Escola de Comunicaes e Artes Disciplina CBD 0299
Escola de Comunicações e Artes Disciplina: CBD 0299 - Biblioeducação: programas e projetos Semestre: 1º Semestre 2020 Local: Sala 247 (manhã e noite)/ECA/USP Docentes responsáveis: Prof. Dr. Edmir Perrotti e Ivete Pieruccini Colaboradora: Profa. Dra. Carmem Lúcia Batista (turma noturno) PPT: Prof. Dr. Edmir Perrotti Aula 26. 03. 2020 Biblioteca e Educação, no Brasil: a biblioteca escolar do Caetano de Campos
Biblioteca e Educação, no Brasil: a biblioteca escolar do Caetano de Campos Texto-base: VIDAL, Diana Gonçalves. Experiências do passado, discussões do presente: a Biblioteca Escolar Infantil do Instituto de Educação Caetano de Campos (1936 -1966). Perspectivas em Ciência da Informação, v. 19, n. esp. , p. 195 -210, out. /dez. 2014. Disponível em: http: //www. scielo. br/pdf/pci/v 19 nspe/15. pdf. Acesso em: 24. 03. 2020
Plano da Aula Objetivo: Discutir aspectos das relações Biblioteca e Escola, no Brasil, tomando como ponto de partida o texto básico indicado: “Experiências do passado, discussões do presente: a Biblioteca Escolar Infantil do Instituto de Educação Caetano de Campos (1936 -1966)”, de Diana G. Vidal. Questão prévia: A Biblioteca Escolar no Brasil Colonial: colégios jesuitas (1549 -1759) e a “ratio studiorum”: “O objetivo maior da educação jesuítica segundo a própria Companhia não era o de inovar, mas sim de cumprir as palavras de Cristo: “Docete omnes gentes, ensinai, instrui, mostrai a todos a verdade. ” http: //www. histedbr. fe. unicamp. br/navegando/glossario/verb_c_ratio_studiorum. htm 1. A Biblioteca Escolar do Instituto de Educação do Caetano de Campos, em São Paulo (1936 -1966) e a Escola Nova. 2. Biblioteca Escolar e Biblioteca Pública: do Caetano de Campos às Bibliotecas Infantis da Prefeitura de São Paulo. (Escola e Sociedade) 3. Relações Biblioteca e Escola: entre “apoio” e “colaboração” 4. Biblioteca e Educação: O papel da Universidade- A Biblioeducação (CBD/ECA/USPFEUSP): O PROESI/ COLABORI/GPEC, do CBD/ECA/USP; O GEBE, da UFMG 5. Conclusões: por relações dialógicas entre biblioteca e escola.
“Experiências do passado, discussões do presente: a Biblioteca Escolar Infantil do Instituto de Educação Caetano de Campos (1936 -1966)”, por D. G. Vidal –tópico 1 • Objetivo do texto: tendo em vista indagações sobre o `lugar social, atuação política e estratégias de mobilização cultural das bibliotecas públicas`em particular infantis e escolares, ‘no século XXI`, “mostrar o presente na relação (des)contínua com o passado”, no Brasil”. (grifo nosso) • Exemplaridade: a biblioteca Escolar Infantil, que entre 1936 -66 “coincide com a atuação da professora Iracema Marques da Silveira, como bibliotecária”, deve sua exemplaridade a 5 aspectos:
Os 5 aspectos da exemplaridade • 1) surge ligada ao I. E. Caetano de Campos, criado em 1933, no âmbito da reforma educacional escolanovista, efetuada por Fernando de Azevedo, signatário destacado do Manifesto dos Pioneiros da Educação (1932). Pretendia-se a elevação da formação do magistério para nível superior (Escola Normal Superior) antecedida pela frequência ao ensino secundário. • 2) O I. E. Caetano de Campos foi o primeiro a ser associado a uma Universidade, com a criação da USP, em 1934, oferecendo não só formação superior, mas também universitária. Integração durou até 1938, quando o Instituto desliga-se da USP, “no calor da disputa entre pioneiros e católicos pelo controle do Ministério da Educação, durante o Estado Novo”. • 3) Anima a iniciativa um “ideário baseado em preceitos ativos da Escola Nova, com defesa de ações tanto na sala de aula quanto fora, na escola como no espaço social, estabelecimento de vínculos Escola-Sociedade, “elemento de discórdia entre grupos que disputavam a orientação nacional do ensino no Brasil”. A Biblioteca Infantil não nasceu nesse ambiente. Foi criada em 28 de maio de 1925, pelo professor Carlos Alberto Gomes Cardim, diretor da Escola Normal da capital, com auxílio dos professores João Batista de Brito e Renato Braga, com a organização inicial da professora Dulce Bressane até 1927, depois Nísia Pereira Bueno (1929), quando foi fechada e o acervo recolhido à Biblioteca do Curso Normal. • 4) Em 1933, foi reaberta e emergiu no novo cenário escolanovista, sob direção da profa. Lenyra Fracarolli, logo substituída por Dinorah Carvalho dos Santos, até 1935. Em 1936, instalada no terceiro andar recém inaugurado do prédio da Praça da República, passa a ser cuidada por Iracema Marques da Silveira até sua aposentadoria, em 1966. • 5) Dois álbuns fotográficos narram atividades realizadas pela professora-bibliotecária e alunosbibliotecários nesses 30 anos.
As bibliotecas infantis e escolares nos anos 1930 e a formação do leitor mirim. • Biblioteconomia brasileira nos anos 1930 é um campo fértil: implantaçao do curso do Mackenzie (1929); reabertura (1931) do Curso da Biblioteca Nacional, extinto em 1922, após 7 anos de funcionamento; (1936) criação da Divisão de Bibliotecas da Prefeitura de São Paulo e da Escola de Biblioteconomia a ela vinculada; (1940), após 1 ano de inatividade, transferência dessa Escola, como escola anexa à Escola Livre de Sociologia e Política. Final dos 40, 5 cursos de Biblioteconomia além de SP e Rio: PUC Campinas, UFRGS, Recife (Depto. Municipal de Educação e Cultura); anos 1950, Minas, Paraná, Amazonas. • 5 de janeiro de 1937, lei 2839, cria o Conselho Bibliotecário e regula-se o ingresso na carreira, mediante concurso e apresentação de diploma. Em 1938, funda-se a APB. • “As mudanças efetuadas no campo mais amplo da Biblioteconomia combinavam-se a iniciativas de natureza mais propriamente educacional de grande visibilidade! P. 199. Em 1932, a Biblioteca Central de Educação, no Rio, a Biblioteca Infantil, dirigida por Cecília Meireles, na gestão Anísio Teixeira; Em São Paulo, em 1931, a Biblioteca Pedagógica Central, normatizada por Lourenço Filho; em 1936, a Biblioteca Infantil Municipal (a partir de 1955, denominada Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, gerida por Lenyra Fraccaroli, até 1961, quanto se aposentau e normatizada pela administração Mário de
As bibliotecas infantis e escolares nos anos 1930 e a formação do leitor mirim. • Em 1928, no Rio de Janeiro, cada escola deveria manter duas bibliotecas escolares: uma para alunos e outra para professores. Em 1929, foi regulamentado o cargo de bibliotecário, exclusivamente para gerenciar o acervo destinado à formação de professores da Escola Normal carioca, duas diretivas de Fernando de Azevedo que depois iria implantar o Instituto de Educação em São Paulo. • Em 1929, foi regulamentada a criação de bibliotecas para alunos e professores nas escolas reunidas e grupos escolares paulistas. Em 1936, chegavam a mais de 440. Padrões de tratamento técnico eram normatizados como novas práticas de acesso ao livro e à leitura. “Laboratório da Escola” X “Cemitério de livros” [Que semelhanças com a lei 12244, de 24. 04. 2010 ? ] http: //www. planalto. gov. br/ccivil_03/_Ato 2007 -2010/Lei/L 12244. htm
A Biblioteca Infantil Caetano de Campos I • Reorganizada em 1936, a Biblioteca Infantil trazia como novidades a elaboração de estatutos próprios, sua manutenção pela Associação Auxiliar da Escola e, a partir de julho, a publicação do jornal escolar Nosso Esforço, “feito e dirigido pelos alunos do curso primário sob a orientação da professora-bibliotecária Iracema Silveira”. P. 200 O Regulamento de 1943 dizia que a Biblioteca “é organisação extra-curricular que visa dar aos alunos do Curso Primário oportunidade de: a) praticas a leitura como atividade, adquirir o amor dos livros e da leitura; c) alargar o conhecimento escolar com conhecimento suplementar adquirido em leitura indicada como parte de atividade de classe; d) adquirir critérios fundamentais de crítica que os habilitem a fazer a escolha dos livros que hão de ler, dentro e fora da escola; e) habilitar e ler em voz alta para bons hábitos de califasia e a ouvir a narração feita com fins recreativos e artísiticos; f) incentivar aquelas atividades que, além de dar-lhes o gosto da leitura, lhes desenvolvam correlatamente a capacidade de organisar, cooperar, criar”(. . . ) é franqueada diariamente, dentro e fora do período escolar, também como parte de atividade de classe, segundo horário estabelecido pela Direção da Escola Primária (art. 4).
A Biblioteca Infantil Caetano de Campos - II • Em 1937, foram entregues móveis novos, “adequados à estatura dos leitores mirins, mandados fazer especialmente no Liceu de Artes e Ofícios”. A celebração contou com a presença de Fernando de Azevedo, então Diretor do Instituto de Educação (1934 -1938), • “Compondo este mosaico de ensino e da escola ativa, estava o trabalho dos alunos-bibliotecários”. p. 203 “. . . o adulto é o mero coordenador das atividades infantis. Nunca é o instrutor frio. O dogmatizador rígido; o fiscal impertinente”, segundo a professora-bibliotecária Iracema Silveira p. 203. • A Biblioteca Infantil acolhia ainda o museu escolar e, a partir de 1943, discoteca e filmoteca. Com isso ampliava sua”função de emuladora de práticas escolares; Constituia-se no que só em 1970 emergiu na França, como BCD- Bibliothèque Centre De Documentation).
Aspectos essenciais da Biblioteca escolar do Instituto de Educação Caetano de Campos • Materiais específicos (móveis, livros, revistas etc) • Espaço próprio da biblioteca no interior do espaço escolar • Relação professor-aluno aberta ao diálogo • Relação pedagógica centrada na leitura e no cuidado dos livros • Tempo agendado na grade curricular (“aula de biblioteca”) • Autonomia de gestão e de recursos para a professora-bibliotecária e para os alunos-bibliotecários. (P. 207)
Considerações finais do texto-base Por que as experiências não se estenderam a todas as escolas nas décadas seguintes, posto que as regras gerais já se haviam estabelecido? • Escolas modelares, os Institutos de Educação de S. P. e R. J. reuniram um corpo docente e discente selecionado, com forte homogeneidade cultural; possuiam condições de trabalho diferenciadas do restante da rede pública. Face a demandas atuais de escola inclusiva e multicultural, a experiência pode ensinar, no entanto, que: 1) Investimentos públicos em bibliotecas escolares têm sido canalizados para a distribuição de livros e pouco para as bibliotecas e suas exigências; 2) formação de professores-bibliotecários e envolvimento dos alunos na gestão das bibliotecas são temas pouco abordados. 3) Práticas do passado são esquecidas, como a preocupação em estimular o prazer da leitura tanto para a fruição quanto para ao estudo das disciplinas, o trabalho intelectual; 4) As alterações nas práticas escolares exigem atuação simultânea nos 3 principais eixos da cultura escolar: espaço, tempo e relações intersubjetivas.
Algumas Questões • Descontinuidade educacional • Biblioteca Escolar no Brasil e legislação: a lei 12244, de 24. 04. 2010 http: //www. planalto. gov. br/ccivil_03/_Ato 2007 -2010/Lei/L 12244. htm e outras que a antecederam. • Formação do responsável pela Biblioteca Escolar • Sala de Aula-Biblioteca; Professores-Bibliotecários
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