FEARPUSP REC 2200 CONTABILIDADE SOCIAL SISTEMA DE CONTAS
FEA-RP/USP REC 2200 – CONTABILIDADE SOCIAL SISTEMA DE CONTAS NACIONAIS (SCN)
Motivação & realidade � https: //agenciadenoticias. ibge. gov. br/agencia-sala-de- imprensa/2013 -agencia-de-noticias/releases/20166 -pibavanca-1 -0 -em-2017 -e-fecha-ano-em-r-6 -6 -trilhoes. html � https: //g 1. globo. com/economia/noticia/pib-brasileirocresce-10 -em-2017 -apos-2 -anos-de-retracao. ghtml � https: //economia. estadao. com. br/noticias/geral, consumodas-familias-perde-folego-e-economistas-cortamprojecoes-para-2018, 70002393750
Introdução O objetivo do tópico é apresentar os principais conceitos em Contabilidade da Macroeconomia e os principais “agregados econômicos” � Para os iniciantes da graduação em Economia, o tópico é importante pois: � � � Apresenta conceitos preliminares importantes sobre teoria macroeconômica, especialmente o cálculo da produção agregada (PIB, por exemplo) Organiza contabilmente os principais agregados econômicos Apresenta conceitos preliminares sobre teoria da produção Importante: os princípios contábeis ajudam a organizar o Sistema de Contas Nacionais, mas a ênfase da discussão é o aspecto econômico, e não o contábil!
Alguns conceitos iniciais importantes � Agentes econômicos � � � Insumos Fatores de produção � � � � � Trabalho Capital do empresário Capital de empréstimo Capital financeiro Renda � � Famílias Empresas Governo Setor externo Juros Lucros Aluguéis Salários Poupança Investimento Depreciação do capital
O FCR e o SCN � Vamos passar a discutir o Fluxo Circular da Renda (FCR), que é versão inicial do Sistema de Contas Nacionais (SCN) � O SCN é um sistema de registro contábil no qual são registrados os valores de todas as transações econômicas realizadas pelos quatro agentes durante um intervalo de tempo � Portanto, os valores registrados no FCR/SCN são fluxos � Fluxo x estoque: qual a diferença? � No cálculo do valor do produto agregado, procura-se evitar o problema da “dupla contagem” � � � Exemplo típico: o caso da semente, trigo, farinha e pão Uma empresa A produz $ 500 de sementes de trigo e vende à empresa B A empresa B produz trigo no valor de $ 1. 500 e venda à empresa C A empresa C produz farinha no valor de $ 2. 100 e venda à empresa D A empresa D produz pães no valor de $ 2. 520 � Qual o valor total da produção?
O Fluxo Circular da Renda �O Fluxo Circular da Renda (FCR) representa a movimentação de fatores de produção e de bens e serviços em uma economia simplificada, em que existem apenas dois grupos de “agentes”, quais sejam, as famílias empresas (setor privado). � A produção de produtos e serviços (bens) é o “motor” desta economia � � � 6 As empresas produzem os bens consumidos pelas famílias As empresas são vistas como uma “caixa preta” que possuem apenas a “vontade” de produzir. Para que possam produzir bens, é necessário contratar os fatores de produção Os fatores de produção são posse das famílias, que os “emprestam” para as empresas em troca do recebimento das rendas As famílias utilizam as rendas para adquirir os produtos e serviços produzidos pelas empresas E assim sucessivamente, daí o termo “circular”
O Fluxo Circular da Renda � Definição � de renda: remuneração dos fatores de produção Por que os fatores de produção são remunerados? � Existem quatro fatores de produção tradicionais, que recebem as seguintes rendas: � � Salários (remuneração do trabalho) Juros (remuneração do capital financeiro) Lucros (remuneração do capital do empresário) Aluguéis (remuneração da capital de empréstimo) � Em a) particular, o FCR assume os seguintes pressupostos: Ausência de poupança � � b) c) d) � Logo, toda a renda gerada pelas empresas é distribuída às famílias, e toda a renda recebida pelas famílias é consumida sob a forma de bens de consumo Logo, não há investimentos: não há produção de bens de capital (ou bens de produção), nem formação de estoques Ausência de depreciação do capital Economia fechada Economia sem governo Depois, vamos relaxar estes pressupostos para que, do FCR, seja possível constituir o SCN
O Fluxo Circular da Renda Aquisição de bens e serviços Fornecimento de bens e serviços Famílias Firmas Fornecimento dos fatores de produção Remuneração dos fatores de produção Movimentação de bens e fatores de produção (tangíveis) Movimentação de rendas, receitas e despesas ($)
O Fluxo Circular da Renda � Esta é a representação tradicional do FCR. � Note também que o FCR pode ser representado de outra forma, semelhante à estrutura do Sistema de Contas Nacionais que veremos adiante � Este sistema simplificado apresenta duas contas: a primeira é a conta da produção (ou de geração de renda) e outra, é a conta da apropriação (ou de alocação da renda) � Vamos utilizar a estrutura contábil de balancetes � Princípio das partidas dobradas: um crédito (em uma conta) sempre corresponde a um débito (em outra conta) � Em cada conta, Total do crédito = Total do débito (ou Passivo = Ativo) � Se somarmos/subtrairmos um valor de ambos os lados do balancete, os valores totais mudam, mas continuam iguais entre si (total do crédito continua sendo igual ao total do débito)
Ilustrando um razonete Débito Crédito Valor 4 Valor 1 Valor 5 Valor 2 Valor 6 Valor 3 . . . Valor X Somatória itens débito = Somatória itens crédito A igualdade entre total do crédito e total do débito permanece com a inclusão do “valor X” em ambos os lados!
O FCR em balancetes Conta da produção Debito A 1) Salários pagos às famílias A 2) Juros pagos às famílias A 3) Aluguéis pagos às famílias A 4) Lucros distribuídos às famílias Credito C) Consumo das famílias Produto Receita Conta da apropriação Debito C) Consumo das famílias Despesa Credito A 1) Salários pagos às famílias A 2) Juros pagos às famílias A 3) Aluguéis pagos às famílias A 4) Lucros distribuídos às famílias Renda O FCR demonstra que Produto = Receita = Despesa = Renda
Do FCR ao SCN � Conforme discutido anteriormente, o FCR assume quatro pressupostos. Conforme estes são relaxados, avança-se do FCR para o Sistema de Contas Nacionais (SCN). � Vamos desenvolver três sistemas, abandonando progressivamente os pressupostos (a) até (d) � � � Sistema A: Economia fechada sem governo Sistema B: Economia aberta sem governo Sistema C: Economia aberta com governo
Sistema A: Economia fechada sem governo � Vamos abandonar os pressupostos (a) e (b) � A economia continua fechada e sem governo, mas passa a incluir depreciação do capital, a poupança e o investimento � Além da conta da produção e da apropriação, o sistema passa a contemplar a conta de capital � Poupança: parcela da renda não consumida e/ou não distribuída � Investimento: formação bruta de capital fixo (FBKF = investimento das empresas em capital) mais variação de estoques (produção para venda futura) � �A O conceito de investimento envolve um produto que pode ser utilizado para produzir outro produto no futuro, (bem de capital ou bem de produção) ou então, um produto que pode ser vendido/consumido no futuro poupança é o recurso que permite financiar o investimento
Sistema A: Economia fechada sem governo � Neste sistema, a poupança é composta por dois componentes: � � A poupança das famílias A poupança das empresas: os lucros retidos pelas empresas (ou seja, lucros não distribuídos às famílias) � Logo, tanto as empresas como as famílias formam poupança � Nos próximos sistemas, veremos que novas poupanças serão incluídas na conta de capital
Sistema A: Economia fechada sem governo Conta da produção Debito A 1) Salários pagos às famílias A 2) Juros pagos às famílias A 3) Aluguéis pagos às famílias A 4) Lucros distribuídos às famílias B) Depreciação F) Lucros retidos pelas empresas Credito C) Consumo das famílias I. 1) Formação bruta de capital fixo I. 2) Variação de estoques Produto bruto Receita bruta Conta da apropriação Debito C) Consumo das famílias J) Poupança das famílias Credito A 1) Salários pagos às famílias A 2) Juros pagos às famílias A 3) Aluguéis pagos às famílias A 4) Lucros distribuídos às famílias Utilização da renda recebida pelas Renda recebida pelas famílias
Sistema A: Economia fechada sem governo Conta de capital Debito I. 1) Formação bruta de capital fixo I. 2) Variação de estoques Credito J) Poupança das famílias F) Lucros retidos pelas empresas B) Depreciação Investimento bruto total Poupança bruta total
Notas do sistema A a) Poupança bruta do setor privado = Poupança das famílias + Lucros retidos pelas empresas (poupança das empresas) + Depreciação � b) c) d) Se você quiser calcular a poupança líquida, basta deduzir a depreciação A depreciação define a distinção entre Produto Líquido (PL) e Produto Bruto (PB): PB = PL + Depreciação Note que FBKF = FLKF + Depreciação Não se esqueça jamais: Poupança total = Investimento total
Sistema B: Economia aberta sem governo � Vamos abandonar também o pressuposto (c) � Esta economia continua sem governo, mas passa a incluir as transações internacionais, além depreciação do capital, a poupança e o investimento � Novas transações: exportações e importações de (1) produtos, (II) serviços, (III) fatores de produção e, consequentemente, (IV) de rendas � Além da conta da produção, da apropriação e de capital, o sistema passa a contemplar a conta do setor externo � Considera-se somente as transações correntes do BP, ou seja, não é considerada a balança de capital. Portanto, considera-se somente: � � Saldo da Balança Comercial (SBC) Saldo da Balança de Serviços (SBS) � � � São tratadas conjuntamente, como Saldo da Balança de Comércio e de Serviços (SBCS) Saldo da Balança de Renda Primária Saldo da Balança de Renda Secundária � São tratadas conjuntamente, como Renda Líquida Recebida do Exterior (RLRE)
Sistema B: Economia aberta sem governo Conta da produção Debito Mbs) Importações de bens e serviços L) Renda líquida enviada ao exterior A 1) Salários pagos às famílias A 2) Juros pagos às famílias A 3) Aluguéis pagos às famílias A 4) Lucros distribuídos às famílias B) Depreciação F) Lucros retidos pelas empresas Credito Xbs) Exportações de bens e serviços C) Consumo das famílias I. 1) Formação bruta de capital fixo I. 2) Variação de estoques Oferta total de bens e serviços Demanda total por bens e serviços
Sistema B: Economia aberta sem governo Conta da apropriação Debito C) Consumo das famílias J) Poupança das famílias Credito A 1) Salários pagos às famílias A 2) Juros pagos às famílias A 3) Aluguéis pagos às famílias A 4) Lucros distribuídos às famílias Utilização da renda recebida pelas Renda recebida famílias domésticas pelas famílias
Sistema B: Economia aberta sem governo Conta do setor externo Debito Credito Xbs) Exportações de bens e serviços Mbs) Importações de bens e serviços K) Déficit do BP em transações L) Renda líquida enviada ao exterior correntes Total do débito Total do crédito Conta de capital Debito I. 1) Formação bruta de capital fixo I. 2) Variação de estoques Credito J) Poupança das famílias F) Lucros retidos pelas empresas B) Depreciação K) Déficit do BP em transações correntes Investimento bruto total Poupança bruta total
Notas do sistema B � � Déficit do BP em transações correntes = Poupança do setor externo (surge uma nova poupança no sistema para financiar os investimentos) Uma economia aberta define dois tipos de produto a) b) Produto interno (PI): valor dos bens e serviços produzidos NO país, independente do país proprietário do fator de produção Produto nacional (PN): valor dos bens e serviços produzidos PELOS fatores de produção do país, independentemente do país onde estes estejam empregados A Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLEE) define a distinção entre Produto Nacional (PN) e Produto Interno (PI): PI = PN + RLEE � Alerta: em SCN, exportações de bens e serviços são tratados conjuntamente. O mesmo vale para importações. Em BP, estes saldos são tratados separadamente. �
Sistema C: Economia aberta com governo � Vamos também abandonar o pressuposto (d), de tal forma a termos o sistema completo � Além da conta da produção, da apropriação, de capital e do setor externo, o sistema passa a contemplar a conta do governo � Conceito de governo: � � � Inclusão das esferas federal, estadual e municipal, além das autarquias; Exclusão das empresas públicas e sociedades de economia mista, que são tratadas como empresas Inclui somente as receitas e despesas correntes do governo. Não são incluídas as receitas e despesas de capital
Sistema C: Economia aberta com governo Conta da produção Debito Mbs) Importações de bens e serviços L) Renda líquida enviada ao exterior A 1) Salários pagos às famílias A 2) Juros pagos às famílias A 3) Aluguéis pagos às famílias A 4) Lucros distribuídos às famílias B) Depreciação F) Lucros retidos pelas empresas T 2 – M 2) Impostos diretos pagos pelas empresas menos transferências do governo às empresas U – N) Impostos indiretos menos subsídios V) Outras receitas correntes do governo Credito C) Consumo das famílias G) Consumo do governo I. 1) Formação bruta de capital fixo I. 2) Variação de estoques Xbs) Exportações de bens e serviços Oferta total de bens e serviços Demanda total por bens e serviços
Sistema C: Economia aberta com governo Conta da apropriação Debito C) Consumo das famílias J) Poupança das famílias T 1) Impostos diretos pagos pelas famílias Utilização da renda mais transferências do governo recebidas pelas famílias domésticas Credito A 1) Salários pagos às famílias A 2) Juros pagos às famílias A 3) Aluguéis pagos às famílias A 4) Lucros distribuídos às famílias M 1) Transferências do governo às famílias Renda mais transferências do governo recebidas pelas famílias domésticas
Sistema C: Economia aberta com governo Conta do governo Debito G) Consumo do governo M 1) Transferências do governo às famílias M 2) Transferências do governo às empresas N) Subsídios O) Saldo do governo em conta corrente Credito T 1) Impostos diretos pagos pelas famílias T 2) Impostos diretos pagos pelas empresas U) Impostos indiretos V) Outras receitas correntes do governo Utilização da receita corrente do governo Total da receita corrente do governo Exemplos de impostos no Brasil Nível Diretos Indiretos Federal IRPF e IRPJ IPI Estadual IPVA ICMS Municipal IPTU ISSQN
Sistema C: Economia aberta com governo Conta do setor externo Debito Credito Xbs) Exportações de bens e serviços Mbs) Importações de bens e serviços K) Déficit do BP em transações correntes L) Renda liquida enviada ao exterior Total do debito Total do credito Conta de capital Debito I. 1) Formação bruta de capital fixo I. 2) Variação de estoques Credito J) Poupança das famílias F) Lucros retidos pelas empresas B) Depreciação O) Saldo do governo em conta corrente K) Déficit do BP em transações correntes Investimento bruto total Poupança bruta total
Notas do sistema C: � � Saldo do governo em conta corrente = Poupança do governo (surge uma nova poupança no sistema para financiar os investimentos) Se o governo tributa os produtos e serviços (cobrando impostos indiretos), ele “aumenta” o preço dos mesmos. Por outro lado, se o governo subsidia, ele “diminui”. Logo, existem duas definições de produto A diferença entre Subsídios e Impostos Indiretos define a distinção entre Produto a preço de mercado (Ppm) e Produto a custo dos fatores de produção (Pcfp): Ppm = Pcfp + (Impostos Indiretos – Subsídios) Neste sistema, note que há quatro poupanças: � Das famílias, das empresas, do governo e do setor externo
Outras discussões sobre o SCN �A partir da conta da produção do Sistema C (Economia aberta com governo), note que é possível definir o PIBpm. Como? � Note que, pelo lado direito da conta da produção, tem-se a Demanda Agregada ou Demanda Total � Pelo lado esquerdo da conta da produção, tem-se a Oferta Agregada ou Oferta Total � Portanto: OA = DA Y + Mbs = C + I + G + Xbs Y = PIBpm = C + I + G + Xbs – Mbs � Em Macroeconomia Keynesiana (conteúdo de Macroeconomia I), esta definição será bastante utilizada!
Outras discussões sobre o SCN �A partir do PIBpm e sabendo-se o valor da depreciação, da RLEE e dos (impostos indiretos – subsídios), é possível calcular os diversos tipos de produto, a saber: � � � � PIBcf PILpm PILcf PNBpm PNBcf PNLpm PNLcf Note que há 23 = 8 medidas de produto agregado
Sobre o papel do governo � Discutimos o SCN com a presença do governo, mas afinal, para que existe o governo? � Para a teoria econômica, o governo existe para sanar as chamadas “falhas de mercado” � Quais são elas? � Competição/concorrência � Bens imperfeita públicos � Externalidades � Informação assimétrica/imperfeita
Problemas de mensuração do valor da produção �O PIB é medida mais tradicional para se mensurar a riqueza e a qualidade de vida dos habitantes de um país, mas não é uma medida perfeita: � Atividades ilegais ou informais � Atividades “não monetizadas” �É necessário levar em conta outras medidas como: � Renda per capita � Desigualdade de renda � Meio ambiente, externalidades e desenvolvimento sustentável � Também é necessário levar em conta o efeito da inflação � Diferença entre PIB real e PIB nominal
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