Formao Econmica do Brasil Celso Furtado Economia de

Formação Econômica do Brasil Celso Furtado

Economia de transição para o trabalho assalariado Século XIX

16. O Maranhão e a falsa euforia do fim da época colonial � 1775 -1800: época de grandes dificuldades para a economia colonial. ◦ Queda das exportações: � Açúcar: novas dificuldades e queda do valor total das vendas; � Ouro: queda na produção e exportação. � Renda per capita: queda. � Em conjunto a economia brasileira: constelação de sistemas com vínculos frouxos entre si ◦ Complexo açucareiro: produção de açúcar e criação de gado no interior do NE; ◦ Complexo minerador: mineração e a agropecuária no Sul. � Centros autônomos: norte do Brasil ◦ Pará: economia extrativista da floresta amazônica, controlada pelo jesuítas e com utilização da mão de obra indígena; ◦ Maranhão: Cia. Geral do Comércio (Marquês de Pombal), financiamento do desenvolvimento agrícola na região ◦ Crédito: tráfico de escravos africanos; ◦ Agricultura: algodão e arroz.

Quadro geral de prostração econômica na passagem para o século XIX. � Aparência de prosperidade: fatores circunstanciais e acontecimentos políticos de grande repercussões nos mercados mundiais � ◦ Independência dos EUA e a guerra; ◦ Revolução Francesa e a desarticulação da produção nas colônias francesas (Ilha de São Domingos - Haiti); ◦ As guerras napoleônicas e a transferência da Corte portuguesa (1808). ◦ Abertura de mercados para os produtos tropicais do Brasil: açúcar e o algodão. ◦ Aumento das exportações e elevação dos preços dos produtos tropicais. v v Prosperidade: condições de anormalidade que prevaleciam no mercado mundial de produtos tropicais. Estabelecida a paz na Europa (1820): sérias dificuldades econômicas para o Império.

17. Passivo colonial, crise financeira e instabilidade política � Repercussão dos eventos políticos da Europa: transferência da Corte portuguesa (1808) ◦ Aceleramento da evolução política do Brasil; ◦ Prolongamento da etapa de dificuldades econômicas. �Abertura dos portos (1808): imposição dos acontecimentos; �Tratados de Comércio de 1810: Inglaterra privilegiada; �Independência do Brasil (1822) e os tratados de reconhecimento; �Abdicação de dom Pedro I (1831): ascensão da classe dos grandes agricultores.

� � Independência do Brasil: manutenção da unidade territorial. Dificuldades da economia no Império (1830 -1850): ◦ Ideologia e interpretação do liberalismo econômico � Papel dos tratados de comércio com a Inglaterra: efeito secundário; � Visconde de Strangford x Visconde de Cairu (José da Silva Lisboa): intérpretes das classes dominantes. � Discrepâncias de ideologia econômica. � Ideologia liberal: aplicada unilateralmente. ◦ Conflitos com os inglês: tráfico de escravos para o Brasil “Não se pode afirmar que, se o governo brasileiro houvesse gozado de plena liberdade de ação, o desenvolvimento econômico do país teria sido necessariamente muito intenso” (p. 146). � Impacto dos tratados com os ingleses: dificuldades financeiras para capitalização do Estado. � Importação: receitas do governo (taxa 15% ad valorem) � Debate: taxar as exportações X aumento dos impostos sobre a importação. � Quadro social: insatisfação generalizada (rebeliões por Império) -> ameaça a unidade territorial. � Ascensão dos Saquaremas: grupo político ligado aos plantadores de café no Vale do Paraíba fluminense. ◦ Desvalorização da moeda: emissão de papel moeda; ◦ Elevação dos preços dos produtos importados: população urbana; ◦ Inflação: empobrecimento dos pequenos comerciantes, empregados públicos e do comércio, militares, etc.

18. Confronto com o desenvolvimento dos EUA � Debate: “por que se industrializaram os EUA no século XIX, emparelhando-se com as nações europeias, enquanto o Brasil evoluía no sentido de transformar-se no século XX numa vasta região subdesenvolvida? ” (p. 151) ◦ Refutação: teorias de inferioridade de clima e raça. � Desenvolvimento dos EUA na passagem para o XIX: � Adoção do protecionismo: tempo avançado. ◦ Peculiaridades do desenvolvimento dos EUA � Classe dirigente: pequenos agricultores e grandes comerciantes urbanos; � Interpretação da teoria liberal: Alexander Hamilton e a defesa da industrialização. � Política colonial: negligência salutar e o desenvolvimento de um mercado interno. � Desenvolvimento da indústria da construção naval: frota mercante. � Impacto das guerras napoleônicas: estímulo ao comércio de abastecimento. � Revolução Industrial e a demanda por algodão: expansão territorial. Ø Balança de comércio: déficit da balança de pagamento tendeu a transformarse em dívidas de médio e longo prazo; permitindo ao Estado adotar uma política econômica que visava o desenvolvimento de uma infra-estrutura econômica e o fomento direto de atividades básicas.

19. Declínio a longo prazo do nível da renda: primeira metade do século XIX � Condição básica para o desenvolvimento da economia brasileira: expansão das exportações. ◦ Dificuldades de industrialização: declínio da renda; criação de mercado consumidor; classe dominante (grandes senhores agrícolas escravistas). � Causa do atraso relativo da economia brasileira: estancamento das exportações ◦ Taxas de crescimento médio anual: 0, 8% ◦ Taxas de crescimento demográfico: 1, 3%. ◦ Crescimento das exportações: café.

� Estatísticas das exportações (1820 -31 e 184150): valor em libra ◦ Açúcar: crescimento de 24%, taxa anual de 1, 1% Ø Dobro da quantidade exportada. ◦ Algodão: redução de 50% Ø -10% da quantidade exportada. ◦ Couros e Peles: redução de 12% Ø Mais que o dobro da quantidade exportada. ◦ Fumo: manutenção das exportações. Expansão dos valores da exportação: aumento do esforço produtivo. v. Redução da renda per capita. v Incapacidade do setor de subsistência (mercado interno) de contrabalancear o efeito do declínio relativo das exportações na economia nacional. v Papel do café na expansão das exportações.

20. Gestação da economia cafeeira � Panorama de estagnação econômica: final do período colonial até meados do século XIX. �Maranhão: efeitos locais; �Consolidação do Império: rudimentar sistema administrativo, a criação de um banco nacional e a manutenção da unidade territorial; �Efeitos da Revolução Industrial: não afetou a estrutura do sistema produtivo; �Fim do tráfico de escravos africanos (1850); �Crise nas principais lavouras tropicais: açúcar, algodão, cacau e fumo. � “Brasil necessitava reintegrar-se nas linhas em expansão do comércio internacional” (p. 165).

� Encontrar produtos de exportação �Fator de produção: terra (abundância); �Capitais para investimento: reduzido; �Mão de obra: limitada pelo fim do tráfico atlântico de escravos. � Café: características de produção, condições ecológicas e financeiras ◦ Demanda crescente no mercado internacional: desarticulação da oferta. � 1820: 18% da pauta de exportação; 1840/50: 40% da pauta de exportação -> expansão da exportação brasileira: café. � Montagem da cafeeicultura: ◦ Terra (fator de produção): abundância; ◦ Transporte: proximidade da área de produção (Vale do Paraíba) do porto do Rio de Janeiro; ◦ Meio de transporte: mulas. ◦ Mão de obra: absorção da mão de obra escrava semi-ociosa na lavoura de gêneros para o abastecimento interno. v Primeira fase da expansão cafeeira: aproveitamento dos recursos preexistentes e subutilizados.

� Gestação da economia cafeeira (1825 -1875): � Origens da classe nova classe empresária: ◦ Utilização intensiva da mão de obra escrava; ◦ Grau de capitalização menor que a empresa açucareira: cultura permanente; ◦ Classe empresária: controle sobre a etapa de produção e comercialização. ◦ Abastecimento do Rio de Janeiro: sul de Minas Gerais. ◦ Entrelaçamento dos interesses da produção e do comércio: � Controle da posse da terra, recrutamento de mão de obra escrava; organização e direção da produção, transporte interno e comercialização nos portos. ◦ Consciência de classe: importância da ação política para a expansão econômica � Subordinação do instrumento político aos interesses do grupo econômico; � Conquista da autonomia estadual com a proclamação da República. � 1875: o Brasil estava reintegrado nas correntes em expansão do comércio mundial ◦ A economia cafeeira encontrava-se em condições de autofinanciar sua extraordinária expansão subsequente; ◦ Emergência de uma nova classe de dirigentes. v. Problemas a expansão da economia nacional: recrutamento da mão de obra.
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