EDUCAO E INCLUSO SOCIAL NO BRASIL Luiz Davidovich
EDUCAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL NO BRASIL Luiz Davidovich Instituto de Física Universidade Federal do Rio de Janeiro Documento da ABC: “Subsídios para a Reforma da Educação Superior” – www. abc. org. br Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
SUMÁRIO • Obstáculos oriundos do sistema educacional ao desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação no Brasil • A educação superior no Brasil hoje • Ensino básico e médio • Propostas para a educação superior Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
OBSTÁCULOS ORIUNDOS DO SISTEMA EDUCACIONAL AO DESENVOLVIMENTO DA CT&I NO BRASIL • Ensino fundamental e médio extremamente deficiente: apenas 1/3 dos jovens entre 15 e 17 anos estão no ensino médio, dos quais apenas 5% com nível adequado em português • Ensino superior deficiente, especialmente nas instituições privadas (onde se concentram mais que 70% das matrículas) • Distorções na distribuição de matrículas por área de conhecimento, no ensino superior (apenas 11% em engenharias e ciências tecnológicas versus 69% em ciências sociais) • Apenas 10% dos jovens entre 18 e 24 anos estão matriculados em instituições de educação superior • Esforço da CAPES na pós-graduação não foi acompanhado de avaliação criteriosa e conseqüente dos cursos de graduação • Autonomia das Instituições federais ainda não regulamentada: desenvolvimento das Universidades paulistas após autonomia mostra que esta é vantajosa • Fraca demanda por profissionais de alta qualificação • Currículos e programas obsoletos na ES, profissionalização prematura e excessiva em um mundo onde a aceleração constante do conhecimento dilui as fronteiras entre disciplinas Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
CONTRIBUIÇÃO DA CNI Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
EDUCAÇÃO SUPERIOR Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS NO BRASIL Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
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CURSOS DE GRADUAÇÃO POR MATRÍCULA E ÁREA DE CONHECIMENTO – BRASIL 2003 84% dos cursos em Direito no Brasil: Instituições privadas Brasil forma mais advogados que Estados Unidos, Europa e Coréia do Sul juntos! Fonte: Censo de Educação Superior – MEC/INEP Luiz Davidovich – CNCTI - 2005 Ver documento da CNI
Cientistas e engenheiros em P&D: Brasil, Coréia e Estados Unidos C. H. Brito Cruz Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
Número de empregados/US $ 1 milhão de vendas TRANSNACIONAL PAÍSSEDE NO NO PAÍSMUNDO SEDE INTEIRO EM TODAS AS FILIAIS EXCLUINDO O BRASIL NO BRASIL Roche Suíça 5, 85 52, 6 4, 99 3, 72 Fiat Itália 6, 19 10, 87 3, 89 2, 86 Xerox EUA 5, 21 6, 23 4, 19 3, 58 IBM EUA 3, 43 4, 31 2, 93 2, 16 Fonte: Ivan da Costa Marques, O Brasil e a Abertura dos Mercados: O Trabalho em Questão (ABET, 1998) Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
GASTO EM EDUCAÇÃO – PÚBLICO + PRIVADO (2002) País Ensino Primário (gasto por aluno em dólares, ajustado pelo poder de compra) Ensino superior (gasto por aluno em dólares, ajustado pelo poder de compra – inclui gastos com P&D) % do PIB Público Privado Austrália 5169 12416 4, 4 1, 5 Japão 6117 11716 3, 5 1, 2 México 1467 6074 5, 1 1, 1 Coréia 3553 6047 4, 2 2, 9 Portugal 4940 6960 5, 5 0, 7 USA 8049 20545 5, 3 1, 9 Argentina 1241 3235 3, 9 0, 8 Brasil 1 842 10361 4, 0 ? Chile 2 2211 7023 4, 0 3, 2 OCDE 5273 13343 4, 9 1, 2 1 Instituições públicas, dados de 2001 2 Dados de 2003 • Média OCDE para educação superior: 1, 1% do PIB (público) + 0, 3% do PIB (privado) • Brasil: 0, 8% do PIB (público) Fonte: Global Education. Digest, 2005 - UNESCO Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
Ensino Superior: universidades e outros cursos, EUA 4 anos 2 anos – EUA: 40% dos municípios tem pelo menos 1 College ou Universidade • 1. 101 instituições públicas com cursos de 2 anos • 612 instituições públicas com cursos de 4 anos (C. H. Brito Cruz) Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
ENSINO BÁSICO E MÉDIO Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
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SAEB: Sistema de Avaliação do Ensino Básico Aprendizado abaixo do mínimo exigido: menos que 250 pontos em 2001, menos que 200 pontos em 2003 Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
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Desempenho em Matemática PISA 2003 – OCDE • Participação de mais de 5000 alunos brasileiros, dos quais 75% adiantados ou na série adequada segundo a idade • Entre os 10% melhores alunos brasileiros, 70% ficaram abaixo da pontuação média geral do PISA Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
O DESPERDÍCIO DO FRACASSO ESCOLAR • Programa Acelera Brasil (Instituto Airton Senna): redução substancial do índice de distorção • 2003: crianças que concluem o ensino fundamental levam em média 10, 8 anos para percorrer da 1 a à 8 a série. Seis milhões de repetentes e defasados no ensino fundamental – desperdício de cerca de R$ 6, 3 bilhões a cada ano para o país (palestra de Margareth Goldenberg). Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
FALÊNCIA DO ENSINO FUNDAMENTAL: OBSTÁCULO IMPORTANTE AO DESENVOLVIMENTO DO PAÍS, NECESSITANDO DE ANÁLISE PROFUNDA E AÇÃO URGENTE E COORDENADA Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
PROPOSTAS PARA A EDUCAÇÃO SUPERIOR Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
VISÃO QUE SE CONSOLIDA INTERNACIONALMENTE • • • Os cursos de nível superior devem ser compostos de ciclos relativamente curtos. Conhecimento avança rapidamente e recorte das profissões é altamente instável: apenas uma formação com sólida base científica permite que o profissional se adapte eficientemente ao que dele se exige. Problemas cada vez mais temáticos e menos disciplinares: cursos têm de ser suficientemente flexíveis, estudante deve poder reorientar sua formação no meio do caminho e atravessar as fronteiras tradicionais das disciplinas Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
EXEMPLOS INTERNACIONAIS • • Reforma curricular de Harvard Processo de Bologna Universidade de Shangai, 2002 “Global Engineering Excellence”, estudo a ser elaborado por 8 universidades de diferentes países, China, USA, Alemanha, Suíça, Japão, Brasil (USP)– Qual o tipo de engenheiro que o mercado pede hoje? • Universidades corporativas (ver contribuição do Dr. Marcos Formiga, representando a CNI) Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
AGÊNCIAS INDEPENDENTES PARA DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS • Sistema adotado na Inglaterra (British Quality Assessment Agency) e na França (Comite Nationale d’Evaluation), entre outros. Participação de acadêmicos ilustres de outros países! • Vantagens de um sistema independente: maior imunidade a pressões políticas • Brasil: CONAES – 13 membros, dos quais 8 indicados pelo Ministro da Educação; não está prevista sua participação na alocação de recursos para as instituições federais • Como alterar a matriz de financiamento das instituições federais? Como eliminar as desigualdades regionais? Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
PROPOSTAS PARA EDUCAÇÃO SUPERIOR • Fortalecimento do ensino público, através de expansão qualificada • Diversificação das instituições de ensino superior, ampliando o espectro de estudantes atendidos, e incluindo cursos de 2 -3 anos, escolas profissionalizantes e instituições de formação geral • Avaliação conseqüente de instituições públicas e privadas, com reflexos sobre financiamento e credenciamento: Agência de avaliação independente em relação às instituições avaliadas – uma CAPES para a graduação! • Autonomia com financiamento dependente de avaliação e com atribuição aos docentes da responsabilidade pela condução da instituição • Eliminação do desperdício de vagas e talentos provocado por exames de seleção orientados para carreiras específicas e por especialização prematura no início dos cursos universitários: incentivo à interdisciplinaridade, à flexibilidade (várias saídas e entradas) e à formação ampla e sólida, com ciclos de formação geral • Ampliação do papel das instituições públicas de ensino superior na formação e aperfeiçoamento de professores bem qualificados para os níveis fundamental e médio (aliado a programa de valorização desses profissionais!); envolvimento dessas instituições em atividades de reforço do ensino médio • Laboratórios associados para desenvolvimento regional e interdisciplinaridade: conexão com política industrial – editais: novos cursos de engenharia • Incentivar interação com empresas: estágios, programas especiais • Fortalecimento dos cursos noturnos, implantar universidade aberta (CNI) Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
PROPOSTA DA ABC: COMISSÃO DE ACOMPANHAMENTO DO DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL (CADI) • Exame, concessão e acompanhamento permanente da autonomia de gestão financeira; definição dos critérios de alocação de recursos às universidades federais • Composição: Secretário Executivo do MEC, Presidentes da CAPES, CNPq e FINEP, 4 representantes da comunidade científica e tecnológica, cobrindo as áreas de Ciências Exatas e da Terra, Ciências da Vida, Ciências Humanas e Sociais e Tecnologia (listas tríplices para cada área formadas por Conselhos das três agências), 2 personalidades de notório saber escolhidas pelo Presidente da República • Representantes são escolhidos pelo Presidente da República a partir das listas tríplices fornecidas por Conselhos das Agências. Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
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ALGUMAS PREOCUPAÇÕES • Desenvolvimento da educação no Brasil é tarefa importante demais para ficar restrita ao Ministério da Educação • Participação do MCT, do Ministério da Fazenda, bem como de Estados e Municípios é essencial • Conexão com política industrial: formação de quadros, mais oportunidades de emprego qualificado • Redução de desigualdades regionais com flexibilidade de cursos e instituições Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
Comissão de 18 membros, nomeada por Secretário de Educação (Governo Reagan) “Se uma potência estrangeira hostil tivesse tentado impor à América o desempenho educacional medíocre que existe hoje em dia, poderíamos muito bem ter encarado esse fato como um ato de guerra. No entanto, nós mesmos permitimos que essa situação ocorra conosco”. Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
VALE A PENA TER UM PLANO? Luiz Davidovich – CNCTI - 2005
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