Disciplina Fundamentos da Educao Prof Marlene Xavier dos
- Slides: 24
Disciplina: Fundamentos da Educação Profª Marlene Xavier dos Santos 1º Ano de Geografia
Discussão sobre o texto “O mito da caverna” de Platão Subsídios para entendimento do tema: “Senso comum e visão crítica”
- Quem foi Platão? Um filósofo que viveu entre 347 a 428 a. C - O Mito da caverna, narrado por ele, em seu livro VII do República, tem sido uma das mais poderosas metáforas usadas pela filosofia de qualquer tempo, para discutir a questão de que todos nós estamos condenados a ver sombras à nossa frente e pior, tomá-las como verdadeiras.
→ Essa poderosa crítica à condição humana escrita há quase 2500 anos atrás inspira até hoje reflexões a esse respeito, sendo a mais recente, a obra premiadíssima de José Saramago “A caverna”, que por sua vez inspirou o filme “Ensaios sobre a cegueira”
→ Sobre a condição humana, na obra de Platão . Ele imaginou os homens (a humanidade), todos presos desde a infância, no fundo de uma caverna, imobilizados, obrigados pelas correntes que os atavam a olharem sempre a parede em frente. O que veriam então? ?
→ Supondo a seguir que existissem algumas pessoas, uns prisioneiros, carregando para lá e para cá, sobre suas cabeças, estatuetas de homens, de animais, vasos, bacias e outros vasilhames, por detrás do muro onde os demais estavam encadeados, . . .
havendo uma escassa iluminação vindo do fundo do subterrâneo, disse que os habitantes daquele triste lugar só poderiam enxergar o lusco-fusco das sombras daqueles objetos, surgindo e se desfazendo diante deles. Era assim que viviam os homens, concluiu ele. (. . . )
. . . Acreditando que as imagens fantasmagóricas que apareciam aos seus olhos (que Platão chama de ídolos), eram verdadeiras, tomando o espectro (fantasma/ilusório) pela realidade. Assim, concluía ele: a existência desses homens era inteiramente dominada pela ignorância (agnóia).
→ Qual a saída para se libertar desses grilhões? - ainda segundo ele, alguém resolvesse se libertar daquela condições, o que lhe sucederia?
Ao sair da caverna, chegando do lado de fora, num primeiro momento, ele nada enxergaria. . . ofuscado pela extrema luminosidade do exuberante Hélio, o Sol, que tudo pode, que tudo provê e vê. Mas, depois. . .
. . mas depois, aclimatado, ele desvendaria aos poucos, como se fosse alguém que lentamente recuperasse a visão, as manchas, as imagens, e, finalmente, uma infinidade outras de objetos maravilhosos que o cercavam. Assim. . .
→ ainda estupefato, ele se depararia com a existência de um outro mundo, totalmente oposto ao do subterrâneo em que fora criado. Então. .
O universo da ciência (gnose) e o do conhecimento (episteme), por inteiro, se escancarava perante ele, podendo então vislumbrar e embever-se com o mundo das formas perfeitas (tal qual como ele é, e não uma fantasia).
As etapas do saber . Com essa metáfora, ele quis mostrar muitas coisas, uma delas é que é sempre doloroso chegar-se ao conhecimento, tendo-se que percorrer caminhos bem definidos para alcançá-lo, pois romper com inércia da ignorância (agnosis), requer sacrifícios.
A primeira etapa a ser atingida é a da opinião (doxa), quando o indivíduo que ergueu-se das profundezas da caverna tem o seu primeiro contato com as novas e imprecisas imagens exteriores. - Neste primeiro instante, ele não as consegue captar na totalidade, vendo apenas algo impressionista flutuar à sua frente. Persistindo porém, com seu olhar inquisidor, ele finalmente poderá ver o objeto na sua integralidade, com os seus perfis bem definidos. Aí então ele atingirá o conhecimento (episteme)
- Essa busca não se limita a descobrir a verdade dos objetos, mas algo bem mais superior e profundo: chegar a contemplação das idéias morais que regem a sociedade – o bem (agathón), o belo (to kalón) e a justiça (dikaiosyne)
Representação das etapas do saber, segundo “O mito da caverna” de Platão Conhecimento (episteme) Opinião (doxa) Ignorância (agnosis)
. - segundo ele, há pois dois mundos: O VISÍVEL: é aquele em que a maioria da humanidade está presa, condicionada pelo lusco-fusco da caverna, crendo, iludida que as sombras são realidade
→ O INTELIGÍVEL: É para bem poucos. Os que conseguem superar a ignorância em que nasceram, rompendo com os ferros/grilhões que os prendiam ao subterrâneo, ergueram-se para a esfera da luz (topo da pirâmide) em busca das essências maiores do bem e do belo.
O visível seria ainda, o império dos sentidos, captado pelo olhar e dominado pela subjetividade, já o inteligível é o reino da inteligência, percebido pela razão. O primeiro é o território do homem comum (a maioria – base da pirâmide o outro é a do homem sábio (filósofo), que volta -se para a objetividade, descortinando um universo diante de si.
O desconforto do sábio. . . Platão então pergunta, pela (boca de Sócrates, personagem central do diálogo de A República sobre o que aconteceria se este ser que saiu e descobriu as maravilhas do mundo, dominado por Hélio, o fabuloso universo inteligível, descesse de volta à caverna? Como seria recebido pelos demais? Certamente que os que se encontram encadeados faria deboche dele, pondo em dúvida a existência desse tal outro mundo que ele disse ter visitado. Seria hostilizado. Isso significa um desconforto do homem sábio quando é obrigado a conviver com os demais homens comuns. Não acreditam nele, chamam-no de excêntrico, quando não de doido (a maioria dos cientistas, artistas, inventores, e tc. . . )
→ Quais as alternativas então, segundo Platão? - O sábio deveria desistir, por conta deste desconforto? Do riso, do deboche, se afastando do convívio social? Não, dizia ele: o conhecimento do sábio deve ser compartilhado com seus semelhantes - a liberdade que os sábios parecem gozar não é para eles “se voltarem para o lado que lhes aprouver, mas para fazê-los concorrem ao fortalecimento do laço do Estado”, dizia Platão.
O governo dos sábios. . . → Platão não ficou apenas na recomendação de que os sábios devem socializar o conhecimento. Ousou ir além, dizendo que, exatamente pelo fato dos filósofos saberem distinguir a imagem da realidade, o falso do verdadeiro, é que deveriam ser chamados para a regência da sociedade. . . Visto que, para ele, a presença deles, impediria as tentações/sedições dos rivais em busca de atender interesses pessoais e não coletivos; → Para ele então, o governo da cidade, caberia aos mais instruídos e aos que manifestam mais indiferença ao poder, ainda que seja a característica do sábio “o desprezo pelos cargos públicos”, justamente porque já tiveram contato com o bem, o belo e justo.
O mundo visível -A sua geografia limita-se ao espaço sombrio da caverna - Caracteriza-se pela escuridão, é um mundo de sombras, de lusco-fusco, de imagens imprecisas (ídolos) - Nele o homem se encontra encadeado/preso, constrangido a olhar só para a parede na sua frente, ficando com a mente embotada, preocupando-se apenas com as coisas mesquinhas do seu dia-a-dia - Homem aqui é o dominado pelas sensações e pelos sentidos primários - em situação de desconhecimento e ignorância (agnosis) - condição em que se encontra o homem comum O mundo invisível -É todo universo fora da caverna, o espaço composto pelo ar e pela terra inteira - Dominado pela claridade exuberante de Hélio, o Sol que tudo ilumina com seus raios esplendorosos, permitindo a rápida identificação de tudo, alcançando-se assim a ciência (gnose) e o conhecimento (episteme) - Plenitude do homem liberto da opressiva caverna, podendo investigar e inquirir tudo ao seu redor conhecendo enfim as formas perfeitas - Homem orientado pela inteligência e pela razão - Em condições de cultivar a sabedoria e a busca pela verdade e pelo ideal da junção do bem com o belo - condição do filósofo
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