Danielle Fabra Mariana Moura Patrcia Martins Rayssa Rojas
Danielle Fabra Mariana Moura Patrícia Martins Rayssa Rojas Tamires Fernandes
A NATUREZA SOCIAL DO DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO Publicado no Caderno Cedes n. 24, em 1991. Maria Cecilia Rafael de Góes v Graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1969). v Mestrado e Doutorado em Psicologia pela Universidade de São Paulo (1975). v Livre-docência pela Universidade Estadual de Campinas (1996). v Trabalha com Psicologia Educacional, atuando também nas seguintes sub-áreas: psicologia do desenvolvimento humano, ensino-aprendizagem e educação especial.
v O sujeito constitui suas formas de ação e sua consciência nas relações sociais. v O início do desenvolvimento acontece quando o plano intersubjetivo permite elevar as formas de ação individual. v Diante de um objeto inacessível, a criança apresenta os movimentos de alcançar e agarrar. Esses movimentos são naturalmente interpretados pelo adulto e, através da ação deste, o objeto é alcançado pela criança. Com isso, os movimentos da criança afetam a ação do outro e não o objeto diretamente. v O desenvolvimento é construído sobre o plano das interações, já que o sujeito faz uma ação que tem, inicialmente, um significado compartilhado. v Vygotsky busca explicitar processos através do qual o desenvolvimento é socialmente formado.
DESENVOLVIMENTO E AÇÃO INTERNALIZADA v Funções psicológicas se consolidam no plano de ação entre sujeitos, transformando-se para constituir o funcionamento interno. v Plano intra-subjetivo é um modo de funcionamento que se cria com a internalização, e não um plano de consciência preexistente. v Os meios empregados pelo outro para regular a ação do sujeito, mais os meios empregados pelo sujeito para regular a ação do outro, são transformados em meio para o sujeito regular a própria ação. v Sendo assim, o funcionamento interno resulta de uma apropriação das formas de ação.
v A auto-regulação nasceu da relação de/pelo outro - fundamento do ato voluntário. v Uma das análises de Vygotsky é especificar o movimento da internalização. v A fala egocêntrica surge a partir da fala multifuncional - em que a fala do outro dirige a atenção e a ação da criança, fazendo com que ela também use a fala para afetar a ação do outro - e do aperfeiçoamento da fala na regulação de/pelo outro - em que a criança começa a falar para si. v Referências passam a corresponder a uma forma de descrição e análise da situação. Depois elas organizam e guiam a ação, assumindo uma função auto-reguladora.
v A criança, através da fala, passa a tomar sua própria ação como objeto – evidenciando a interdependência, tanto da evolução da fala como da ação inteligente. v A fala multifuncional diferencia as funções comunicativa e individual - é o uso frequente da fala para regular as próprias ações. v O plano intra-subjetivo de ação - que pode regular e mediar outras ações – é formado pela internalização das capacidades originadas no plano intersubjetivo. v Já o plano intersubjetivo não é o plano “do outro”, mas o da relação do sujeito com o outro.
MECANISMOS PELOS QUAIS AS EXPERIENCIAS DE APRENDIZAGEM CRIAM O DESENVOLVIMENTO v Conceito de zona de desenvolvimento proximal corresponde à distância entre as práticas que uma criança já domina e as que ela ainda precisa de ajuda. v. As experiências consolidam e autonomizam as formas de ação e abrem zonas de desenvolvimento proximal. v. Visão de desenvolvimento mais prospectiva que retrospectiva, que focaliza o potencial da criança e considera o conhecimento que ela já consolidou.
v A aprendizagem que se origina no plano intersubjetivo forma o desenvolvimento. v. A experiência tem que permitir conhecimentos de um grau maior de generalidade em relação ao grau do conhecimento do sujeito e, para determinar isso, há duas dimensões: o espaço de abrangência de aplicação do conhecimento ao real e o nível de sua independência em relação ao imediato-concreto, ao sensível. “A boa aprendizagem é aquela que consolida e sobretudo cria zonas de desenvolvimento proximal sucessivas”
O DESENVOLVIMENTO E O SUJEITO INTERATIVO v A intersubjetividade participa da construção das formas de ação autônoma ou da autoregulação. v Não se concebe uma construção individual sem a participação do outro e do meio social, o que torna imprescindível a relação intersubjetiva – pois é nesse espaço relacional que há a possibilidade do conhecimento. O conhecimento do sujeito: Não é dado do externo para o interno. Não é cópia viva do objeto. Não está centrado em recursos apenas individuais. É construído na Interação sujeitoobjeto socialmente mediada. NÃO É UM SUJEITO PASSIVAMENTE MOLDADO PELO MEIO. “O sujeito não é passivo nem apenas ativo: é interativo”
v A criança é um ser social que se faz indivíduo ao mesmo tempo que incorpora formas maduras de atividade de sua cultura. Individualiza-se e se socializa. v Os processos de incorporação da cultura e individuação permitem a passagem de formas elementares de ação para as formas complexas/superiores. v As Formas Superiores – responsáveis por distinguir os humanos dos animais - são alcançadas de modo descontínuo, os avanços são resultados de revoluções interiores. v Ao nascer o ser humano possui apenas as funções elementares. Na convivência com o meio social e cultural, a criança gradativamente vai aprendendo e, consequentemente, desenvolvendo as funções superiores.
ALGUMAS QUESTÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS Vygotsky propõe um programa metodológico que consiste em estudar o comportamento em mudança e as condições sociais de produção dessa mudança. Diretrizes Metodológicas na Teoria de Vygotsky: v Comportamento em mudança e as condições sociais - focalizar, num dado momento, a relação entre o nível de capacidade do sujeito e as ações entre sujeitos que podem afetar seus conhecimentos e estratégias. v Foco de análise no plano social atuação de outros (interação) v Processo - plano intersubjetivo v Significação da ação do outro. consideração do funcionamento do sujeito e da intra-subjetivo.
Tais diretrizes atribuem uma posição central na investigação psicológica dos conceitos de internalização e desenvolvimento proximal. v Internalização Galperin - 1989 Amplia este conceito propondo a ocorrência de um processo implicando determinadas fases. Estas envolveriam, inicialmente, a realização da ação - de maneira mais explicitada - para a esfera de representação da fala, primeiro ocorrendo no plano intersubjetivo e depois no intrasubjetivo. E finalmente, a transferência dessa representação para o discurso interior Davydov e Andronov - 1981 Observações dos autores na análise de atos envolvidos em operações matemáticas realizadas por crianças pequenas: ações motoras pouco compactadas e transformadas em símbolos ampliação do papel da palavra. Conclusão: a transição de atos materiais para atos ideais – plano mental – relaciona-se com o uso de meios de simbolização e que essa transformação leva a um movimento recorrente de “coisa-ato-palavra-ato-coisa”. v Desenvolvimento Proximal Cole - 1985 O autor, ao discutir o desenvolvimento proximal, tomou como indicador da internalização o grau crescente do controle das ações pelo sujeito a partir de ações partilhadas.
REFLEXÕES DA AUTORA v Pesquisas Empíricas Complexas e Indagações Importantes: - Necessidade de expansão e especificação. - Preocupação com o lugar dos agentes no plano interativo. - Maior elaboração do papel do sujeito. - Reflexão teórica e pesquisa empírica. - Ideias centrais atuais e promissoras, porém complexas. v Sobre Vigotsky: “A nosso ver, seu caráter promissor está na proposição de diretrizes, no lançamento de bases novas para a compreensão da atividade humana. Seu valor não pode ser buscado na completude mas na linha programática inovadora e instigante que traz para a investigação e no apontamento de caminhos alternativos para os campos de aplicação. ”
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