Ela sempre estacionava o carro na mesma vaga
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Ela sempre estacionava o carro na mesma vaga. O guardador, sorridente, educado, sempre a cumprimentava. Por vezes falavam rapidamente, ela perguntava como estava a família, ele respondia. Contava um ou outro problema de saúde que enfrentava. Por outras vezes comentavam sobre algumas amenidades, sobre o frio, o calor, sobre o perigo da cidade grande, etc.
Ele morava num bairro distante da região metropolitana. Certamente numa casa muito simples – quase uma favela. Naquele dia ela estava preocupada com ele. Estava muito frio. Ela lembrou que a vida dela não era fácil, que vinha de muitas dificuldades recentes, mas pensou na vida dele e que esta deveria ser bem mais complicada. Nem sempre podia lhe dar algum dinheiro. Dos 5 dias da semana, em média, uma ou duas vezes ela conseguia lhe dar algumas moedas pensou.
Sabia que ele precisava. Que aquele era seu trabalho digno. Que dali vinha o alimento de seus filhos. Ela queria poder dar mais. E ele merecia, pois sempre guardava uma vaga especial para ela, sem ela pedir, sem ela merecer – pensava. Com o coração um pouco apertado, então, resolveu dizer naquele dia: Olha. . . Sei que nem sempre lhe dou alguma coisa. Queria poder dar mais, dar sempre mas, sabe. . . Não consigo mesmo.
Sei que você é um trabalhador, uma pessoa gentil e educada, e que mesmo eu dando tão pouco, sempre guarda a vaga para mim. . . Já vi que existem pessoas que estacionam sempre aqui, que lhe dão sempre um ou até dois reais por vez, mas eu realmente não consigo – disse ela um tanto embaraçada. Ele então respondeu, com franqueza e simplicidade:
Dona, olha, eu não guardo sua vaga porque a senhora me dá algum dinheiro, não. Eu preciso de dinheiro, sim, mas não é por isso! É que a senhora é a única pessoa que fala comigo, que me dá atenção, que me trata como irmão. Ela calou ao ouvir estas palavras. Sorriu para ele, timidamente, e disse, se despedindo: Então. . . tá bom. . . Foi para o trabalho pensando no que ouvira. Ela nunca havia pensado nisso.
Aqueles pensamentos ficaram em sua mente, flutuando o dia todo. Percebeu que poderia dar algo muito mais importante que as moedas; que o "trocado" de sempre. Caridade não significa apenas doação material. Em verdade, a filantropia é apenas uma pequena porção do mundo da caridade verdadeira. Vivemos num mundo, num país, onde ainda há necessidade da ajuda material urgente, sim, mas precisamos entender que não é apenas isso.
As pessoas precisam de auxílio em outras áreas. As pessoas precisam de atenção, de amizade, de alguém que lhes dê carinho. O alimento da alma fortalece o ser, e assim ele se torna mais apto e preparado para buscar a subsistência material. Pense nisso. . .
CRÉDITOS Autoria : Não localizada Imagens : Internet Texto enviado por: Xu e Cris Formatado por: Angelica Lepper airlepper@hotmail. com Música: Bridge Over Troubled Water Nana Mouskouri