Diversidade e Sade Pblica Diversidade Gnero raaetnia e
Diversidade e Saúde Pública Diversidade Gênero, raça/etnia e Saúde Pública – HSM 113 Profs: Simone G. Diniz e Cristiane Cabral (HSM), Luis Eduardo Batista e Suzana Kalckman (Instituto de Saúde) - PAE: Camila Muylaert
Exercício em grupo Reunir em grupos de 4 -5 alunos Responder em grupo, até onde sabem: 1. Quantos filhos minhas avós tiveram? Como (normal ou cesárea), onde, (casa ou hospital) e com quem (parteira ou médico) nasceram? Escolaridade e profissão dos avós. Cor da pele. 2. Quantos filhos minha mãe teve? Como (normal ou cesárea), onde (casa ou hospital) e com quem (parteira ou médico) nasceram? Escolaridade e profissão das mães e pais. Cor da pele. 3. Quantos filhos tenho/quero ter? Como (normal ou cesárea), onde (casa ou hospital) e com quem (parteira ou médico)? Sua profissão, atual ou futura. Cor da pele. Tabulem o resultado do grupo. O que percebem de diferença de uma geração para a outra? O que, na opinião do grupo, explica estas diferenças?
O que aconteceu nestas 3 gerações?
Taxas de fecundidade total, segundo sociodemográficas. PNDS 1996 e 2006. Taxa de fecundidade total 6 Brasil Residência características Anos de estudo 5, 0 1996 2006 4, 2 4 2, 5 2 3, 6 3, 5 2, 8 2, 3 1, 8 3, 0 2, 8 2, 4 2, 1 1, 7 1, 6 1, 5 1, 0 0 Total urbana rural nenhum 1 a 3 4 5 a 8 9 a 11 12 ou mais
Porcentagem de nascimentos ocorridos nos 5 anos anteriores à pesquisa, segundo o planejamento. PNDS 1996 e 2006. 1996 2006 Planejados para aquele momento 18% 22% Planejados para mais tarde Não desejados 54% 51% 26% 28%
Porcentagem de mulheres atualmente unidas e mulheres sexualmente ativas não unidas usando algum método, segundo o tipo de método usado. PNDS 1996 e 2006. 100% 25 23 19 46 Pílula Esterilização feminina 21 25 Camisinha masculina Injeção contraceptiva 30 Coito interrompido 50% 22 15 11 40 29 Tabela/abst. /billings DIU Métodos vaginais 26 12 4 11 4 0% Não está usando método 1996 2006 Mulheres sexualmente ativas não unidas Esterilização masculina 4 Outros métodos 5 Implantes 1996 2006 Mulheres unidas
Porcentagem de mulheres que atualmente usam métodos modernos, segundo a mais recente fonte de obtenção, por método específico. PNDS 2006. 100% 25, 3 75% 10, 7 50% 25% 44, 7 17, 9 14, 2 74, 9 66, 0 21, 3 22, 6 25, 1 15, 7 63, 6 59, 4 36, 4 0% 75, 7 Esterilização feminina Esterilização masculina Serviço de saúde do SUS Serviço de saúde particular DIU Pílula Serviço de saúde ligado a convênio/plano de saúde Farmácia Injeção contraceptiva Camisinha masculina Outra Não sabe/ não respondeu
Porcentagem de mulheres esterilizadas segundo o momento da realização da cirurgia. PNDS 1996 e 2006. 1996 Por ocasião do nascimento do último filho No parto cesário 26% Depois do parto normal Em outra ocasião 2006 15% 32% 59% 9%
Tânia Lago Liliam Lima GRAVIDEZ e PARTO ASSISTÊNCIA ao PRÉ NATAL Percentagens de mulheres com assistência ao pré natal, segundo o número de consultas. PNDS 1996 e 2006. Número de consultas 1 a 3 4 a 6 7+ não sabe Urbana Brasil 0 1996 14 1996 28 29 7 47 26 13 25% 2 54 34 32 0 4 65 6 8 2 48 27 9 5 61 8 2006 1 3 2006 Rural 29 2006 1 4 50% 27 75% 1 100%
ASSISTÊNCIA ao PARTO Percentual de partos hospitalares e de partos assistidos por médicos ou enfermeiras, nos 5 anos anteriores à entrevista. Brasil, Rural e Regiões Norte e Nordeste. PNDS 1996 e 2006. PARTO HOSPITALAR 98 Percentual (%) 100 98 96 92 78 PARTO por MÉDICO ou ENFERMEIRA 97 94 92 82 94 93 88 83 50 73 75 Rural Norte 76 50 Brasil Rural Norte NE 1996 Brasil 2006 NE
Porcentagem de partos cesários nos 5 anos anteriores à entrevista, segundo residência e tipo de serviço de saúde utilizado. PNDS 1996 e 2006. 77 80 1996 Percentual (%) 60 40 36 44 35 42 46 2006 33 20 20 0 Brasil Rural Urbano SUS* Convênio/ privado* *Dado não disponível em 1996.
Ana Segall-Corrêa Letícia Marín-León AMAMENTAÇÃO Percentual de crianças menores de 60 meses alguma amamentadas, segundo residência e região. PNDS 1996 e 2006. 100 Percentual (%) Região Residência 96 98 97 96 96 95 98 97 95 94 93 93 92 92 92 93 92 90 85 Brasil Urbana vez Rural N 1996 2006 NE SE S CO
EDUCAÇÃO Reversão do hiato educacional de gênero (gender gap) Brasil, 1960 -2000 Fonte: Censos Demográficos de 1960, 1970, 1980, 1991 e 2000 do IBGE
Anos 90. 000 80. 000 70. 000 60. 000 50. 000 40. 000 30. 000 20. 000 10. 000 Fonte: UN/ESA 2045 -2050 2040 -2045 2035 -2040 2030 -2035 2025 -2030 2020 -2025 2015 -2020 2010 -2015 2005 -2010 2000 -2005 1995 -2000 1990 -1995 1985 -1990 Mulheres 1980 -1985 1975 -1980 1970 -1975 1965 -1970 1960 -1965 1955 -1960 1950 -1955 Esperança de vida ao nascer, por sexo, Brasil: 1950 -2050 Homens
Reversão do hiato de gênero nos titulados em cursos de doutorado, Brasil: 1996 -2008 CGEE. “Doutores 2010: estudo da demografia da base técnico-científica brasileira” http: //www. cgee. org. br/atividades/redirect. php? id. Produto=6401
Redução do hiato de gênero no mercado de trabalho Taxa de participação na PEA por sexo e grupos etários, Brasil: 1970 -2000 Fonte: Censos Demográficos de 1970, 1980, 1991 e 2000 e PNAD-2007, do IBGE
FAMÍLIAS E DOMICÍLIOS Número médio de pessoas por domicílio e domicílios com cinco ou mais cômodos, Brasil: 1960 -2007 Fonte: Censos demográficos de 1960 a 2000 e PNAD-2007, do IBGE
Distribuição percentual dos arranjos familiares residentes em domicílios particulares, segundo o tipo de arranjo familiar- Brasil - 1996/2006 Fonte: Síntese de indicadores sociais do IBGE, 2008
MULHERES NOS ESPAÇOS DE PODER Reversão do hiato de gênero no eleitorado Brasil: 1980 -2010 Eleitorado feminino: de 22 milhões para 70 milhões de eleitoras Fonte: Tribunal Superior Eleitoral - TSE, (www. tse. gov. br), 2010
Acesso à Internet por sexo e grupos de idade Brasil: 2005
O que é “sexo” e o que é “gênero”, e qual a sua importância em saúde pública? • O conceito de relações sociais de gênero representa um avanço teórico na medida em que busca “desbiologizar” os sexos, abandonando a analise dos papéis desempenhados pelos mesmos em troca da análise do interrelacionamento entre homens e mulheres.
CONCEITO DE RELAÇÕES DE GÊNERO Categoria relacional: o gênero não existe no absoluto e fora do contexto das desigualdades entre homens e mulheres. Construção sócio-cultural: os mecanismos sociais, econômicos e culturais é que são os responsáveis pela estratificação por gênero e não as caracterís-ticas biológicas. O gênero é um elemento constitutivo das relações socais. Relações de dependência, poder e prestígio: a desigualdade de gênero se dá em várias dimensões, pois existem assimetrias e hierarquias nas relações entre homens e mulheres, com diferentes graus de acesso e controle sobre os recursos, com desigualdade no processo de tomada de decisões e com a presença de relações de dominação/subordinação entre os sexos. Hierarquias dos corpos: NARRATIVAS da biologia, medicina, da saúde pública, da psicanálise, da religião, da arte, etc.
Tendências demográficas e de Saúde Pública • Redução da mortalidade e aumento da esperança de vida; • Reversão do hiato de gênero na educação; • Tendências históricas e recentes da população economicamente ativa, segundo características da ocupação e rendimento; • Aposentadorias e pensões; • A questão do uso do tempo e dos afazeres domésticos; • As dificuldades de conciliação entre trabalho produtivo e família; • Família e domicílios; • Autonomia feminina e desigualdades nos espaços de poder; • A presença feminina nos esportes e na mídia; • As questões de violência de gênero e homofobia.
Introdução ao seminário de 13/03
video • http: //doulalondrina. blogspot. com. br/2012/1 1/o-go-completamente-honesto. html
Gênero e saúde materna Maneiras culturais de interpretar as noções de corpo, feminino, masculino, anatomia e fisiologia do parto Os vieses de gênero modulam a assistência e a pesquisa no campo da saúde materna, e se expressam pela: • subestimação dos benefícios do parto fisiológico e da importância dos aspectos psico-sociais do parto • superestimação dos benefícios da tecnologia para “corrigir” o parto (“abordagem correcional”), • subestimação ou na negação dos desconfortos e efeitos adversos das intervenções, na saúde materna e infantil • Estes vieses se expressam no que é visível ou invisível nas variáveis (cegueira de gênero dos modelos explicativos)
Gênero e saúde materna Segurança e saúde perinatal no Brasil O paradoxo perinatal: • SUS, mais tecnologia, universalização do cuidado • a mortalidade materna estagnada, • com aumento do baixo peso ao nascer e da prematuridade • Altas taxas de violência na assistência
O Conceito de “Parto normal” No Brasil, críticas dos movimentos sociais e pesquisadores de classificar como “parto normal” o parto vaginal, com intervenções desnecessárias, dolorosas, sem base em evidências, potencialmente danosas (sequelas) • Relação provedor-serviço e pacientes com aspectos abusivos (abusos verbais, emocionais e físicos) • Negação dos direitos (acompanhantes, privacidade)
“Parto normal”, o conceito atual diferente de “parto vaginal” Um parto normal não inclui: • Cesárea, OU • indução eletiva do parto antes de 41 0/7 sem • analgesia ráqui / combinadas • anestesia geral • episiotomia de rotina • monitoração eletrônica contínua (baixo risco) • má apresentação fetal • fórceps ou vácuo extração
INTERVENÇÕES DURANTE O PARTO Região Litotomia Punção Manobra de Parto Ocitocina Episiotomia Analgesia Venosa Kristeler cesariana Norte 92, 2 64, 9 45, 1 35, 0 37, 2 1, 2 48, 1 Nordeste 91, 7 64, 5 47, 5 42, 4 41, 9 3, 0 46, 9 Sudeste 93, 6 76, 3 54, 2 40, 1 57, 2 17, 3 56, 5 Sul 94, 4 70, 2 48, 6 33, 4 57, 6 7, 0 54, 3 Centro-oeste 96, 5 65, 9 42, 3 43, 2 59, 2 7, 6 60, 1 Localidade Interior 94, 7 69, 1 48, 2 41, 5 51, 6 6, 8 50, 3 Capital 89, 2 70, 1 45, 6 33, 0 46, 9 13, 4 56, 1 Não 93, 3 68, 6 51, 2 38, 4 48, 9 6, 1 43, 6 Sim 93, 9 74, 5 47, 5 39, 8 61, 3 25, 2 79, 2 < 20 93, 3 70, 3 47, 0 46, 5 61, 5 9, 2 38, 0 20 a 34 93, 4 69, 0 37, 0 47, 6 8, 9 54, 4 ≥ 35 92, 0 71, 1 48, 3 54, 3 34, 5 36, 6 9, 5 65, 9 Plano de saúde Idade
INTERVENÇÕES DURANTE O PARTO Litotomia Punção Manobra de Parto Ocitocina Episiotomia Analgesia Venosa Kristeler cesariana Escolaridade Menos que EF 92, 4 66, 0 52, 0 38, 8 38, 9 6, 1 37, 0 EF completo 93, 9 69, 0 48, 5 38, 6 53, 4 7, 5 45, 1 EM completo 94, 1 73, 6 46, 0 40, 0 58, 9 11, 2 60, 7 ES completo 90, 5 73, 4 42, 4 43, 1 63, 8 36, 8 85, 4 Cor da pele Branca 93, 6 72, 3 46, 3 38, 9 57, 1 13, 4 62, 8 Preta Parda/morena/ mulata Amarela/oriental 89, 4 70, 1 47, 0 38, 3 50, 3 7, 8 45, 6 93, 6 68, 1 48, 1 39, 5 47, 2 7, 3 47, 4 93, 6 68, 2 46, 0 42, 9 52, 7 10, 1 53, 0 Indígena 98, 4 70, 0 29, 5 33, 8 11, 4 28, 6 Paridade Primípara 93, 6 76, 0 51, 7 52, 2 68, 8 12, 7 56, 1 Secundípara 93, 3 65, 3 46, 2 33, 2 48, 6 8, 7 53, 8 Terceiro parto 93, 6 65, 2 47, 0 28, 1 31, 5 5, 1 49, 5 4 partos ou mais 91, 7 62, 6 47, 2 24, 6 16, 2 2, 8 35, 5 45, 8
Gênero e seus sentidos no parto Gênero como hierarquia • limpo x sujo, superior x inferior, primitivo x civilizado, decente x indecente, seguro x inseguro
Episiotomia - Ação direta da Rede Parto do Princípio 2011 Efeitos das intervenções (episiotomias, fórceps) são entendidos como se fossem “do parto normal”
Prevenção da dor iatrogência e uso seletivo, criterioso de ocitocina e procedimentos dolorosos Ocitocina de rotina – alto risco materno e neonatal Manobra de Kristeller – muito comum no SUS e setor privado. Riscos, segurança materna e neonatal Litotomia e evolução do período expulsivo Anônima
Mortalidade materna – universalização do cuidado e o paradoxo perinatal
“Chega de parto violento para vender cesárea” Cesárea como (comparativamente) “menos insegura”
Gênero: corpo feminino como incompetente, ameaçador, necessitado de tutela e de correção Movimentos sociais conhecem as evidências científicas, os profissionais frequentemente desconhecem e seguem preconceitos (vieses) de gênero
Consequências para o bebê das diferentes vias de parto • A cesárea bem indicada é um recurso muito importante! Porém o seu excesso produz efeitos adversos • Curto prazo: parto pré-termo, baixo peso ao nascer, dificuldades com amamentação • Médio-longo prazo: aumento de sobrepeso e obesidade, asma, diabetes tipo 1 e outras doenças não-transmissíveis
Epidemias de obesidade e doenças crônicas / não transmissíveis • Epidemias complexas e multifatoriais • Associados ao consumo excessivo de calorias, alimentos nutricionalmente pobres, sedentarismo, outros fatores • Cesárea/ via de parto/ microbioma intestinal: mais um fator
Video: Jonathan Eisen: Encontrem os seus micróbios • http: //www. ted. com/talks/jonathan_eisen_meet_your_microbes. html
VIA DE PARTO E DOENÇAS CRÔNICAS Clin Perinatol. 2011 Jun ; 38 (2): 321 -31 21645799 Cesarean Versus Vaginal Delivery: Long-term Infant Outcomes and the Hygiene Hypothesis.
Configuração da flora intestinal – uma questão de saúde pública
Cesárea e risco aumentado de diabetes tipo 1 nos nascidos
Cesárea e risco aumentado de sobrepeso e obesidade nos nascidos
Cesárea e risco aumentado de asma em crianças e em adultos
Cesárea e doenças crônicas
Relação com a limpeza, dimensões estéticas, noções de ciência e gênero “Antropologia dos micróbios” e necessidade do pensamento interdisciplinar
Interdisciplinaridade e estudos sobre nutrição, saúde e cultura Entender como as mudanças de estilos de vida, tais como a modernização, a globalização, a distribuição de alimentos e migração das zonas rurais para as áreas urbanas estão impactando a saúde e o microbioma humano. Analisar como o cuidado prénatal e neonatal é formada por tradições culturais, e como isso afeta a transmissão intergeracional de micróbios.
Perguntas norteadoras: • O que é “sexo” e o que é “gênero”? • Quais as principais mudanças nas relações de gênero nas últimas décadas no Brasil, e quais suas implicações para a Nutrição? • Como as relações de gênero interagem com as políticas de saúde e nutrição? Cite dois exemplos e justifique. • Como as relações de gênero contribuem para a configuração das políticas de assistência ao parto? Cite dois exemplos e justifique. • Quais as consequências de curto e de longo prazo das cesáreas eletivas, incluindo os problemas nutricionais e metabólicos? • Como as noções gênero se relacionam com a organização da assistência, e com nossa relação com os micróbios e com a transmissão intergeracional do microbioma?
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