Educao para as rela Cultura racismo e ambiente
Educação para as relaçõ Cultura, racismo e ambiente escolar: novas relações socioculturais e (re) educação das desigualdades aciais: a diversidade na sala de aula Rodrigo Ednilson de Jesus Departamento de Administração Escolar Programa de Pós-graduação em Educação: Conhecimento e Inclusão Social Programa Ações Afirmativas na UFMG
A diversidade étnico-racial é um componente marcante do povo brasileiro e, neste sentido, marca também o cotidiano dos jovens brasileiros, nas instituições escolares e fora delas. Além dos distintos povos nativos, Kayapó, Kaigang, Munduruku, Tupi-Guarani, Xacriabá, Yanomami etc. , no Brasil, tivemos uma contínua imigração e miscigenação com povos da Europa (Portugal, Itália, Alemanha, Polônia, França, Espanha etc. ), da África (Guiné, Sudão, Nigéria, Angola, Moçambique etc. ), do Oriente Médio (Marrocos, Argélia, Líbano, Síria, Jordânia e Israel) e da Ásia (Armênia, Turquia, China, Tailândia, Japão etc. ). Nas ruas, no mercado, nas escolas e no metrô, encontramos brasileiros de vários grupos étnicos e raciais: asiáticos, afrodescendentes, germânicos, eslavos, semitas e outros. Na verdade, estamos envolvidos por “relações étnico-raciais” a cada momento, até mesmo no âmbito de nossas famílias!
Modos de ver o Brasil Educação para as relações étnico-raciais: a diversidade na sala de aula
Ricardo Henriques. Desigualdade racial no Brasil: evolução das condições de vida na década de 90. 2001
Mesmo considerando diferenças etárias, de gênero e regionais, os dados apontam: negros que estudaram até o ensino médio ganham em média 90% do que ganham brancos na mesma situação. Quando avançamos para o ensino superior, essa diferença aumenta. Profissionais negros ganham em média 80% do que recebem os brancos com igual qualificação. Para quem ainda tinha dúvidas, essa constatação contradiz a velha afirmativa de que, no Brasil, convivemos com uma discriminação muito mais calcada em classe social do que em aspectos raciais. Pesquisadora: Graziella Moraes Dias da Silva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) http: //www. faperj. br/? id=3296. 2. 9
Mas a desigualdade racial, ou seja, a distribuição assimétrica de recursos (renda, anos de estudo, etc) entre negros e brancos não pode ser tomada como o próprio racismo! As desigualdades são uma das consequências possíveis do racismo.
O que faz do brasil, Brasil? Ou Como funciona o racismo à brasileira?
Alan Augusto de Moraes Ribeiro. Jogos de ofensas: epítetos verbais entre estudantes de uma escola na Amazônia. 2016
Relações racializadas e racialistas: relações informadas por imaginários vinculados à ideia sobre pertencimentos raciais e que, baseados em uma associação entre características fenotípicas e pertencimento racial, auxiliavam os jovens a identificar e distinguir os (as) jovens negros (pardos e pretos) dos jovens brancos.
Desta perspectiva, o racismo deve ser compreendido como um sistema de opressão e produção sistemática de discriminações e desigualdades que, baseando-se na crença acerca da existência de raças superiores e inferiores (intelectual, cultural e socialmente), distribui, de modo assimétrico, privilégios e desvantagens. Neste sentido, afirmar que o racismo à brasileira (Telles, 2003) se expressa por meio de um “racismo institucionalizado” não significa, necessariamente, afirmar que o processo discriminatório no Brasil tenha sido adotado de forma legal ou oficial pelo Estado Brasileiro. Significa, todavia, afirmar que as práticas de hierarquização racial foram instituídas enquanto prática social e são cotidianamente atualizadas, sendo que é exatamente a perpetuação desses imaginários sobre a suposta inferioridade da “raça” negra que tem contribuído para a produção e reprodução das discriminações e desigualdades, seja por meio da estereotipização da população negra, seja por meio do silenciamento ou da invizibilização das referências positivas relativas à população negra.
Mediador: Você já vivenciou, já percebeu algum tipo de discriminação no ambiente escolar? Mulher: Sim, já presenciei muita discriminação das meninas. Os meninos tinham mais preconceito das meninas, chamavam as meninas de cabelo duro, aquilo e aquele outro. Já vi discriminação com menina de cor. Chamavam ela de vários nomes, de macaco, vai sua preta. Eu nunca sofri isso, mas, eu já vi discriminação. Bullyng eu também já vi bastante. A menina era zoada pra caramba na escola. . . ela chegava a chorar, tinha vez. Já vi muito isso. Mediador: E como que era a relação da direção dos professores nesta situação? Mulher: Era sempre a mesma coisa pra mim. Nessa parte aí não adiantava muito, porque era sempre a mesma coisa. Chamava o pai da menina e o pai da menina que tava zoando. Não adiantava de nada porque o pai brigava com a menina, olhava pra menina e dizia: o meu pai brigou comigo por causa de você, amanhã você vai ver, vai ser pior. Não adiantava muita coisa, portanto, sempre continuou. Isso daí sempre teve, acredito que nas escolas até hoje tem.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, apesar de afirmativas, essas práticas de reeducação das relações raciais na sociedade brasileira não estão dirigidas apenas à população negra. Isso porque na medida em que podem oferecer aos negros conhecimentos e segurança para orgulharem-se da sua origem africana, também possibilitarão aos brancos, indígenas, asiáticos, etc. identificar as influências, a contribuição, a participação e a importância da história e da cultura dos negros no seu jeito de ser, viver e de se relacionar com as outras pessoas.
Ter consciência negra significa constatar a força de nossa cultura, a força de nossa gente, que mesmo sob chicote, fez-nos sobreviver e continuar esta luta. Desde as escolas, onde somos poucos, até aos presídios onde somos muitos. Todos terrivelmente massacrados. Raimunda Nilma
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