EACH CONBIO Estratgias de Conservao In situ e
EACH, CONBIO Estratégias de Conservação In situ e Ex situ Carla Morsello
Plano das Próximas 3 Aulas l l Introdução 2 Partes: l E. Bernard Conservação In situ l Caracterização, histórico, Classificação, Situação atual (Brasil e Mundo) l Efetividade do manejo l Seleção sistemática de UCs l Conservação Ex situ
Introdução In situ • Perda de biodiversidade e de hábitats (últimos 50 anos) o que fazer? • Duas estratégias sobressaem: (i) In situ: ecossistemas ou paisagens, conservar no próprio ambiente áreas protegidas (e. g. , APPs) ou Unidades de conservação (e. g. , Parques, Re. Bio etc) (ii) Ex situ: em geral, nível de espécie; conservar fora do próprio ambiente Ex situ
Conservação in situ Foco em Unidades de Conservação
Conservação In situ Refere-se à conservação da biodiversidade nas próprias paisagens naturais de origem Estratégias possíveis Reabilitação ou restauração da paisagem Manejo da paisagem. Exs. Zoneamento, Agroflorestas, a? n i pl ra t Ou ci s i d im Ma po is rt an t e l Áreas protegidas e/ou UCs
Área protegida: Definição E. Bernard “. . . uma área de terra e/ ou mar especialmente dedicada à proteção e manutenção da diversidade biológica, bem como dos reursos naturais e culturais associados, e manejada ou gerida por meios legais ou por outros meios institucionais efetivos. “ (Fonte: www. iucn. org/ 2007)
Áreas Protegidas no Mundo Histórico – Evolução - Estatísticas
Primeiras Áreas Protegidas no Mundo l Idéia de conservação é antiga (uso humano): l l Scimitar-horned oryx (Oryx dammah) l (Fontes: Runte, 1979; Gambino, 1991; Morsello, 2001; MEA-Responses, 2005) l Exemplos desde os romanos, egípcios e civilizações da Ásia Norte da África (Tunísia = Cartago) reservas pela dinastia governante wild beasts para os circos romanos (hoje ex situ) Reservas de caça da realeza européia Na América do Sul (Peru)
Nascimento da Perspectiva Moderna de Áreas Protegidas l Mas perspectiva moderna nasce com Yellowstone (EUA) 1872 l Para: (1) Conservação e (2) usufruto público: l l l Yellowstone (Fontes: Runte, 1979; Gambino, 1991; Morsello, 2001; MEA-Responses, 2005) l Inicialmente, 2 o objetivo é mais importante Monumentos do Novo Mundo identidade nacional (Thomas Jefferson) Conservação adquire importância a partir dos anos 1940 nos EUA (Everglades não serve para uso público: crocodilos, mosquitos) Em teoria, áreas “vazias” para a conservação: l Mas Crow, Blackfeet etc habitavam Yellowstone
Definição de Área protegida (UC) l Uma área claramente definida no espaço geográfico, reconhecida e dedicada por meio legal ou outros meios efetivos à conservação da natureza e dos serviços ecossistêmicos e culturais. (IUCN)
Classificação das Áreas Protegidas Fotos: Parques Nacionais na Namíbia
Diferentes áreas, diferentes objetivos l Objetivos ou abordagens variam: Preservação total: Apenas cientistas podem visitar l Conservação de áreas com uso, que incluem área urbanas Nomenclaturas diferem e não ajudam a diferenciar: Parque Nacional no Brasil ≠ Parque Nacional na Itália
Ex. : Parque Nacional l Em geral, áreas remotas e pouco transformadas. Permitem visitação e pesquisa. l l Ex. Chapada Diamantina l Áreas de grandes dimensões. Incluem zonas urbanas, atividades diversas, paisagens naturais e culturais importantes a conservar Ex. Cinque Terre
Sistema de Classificação l l l Nasce da necessidade de padronizar classificações diversas (monitorar condições) Criado por IUCN ou UICN – União Internacional para Conservação da Natureza Categorias de áreas protegidas para: l Padronizar entre países: nomes diferem; portanto, sistematização por categorias numéricas l Permite verificar alcance de metas de conservação (p. ex. , CBD) l Hoje são 6 categorias identificadas por números
Classificação Mundial IUCN CATEGORIA Objetivos da AP: foco no nível de Nome proteção/ conservação I Proteção estrita (Ia) e de paisagens naturais (Ib) Reserva Natural Estrita/Área Natural Silvestre II Conservação de ecossistemas e uso público Parque Nacional Conservação de características naturais específicas Monumento Natural Conservação por meio de manejo e intervenção (ex. Recuperação) Área de Manejo de Espécies ou de Hábitats Conservação de paisagens terrestres ou marinhas e uso público Paisagem Terrestre ou Marinha protegida III IV V VI Utilização sustentável de ecossistemas Área Protegida com naturais Recursos Manejados
Classificação e governança IUCN Guidelines (2008)_
Evolução mundial das Unidades de Conservação
Crescimento no número de UCs no Mundo Crescimento das áreas protegidas (1872 -2009) >Anos 30 (Fonte: IUCN) Crescimento em área Crescimento em número
Alcance das Metas (CBD) Meta: 17% para terrestre e águas interiores Meta: 10% para marinhas Metas estratégicas para implementar a CBD (5) incluem UCs (avançam de metas anteriores)
Avanços recentes na proteção marinha l Área total marinha: l l x 20 desde 1993: de 0, 29% a 5, 7% dobrou desde 2010 10% a serem atingidos em 2020 (CBD e plano estratégico 2011 -2020) estão a caminho Esforços para: l representatividade, melhorar manejo, comanejo com habitantes (Fonte: CBD, https: //www. cbd. int/pa/UN-Ocean-Conference/flyer-en. pdf)
Representatividade do sistema marinho de UCs Distribuição concentrada na zona costeira Poucas unidades de grandes dimensões 2013 (Fonte: Marine Conservation Institute, 2012; COP-8 Report, 2010; WPA, 2013 )
(Fonte: Palomo et al. , 2014) Crescimento relativo l Proteção marinha teve aumento expressivo na última década
Porcentagem sob proteção varia (2016) Porcentagem de Superfície Terrestre Protegida por país (Fonte: WCPA, 2016) Alemanha (48%) Venezuela (53%) Nova Caledônia (63%)
Áreas Protegidas Marinhas (Fonte: www. mpaglobal. org)
Historicamente, o crescimento do número de áreas varia quanto ao tipo
Tendências históricas dos objetivos de manejo Áreas desabitadas para áreas habitadas Áreas criadas a Ferro e Fogo para participação no manejo Áreas de proteção estrita para áreas de uso direto ou uso sustentável Presente Passado Belezas cênicas para conservação da biodiversidade
Tendência por tipo de área Tendências na superfície terrestre em áreas protegidas Ia e IB: Áreas sem uso público (só pesquisa) Maior crescimento para áreas que admitem uso, especialmente uso direto de recursos (extrativismo)
Maior parte das área admitem uso de recursos r Maio s da e t r a p é s a d a cri VI I Proteção estrita (Ia) e de paisagens naturais (Ib) II Conservação de ecossistemas e uso público III Conservação de características naturais específicas IV Conservação por meio de manejo e intervenção (ex. Recuperação) V Conservação de paisagens terrestres ou marinhas e uso público VI Utilização sustentável de ecossistemas naturais
Áreas Protegidas no Brasil
Primeiras Áreas Protegidas no Brasil (Fontes: Drummond, 1988; Morsello, 2001) Sete Quedas (1982) Itatiaia S. Órgãos l 1876: André Rebouças, engenheiro, comerciante de madeiras, sugere criação Ilha do Bananal e Sete Quedas. Ideia abortada. l 1937: 1 o PARNA: Itatiaia reproduz ideal de belezas cênicas e usufruto público; período de popularização na América do Sul l 1939: Serra dos Órgãos e Iguaçu segue mesmo padrão l Depois de 20 anos: criação de 12 Parques, expansão do sistema para áreas remotas (início da motivação conservacionista) l Entre 1960 -1989, SEMA e IBDF: compartilharam atribuições APs
Classificação Brasileira 0 é Uso Indireto: No máximo pesquisa, educação e turismo At Uso direto: Aceita exploração: extrativismo Proteção Integral: No máximo pesquisa, educação e turismo 0 20 e d ois lei p De 00: UC 20 SN do Uso sustentável: Aceita exploração: extrativismo
Sistema atual do SNUC l l l Estabelecido em 2000 Categorias federais, mas, em teoria, inclui áreas estaduais e municipais Proteção integral: l l 5 categorias Uso sustentável: l 7 categorias
Unidades de Conservação Proteção Integral Uso Sustentável Estação Ecológica Área de Proteção Ambiental Reserva Biológica Área de Relevante Interesse Ecológico Parque Nacional Floresta Nacional Monumento Natural Reserva Extrativista Refúgio da Vida Silvestre Reserva de Fauna Reserva de Desenvolvimento Sustentável Reserva Particular do Patrimônio Natural
Como diferem? Vários aspectos
UCS Variam quanto a: Objetivos de Manejo Propriedade da Terra (Governança) Atividades permitidas Quem institui Pública Pesquisa Educação Turismo e lazer Nível de proteção Proteção Estrita (só pesquisa) Exploração direta: extrativismo Intervenção/ Recuperação Pública e usufruto de população local Particular Governo (PARNA, Rebio, RDS etc) Proprietário (RPPN) Moradores (RESEX)
Visualizando as categorias: exemplo (Fonte: WWF, 2005 )
Mas, o sistema brasileiro é confuso l l Criado por SEMA e IBDF Lei do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação) em 2000 l l l Discussão por 15 anos Deveria unificar e tirar duplicações Mas o resultado é uma colcha de retalhos resultante de pressões políticas. Exs: l l l Refúgio de Vida Silvestre (pressão? ) RPPN de uso sustentável (puxada de tapete? ) Resex x RDS = quem solicita a criação
r: a c i lif ça? p m xe feren e a i Par é a d l Qua
Evolução das Áreas Protegidas no Brasil
(Fonte: a partir de Pádua et al. , 2005) Evolução no número de UCs Federais Criadas
Mapa da s Ucs no Brasil
Mapa da s Ucs no Brasil
Tabela consolidada das Unidades de Conservação Fonte: CNUC/MMA - www. mma. gov. br/cadastro_uc Atualizada em: 09/08/2016
Porcentagem protegida por Bioma
Distribuição das áreas por bioma e tipo de UC Fonte: CNUC/MMA - www. mma. gov. br/cadastro_uc Atualizada em: 09/08/2016
Qual o resultado da criação das áreas protegidas? Efetividade do sistema de áreas protegidas
Efetividade (1) Áreas protegidas já criadas: Devem ter condições de manter espécies no longo prazo consolidação (“manejo”) (2) Representatividade do Sistema: Se não é representativo, necessário criar novas áreas
(1) Áreas já criadas l l Número grande de áreas criadas no mundo Porém, países em desenvolvimento: l l l Faltam recursos $ Falta pessoal Necessidade de desenvolvimento São “Parques de papel”: não funcionam e são obstáculos ao desenvolvimento (poucos benefícios)
Parques de Papel l l Estudo da WWF com 200 áreas de 34 países mostra que apenas cerca de 12% destas têm plano de manejo aprovado (MEA, 2005) Anos 1980, aumento das críticas, devido ao contexto: l l l aumento das pressões e necessidades de desenvolvimento Senso crescente de que áreas protegidas não funcionam, em particular em países em desenvolvimento (trópicos)
e ? d m s a e n u o i q c r n u Pa f l e p pa Estudo de Bruner et al. 2001: 93 áreas protegidas, em 22 países tropicais para testar a hipótese de que as Áreas Protegidas funcionam
Resultados em relação à área desmatada Áreas são efetivas na redução do desmatamento: 83% controlam (Fonte: Bruner et al. 2001) Áreas protegidas que mantiveram ou recuperaram a vegetação natural Áreas que perderam vegetação natural Mudanças na área de vegetação desde o estabelecimento
Efetivas, mas menos para formas mais sutis de ameaça Imediações do Parque (n=92) Parques (n=93) Caça Pastoreio Comparação fora e dentro da área protegida (Fonte: Bruner et al. 2001)
Estratégias associadas à maior efetividade Demarcação l Número de guardas l Penalização por extração madeireira ilegal e por desmatamento e l Compensação para habitantes locais afetados negativamente l
o n e d a d i v i t e f E ? l i s Bra Maior parte das UCs no Brasil são “parques de papel”: Ex. Parque do Pantanal (136 mil ha); 1 -7 funcionários
Implementação das UCs no Brasil • Cerca de metade das UCs não tem Plano de Manejo • Há muitos planos dos anos 1960, desatualizados e apenas descritivos e não propositivos
Exemplo de estudo regional de efetividade na Amazônia Estudo de Ferreira et al. 2005: Áreas indígenas: não fazem parte do SNUC • Efetividade de áreas protegidas, incluindo Territórios Indígenas
Qual é a efetividade das áreas protegidas brasileiras? Vejamos alguns exemplos
Efetividade das UC na Amazônia brasileira l l Proporção do desmatamento dentro e fora das APs na Amazônia legal e nos estados de Mato Grosso (MT), Pará (PA) e Rondônia (RO) Desmatamento é muito menor dentro das áreas: l (Fonte: Ferreira et al. , 2005) Lembrar que é região em que são menos implementadas => correspondem a parques de papel
Proteção integral X Uso sustentável e TIs l Além disso, estudo mostra que: l l (Fonte: Ferreira et al. , 2005) Há diferença significativa no desmatamento entre tipos de áreas protegidas Desmatamento é menor nas Unidades de Conservação de Proteção Integral em comparação com as Unidades de Uso Sustentável e as Terras Indígenas
Portanto. . . l Mesmo sendo um parque de papel, proteção é melhor que sem proteção. l l l Outro estudo (Soares et al. , 2010), mostra redução de 37% no desmatamento pela criação de UD na Amazônia brasileira Mas áreas indígenas são melhores que sem nada Ou talvez melhores em algumas localidades, por ex. áreas de grande pressão arco do desmatamento: l Outro estudo do Imazon em 2007 no Pará mostra menor desmatamento em TIs do que em UCs de Proteção Integral na área do avanço da fronteira
Efetividade (1) Áreas protegidas já criadas: Devem ter condições de manter espécies no longo prazo consolidação (“manejo”) (2) Representatividade do Sistema: Se não é, necessário criar novas áreas Próxima aula, seleção de novas áreas
Referências: l l l Bruner, A. et al. 2001. Effectiveness of Parks in Protecting Tropical Biodiversity. Science, v. 291, n. 125, p. 125 -127. Drummond, J. A. 1988. National Parks in Brazil: A Study of 50 Years of Environmental Policy. Dissertação (Masters in Environmental Studies Program), The Evergreen State College, Olympia, Washington. 438 p. Ferreira, L. V. ; Venticinque, E. ; Almeida, S. 2005. O desmatamento na Amazônia e a importância das áreas protegidas. Estudos Avançados. V. 19, n. 52, p. Gambino, R. 1991 I parchi naturali problemi ed esperienze di pianificazione nel contesto ambientale. Roma: La Nuova Italia Scientifica, 156 p. MEA. 2005. Policy Responses. COMPLETAR Morsello, C. Áreas protegidas públicas e privadas. São Paulo: Annablume/Fapesp. P. Mulongoy, K. S. ; Chape, S. 2004. An overview of Key Issues. UNEP/WCMC/CBD. Rabinowitz, D. , S. Cairns, and T. Dillon. 1986. Seven forms of rarity and their frequency in the flora of the British Isles. Pages 182 -204 in M. E. Soulé, editor. Conservation biology: the science of scarcity and diversity. Sinauer, Sunderland, Massachusetts, USA. Runte, A. 1979. National Parks: the American Experience. Lincoln and London: University of Nebraska Press. 240 p. Terborgh, J. VER LIVRO PORTUGUÊS Wittemyer G, Elsen P, Bean WT, Burton AC, Brashares JS. Accelerated human population growth at protected area edges. Science. 2008 Jul 4; 321(5885): 123 -6.
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