Estudos observacionais de base individual ou analticos Unidade
Estudos observacionais de base individual ou analíticos: Unidade de análise: indivíduos - amostra Estes estudos podem ser: • Estudos de coorte • Estudos caso-controle
Há associação? ? Ambiental Social EXPOSIÇÃO Psicossocial Biológica Doença ou desfecho ou efeito
ESTUDOS DE COORTE
COORTE • Do latim, cohors • Batalhão de 300 -600 soldados romanos, • todos de um determinado tipo, por exemplo da cavalaria • 10 coortes formavam uma legião “Um grupo de indivíduos com uma característica em comum que avançam em conjunto. ”
• O termo “coorte" foi introduzido na epidemiologia em 1935 • Inicialmente foi utilizado para avaliar a incidência de tuberculose específica por sexo e idade. • Os estudos de coorte foram fundamentais para o estudo das doenças crônicas
Estudos de coorte, seguimento (follow-up) ou longitudinais passaram a ser mais desenvolvidos no período de 1950 a 1960 Parte-se de um grupo de indivíduos que possuem características comuns, por exemplo: • Período de nascimento - mortalidade por tuberculose • Local de residência - estudo de Framingham/MA • Ocupação - estudo de médicos britânicos – Doll
Característica comum dos indivíduos – ano de nascimento Mortalidade Idade-Específica para Tuberculose em Homens de Massachusetts, de acordo com o ano de nascimento (1939)
1 - Seleciona-se uma exposição ou determinado fator de risco ou característica que se supõe estar presente na rede causal de determinada doença/óbito => exposição ou fatores de interesse ( por exemplo: fumo, consumo de álcool) 2 - A doença ou óbito recebe a denominação de desfecho/efeito (outcome) 3 - Define-se um período de seguimento =>tempo de observação. • Durante este período serão identificados os indivíduos que irão apresentar a doença/desfecho/efeito no grupo de expostos e no grupo de não expostos ao fator de risco/ exposição de interesse considerado. 4 - Compara-se o risco ou a probabilidade de apresentar a doença nos grupos expostos e não expostos 5 - Os estudos de coorte permitem estabelecer medidas de incidência e fornecem medida do risco desta doença
ESTUDOS DE COORTE Seguimento Expostos Amostra Não Expostos
ESTUDO DE COORTE população Amostra coorte Expostos Não expostos (coorte/amostra) ( coorte/amostra) Seguimento Doentes expostos Não Doentes expostos Doentes não expostos Não doentes não expostos
Doente Exposto Não Doente Coorte amostra Seguimento Classificação Doente Não Exposto Não Doente
Completado período de seguimento/tempo de observação: Desfecho Exposição Total Doentes Não doentes Expostos a b a+b Não expostos c d c+d a+c b+d a+b+c+d Total Doentes e expostos = a Doentes não expostos = c Não doentes expostos = b Não doentes e não expostos = d Total de expostos = a+b Total de não expostos = c+d Total de doentes = a+c Total de não doentes =b+d Risco ou probabilidade ou incidência da doença nos expostos = a/(a+b) Risco ou probabilidade de incidência doença nos não expostos = c/(c+d )
Risco ou probabilidade ou incidência da doença nos expostos = a/(a+b) Risco ou probabilidade de incidência doença nos não expostos = c/(c+d ) Risco Relativo: RR =
Interpretação do Risco Relativo: RR>1 mostra que o risco dos expostos é maior que o risco dos não expostos. Indica que a exposição considerada se constitui em risco ou fator de risco para o desfecho estudado RR<1 mostra que o risco dos expostos é menor que não expostos Indica que a exposição considerada é uma proteção para o desfecho estudado RR=1 mostra que o risco dos expostos é o mesmo dos não expostos
RR é uma medida de associação entre a exposição e desfecho Normalmente, o RR é apresentado com seu intervalo de confiança e/ou do valor de p. Intervalo de confiança • considera a presença de erros amostrais • usualmente emprega-se o intervalo de confiança de 95% üse estudo for repetido 100 vezes nas mesmas condições, em 95 das vezes (95%), o verdadeiro RR se encontrará dentro deste intervalo P-valor (valor de p, nível descritivo) • o valor de p quantifica a evidência indutiva contra a hipótese nula • H 0: RRpop = 1 – indica não-associação entre exposição e desfecho • p. ex. , se o p=0, 001 - se rejeita a hipótese nula, ou seja, fornece evidência de associação entre exposição e desfecho
Estudo avaliar a possível associação entre fumo e doença cardiovascular Exposição: fumo Desfecho: doença cardiovascular
Doença cardiovascular e fumo em uma coorte de pacientes do HU/UFRJ, Rio de Janeiro, 1988 Exposição Fumo Desfecho Doença cardiovascular Total Doente Não doente Expostos Fumantes 84 (a) 2916 (b) 3000 (a+b) Não expostos Não fumantes 87 (c) 4913 (d) 5000(c+d) 171 (a+c) 7829 (b+d) 8000 (a+b+c+d) Total Incidência de doença cardiovascular fumantes = 84/3000 = 0, 0280 Incidência de doença cardiovascular não fumantes = 87/5000 = 0, 0174 Diferença de incidência entre fumantes e não fumantes = 0, 0280 -0, 0174 =0, 0106 Risco relativo = incidência fumantes/incidência não fumantes = 0, 0280/0, 0174 =1, 61
RR= RR=1, 61; IC-95%(1, 30 -1, 90); p<0, 05 Significa que o risco dos fumantes de apresentarem doença cardiovascular é estatisticamente significante e maior que entre os não fumantes e que o hábito de fumar está associado às doenças cardiovasculares. O fumo é um fator de risco para doenças cardiovasculares Se o resultado obtido fosse por exemplo RR=1, 12 IC-95% (0, 90 -1, 22); p=0, 062 Este resultado mostraria somente uma maior incidência, porém este resultado é estatisticamente significante e pode ter se dado ao acaso
Estimativa da probabilidade de morte (q) e risco relativo (RR) dos nascidos vivos segundo peso ao nascer, Santo André. Peso (gramas) Óbitos Sobreviventes Nascidos Vivos q* RR IC 95% Menos de 2500 38 185 223 170, 4 30, 0 17, 2 - 52, 3 2500 e mais 17 2. 979 2. 996 5, 7 1, 0 - Total 55 3. 164 3. 219 17, 1 q = probabilidade de morte * Por 1000 NV
Estudos de coorte podem ser : Prospectivos – seleciona-se grupo de expostos e não expostos e acompanha-se durante o período de observação e observa-se a probabilidade de ocorrência do desfecho nos dois grupos – risco dos expostos e não expostos. Retrospectivos - o desfecho já ocorreu. A exposição aos fatores de risco é anterior ao desfecho. Identifica-se os expostos e não expostos à exposições de interesse e observa-se a probabilidade de ocorrência do desfecho nos dois grupos – risco dos expostos e não expostos.
Estimativa da probabilidade de morte (q) e risco relativo (RR) dos nascidos vivos segundo tipo de parto, Santo André. Parto Óbitos Sobreviventes Nascidos Vivos q* RR IC 95% Cesárea 18 1. 594 1. 612 11, 2 0, 5 0, 3 - 0, 8 Normal 37 1. 498 1. 535 24, 1 1, 0 - Total** 55 3. 092 3. 147 17, 5 * Por 1000 NV ** excluídos os casos sem informação e os partos por fórceps e outro tipo
Estudos de Coorte Vantagens : · Produz medidas diretas de risco. · São capazes de testar hipóteses etiológicas · Alto poder analítico. · Simplicidade de desenho. · Facilidade de análise. Problemas: · Vulnerável a perdas. · Inadequado para doenças de baixa freqüência. · Alto custo. Formas de análise: · Cálculo de risco relativo · Pessoas/ano (estudos de coorte dinâmica)
• Estudos de caso-controle Doente Não Doente
Casos – amostra de indivíduos que apresentam o desfecho de interesse – doença/óbito Controles - amostra de não doentes/sobreviventes • Estudo retrospectivo a exposição ao fator de risco considerado ocorreu no passado, antes dos indivíduos pertencerem ao estudo. • Comparação da exposição existente nos casos e nos controles Comparação da freqüência do fator de risco nos casos e nos controles • Verificação se há associação entre a exposição e desfecho
ESTUDO DE CASO CONTROLE População de referência Casos Controles
ESTUDO DE CASO CONTROLE Expostos Não expostos Casos (doentes) Expostos Não expostos Controles (não doentes)
Estudos de caso controle buscam identificar se há associação entre a exposição (características, fatores de risco) e o desfecho (doença/óbito) Medida de associação utilizada razão de odds
Odds = É probabilidade dos indivíduos apresentarem a determinada característica dividido pela probabilidade de não apresentarem a essa característica q Odds = 1 - q Proporção de fumantes Odds = 1 – proporção de fumantes Proporção de fumantes Odds = Proporção de não fumantes
Exemplo: em uma dada amostra há 20% de fumantes Proporção de fumantes: 0, 20 A odds de fumo será: Odds = 0, 20 (1 - 0, 20) 0, 20 = = 0, 80 0, 25 0. 25: 1 ou 1: 4 para cada fumante há 4 não fumantes
Exposição Caso Controle Total Exposto a b a+b Não exposto c d c+d a+c b+d a+b+c+d Total Casos expostos = a Casos não expostos = c Controles expostos = b Controles não expostos =d a. d Razão de odds = OR = b. c Total de casos= a+c Total controles= b+d Total de expostos = a+b Total de não expostos c+d
OR = odds ratio Proporção de casos expostos = a a+c Proporção de controles expostos = OR = b b+d a a+c b b+d a. (b+d) a. d OR = b. c a. d = b. c = Razão de produtos cruzados
Exemplo: Estudo sobre hábito de fumar e câncer de pulmão Desfecho =câncer de pulmão Casos =indivíduos portadores de câncer de pulmão Controles = indivíduos sem câncer de pulmão Exposição de interesse – fumo
Número de casos e controles de odds ratio para câncer do pulmão, cidade do México Exposição Fumo Caso Câncer de Pulmão Controle Sem Câncer Total Exposto (Fumante) 236 (a) 356 (b) 592 (a+b) Não exposto (Não Fumante) 22 (c) 197 (d) 219 (c+d) 258 (a+c) 553 (b+d) 811 (a+b+c+d) Total Casos = a+c = 258 Controles = b+d = 553 Razão de odds = OR = Casos expostos = a = 236 Casos não expostos = c = 22 Controles expostos = b = 356 Controles não expostos = d = 197 a. d 236 x 197 46492 = = 5, 9 = b. c 356 x 22 7832
Número de casos e controles de odds ratio para anomalias congênitas, Região Sul do Estado de São Paulo, 2001 Exposição Anomalia congênita Caso Óbito neonatal Controle sobrevivente Total Exposto (COM anomalia) 40 (a) 9 (b) 49 (a+b) Não exposto (SEM anomalia) 106 (c) 304 (d) 410 (c+d) 146 (a+c) 313 (b+d) 459 (a+b+c+d) Total Casos = a+c = 146 Controles = b+d = 313 Casos expostos = a = 40 Casos não expostos = c = 106 Controles expostos = b = 9 Controles não expostos = d = 304 a. d 40. 304 12160 Razão de odds = OR = = = 12, 7 = b. c 9. 106 954
Bloco 3. Condições da mãe durante gravidez Tabela 3 - Casos (óbitos fetais) e controles: odds ratio Variáveis caso controle ORb p CI 95% Sangramento Não 142 307 1. 0 Sim 22 6 7. 9 0. 00 3. 1 -20. 5 0. 00 3. 7 -11. 6 Hipertensão durante gestação Não 110 291 1. 0 Sim 54 22 6. 5 Adequação Pré-natal Adequado 57 208 1. 0 Não adequado 98 101 3. 5 0. 00 2. 3 -5. 4 9 4 8. 2 0. 00 2. 4 -28. 7 Não fez Diabetes Não 152 309 1. 0 Sim 7 1 14. 2 0. 00 1. 7 -119. 8 ignorado 5 3 3. 4 0. 08 0. 8 -22. 3
Estudos de caso controle Vantagens: Baixo custo Alto potencial analítico Adequado para eventos raros Problemas: Incapaz de estimar risco Vulnerável a presença de viés (bias) Complexidade analítica Formas de análise: Medida de associação - odds ratio
Os estudos analíticos trabalham com diversas variáveis das diferentes dimensões da doença. Variável de confusão - está associada à exposição e ao desfecho exposição desfecho variável confusão
Formas de controlar o efeito das variáveis de confusão: 1 - Análise estratificada 2 - Análise multivariada - ajuste do efeito (RR ou OR) na presença das demais variáveis
Bloco 3. Condições da mãe durante gravidez Tabela 3 - Casos e controles: odds ratio brutas e ajustadas Variáveis caso controle ORb p CI 95% OR Ajusta p CI 95% Sangramento Não 142 307 1. 0 Sim 22 6 7. 9 1. 0 0. 00 3. 1 -20. 5 7. 0 0. 00 2. 4 -20. 1 0. 00 3. 7 -11. 6 6. 2 0. 00 3. 2 -11. 7 Hipertensão durante gestação Não 110 291 1. 0 Sim 54 22 6. 5 Adequação Pré-natal Adequado 57 208 1. 0 Não adequado 98 101 3. 5 0. 00 2. 3 -5. 4 3. 2 0. 00 2. 0 -5. 2 4 8. 2 0. 00 2. 4 -28. 7 3. 3 0. 17 0. 6 -17. 5 Não fez 9 1. 0 Diabetes Não 152 309 1. 0 Sim 7 1 14. 2 0. 00 1. 7 -119. 8 15. 7 0. 02 1. 7 -146. 8 ignorado 5 3 3. 4 0. 08 0. 8 -22. 3 1. 5 0. 71 0. 2 -11. 3
Tipos de estudo caso-controle • Não pareado • Pareado Estudo caso controle pareado Seleção de controles que apresentam características semelhantes aos casos como forma de controlar variáveis de confusão. Problema: o pareamento dificilmente ocorre apenas para a variável que se deseja controlar
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