CONTRIBUIES DA NEUROPSICOLOGIA PSICOPEDAGOGIA CLNICA E INSTITUCIONAL INTRODUO
CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPSICOLOGIA À PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL
INTRODUÇÃO À NEUROPSICOLOGIA
Neuropsicologia: • • • Conceituação, Objetivos e Aspectos Históricos, Principais estudos sobre a relação mente e cérebro.
As grandes conquistas da biologia e da fisiologia no sec. XIX, mostraram a importância das ligações entre os fenômenos mentais e o sistema nervoso central. Durante a primeira metade do sec. XX, foram surgindo evidências mostrando que o modo de perceber uma situação podia influenciar o comportamento e que a aprendizagem não era tão simples como os behavioristas acreditavam. Na década de 80, os psicólogos cognitivos, os neurocientistas, os cientistas da computação se uniram para desenvolver uma visão integrada da mente e do cérebro. As várias áreas de pesquisa se solidificaram, e os conceitos psicológicos se somaram aos de outras ciências. Se constituiu a neuropsicologia
CONCEITOS: Neuropsicologia é a área especifica da Psicologia que Neuropsicologia tem como objetivo peculiar a investigação do papel de sistemas cerebrais individuais em formas complexas de atividades mentais. ( Luria, 1981) Neuropsicologia estuda as relações entre cognição e Neuropsicologia comportamento e a atividade do sistema nervoso, tanto em condições normais quanto patológicas. (Nitrini, Caramelli e Mansur, 1996) Neuropsicologia aborda as expressões comportamentais de Neuropsicologia disfunções cerebrais. (Lezak, 1995) Neuropsicologia visa o estudo dos distúrbios Neuropsicologia cognitivos, emocionais e comportamentais, bem como o estudo dos distúrbios de personalidade , provocados por lesões do cérebro, que é o órgão do pensamento e, portanto, a sede da consciência (Gil, 2002 e Mello, 1996)
OBJETIVOS: Em geral, podemos dizer que os principais objetivos da neuropsicologia são três: 1) Do ponto de vista clínico, o projeto de procedimentos diagnósticos ou baterias de lesão cerebral (Lezak, 1995). 2) Em nível teórico, o estabelecimento de uma correlação entre as áreas cerebrais e subjacentes funções psicológicas (Kertesz, 1983). 3) Em um nível prático, o desenvolvimento de procedimentos de reabilitação.
IMPORTANTE: O Conselho Federal de Psicologia reconhece a Neuropsicologia como especialidade em Psicologia para finalidade de concessão e registro do título de Especialista. . Art. 2º - O título concedido ao psicólogo será denominado "Especialista em Neuropsicologia". Art. 3º - A especialidade de Neuropsicologia fica instituída com a seguinte definição: Atua no diagnóstico, no acompanhamento, no tratamento e na pesquisa da cognição, das emoções, da personalidade e do comportamento sob o enfoque da relação entre estes aspectos e o funcionamento cerebral.
OBJETIVOS: Resolução CFP Nº 002/2004 de 03 de março de 2004. O objetivo teórico da neuropsicologia e da reabilitação neuropsicológica é ampliar os modelos já conhecidos e criar novas hipóteses sobre as interações cérebrocomportamentais. Trabalha com indivíduos portadores ou não de transtornos e seqüelas que envolvem o cérebro e a cognição, utilizando modelos de pesquisa clínica e experimental, tanto no âmbito do funcionamento normal ou patológico da cognição, como também estudando-a em interação com outras áreas das neurociências, da medicina e da saúde.
Os objetivos práticos são levantar dados clínicos que permitam diagnosticar e estabelecer tipos de intervenção, de reabilitação particular e específica para indivíduos e grupos de pacientes em condições nas quais: a) ocorreram prejuízos ou modificações cognitivas ou comportamentais devido a eventos que atingiram primária ou secundariamente o sistema nervoso central; b) o potencial adaptativo não é suficiente para o manejo da vida prática, acadêmica, profissional, familiar ou social; ou c) foram geradas ou associadas a problemas bioquímicos ou elétricos do cérebro, decorrendo disto modificações ou prejuízos cognitivos, comportamentais ou afetivos.
- Através da História, vários pesquisadores se perguntavam como o homem aprendia e como o cérebro funcionava para aprender. - Para Aristóteles, o cérebro só servia para resfriar o sangue. - Os egípcios guardavam em vasos as vísceras e jogavam o cérebro fora, pois não tinha serventia. - Os assírios acreditavam que o centro do pensamento estava no fígado. - No séc IV, a. C o médico grego Hipócrates surge com a demonstração de que o cérebro se dividia em dois hemisférios e que neles estavam todas as funções hemisférios biológicas e da mente.
Galeno (130 -200 d. C), propôs uma das primeiras teorias do funcionamento cerebral, mas foi Descartes ( séc. XVII) que desenvolveu a primeira teoria influente de que a mente e o corpo são separados, mas interligados. Essa posição filosófica foi chamada de Dualismo Cartesiano. No séc, XVII, já estava praticamente estabelecido de que o cérebro controlava as funções do corpo e a partir disso, surgiu a idéia de relacionar estruturas e funções cerebrais. O interesse era descobrir se determinadas áreas do cérebro tinham funções específicas. Em, 1664 o médico inglês Thomas Willis, escreveu o livro “Anatomia Cerebral”, um dos livros mais importantes da história das ciências. Através de dissecações e observações, começou a descobrir as verdadeiras funções de algumas estruturas cerebrais. Em, 1861, o anatomista Paul Broca, teve a oportunidade de descrever o cérebro de um paciente com distúrbio acentuado de fala motora e mostrou que havia uma lesão no terço posterior cerebral desse paciente. Em 1873, o psiquiatra alemão Carl Wernicke, afirmou ter encontrado o centro de entendimento da fala, chamada desde então área de Wernicke.
Em 1880, os neurologistas e psiquiatras eram capazes de organizar “mapas funcionais” do córtex cerebral e que o problema da relação entre a estrutura cerebral e a atividade mental estava resolvido. Era a chamada teoria localizacionista. Porém, essa teoria foi questionada por muitos cientistas, pois em seus estudos constataram problemas comportamentais em pacientes portadores de lesões em partes bastante diversas do cérebro. Segundo Luria (1981) “O exame das estruturas de sistemas funcionais em geral e das funções psicológicas superiores em particular, levou-nos a uma visão completamente nova das idéias clássicas de localização da função mental no córtex humano. Enquanto funções elementares de um tecido podem, por definição, ter uma localização precisa em agrupamentos celulares particulares, não se coloca evidentemente o problema da localização de sistemas funcionais complexos em áreas limitadas do cérebro ou de seu córtex”
Diante dessa afirmação, podemos compreender que as funções mentais , como sistemas funcionais complexos, não podem ser localizados em zonas estreitas do córtex ou em agrupamentos celulares isolados, mas devem ser organizadas em sistemas de zonas funcionando em concerto, desempenhando cada uma dessas zonas o seu papel em um sistema funcional complexo, podendo cada um desses territórios estar localizado em áreas do cérebro completamente diferentes e frequentemente distantes uma da outra. Isso, na pratica significa que o sistema funcional como um todo pode ser perturbado por uma lesão de um número muito grande de zonas e também que ele pode ser perturbado diferentemente em lesões situadas em diferentes locais.
- Com os experimentos de Luria e outros, chegou-se ao Paradigma do Cérebro em Ação. O ponto de mutação se encontra no fato de que, antes, os dois – Homem e Cérebro – estariam – Homem e Cérebro – dissociados e, agora, não mais. Integram-se dinamicamente, constituindo o sistema funcional do ser Humano em ação para aprender, interagir e se relacionar com o meio que o cerca.
- A necessidade de conhecimento sobre o sistema nervoso cresceu fantasticamente nas últimas décadas. - Esta demanda levou a OMS a eleger os anos 90 como a Década do Cérebro.
Principais estudos sobre a relação mente e cérebro. Ø Estruturalismo – Wundt - 1879 Busca compreender a estrutura da mente, analisando-a em sues componentes constitutivos. Os estruturalistas acreditavam que o entendimento dos elementos básicos da consciência proporcionaria a base científica para o entendimento da mente. Ø Funcionalismo – William James Preocupa-se mais com o modo pelo qual a mente opera, do que com o que a mente contém. Se deveria concentrar mais nos processos de pensamento em lugar de concentrar-se em seus conteúdos.
Psicologia Experimental – Ivan Pavlov Abordagem empírica para o entendimento dos eventos mentais. Behaviorismo – Watson A única investigação científica possível em psicologia era o estudo do comportamento. Estruturalistas e funcionalistas, e interessados ainda na díade mente e comportamento, frente às constatações da influência dos processos cognitivos sobre o comportamento, inspiraram o surgimento da psicologia cognitiva, responsável por estudos relacionados á percepção, intelecto e memória por exemplo.
A psicologia cognitiva pode ser definida como um ramo da psicologia que busca explicar cientificamente esses processos e por isso está ligada diretamente à neuropsicologia. Os psicólogos cognitivos estudam as bases biológicas da cognição, a atenção, a consciência, a percepção, memória, linguagem , inteligência.
APLICAÇÕES A neuropsicologia avalia a função cerebral a partir do comportamento cognitivo, sensorial, motor, emocional e social do indivíduo. Aborda as expressões comportamentais de disfunções neurológicas (Lezak, 1995) Estuda as relações entre cognição e comportmento e a atividade do sistema nervoso, tanto em condições normais quanto patológicas (Nitrini, Caramelli e Mansur, 1996)
Vale lembrar: Cognição é tudo que envolve os processos mentais relacionados a: ATENÇÃO MEMÓRIA Cognição LINGUAGEM PERCEPÇÃO FUNÇÕES EXECUTIVAS
ATENÇÃO – é a capacidade de concentrar-se em determinado estímulo ou situação. Em outras palavras, dirigimos nossa atenção para o estímulo que julgamos ser importante num exato momento. Os outros estímulos que não os principais, passam a fazer parte do “fundo” não sendo mais os focos na atenção. MEMÓRIA- é a capacidade de armazenar informações, lembrar delas e utilizá-las no presente. O bom funcionamento da memória depende inicialmente de do nível de atenção. A memória pode ser classificada de forma simples, de acordo com a duração e os tipos de informação envolvidos: memória de curto prazo: armazena (numa quantidade limitada) informações por alguns minutos. memória de longo prazo: tem uma capacidade maior para o armazenamento de informações, que permanecem com o indivíduo durante longos períodos, podendo até ficar guardadas indefinidamente
memória episódica: fazem parte desse conjunto os eventos vivenciados pela pessoa que os recorda, em um determinado tempo e lugar, por exemplo, uma viagem de férias memória semântica: corresponde ao conhecimento de fatos da vida em geral, como o idioma falado, o significado das palavras, o nome de objetos e que não têm qualquer ligação com as experiências dotadas de algum tipo de emoção, como descrito na memória episódica. - memória procedural: esse tipo de memória é ligado ao conhecimento de procedimentos corriqueiros e automáticos, por exemplo, lembrar como se toca um instrumento musical, andar de bicicleta, vestir-se, etc. LINGUAGEM- é uma função que usamos todos os dias, durante a maior parte do tempo, seja através da linguagem oral (numa conversa) ou da escrita (ao ler ou escrever um texto). O conceito de linguagem é definido pelo uso de um meio organizado de combinar as palavras a fim de se comunicar, embora a comunicação não se constitua unicamente num processo verbal. As formas não-verbais, como gestos ou desenhos também são capazes de transmitir idéias e sentimentos.
PERCEPÇÃO- é uma função cognitiva que se constitui de processos pelos quais o sujeito é capaz de reconhecer, organizar e dar significado a um estímulo vindo do ambiente através dos órgãos sensoriais. FUNÇÕES EXECUTIVAS- compreendem um conceito neuropsicológico que se aplica às atividades cognitivas responsáveis pelo planejamento e execução de tarefas. Elas incluem o raciocínio, a lógica, a estratégias, a tomada de decisões e a resolução de problemas. Podemos concluir que todas as funções cognitivas interagem entre si e que as funções executivas reúnem todas as funções anteriores. Por exemplo, quando resolvemos um problema, utilizamos todas as funções cognitivas. Por exemplo, ao detectar um cheiro de fumaça (atenção), ele vai reconhecer (percepção) de acordo com o que já foi aprendido (memória) que esse pode ser um sinal de incêndio; a partir de então ele busca estratégias para solucionar o problema, como primeiro se certificar do que se trata, manter a calma, retirar as pessoas do local, e chamar por socorro (funções executivas).
Ao lado dos avanços conquistados pela neurocirurgia, neurofisiologia e pelas técnicas de diagnóstico por neuro imagem, a Neuropsicologia vem clarificar a enigmática relação existente entre funcionamento cerebral e atividades psicológicas superiores, como percepção, memória, linguagem, atenção entre outras, considerando tanto as variáveis biológicas quanto as socioculturais e psicoemocional como constituintes do ser humano.
Para identificar alterações no desenvolvimento cognitivo e comportamental de origem neurológica nas crianças, existe a neuropsicologia infantil, que através de uma abordagem própria, auxilia no tratamento de disturbios cognitivos e comportamentais decorrentes de alterações no funcionamento do Sistema Nervoso Central.
Com parte do conhecimento do desenvolvimento e funcionamento normal do cérebro, permite-se a compreensão de alterações cerebrais, como no caso de disfuncões cognitivas e de comportamento resultante de lesões, doenças ou desenvolvimento anormal do cérebro. “Essas disfunções podem estar relacionadas ao sistema nervoso central da criança, como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), esquizofrenia, dislexia, discalculia, autismo e cefaléias”. Existem também distúrbios que são adquiridos ao longo da vida. “Ocorrem por razões externas ou orgânicas, como traumatismos ocasionados por acidentes, epilepsias, desordens tóxicas, doenças endócrinas e deficiência vitamínica, por exemplo.
Exemplos de distúrbios
DISTÚRBIOS DA ATENÇÃO: TDAH O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Sintomas em crianças e adolescentes: As crianças com TDAH, em especial os meninos, são agitadas ou inquietas. Freqüentemente têm apelido de "bicho carpinteiro" ou coisa parecida. Na idade pré-escolar, estas crianças mostram-se agitadas, movendo-se sem parar pelo ambiente, mexendo em vários objetos como se estivessem “ligadas” por um motor. Mexem pés e mãos, não param quietas na cadeira, falam muito e constantemente pedem para sair de sala ou da mesa de jantar. Elas também tendem a ser impulsivas (não esperam a vez, não lêem a pergunta até o final e já respondem, interrompem os outros, agem antes de pensar). Freqüentemente também apresentam dificuldades em se organizar e planejar aquilo querem ou precisam fazer.
Sintomas em adultos: A existência da forma adulta do TDAH foi oficialmente reconhecida apenas em 1980 pela Associação Psiquiátrica Americana. E, desde então inúmeros estudos têm demonstrado a presença do TDAH em adultos. Os adultos com TDAH costumam ter dificuldade de organizar e planejar suas atividades do dia a dia. O portador de TDAH fica com dificuldade para realizar sozinho suas tarefas, principalmente quando são muitas, e o tempo todo precisa ser lembrado pelos outros sobre o que tem para fazer. Isso tudo pode causar problemas na faculdade, no trabalho ou nos relacionamentos com outras pessoas. A persistência nas tarefas também pode ser difícil para o portador de TDAH, que freqüentemente “deixa as coisas pela metade”. Além desses sintomas, podem estar presentes outras manifestações : labilidade afetiva, temperamento explosivo e impaciência.
DISTÚRBIOS DE MEMÓRIA Envelhecimento normal: Os transtornos da memória, associados ao envelhecimento normal, tendem a refletir um declínio generalizado na eficiência com a qual a informação é processada e acessada. Doença de Alzheimer: Nos estágios iniciais, os pacientes demonstram apenas comprometimento da memória, uma condição conhecida como comprometimento cognitivo leve (CCL). Esse comprometimento da memória inicia-se insidiosamente e progride gradativamente ao longo do tempo. Embora seja difícil diferenciar as alterações de memória, relacionadas ao envelhecimento normal do CCL e da doença de Alzheimer à observação casual, os testes neuropsicológicos podem auxiliar no diagnóstico precoce. Demência do Lobo Frontal: Quando os déficits de memória surgem, normalmente ocorrem no contexto de baixo desempenho no planejamento, na organização, atenção e flexibilidade mental. Capacidade de sustentar a atenção e as estratégias de aprendizado são ineficazes; no entanto, não existem evidências de esquecimento rápido das informações, como visto na demência da doença de Alzheimer.
Síndrome Amnéstica de Korsakoff: Os pacientes com SAK demonstram inteligência praticamente normal e boa memória de curto prazo, no entanto existe um comprometimento grave da capacidade de codificar novas informações no nível da memória de longo prazo. Muitos pacientes também apresentam amnésia retrógrada grave, com piora gradual ao longo do tempo. Déficits de Memória Relacionados ao uso de Medicamentos: Vários medicamentos comumente empregados na prática clínica podem comprometer o funcionamento da memória, especialmente em idosos. Acredita-se que a disfunção cognitiva induzida por medicamentos é uma das causas mais comuns de demência reversível nestes pacientes.
DISTÚRBIOS DE LINGUAGEM: Afasia- Afasia é a perda da linguagem decorrente de lesão cerebral que, na maior parte das vezes, ocorre do lado esquerdo do cérebro. As lesões cerebrais mais comuns s que causam a afasia, geralmente são os acidentes vasculares cerebrais, isquêmicos ou hemorrágicos. Mas podem existir outras causas para a afasia, como tumores ou traumatismos cranianos provocados por acidentes automobilísticos, por armas de fogo ou por quedas graves. Podem ser de 2 tipos: expressão(Afasia de Broca) ou compreensão (Afasia de Wernicke) Os afásicos podem ser classificados em dois grandes grupos: os com dificuldade de compreender a linguagem e os que não tem capacidade de expressão. Entre esses dois extremos, há uma variedade enorme de situações. Por exemplo: a pessoa não consegue nomear os objetos quando necessário, embora a palavra saia na fala espontânea e automática. Ou, então, apresenta discurso telegráfico e só fala as palavras-chave (casamento, Maria, ontem), pois perdeu os traços gramaticais e sintáticos da língua.
Dislalia- A dislalia é o transtorno de linguagem mais comum, o mais conhecido e o mais fácil de se identificar. A maioria dos casos de dislalia ocorre na primeira infância, entre os 3 e os 5 anos, quando a criança está a aprender a falar. Se caracteriza pela dificuldade de articulação de palavras. A criança com dislalia pronuncia algumas palavras de forma incorreta, omitindo, trocando, distorcendo ou acrescentando fonemas ou sílabas às mesmas. Atraso na linguagem- É um atraso na emissão das palavras, na expressão do pensamento ou da vontade da criança. É considerado atraso de linguagem o de crianças que até 1 ano e meio não dizem palavras isoladas ou que aos 2 anos não formam frases. Outros problemas de articulação – Disartria – problema articulatório que se manifesta na forma de dificuldade para realizar alguns ou muitos dos movimentos necessários à emissão verbal; linguagem tatibite – distúrbio de articulação (e também de fonação) em que se conserva voluntariamente a linguagem infantil; rinolalia – ressonância nasal maior ou menor que a do padrão correto da fala, que pode ser causada por problemas nas vias nasais, vegetação adenóide, lábio leporino ou fissura palatina.
DISTÚRBIOS DE PERCEPÇÃO : Agnosias - refere-se à perda da capacidade de reconhecimento de estímulos nas modalidades sensoriais visual, auditiva e na somestésica na ausência de comprometimento do nível de consciência e da sensibilidade. As estruturas anatômicas essenciais para os processos normais de percepção incluem os córtices primários visual, auditivo e somestésico e as respectivas áreas de associação unimodais. - Agnosia visual- incapacidade de reconhecimento visual de objetos na ausência de disfunções ópticas. - Agnosia auditiva- Incapacidade de reconhecimento e distinção de sons na ausência de quaisquer déficits auditivos - Astereognosia- Incapacidade de reconhecimento de objetos pelo tato, na ausência de disfunção sensitiva.
Ilusões: As ilusões perceptivas ou sensoriais resultam de uma deformação dos estímulos reais, tratam-se de erros quanto à natureza do objeto. Alucinações. Como as agnosias resultam de fatores internos, levando doente a ter percepções sem objetos, confundindo-o com a própria realidade.
DISTÚRBIOS DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS O comprometimento das habilidades executivas, pode compreender alterações cognitivo-comportamentais diversas, associadas ao prejuízo de seus processos componentes, tais como dificuldades na seleção de informação, distratibilidade, dificuldades na tomada de decisão, problemas de organização, comportamento perseverante ou estereotipado, dificuldade no estabelecimento de novos repertórios comportamentais, dificuldades de abstração e de antecipação das conseqüências de seu comportamento, impondo uma série de problemas à vida diária. Observase também prejuízos em habilidades de planejamento, memória evocativa e em linguagem expressiva.
AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
CONCEITO: A avaliação neuropsicológica é o estudo detalhado das funções cognitivas, emocionais e comportamentais através de um conjunto de testes psicométricos e neuropsicológicos, e procedimentos padronizados. Hoje, a avaliação neuropsicológica, baseia-se na localização dinâmica de funções tendo por objetivo a investigação das funções corticais superiores, como por exemplo, a atenção, a memória, a linguagem, entre outras, não se importando somente em identificar e localizar lesões cerebrais focais.
OBJETIVOS: Auxiliar no diagnóstico diferencial; Estabelecer a presença ou não de disfunção cognitiva; Localizar alterações neurológicas sutis; Delinear o perfil cognitivo em casos de diagnóstico já determinado; Identificar déficits e determinar como eles afetam o funcionamento geral do indivíduo; Auxiliar o médico no diagnóstico de transtornos neuropsiquiátricos; Planejar o tratamento de reabilitação de pessoas com transtornos de aprendizagem, vítimas de lesão cerebral, transtornos psiquiátricos ou qualquer outra condição em que exista uma limitação cognitiva ou de comportamento que interfira em sua adaptação
PRINCIPAIS FUNÇÕES AVALIADAS: Orientação, percepção visual; Atenção, memória e aprendizagem; Linguagem e funções verbais; Habilidades acadêmicas, destreza viso-motora; Organização e planejamento, cálculo e raciocínio lógico; Percepção e funções motoras; Humor, comportamento, personalidade;
INDICAÇÕES: Traumatismo Crânio Encefálico (TCE); Acidente Vascular Cerebral (AVC); Distúrbios da memória e atenção; Distúrbios psiquiátricos ou neuropsiquiátricos; Distúrbios do desenvolvimento ou da aprendizagem; Efeitos do uso crônico de drogas e substâncias tóxicas;
A contribuição deste exame na criança é extensiva ao processo de ensino-aprendizagem, pois permite estabelecer algumas relações entre as funções corticais superiores, como a linguagem, a atenção e a memória, e a aprendizagem simbólica (conceitos, escrita, leitura, etc. ).
INSTRUMENTOS UTILIZADOS: Qualitativos Quantitativos entrevista e avaliação global testes psicométricos A avaliação neuropsicológica não se limita a aplicação de testes psicométricos e neuropsicológicos organizados em baterias, mas objetiva, também, avaliar a relação destes achados com a patologia neurológica e/ou comportamental e em estabelecer a possível área cerebral envolvida. A interpretação cuidadosa destes resultados deve ser associada à análise da situação atual do sujeito e do contexto onde vive.
Estes são alguns testes de avaliação neuropsicológica: • D 2 – Atenção Concentrada, entre os 9 e os 52 anos; • Figuras Complexas de Rey, entre os 4 e os 7 anos, de aplicação individual ; • Teste Wisconsin de Classificação de Cartas, entre os 6 anos e meio e os 18 anos, de aplicação individual; • WAIS – III – Escala de Inteligência Wechsler para Adultos, entre os 16 e os 89 anos, de aplicação individual; • WISC-III – Escala de Inteligência Wechsler para Crianças, entre os 6 e os 16 anos, de aplicação individual; • CMMS – Escala Maturidade Mental Colúmbia, entre os 3 anos e 6 meses e os 9 anos e 11 meses, de aplicação individual; • TIG-NV – Teste de Inteligência Geral não Verbal, entre os 10 e os 79 anos, de aplicação individual ou coletiva.
TESTES E FUNÇÕES AVALIADAS Memória
RAVLT- Teste de Aprendizado Auditivo Verbal de Ray O teste consiste de uma lista com 15 substantivos – lista a. Esta lista é lida para a criança cinco vezes consecutivas e, ao final de cada leitura a criança deverá dizer todas as palavras que lembrar. Posteriormente é lida uma lista de interferência com outros 15 substantivos – lista b. A criança então deverá dizer todas as palavras que lembra desta segunda lista. Em seguida a criança mais uma vez diz as palavras da lista a que lembra, mas desta vez sem que o avaliador leia a lista a. Após 20 minutos é novamente solicitado à criança que relembre as palavras da lista a, mais uma vez sem a reapresentação desta. Por fim, apresenta-se à criança uma lista impressa que avalia a memória de reconhecimento, contendo 50 palavras, e ela deverá circular as palavras que recordar, tanto os substantivos da lista a quanto os da lista b.
Inteligência
Escalas Wechsler- capacidade intelectiva global WAIS - escalas Wechsler de inteligência para adultos ( 16 anos ou mais) WISC III- escalas Wechsler de inteligência para crianças ( 6 à 16 anos) WPPSI- escalas Wechsler de inteligência para crianças préescolares ( 4 à 6, 5 anos) Séries de perguntas e respostas padronizadas que medem o potencial do indivíduo em áreas intelectuais diferentes, como: -nível de informação sobre assuntos gerais - interação com o meio ambiente -capacidade de solucionar problemas cotidianos
Exemplo do subteste "Cubos" WISCIII. A Escala de Inteligência Wechsler para Crianças WISC-III, foi desenvolvida levando em consideração a concepção da inteligência como uma entidade agregada e global, ou seja, capacidade do indivíduo em raciocinar, lidar e operar com propósito, racionalmente e efetivamente com o seu meio ambiente. Os subtestes avaliam diferentes aspectos do funcionamento intelectual e os resultados globais são convertidos em QI.
Testes de Inteligência não-verbal Matrizes Progressivas de RAVEN Avaliação da capacidade de exatidão e clareza do raciocínio lógico com poder de discriminação nos níveis mais altos de inteligência; Investigação de déficits psiconeurológicos.
O objetivo é descobrir as relações que existem entre as figuras e imaginar qual das 8 figuras apresentadas completaria o sistema. Para cada resposta certa, recebe 1 ponto. O total de pontos é o escore obtido pelo sujeito. Este é transformado em percentil com o uso de uma tabela, dentro da escala escolhida.
Lobos parieto-occiptais Figura Complexa de Rey-Osterrieth Avalia: - organização viso-espacial (percepção); - Planejamento e desenvolvimento de estratégias; - Memória.
A Figura A é aplicada a crianças a partir dos 8 anos A Figura B é aplicada a crianças entre os 4 e os 7 anos Figura A Figura B
Lobo Frontal WCTS- Wisconsin Card Sorting Test (Wisconsin de Classificação de Cartas) – a partir de 6 anos de idade Esse teste é freqüentemente utilizado em processos de avaliação neuropsicológica. Examina as funções executivas do lobo frontal: planejamento, flexibilidade do pensamento, memória de trabalho, monitoração e inibição de perseverações.
Os testes são mais um instrumento de investigação e na interpretação dos resultados devem ser avaliados os aspectos afetivos e sociais do sujeito, além de outros fatores que possam ter interferido nos resultados. Também devemos , para termos um resultado fidedigno, somar ao resultado dos testes, os exames de imagem, neurológico e neurofisiológicos, além de ter o cuidado de utilizar mais de um teste na avaliação de uma função. De acordo com a resolução do Conselho Federal de Psicologia Nº 25/2001, os Testes Psicológicos são instrumentos de avaliação ou mensuração de características psicológicas, constituindo-se em um método ou técnica de uso privativo do psicólogo, em decorrência do que dispõe o parágrafo 1º do Art. 13 da Lei nº 4. 119/62. Sendo assim, somente o profissional de psicologia está autorizado a comprar e utilizar testes psicológicos.
Alguns sites úteis para consulta: www. magopsi. com. br www. casadopsicologo. net
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