Ea de Queiroz Os polticos e as fraldas

  • Slides: 25
Download presentation
Eça de Queiroz “Os políticos e as fraldas devem ser mudadas frequentemente e pela

Eça de Queiroz “Os políticos e as fraldas devem ser mudadas frequentemente e pela mesma razão”. Eça de Queiroz

Origens do Realismo: Madame Bovary Publicado em 1856, por Gustave Flaubert, é considerada obra

Origens do Realismo: Madame Bovary Publicado em 1856, por Gustave Flaubert, é considerada obra inaugural do Realismo. Emma Bovary e seu marido Charles têm uma vida monótona a dois. Emma sonha com Paris, glamour, festas e castelos, pois era leitora de romances românticos. Seu marido, ao contrário, estava satisfeito com sua vida provinciana. Emma vê no adultério uma possibilidade de se aproximar desse mundo requintado e cosmopolita dos romances. Insatisfeita, no entanto, com seu marido e seus amantes, suicida-se ao final do romance.

 Os romances românticos focavam o antes do casamento: as conquistas afetivas, o amor

Os romances românticos focavam o antes do casamento: as conquistas afetivas, o amor não correspondido, as dificuldades do casal apaixonado para consolidar a relação. Os romances realistas se interessam pelo depois do casamento. A temática do adultério surge para implodir a visão romântica do happy ending. Outro ponto interessante do livro é o fato de Emma ter sido educada em um convento. Entende-se, com isso, que sua fraqueza de caráter adveio de uma formação religiosa hipócrita e de leituras alienantes. De uma só vez, Flaubert critica a Igreja e o Romantismo. O romance foi tão revolucionário para a época que Flaubert e os editores foram processados por atentar contra a moral e os bons costumes.

 Em Portugal, havia um atraso quanto à chegada de tendências artísticas que dominavam

Em Portugal, havia um atraso quanto à chegada de tendências artísticas que dominavam Inglaterra, Alemanha e França. O Romantismo, por exemplo, chegou com 50 anos de atraso. Com o Realismo foi diferente. O grupo liderado por Antero de Quental na Universidade de Coimbra não defendia apenas o Realismo literário, mas também revoluções educacionais, políticas, econômicas e estéticas. Houve uma grande disputa literária entre românticos e realistas: a questão Coimbrã.

 Eça de Queiroz publica em 1875 o primeiro grande romance realista-naturalista: O Crime

Eça de Queiroz publica em 1875 o primeiro grande romance realista-naturalista: O Crime do Padre Amaro. Eça foi o maior nome da literatura portuguesa do século XIX. São características da obra a caricatura, o senso de contrastes e a ironia fina. Eça começou primeiro como jornalista - o que lhe deu uma visão ampla dos atrasos da sociedade portuguesa - e depois como diplomata - o que o fez tomar contato com países bem mais desenvolvidos do que Portugal. Também por isso, seus romances são muito críticos, que está de acordo com as intenções revolucionárias do Realismo, transcendendo esse movimento literário. Nem toda obra dele, no entanto, seguiu essa linha. É comum dividi-la em três fases:

Fase 1: Romantismo Neste período, seus poemas e folhetins ainda são vinculados ao Romantismo.

Fase 1: Romantismo Neste período, seus poemas e folhetins ainda são vinculados ao Romantismo. Publica em 1871 O mistério da estrada de Sintra. Embora funcione como crítica à ingenuidade dos leitores da época, que julgam tratar-se de uma história verídica, ainda possuía certos traços do Romantismo.

Fase 2: Realismo-naturalismo Sua literatura é de denúncia social, de combate às mazelas do

Fase 2: Realismo-naturalismo Sua literatura é de denúncia social, de combate às mazelas do país, de crítica feroz aos atrasos da sociedade portuguesa. A linguagem acompanha os temas: sobram ironias, sátiras, personagens caricaturais, humor fino na apresentação de cenas muitas vezes grosseiras. São dessa fase seus romances mais “revolucionários” e mais francamente naturalistas: O Crime do Padre Amaro (1875) e O Primo Basílio (1878).

Fase 3: Realismo-fantasia Os romances Os maias (1880) e A Relíquia (1887) não abandonam

Fase 3: Realismo-fantasia Os romances Os maias (1880) e A Relíquia (1887) não abandonam a perspectiva crítica, mas abandonam os exageros naturalistas. O autor não renuncia à realidade, mas incorpora uma dose de imaginação literária às suas obras. A Ilustre casa de Ramires (1900) e A cidade e as serras (1901) revelam uma compreensão mais humanitária dos problemas sociais portugueses.

O primo Basílio tem uma fábula muito parecida com a de Madame Bovary. Jorge

O primo Basílio tem uma fábula muito parecida com a de Madame Bovary. Jorge e Luísa, casados há poucos anos, têm de se distanciar por causa de uma viagem do marido ao Alentejo. Nessa época está de volta a Lisboa um antigo namorado de Luísa, seu primo Basílio. Ela, também influenciada pela leitura de romances românticos, encanta-se com os galanteios do primo e, como a situação é propícia, entrega-se a ele. A criada descobre tudo, chantageando-a. O amante retorna a Paris. Parece que a intenção do romance é mostrar as distorções de caráter dos típicos representantes da burguesia de Lisboa, cujas ações eram pautadas pelos instintos e pelo convencionalismo. É como se as personagens caricaturais de O Primo Basílio fossem uma representação crítica, sarcástica e verídica de toda a sociedade portuguesa.

O primo Basilio – Abertura (1988)

O primo Basilio – Abertura (1988)

O primo Basilio – Resumo

O primo Basilio – Resumo

O Crime do Padre Amaro - Análise Publicado em 1875, O Crime do Padre

O Crime do Padre Amaro - Análise Publicado em 1875, O Crime do Padre Amaro (romance de tese), de Eça de Queirós, é, simultaneamente uma obra-prima, um documento humano e social do país e de uma época, a expressão literária de uma realidade que a história confirma. Narrado em terceira pessoa, e em retrospectivas, a ação da obra acontece em Leiria, interior de Portugal, onde é abrangido principalmente o ambiente de igreja, sacristia e casa de beatas. O autor ataca violentamente os vícios da sociedade da época e denuncia a hipocrisia burguesa e os abusos do clero.

 Não há personagens livres da crítica ferina de Eça de Queirós, tanto no

Não há personagens livres da crítica ferina de Eça de Queirós, tanto no meio eclesiástico quanto no círculo de "amizades" e "devotas" que rodeia os padres. Quase todos os personagens são apresentados de forma sarcástica, irônica e crítica, sendo raras as exceções. O Crime do Padre Amaro introduz o realismo-naturalismo em Portugal. Eça de Queirós combate vivamente essa instituição da igreja católica, atacando dura e diretamente os jogos de aparências e o pseudomoralismo de que se costumam revestir certos dogmas e costumes religiosos. Este é o tema central deste romance. Paralelamente ao tema central, outros percorrem a obra como a contradição que existe entre o que os padres pregam e o que fazem de verdade. Outra denúncia que se faz, esta de ordem socioeconômica, é a contraposição da pobreza à vida abastada dos clérigos. Mas a maledicência, a bisbilhotice, a futilidade, a superficialidade, o vazio interior das pessoas, o desejo do poder através da religião, o emprego da religião

como força política e a crítica ao culto da aparência e da convenção também

como força política e a crítica ao culto da aparência e da convenção também se fazem presente nesta obra de Eça de Queirós. Resumo Após a morte do pároco José Miguéis, foi transferido para Leiria um padre jovem chamado Amaro Vieira. Aconselhado pelo cônego Dias, seu mestre de moral no seminário, Amaro foi instalar-se na casa da D. Joaneira. À noite na casa, havia encontros entre beatos e o clero, marcados por jantares, músicas, conversas, jogos e discussões sobre fé. É nesse cenário que padre Amaro encanta-se por Amélia, uma jovem muito bonita e passam a trocar olhares, despertando o ciúme de João Eduardo, noivo da moça.

 O narrador, através de uma retrospectiva, conta que Amaro ingressou no seminário aos

O narrador, através de uma retrospectiva, conta que Amaro ingressou no seminário aos 15 anos, por obediência a sua tia que lhe criara com os preceitos cristãos. Porém, não era esse o seu desejo. Desejava mesmo era estar com uma mulher, chegando até associar a imagem de Nossa Senhora a uma, sentindo desejo por ela. Sendo assim, não por vocação e mais por comodismo, Amaro tornara-se padre. Em Leiria, rezava missas por costume, mas seu pensamento e sua ocupação era Amélia. O primeiro contato físico entre o casal aconteceu numa fazenda da família; Amaro beijou o pescoço de Amélia, e ela saiu correndo. Amaro, com receio de se envolver mais intimamente e todos descobrirem, resolveu se mudar para outra casa. Enciumado pelas visitas de padre Amaro, o então noivo de Amélia escreveu o comunicado “Os modernos fariseus”, onde fez várias acusações contra os padres - inclusive mencionou que o padre Amaro estaria se envolvendo com uma “donzela

desfizesse seu noivado, pois João Eduardo não seria digno. João Eduardo fica sem emprego

desfizesse seu noivado, pois João Eduardo não seria digno. João Eduardo fica sem emprego e, revoltado, dá um soco no jovem padre. Amaro volta a frequentar as reuniões na casa de D. Joaneira e se aproximar de Amélia, sem os olhos enciumados de João Eduardo. Numa oportunidade, voltando de uma visita à casa do cônego que estava doente, os dois param na casa do padre e tem ali sua primeira noite de amor. Dionísia, criada, aconselha ao padre a se encontrar com a jovem na casa do sineiro, onde seria mais discreto. Para o sineiro Tio Esguelhas, Amaro disse que Amélia queria se tornar freira e que ele iria ajudá-la nessa missão. Para a família, Amélia iria ajudar Totó nas lições religiosas. Os dois passam então a se encontrar várias vezes na semana. Ela começa a sentir-se culpada, mas não recusa o padre. Amélia acaba ficando grávida. Aconselhado pelo cônego, a primeira saída seria casá-la com João Eduardo. Este,

porém, tinha vindo para o Brasil. A alternativa é então mandar Amélia junto a

porém, tinha vindo para o Brasil. A alternativa é então mandar Amélia junto a D. Josefa, que estava doente, ao interior até chegar a hora do parto. Quando a hora chegou, Amaro entregou a criança a uma família que tem a fama de matar as crianças que lhe são entregues. E a criança realmente morre. Amélia não suporta ficar longe do filho, acaba também por morrer. Padre Amaro, sem saber o que fazer e tentando fugir dos acontecimentos, muda-se da cidade. Depois de algum tempo, encontra-se casualmente com o cônego Dias e afirma que “tudo passa”.

O crime do Padre Amaro - Trailer

O crime do Padre Amaro - Trailer