aumento do rebanho e incorporação – reduzida – de mão de obra. � Distâncias: redução da produtividade. � Mercado de ínfimas dimensões: reduzido grau de especialização e comercialização. � Atividade de subsistência.
Formação do complexo nordestino
� Subdesenvolvimento regional do nordeste: açucareiro e criatória. � Expansão e retração: manutenção dos traços estruturais ◦ Expansão: caráter extensivo; ◦ Baixo fluxo monetário. � Crise: queda dos preços ◦ Curto prazo: economias resistentes. ◦ Longo prazo: diferenças fundamentais. Ø Redução dos estímulos externos: • Economia açucareira: atrofiamento • Elevado gastos de reposição de equipamentos e mão de obra • Consumo: importação. • Redução nos preços: dificuldades de manter a capacidade produtiva. • Criação de animais: expansão • Aumento do rebanho: crescimento vegetativo (baixo/nulo gasto de reposição); • Absorção da população. • Setor de subsistência: diminuição da renda monetária. v Atrofiamento da economia monetária: redução real da renda per capita.
Sistema econômico do Nordeste �Processo lento de atrofiamento: economia monetária ◦ Açucareira: longa depressão; imigração para o interior (setor de subsistência); ◦ Pecuária: absorção da população e intensificação da transição para o setor de subsistência. �Redução da renda das exportações ◦ Oferta de alimentos e o acesso a terra; ◦ Pecuária: melhores condições de alimentação. v Crescimento demográfico.
“A expansão da economia nordestina durante esse longo período consistiu, em última instância, num processo de involução econômica: o setor de alta produtividade ia perdendo importância relativa, e a produtividade do setor pecuário declinava à medida que este crescia. Na verdade, a expansão refletia apenas o crescimento do setor de subsistência, no qual se ia acumulando uma fração crescente da população. ” (pp. 105 -106)
“A dispersão de parte da população, num sistema de pecuária extensiva, provocou uma involução nas formas de divisão do trabalho e especialização, acarretando um retrocesso mesmo nas técnicas artesanais de produção. ” (p. 106)
Contração econômica e expansão territorial �Século XVII: maiores dificuldades na vida política da colônia � 1ª metade: expansão econômica e invasão holandesa; � 2ª metade: queda da rentabilidade do comércio colonial. �Expansão das fronteiras: ◦ Norte: defesa do monopólio do açúcar ◦ Estado do Maranhão e Grão-Pará: colônia de povoamento ◦ Exploração dos produtos da floresta: cacau, baunilha, canela, cravo, resinas aromáticas; ◦ Mão de obra: indígena (missão jesuíticas).
�Sul: declínio da economia açucareira ◦ Colônia de Sacramento (bacia do Rio da Prata) ◦ Caça ao índio e expansão da pecuária (couro) ◦ Contrabando. � Retração do comércio colonial: queda na transferência de recursos para Portugal (erário e importação) ◦ Consumo importado: essencial, o sal. �Crescimento dos setores de subsistência: expansão territorial ◦ Atrofiamento da divisão do trabalho e redução da produtividade; ◦ Fragmentação das unidades produtivas; ◦ Social: desaparecimento das formas complexas de convivência social; ◦ Substituição da lei geral pela norma local.
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