DONA GUIDINHA DO POO MANOEL DE OLIVEIRA PAIVA

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“DONA GUIDINHA DO POÇO”, MANOEL DE OLIVEIRA PAIVA PROF. VOLNEY RIBEIRO

“DONA GUIDINHA DO POÇO”, MANOEL DE OLIVEIRA PAIVA PROF. VOLNEY RIBEIRO

O AUTOR MANUEL DE OLIVEIRA PAIVA nasceu em Fortaleza, em 2 de julho de

O AUTOR MANUEL DE OLIVEIRA PAIVA nasceu em Fortaleza, em 2 de julho de 1861, filho de uma tradicional família na capital. Seu romance regionalista, que fora baseado em fato real, no ano de 1853, em Quixeramobim, foi primeiramente, publicado em forma de folhetins de revistas. Porém, o romance só é publicado em forma de livro no ano de 1952. Oliveira Paiva faleceu em 29 de setembro de 1892, vítima de tuberculose.

O QUE ENCONTRAREMOS NA OBRA? Dona Guidinha do Poço resgata elementos da cultura nordestina

O QUE ENCONTRAREMOS NA OBRA? Dona Guidinha do Poço resgata elementos da cultura nordestina e pormenores da vida interiorana, na história de uma mendiga que, no final do século XIX, era alvo de piadas nas ruas, por ter sido condenada pela Justiça de Quixeramobim pelo assassinato do próprio marido. A tragédia inclui elementos de vingança, prisões e mortes.

INSPIRAÇÃO PARA O ROMANCE É a saga da fazendeira Marica Lessa. Ela via foi

INSPIRAÇÃO PARA O ROMANCE É a saga da fazendeira Marica Lessa. Ela via foi descoberta pelo historiador Ismael Pordeus, o qual teve acesso, em cartório de Quixeramobim, ao processo em que a poderosa fazendeira respondeu pelo assassinato de seu marido o Cel. Domingos d´Abreu e Vasconcelos por volta de 1853. A fazendeira poderosa amasiou-se com um sobrinho do marido, Senhorinho Pereira, e contratou o executante do crime contra seu consorte.

INSPIRAÇÃO PARA O ROMANCE Descoberta a trama, a dama foi condenada a muitos anos

INSPIRAÇÃO PARA O ROMANCE Descoberta a trama, a dama foi condenada a muitos anos de prisão, vindo a cumprir sua pena na cadeia pública de Fortaleza. Ao ser solta, semienlouquecida, perambulava pelas ruas da capital até quando morreu como indigente. Foi nessa história real que se baseou Oliveira Paiva para escrever Dona Guidinha do Poço.

INSPIRAÇÃO PARA O ROMANCE Compromissado com a realidade, ele mostra uma história que realmente

INSPIRAÇÃO PARA O ROMANCE Compromissado com a realidade, ele mostra uma história que realmente aconteceu, mudando os nomes dos personagens e acrescentando alguns detalhes ficcionais. Depois, o autor introduz, na sua linguagem, o rico latifúndio linguístico regional. O falar da região aparece como forma de trazer não só o homem, mas principalmente sua fala para o enredo. Além disso, há outra realidade cruciante no romance, que ainda hoje se faz presente na região do semiárido nordestino: a seca.

A SECA E A LINGUAGEM A seca, pois, e o regionalismo margeiam o tempo

A SECA E A LINGUAGEM A seca, pois, e o regionalismo margeiam o tempo todo a saga trágica acontecida na fazenda Poço da Moita. A linguagem do povo está tão presente que se tornou necessária a elaboração de um glossário no final do livro. Com cerca de quinhentos verbetes, esse glossário de termos bem demonstrativos do falar do sertão cearense comprova a preocupação do autor em investigar a vida daquela gente sofrida a partir da sua linguagem.

RESUMINDO. . . Dona Guidinha do Poço é, portanto, um romance comprometido com a

RESUMINDO. . . Dona Guidinha do Poço é, portanto, um romance comprometido com a estética realista. Ele resgata a linguagem regionalista do centro sul cearense, apresenta uma história de paixão e de morte que traz, acompanhando-a, o fenômeno climático da seca, tão marcante na região.

O QUE ESPERAR DO ROMANCE, ENTÃO? Obra de profundidade psicológica e sociológica, valese de

O QUE ESPERAR DO ROMANCE, ENTÃO? Obra de profundidade psicológica e sociológica, valese de um estilo vivo, onde se fundem poesia, reflexão, senso de humor, presença do falar regional nordestino, além do aproveitamento das tradições orais e das narrativas dos contadores de história.

OBRA DE CARÁTER REALISTA-NATURALISTA 1. Interpretação da vida: personagens (causas e feitos); 2. A

OBRA DE CARÁTER REALISTA-NATURALISTA 1. Interpretação da vida: personagens (causas e feitos); 2. A verdade, e não apenas a verossimilhança; 3. Objetividade: o narrador fora da cena; 4. Retrato fiel dos personagens; 5. Critica ao homem e à sociedade; 6. Presença da sexualidade nas obras; 7. Objetivismo: a linguagem deve ser clara e não conter dados subjetivos; 8. Apresentação das realidades sem preocupações morais; 9. Retrato da vida contemporânea (descrições )

FOCO NARRATIVO Narrador sem rosto, voz discretamente onisciente e onipresente. Narrador popular, oral, que

FOCO NARRATIVO Narrador sem rosto, voz discretamente onisciente e onipresente. Narrador popular, oral, que pouco intervém e que tem sua fala própria. Ele abusa do estilo indireto livre. O clássico narrador na terceira pessoa vai nos narrar o que sucedeu no Poço da Moita. O narrador de Dona Guidinha é um homem culto, com belo manejo de língua, conhecedor do latim e que julga desabusadamente a sociedade.

TEMPO DO ROMANCE Dona Guidinha do Poço passa-se em dois anos, distribuídos ao longo

TEMPO DO ROMANCE Dona Guidinha do Poço passa-se em dois anos, distribuídos ao longo dos 5 Livros: dois meses para o Livro I (o amor despontando); um mês para o Livro II (o amor se consuma em posse); onze meses para o Livro III (a paixão cega); novamente um mês para o Livro IV (o drama) e um mês ou mais para o Livro V (desenlace). Um preâmbulo de abertura completa a conta. O tempo cronológico, convencional e linear, com discretos flash backs, é altamente marcado, em dias, meses e até, por vezes, horas.

OBSERVAÇÃO Ao tempo cronológico, exterior, e ao tempo psicológico, interior, soma-se um tempo cósmico,

OBSERVAÇÃO Ao tempo cronológico, exterior, e ao tempo psicológico, interior, soma-se um tempo cósmico, cíclico, marcado pelas estações. Assim o Livro I é o da seca, em março; no Livro II, vêm as chuvas de abril e de maio; o Livro III, o mais extenso, cobre as quatro estações – primavera, verão, outono, inverno e novamente as chuvas; o Livro IV retorna à primavera, e o Livro V, ao verão.

TEMA CENTRAL DA OBRA O tema do romance é o adultério.

TEMA CENTRAL DA OBRA O tema do romance é o adultério.

LINGUAGEM DA OBRA A linguagem existente na obra é mista, pois temos o registro

LINGUAGEM DA OBRA A linguagem existente na obra é mista, pois temos o registro de uma linguagem: * Objetiva e sertaneja: “De primeiro na ribeira de Curimataú (. . . )” (pág. 9, cap. I, livro I) * Cartorial: “Cobre” “Tacho, oito libras. Bacias de cozer doces, de sangria , de dar água as mãos (latão). [. . . ]” (pág. 12, cap. I, livro I) * Transcritiva poética de versos sertanejos: “todo branco que ser rico todo mulato é pimpão; todo cabra é feiticeiro, todo caboclo é ladrão; (. . . )” (pág. 73, cap. III, livro II)

PERSONAGENS PRINCIPAIS

PERSONAGENS PRINCIPAIS

MARGARIDA REGINALDO DE OLIVEIRA BARROS (GUIDINHA) Era uma mulher generosa e voluntariosa. Casada com

MARGARIDA REGINALDO DE OLIVEIRA BARROS (GUIDINHA) Era uma mulher generosa e voluntariosa. Casada com o major Joaquim Damião de Barros. Havia recebido uma herança de seu avô, a fazenda Poço da Moita e outras terras. Apaixona-se por Secundino, sobrinho de seu marido e com quem, supostamente, teve um caso amoroso. Ela manda matar o marido. O crime é descoberto, e ela é presa.

MAJOR JOAQUIM DAMIÃO (MAJOR QUINQUIM) Major secretário da Guarda Nacional, Joaquim Damião, o Quinquim,

MAJOR JOAQUIM DAMIÃO (MAJOR QUINQUIM) Major secretário da Guarda Nacional, Joaquim Damião, o Quinquim, era uma boa alma. Havia casado com Guidinha e com ela dividia a administração das posses. Acolhe na fazenda Poço da Moita o Silveira, um velho conhecido, e um sobrinho. Foi morto covardemente por Naiú, um empregado da fazenda a mando de Guidinha.

SECUNDINO – LUÍS SECUNDINO Um jovem, fugido de Goianinha, em Pernambuco. Acusado como cúmplice

SECUNDINO – LUÍS SECUNDINO Um jovem, fugido de Goianinha, em Pernambuco. Acusado como cúmplice no assassinato do padrasto refugia-se na fazenda de Guidinha. Enamora-se de Lalinha, a filha de um Juiz de Direito. O seu romance com Lalinha não vinga. Envolve-se com Guidinha e ajuda-a no plano de matar o tio.

SILVEIRA Retirante acolhido pelo Major na fazenda Poço da Moita. Trabalha nos serviços da

SILVEIRA Retirante acolhido pelo Major na fazenda Poço da Moita. Trabalha nos serviços da fazenda, é muito irresponsável, mas tem a proteção de Guidinha, já que é amigo de muito tempo de seu marido e de Secundino. Ajuda a tramar a morte de Quinquim.

CAROLINA Esposa de Silveira. Acolhia Secundino em sua casa para que Guidinha fosse vê-lo.

CAROLINA Esposa de Silveira. Acolhia Secundino em sua casa para que Guidinha fosse vê-lo.

LALINHA Filha do Juiz de Direito. Enamorou -se de Secundino. Depois de muito sofrimento,

LALINHA Filha do Juiz de Direito. Enamorou -se de Secundino. Depois de muito sofrimento, casou com o filho do líder do Partido Liberal.

ANTÔNIO Vaqueiro da fazenda Poço da Moita. Impediu que Silveira atacasse o major com

ANTÔNIO Vaqueiro da fazenda Poço da Moita. Impediu que Silveira atacasse o major com uma faca. Perdeu espaço na fazenda para o Silveira. Era um bom homem. Abandonou a fazenda depois do episódio envolvendo o Major e o Silveira.

NAIÚ Empregado da fazenda. Foi ele que, a mando de Guidinha, matou o Major

NAIÚ Empregado da fazenda. Foi ele que, a mando de Guidinha, matou o Major Quinquim.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DA OBRA

CARACTERÍSTICAS GERAIS DA OBRA

PROFUNDIDADE PSICOLÓGICA E SOCIOLÓGICA DOS PERSONAGENS “(. . . ) a avó, mulher do

PROFUNDIDADE PSICOLÓGICA E SOCIOLÓGICA DOS PERSONAGENS “(. . . ) a avó, mulher do primeiro Reginaldo, tão ríspida na educação dos filhos, foi de uma notável frouxidão pra com a neta Guida (. . . ) aos catorze anos (. . . ) Guidinha atravessou o impetuoso Curimataú de margem à margem(. . . )” (pág. 13/14, cap. I, livro I)

FALAR REGIONAL NORDESTINO (TRADIÇÕES ORAIS/ NARRATIVAS DOS CONTADORES DE HISTÓRIA) “(. . . )

FALAR REGIONAL NORDESTINO (TRADIÇÕES ORAIS/ NARRATIVAS DOS CONTADORES DE HISTÓRIA) “(. . . ) Ora, o pobre coitado foi. A igreja estava no escuro, e ele trancou-se por dentro, (. . . ) ele ficou arrepiado com as badaladas do relógio. Antes do relógio acabar de batê, abriu-se um relâmpo, debaixo dói chão, cum trovão terrível. (. . . )” (pág. 57, cap. XII, livro I)

* Paisagem nordestina * Pormenores do cotidiano no sertão * Descritivismo, observação da paisagem

* Paisagem nordestina * Pormenores do cotidiano no sertão * Descritivismo, observação da paisagem * Narrativa linear

DISCURSO DIRETO E INDIRETO “Não parecia contar já com seus trinta e cinco anos

DISCURSO DIRETO E INDIRETO “Não parecia contar já com seus trinta e cinco anos de idade os cabelos, tinha-os de um castanho encrespado (. . . )” (pág. 23, cap. I, livro I) “(. . . ) Onde está o novilho rajado, o Muniz ? A vaca peito duro não veio ao curral? _Inhora, não (. . . )” (pág. 23, cap. I, livro I)

OCORRÊNCIAS DE SINESTESIAS AO LONGO DA NARRATIVA “a voz do vaqueiro serpeava como o

OCORRÊNCIAS DE SINESTESIAS AO LONGO DA NARRATIVA “a voz do vaqueiro serpeava como o rio, e tinha como este marulho e frescura. Sussurrava como as árvores e lembrava o cheiro acre e salutar a monotonia do verde(. . . )” (pág. 68, cap. VIII, do livro I)

PRESENÇA DE ONOMATOPEIAS NO TEXTO “De manhazinha, lá se foi Naiú, balaço, montando seu

PRESENÇA DE ONOMATOPEIAS NO TEXTO “De manhazinha, lá se foi Naiú, balaço, montando seu cavalo (. . )”. (pág. 93 cap. I, livro II)

HOMEM COM PERFIL MORAL E TELÚRICO (DETERMINADO PELA REGIÃO) “(. . . ) _

HOMEM COM PERFIL MORAL E TELÚRICO (DETERMINADO PELA REGIÃO) “(. . . ) _ eu não mulher, não vou me apresentá assim aos homens nessa miséria desgraçada(. . . )” (pág. 20, cap. III, livro I)

PRESENÇA DE UM CARÁTER LÍRICO (REFERÊNCIAS AO PERÍODO TROVADORESCO) “(. . . ) chegou

PRESENÇA DE UM CARÁTER LÍRICO (REFERÊNCIAS AO PERÍODO TROVADORESCO) “(. . . ) chegou a ter novelas e como as mocinhas de quinze anos, na caixinha de adereços, ABC dos namorados (. . . ), glosas toda uma coleção de lirismo do anônimo gosto indígena. (. . . ) Mote Estes meus cinco sentidos Eu em ti tenho empregado Porque não penses, benzinho, Que eu te trago enganado (. . . )” (pág. 107, cap. V, livro III)

ASPECTO DA MULHER REALISTA QUE DIFERE DO PERFIL DA MULHER ROM NTICA “(. .

ASPECTO DA MULHER REALISTA QUE DIFERE DO PERFIL DA MULHER ROM NTICA “(. . . ) casara-se Margarida aos 22 anos (. . . ) (pág 14, cap. I livro I)

ANÁLISE DA OBRA

ANÁLISE DA OBRA

DESCRIÇÃO DA ELITE SERTANEJA Para construir o perfil social da personagem Margarida, Manuel de

DESCRIÇÃO DA ELITE SERTANEJA Para construir o perfil social da personagem Margarida, Manuel de Oliveira Paiva traz a linhagem familiar da fazendeira. “De primeiro havia na ribeira do Curimataú, afluente do Jaguaribe, uma fazenda chamada Poço da Moita. Situada no século passado pelo português Reginaldo Venceslau de Oliveira, passou a filhos e netos. ” (Pág. 29, cap. I, livro I) “[. . . ] Seu pai, o segundo Venceslau, capitão-mor da vila, possuía larga fortuna em gados, terras, ouro, escravos. . . Fora um rico e mandão [. . . ]” (pág. 30, cap. I, livro I, DR)

DESCRIÇÃO DA ELITE SERTANEJA No romance D. Guidinha do Poço, Manuel de Oliveira Paiva

DESCRIÇÃO DA ELITE SERTANEJA No romance D. Guidinha do Poço, Manuel de Oliveira Paiva descreve a casa da fazenda, especificamente, a sala da casa: [. . . ] A sala visitas era mobiliada com rigor. Canapé, cadeiras, mesa com pés de talha. Nas paredes, caiadas, nenhum retrato. Um registro de Santo Antônio e outro de Santa Margarida de Cartona [. . . ] (pág. 65, cap. VII, livro I)

DESCRIÇÃO DA ELITE SERTANEJA Para descrever a sobriedade da casa, mostra o bom gosto

DESCRIÇÃO DA ELITE SERTANEJA Para descrever a sobriedade da casa, mostra o bom gosto de classe. Há descrição também da composição da bandeja na qual é servido o lanche por ocasião da chegada de Secundino, como hábito e costume de vida cotidiana no sertão: “ Pegava na xícara de porcelana e no bule de prata. Vinha leite fervido em um boião. Não eram peças de um aparelho, e sim desencontradas, cada qual mais valiosa e rara, desses objetos que são como quadras de pé de viola, pequeninas preciosidades, que no sertão passam de avós a netos, ficando fora do uso mundano[. . . ]”

OBSERVAÇÃO Apesar de, logo no primeiro capítulo, Oliveira Paiva apresentar quase três páginas de

OBSERVAÇÃO Apesar de, logo no primeiro capítulo, Oliveira Paiva apresentar quase três páginas de um relatório ou um inventário, os bens herdados por D. Guidinha, em ouro (moedas, fivelas, brincos etc); em prata (jarros, bacias, leiteiras, tigelas etc); e em tachos, bacias, sinos); em ferro e em bens móveis (gados e escravos) e imóveis (fazendas e casas etc. ), são nessas passagens que o autor reforça a ideia do luxo em que viviam as classes abastadas do sertão.

PRINCÍPIOS CRISTÃOS E A RELIGIOSIDADE SERTANEJA A religiosidade é uma das principais características na

PRINCÍPIOS CRISTÃOS E A RELIGIOSIDADE SERTANEJA A religiosidade é uma das principais características na vida não só da elite sertaneja, mas de todo sertanejo. Faz-se presente a devoção, a submissão e a generosidade como princípios cristãos, descritos nas seguintes passagens: “O que ela sentia era vontade de ajudá-los, como cristão ajuda a cristão. . . ” “Se recebendo o nome do marido, ela fez tudo o mais que ordena a Santa Madre Igreja, a Deus pertence. ” “Guida assistiu à reza [. . . ]. ” “O terço foi oferecido a Nossa Senhora, em honra ao santo mês de Maria[. . . ]” (Pág. 105, cap. III, livro II)

GUIDINHA X A SOCIEDADE DO SÉCULO XIX

GUIDINHA X A SOCIEDADE DO SÉCULO XIX

MATRIMÔNIO O casamento, durante muito tempo, ocorreu por conveniência, por interesse, pois era visto

MATRIMÔNIO O casamento, durante muito tempo, ocorreu por conveniência, por interesse, pois era visto como um objeto possível de ser atingido por meio de manipulações estratégicas. Já em Guidinha do Poço, Margarida casa-se por vontade própria, sem nenhuma pressão familiar ou social: “Casou-se Margarida, finalmente, aos 22 anos, já morto o velho Venceslau. ” (Pág. 35, cap. I, livro I)

RELAÇÃO DE PODER DENTRO DA INSTITUIÇÃO FAMILIAR De acordo com os princípios patriarcais da

RELAÇÃO DE PODER DENTRO DA INSTITUIÇÃO FAMILIAR De acordo com os princípios patriarcais da época, século XIX, o chefe da casa é quem determina todas as coisas que devem acontecer na casa, ou seja, fica a cargo do homem mandar. Na obra, Guidinha é a matriarca, ela toma as decisões. Quebra, assim, os dogmas e as tradições da época. É “dona do próprio nariz”, uma figura forte e imperiosa, temida até pelo marido, Major Quinquim. [. . . ] o marido levava a mal aquela prodigalidade caritativa [. . . ] Então ela voltou-se friamente: - Eu do que é meu. (Pág. 39, cap. II, livro I)

EDUCAÇÃO As mocinhas do sertão de famílias abastadas, com alto poder aquisitivo, geralmente, eram

EDUCAÇÃO As mocinhas do sertão de famílias abastadas, com alto poder aquisitivo, geralmente, eram mandadas pelos pais para a capital a fim de estudar. “Lalinha [. . . ] filha do Juiz de Direito, educada na capital. ” Em oposição a esse aspecto, Margarida estudava na vila, próximo a fazenda de seu pai. Por ser filha única, eram-lhe feitas as suas vontades. “Aí, na vila, passou Guidinha em companhia da avó, os quatro anos que gastou na escola régia onde aprendeu a ler por cima: o catecismo, as quatro espécies de conta, e a escrever sem apuros”. (Pág. 34, cap. I, livro I)

O ASPECTO PARADOXAL DE GUIDINHA DO POÇO Naquela sociedade, a mulher era apresentada com

O ASPECTO PARADOXAL DE GUIDINHA DO POÇO Naquela sociedade, a mulher era apresentada com uma dualidade comportamental: ora é vista como um ser bom, supremo e generoso, ora como um ser demoníaco, isto é, podia levar o homem à “queda” ou, até mesmo, à morte. No livro D. Guidinha do Poço, a personagem Margarida é retratada como uma figura generosa, bondosa, com sentimentos nobres e, até mesmo, com sentimentos românticos encontrados no Romantismo. “Margarida era extremamente generosa para os retirantes que passam pela sua fazenda. . . Tinha duas escravas incumbidas unicamente de servi-los. ” (Pág. 39, cap. I, Livro I)

O ASPECTO PARADOXAL DE GUIDINHA DO POÇO No trecho a seguir, podemos observar o

O ASPECTO PARADOXAL DE GUIDINHA DO POÇO No trecho a seguir, podemos observar o sentimentalismo de Guidinha ao escrever versos de amor para o sobrinho de seu marido, Secundino: “[. . . ] Vivia por aquele a longos traços, na superexcitação poética do desejo e da saudade, quando por cá a gente gosta de brisas, de luares, de estrelas, de auroras, de nuvens que passam. Chegou a ter novelas e a possuir, como as raparigas de quinze anos, na caixinha dos adereços o ABC dos namorados, décimas, corações com versos e pingos de tinta roxa, glosas, toda uma coleção de lirismo do anônimo gosto indígena. (pág. 147, cap. V, livro III)

O ASPECTO PARADOXAL DE GUIDINHA DO POÇO Em determinadas passagens, é tida como uma

O ASPECTO PARADOXAL DE GUIDINHA DO POÇO Em determinadas passagens, é tida como uma figura do mal, capaz de coisas maquiavélicas, contrastando com sua face generosa e romântica descrita em passagens da narrativa. Vejamos a seguir trechos que demonstram o caráter sombrio na visão do narrador e do próprio marido: “A matrona foi logo dizendo: _ Lulu, mandei-o chamar para um serviço importante [. . . ] Dê cabo de mim ou dele: um de nós deve desaparecer. ” (pág. 224, cap. VI, livro V) “. . . Margarida era como um palácio cuja fachada principal desse para um abismo. ” (pág. 40, cap. I, livro I)

O ASPECTO PARADOXAL DE GUIDINHA DO POÇO A mulher, para os clérigos, era considerada

O ASPECTO PARADOXAL DE GUIDINHA DO POÇO A mulher, para os clérigos, era considerada ser muito próximo da carne e dos sentidos, por isso era vista como uma pecadora em potencial. No início da Idade Média, a maior parte das autoridades eclesiásticas desse período, via a mulher como portadora e disseminadora do mal. A próxima passagem indica exatamente a fala de uma figura eclesiástica: “Vão ver que ela usou de feitiçaria [. . . ] Ora se não é isso! Vão ver [. . . ] Se creio! O inimigo de gênero humano não dorme. E mulheres? Mulheres, mulheres! A nossa mãe Eva que não me deixa mentir. ” (Pág. 36, cap. I, livro I)

RESUMO DA OBRA A paixão entre Secundino e Guidinha fica subentendida. O major Quinquim,

RESUMO DA OBRA A paixão entre Secundino e Guidinha fica subentendida. O major Quinquim, como era popularmente chamado o seu marido, começa a desconfiar do envolvimento dos dois. Acometido de uma doença, ele, então, resolve viajar, mas, antes de ir, põe o Secundino para fora da fazenda.

RESUMO DA OBRA Guidinha resolve vingar-se do marido e, mancomunada com o amante e

RESUMO DA OBRA Guidinha resolve vingar-se do marido e, mancomunada com o amante e Silveira, manda Lulu Venâncio, um assassino da região, matá-lo. Porém, ele desiste na hora. Ao saber que o assassino não tinha matado seu marido, Guidinha, então, manda Naiú, o filho de um empregado, concluir “o serviço”. Dias depois, o major é assassinado.

RESUMO DA OBRA A população revolta-se, querendo “linchar” Naiú. Guidinha é tida como a

RESUMO DA OBRA A população revolta-se, querendo “linchar” Naiú. Guidinha é tida como a mandante do homicídio. O juiz manda prendê-la. Quando está sendo levada para a prisão, atravessa a cidade com arrogância e com coragem. Na prisão, ela não para de pensar no que pode acontecer a Secundino. Ao final, o crime não é totalmente esclarecido, mas Guidinha ficou sendo a única responsável pelo assassinato do marido.

VALEU, GALERA! BOA PROVA!

VALEU, GALERA! BOA PROVA!