Fazei isto em memria de mim Congresso Eucarstico

Fazei isto em memória de mim Congresso Eucarístico – Aveiro, 02 -06 -2018 1

EUCARISTIA – SOLIDARIEDADE Atitudes complementares da fé-vida cristã • • • Um tema central na compreensão da eucaristia. Mútua iluminação dos dois termos Eucaristia: louvor, agradecimento (celebração). Solidariedade: proximidade, com-paixão (atitude, ação). À luz da palavra/atitude de Jesus: • Louvor pela Sua Solidariedade (Flp 2, 5 -11; Hb 4, 14 s); Solidariedade a partir do seu dom. 2

Eucaristia – Solidariedade Atitudes complementares da vida cristã • • Reflexão a partir de dois textos do evangelho de Marcos: Dai lhes vós de comer: A partilha e multiplicação do Pão (Mc 6, 30 -34) Tomai e comei. . . bebei: A Ceia com os discípulos (Mc 14, 22 -25) Uma visão dinâmica da Eucaristia; uma celebração que se torna vida e misericórdia solidárias. 3

Dai-lhes vós de comer 4

I Dai-lhes vós de comer Mc 6, 30 -33 Os Apóstolos reuniram-se a Jesus e contaram-lhe tudo o que tinham feito e ensinado. Disse-lhes, então: «Vinde, retiremo-nos para um lugar deserto e descansai um pouco. » Foram, pois, sozinhos no barco, para um lugar deserto. Ao vê-los afastar-se, muitos perceberam para onde iam; e de todas as cidades acorreram, a pé, àquele lugar, e chegaram primeiro que eles. 5

I Dai-lhes vós de comer Mc 6, 34 -36 Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e teve compaixão deles, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, então, a ensinar-lhes muitas coisas. A hora já ia muito adiantada, quando os discípulos se aproximaram e disseram: «O lugar é deserto e a hora vai adiantada. Manda-os embora, para irem aos campos e aldeias comprar de comer. » 6

I Dai-lhes vós de comer Mc 6, 37 -40 Jesus respondeu: «Dai-lhes vós mesmos de comer. » Eles disseram-lhe: «Vamos comprar duzentos denários de pão para lhes dar de comer? » Mas Ele perguntou: «Quantos pães tendes? Ide ver. » Depois de se informarem, responderam: «Cinco pães e dois peixes. » Ordenou-lhes que os mandassem sentar por grupos na erva verde. E sentaram-se, por grupos de cem e cinquenta. 7

I Dai-lhes vós de comer Mc 6, 41 -44 Jesus tomou, então, os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, pronunciou a bênção, partiu os pães e dava-os aos seus discípulos, para que eles os repartissem. Dividiu também os dois peixes por todos. Comeram até ficarem saciados. E havia ainda doze cestos com os bocados de pão e os restos de peixe. Ora os que tinham comido daqueles pães eram cinco mil homens. 8

I - Dai-lhes vós de comer Os Apóstolos reuniram se a Jesus e contaram lhe tudo o que tinham feito e ensinado. Disse lhes, então: Vinde, retiremo nos para um lugar deserto. • • • Regresso dos discípulos da primeira missão Convite a estarem a sós com Jesus. Objetivo do discipulado: estar com o Mestre e ser enviados em missão. A partilha-multiplicação do pão tem lugar no contexto do discipulado e da missão. É o princípio da revolução evangélica. 9

I - Dai-lhes vós de comer Vieram a correr de todas as partes. . . ao desembarcar, cheio de compaixão por eles, pois eram co mo ovelhas sem pastor começou a ensinar lhes muitas coisas. • • Onde se encontram Jesus e os discípulos (a Igreja), acorre a multidão que tem fome de pão e de vida. Jesus sente, como sua, a fome da multidão (tem Com-paixão, Misericórdia). Eram como ovelhas sem pastor; e Ele é o Pastor. 1) Primeiro passo da revolução evangélica: sentir a fome da multidão: a compaixão-misericórdia. 10

I - Dai-lhes vós de comer Repara que o lugar é deserto e a hora já vai adiantada. Man da os embora. . . para que vão aos campos e aldeias comprar de comer. • • Perspetiva dos discípulos: Distinção entre religião e vida; culto e solidariedade/justiça. . . A comunidade da Palavra e do culto não se realiza; não muda a vida do mundo: "Manda-os embora". Os problemas económicos são da ordem do mercado; (vão comprar); nada têm a ver com a fé. Sem partilha, não há comunidade-Igreja-Reino. 11

I - Dai-lhes vós de comer Dai lhes vós mesmos de comer! • • Jesus tem outra perspetiva sobre o pão e a vida. Os que escutam a Palavra criam um relacionamento novo. São corresponsáveis pela comunidade e o mundo. Se há fome. . . Tem de ser problema vosso! 2) Este é o segundo passo: não se desliguem; não fechem os olhos, nem passem ao lado. Façam do problema do pão dos famintos o vosso problema. 12

I - Dai-lhes vós de comer … Havemos de comprar duzentos denários de pão? • • • A perspetiva económica impõe-se na mente dos discípulos: não temos meios suficientes. O problema do pão, da saúde, da humanização não pode ser apenas uma questão financeira. A fome (falta de dignidade, de justiça, de educação de esperança. . . ) não é apenas uma questão financeira. Tem de ter uma solução humana NOVA. 13

I - Dai-lhes vós de comer Quantos pães tendes? Ide ver! … responderam: Cinco pães e dois peixes • • • É necessário inverter a questão: Quanto tendes? Com quanto podeis colaborar? O terceiro passo é este: Não perder a cabeça pela dimensão dos problemas e não esperar soluções grandiosas. Empenhar-se pessoalmente e totalmente (5+2=7), ao serviço de quem precisa. 14

I - Dai-lhes vós de comer Tomou os pães. . . deu graças, partiu. . . e deu os aos discípulos, para darem à multidão • • • Levantar os olhos ao céu e dar graças: O ponto culminante da multiplicação do pão. Reconhecer que o pão vem de Deus e é para todos. Assim se multiplica o pão, a alegria, a esperança, o carinho: Comunidade >Jesus >Discípulos >Multidão. 15

I - Dai-lhes vós de comer Todos ficaram saciados. . . e recolheram doze cestos • • • Quando a comunidade coloca nas mãos de Deus tudo o que tem, não falta a quem precisa. A comunidade não se fecha; abre-se aos de fora; mata a fome a todo o povo (número 12). A partilha multiplica o pão; cria novas relações, inverte o ciclo da violência: pão através da luta ou através do dom e da partilha? 16

I - Dai-lhes vós de comer A lógica evangélica da multiplicação do pão • • • Tudo o que somos e temos é dom de Deus. A lógica do predador: apoderar-se dominar, açambarcar. Resultado: tensão, conflito, guerra, destruição, fome, morte. A lógica do cuidador (do Evangelho ): continuar a atitude de Deus: fazer circular o dom: Resultado: saciedade, relação, fraternidade, agradecimento (Eucaristia). 17

I - Dai-lhes vós de comer A Metodologia evangélica da multiplicação do pão • • • Compaixão ativa para com a multidão; Sentir em si a fome dos pobres; Não ficar à espera de grandes subsídios, mas aplicar a regra dos 5+2 = tudo. Agir em comunidade, levantar os olhos e dar graças. Partilhar na comunidade, e abrir-se ao mundo. A lógica da vida, na família, na Igreja, no mundo. 18

II Tomai, comei. . . Isto é o meu Corpo. Tomai, bebei. . . Este é o meu Sangue 19

II – Tomai, Comei. . . Bebei! Instituição da Eucaristia (Mc 14, 24 -26) Enquanto comiam, [Jesus], tendo tomado o pão e dado graças, partiu, deu-lhes e disse: Tomai, isto é o meu corpo. Depois, tendo tomado o cálice e dado graças, ofereceu-lho. E todos beberam dele. E disse-lhes: Isto é o meu sangue da aliança, que vai ser derramado pela multidão. Em verdade vos digo: não voltarei a beber do fruto da videira até ao dia em que o beba, novo, no Reino de Deus. Após o canto dos salmos, saíram para o Monte das Oliveiras. 20

II – Tomai, Comei. . . Bebei! A Solidariedade de Deus revelada em Jesus • • A partilha e a multiplicação do pão: ponto de partida da revolução evangélica. Jesus: revelação do amor misericordioso (solidário compassivo) de Deus para com a humanidade. "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres. . . " Veio assumir a humanidade nas suas alegrias e dramas. . . "igual a nós exceto no pecado. . . " (Hb 4, 15) 21

II – Tomai, Comei. . . Bebei! Interpretação da Vida, Morte e Ressurreição de Jesus • • • Na Ceia da Nova Páscoa: um novo memorial atualizador da vida, morte e ressurreição de Jesus. O sentido da sua vida em favor dos seus, do mundo. A morte: Dom total e recusa da violência como instrumento de transformação do mundo. O dom de Si mesmo, Filho do Deus da Vida. O mandato de perpetuar a sua memória/presença. 22

II – Tomai, Comei. . . Bebei! Tendo tomado o pão e dado graças, partiu, deu lhes e disse: Tomai, isto é o meu Corpo • • A frase relaciona a multiplicação do pão com a Eucaristia. Jesus foi quem realizou totalmente a dinâmica da partilha, na vida, na morte e na ressurreição. Uma grande mudança de nível: O pão representa o dom de si mesmo e não apenas algo de externo. Dom do Filho de Deus que comunica a Vida na totalidade. 23

II – Tomai, Comei. . . Bebei! Tomai, [Comei] isto é o meu Corpo • • Isto: Pão, Palavra, gesto, atitude de oferecer e receber. Relação dialógica de adesão. Comei (Mt), como alimento oferecido e aceite, para alimento do próprio ser, da própria vida. O meu Corpo: Não é "uma parte" de Jesus, nem o corpo físico (carne) em oposição a alma ou espírito. É Jesus vivo (ressuscitado), no seu pensar, agir, desejar; no seu ser com os homens e com Deus. 24

II – Tomai, Comei. . . Bebei! Comer o Corpo do Senhor • • Dom: acolhido com gratidão e amor, pela vida recebida. Novo gene para a criação do Homem Novo, Filho de Deus. Alimento de vida que modela o discípulo: no pensar, agir, sonhar, esperar. . . viver. Desafio, Diálogo, Compromisso para assumir a mesma atitude de dom do próprio Jesus. Estender a mão para acolher e aderir. 25

II – Tomai, Comei. . . Bebei! Depois, tendo tomado o cálice e dado graças, ofereceu lho. E todos beberam dele • • • O Cálice (vinho) é sinal de amor, celebração e festa, mas também da vida e destino. De tudo isso, Jesus faz dom aos discípulos. Eles devem (beber) viver da sua vida. Assumir o seu destino (Cálice) de vida, morte e ressurreição. A solidariedade de Jesus é total e é a única que liberta de todas as escravidões e limitações, até da morte. 26

II – Tomai, Comei. . . Bebei! E disse lhes: Isto é o meu sangue da aliança, derramado pela multidão • • Sangue da Aliança: A aliança do Sinai, não foi anulada, mas realizada a um nível totalmente superior. Só esse Sangue/Vida pode dar acesso à verdadeira Terra Prometida. Derramado pela multidão: "Sangue derramado" é sinal de morte violenta (vida solidária até à morte). Morte como recusa de violência e oferta de vida. 27

II – Tomai, Comei. . . Bebei! Fazei isto em memória de Mim • • • Mandato litúrgico? Ordem jurídica-Canónica? Convite/desafio a continuar a missão solidária de Jesus, de partilhar o Seu Pão para a multidão. "Isto" é a celebração e a vida que ela comporta. O Senhor Ressuscitado (re)une e cria solidariedade. Partilha e faz partilhar o pão da vida e missão. Como no lava-pés e na parábola do Samaritano: VAI E FAZ TAMBÉM O MESMO! 28

Contaram. . . como o tinham reconhecido ao partir do pão 29

III – Reconheceram-no ao partir do pão O constante Emaús da Igreja • • Nas crises e alegrias da Igreja peregrina, o Senhor ressuscitado torna-se presente, no caminho. Mesmo incógnito, a sua Palavra dá sentido ao percurso. Os discípulos oferecem o pão, mas é Ele quem parte sempre pão à mesa e lhes abre os olhos. Então, afasta o medo, reúne os dispersos, confirma a fé, renova a Igreja, envia-a em missão. 30

III – Reconheceram-no ao partir do pão Eucaristia, Partilha, Solidariedade • • Eucaristia é dom de Deus, em Jesus, para os seus. Ele é a origem da solidariedade, do pão partido e multiplicado nas comunidades. Mas só a presença do Ressuscitado é capaz de matar a nossa fome e sede de vida. Comer e beber o Pão/Corpo e o Vinho/Sangue de Jesus é "agradecer" (Eucaristia) o seu dom solidário e assumir a mesma atitude de dom de vida. 31

Fazei isto em memória de mim Congresso Eucarístico – Aveiro, 02 -06 -2018 32