CONSTRUO COMERCIALIZAO MANEJO Autor Wilson Luiz Cantieri Bilogo
CONSTRUÇÃO COMERCIALIZAÇÃO MANEJO Autor: Wilson Luiz Cantieri (Biólogo)
Índice 1 - Introdução á ranicultura 2 - A criação de rãs 3 - Reprodução em cativeiro 4 - Eclosão em cativeiro 5 - Pré Girinagem 6 - Engorda de girinos 7 - Metamorfose 8 - Pré Engorda de rãs 9 - Engorda de rãs 10 - A área destinada ao ranário 11 - Construção dos galpões 12 - A água 13 - Manejo 14 - Higienização do ranário 15 - Manutenção dos galpões 16 - Comercialização 17 - Comercialização de subprodutos 18 - Comercialização de animais vivos 19 - Abatedouro 20 - Propriedades da carne de rã 21 - Legislação 22 - Fale conosco
1 - INTRODUÇÃO Á RANICULTURA A criação de rãs no Brasil inicio-se de um modo rústico e precário na década de 40, sem grandes mudanças no segmento até 1993, quando o ranário Santa Clara deu início á uma nova hera da ranicultura brasileira, pesquisando e investindo em um sistema de criação inédito no meio aquícola nacional. Entre as rãs comercializadas para o consumo humano, se destaca a “Lithobates catesbeianus”, conhecida no Brasil como “RÃ TOURO GIGANTE”, é apreciada por sua carne tenra, melhor desenvolvimento de carne nas pernas e menor tempo de engorda em confinamento. A criação de rãs em cativeiro não é fácil! Não podemos esquecer que este animal não foi geneticamente adaptado para a vida no confinamento. É um animal nativo que retirado da natureza, sofre com essas mudanças. Sendo assim devemos dar o máximo de natureza possível, ou então imitar muito bem a natureza para seu melhor conforto. Somente assim estaremos cobrindo as exigências que a criação requer. Esta dificuldade é encontrada em qualquer criação de animal silvestre, por isso é que no decorrer dos anos, cientistas e pesquisadores de todo o mundo, se preocupam com a adaptação de animais silvestres em confinamento, modificando geneticamente seu desenvolvimento a fim de tirar o melhor proveito da criação. A ranicultura no Brasil desperta enorme interesse junto a produtores investidores e grandes empresas, devido a seu elevado potencial reprodutivo, à eficiência de sua conversão alimentar e ao bom retorno financeiro com a venda de sua carne e outros subprodutos para os mercados interno e externo (Lima; Agostinho, 1989). Embora a ranicultura brasileira tenha se desenvolvido rapidamente nos últimos anos, graças principalmente ao aperfeiçoamento das instalações e às técnicas de manejo, ainda não se conseguiu obter resultados na área de melhoramento genético. ( Adriana Sacioto Marcantônio).
A “RÃ TOURO GIGANTE” “Lithobates catesbeianus”, originaria do Sul do Canadá e Norte dos Estados Unidos, passa a maior parte de sua vida num ambiente com temperaturas abaixo de 0ºC, levando em média 2 anos para atingir sua maturidade iniciando assim seu ciclo reprodutivo. Diferente do ambiente que a “RÃ TOURO”, encontrou no Brasil, trazidas as primeiras, diretamente para o Estado do Rio de Janeiro, modificaram aí seus hábitos de origem, chegando á maturidade em apenas 6 meses, e em algumas regiões próximas ao equador, (com maior tempo de luz) á reproduzir 2 vezes ao ano. Não podemos dizer que a ranicultura é uma atividade profissional como qualquer outra. Isto porque estamos falando de uma criação nova, que tem apenas 70 anos de desenvolvimento, contra mais de 500 anos no caso do frango, (que ainda sofre modificações genéticas). No caso da rã podemos dizer que seguimos no amadorismo, onde cada um dos criadores procuram solucionar seus próprios problemas, ajudando no desenvolvimento técnico da criação. Para se iniciar na ranicultura é necessário que se cumpra (5) condições básicas indispensáveis: 1 – Possuir uma propriedade rural. É de fundamental importância que o iniciante tenha uma propriedade rural, e que saiba que não se pode criar animais em área urbana. 2 - Ter água na propriedade. A água na ranicultura é o principal fator de sucesso ou decepção na criação. É importante que o criador conheça sua água. Através de análise para a produção de organismos aquáticos, só assim, o criador poderá corrigir e melhorar sua produção. 3 - Capital. Como qualquer outro negócio a ranicultura exige um certo investimento, que pode variar em cada situação como: disponibilidade do iniciante, quantidade de água no local, programação da produção e a região que se pretende criar. Todos estes fatores influenciarão no custo final do projeto.
4 - Conhecimento. Um dos principais pontos que debatemos neste tipo de criação é a pouca importância que o iniciante da ao conhecimento para começar bem na atividade. Antes de qualquer investimento na área, recomendamos que o iniciante faça cursos, visitas a ranários e discuta com criadores sobre os risco do negócio. 5 - Dedicação pessoal do criador. “O olho do dono é que engorda o porco”. Este velho ditado é muito antigo, que nossos avós já diziam, e cabe muito bem na ranicultura. Vimos no decorrer destes anos que a grande maioria, não obtém sucesso na atividade, por não dar a devida importância à criação como um negócio comercial, deixando nas mãos de empregados e fazendo visitas de finais de semana em seu ranário. As condições acima são essenciais para a redução de problemas com a criação, que requer paciência e perseverança. Quanto ao mercado, podemos garantir que ainda hoje existe uma escassez do produto, que faz com que o preço de venda do produtor rural, seja no mínimo 3 vezes maior que seu custo total de engorda. Esta situação propicia aos menos profissionais a abaterem seus animais de qualquer forma, não se importando com as exigências sanitárias que o abate requer. Assim sendo orientamos os futuros criadores que busquem as normas do “SIF” (Serviço de Inspeção Federal ) ou algum abatedouro com inspeção para beneficiar seus produtos.
2 - A CRIAÇÃO DE RÃS A criação de rãs no Brasil já esta atingindo um bom nível profissional, levando o criador a ter um melhor resultado no desenvolvimento e engorda do animal. A reprodução de rãs em cativeiro acompanha as necessidades e exigências que o animal busca na natureza. O macho quando da época do acasalamento busca um local propício onde vai encontrar condições favoráveis para o ato de reprodução, afastando seus concorrentes e atraindo a fêmea através do seu coaxo. São (4) estas exigências: 1 - Água mais quente: Encontrada na beira dos lagos ou em poças d’água, local com menor volume de água. 2 - Água parada: Encontrada na beira dos lagos ou em poças d’água, local onde não passa correnteza, protegendo assim sua prole. 3 - Água limpa : Também encontrada na beira dos lagos ou em poças d’água, onde a água é mais clara. 4 - Nível d’água: Na natureza o macho procura sempre um apoio para iniciar o ato de reprodução, e encontra na beiradas dos lagos profundidades não superior a 15 cm que atenderá sua necessidade em respirar fora d’água ao subir sobre a fêmea para o inicio do “amplexo” (forma de pseudocópula entre os anuros, onde o macho sobe sobre o dorso da fêmea).
O macho sobe sobre a fêmea abraçando seu corpo friccionando com os dedos (calo nupcial) até a postura, em seguida fertiliza os ovos, colocando o fluido que contém o esperma por cima da desova e assim fecundando-os. Sendo assim, no confinamento devemos dar estas 4 condições básicas para que as rãs possam se reproduzir, sem grandes traumas, e com melhor aproveitamento das desovas. Obs. : Notamos que na natureza o número de ovos por desova é sempre superior ao da reprodução em cativeiro, que chega a diminuir em cerca de 40% na quantidade de ovinhos. Um dos motivos está relacionado à alimentação ministrada, atualmente através de ração de engorda para rãs, desenvolvida para animais de abate com teor protéico muito alto e com excesso de calorias. Até o momento não dispomos de uma ração exclusiva para reprodutores, sendo que a ração de engorda faz com que o animal pese mais que os nativos, prejudicando assim o desempenho das matrizes no cativeiro. A eclosão dos ovos na natureza propicia um bom aproveitamento da desova, porém no cativeiro alcançamos um aproveitamento de até 92% do total dos ovos para eclosão. Esta técnica desenvolvida pelo ranário Santa Clara tem se mostrado bastante eficiente, no decorrer destes anos de atividade, sendo considerado o melhor manejo para eclosão dos ovos. Para que tenhamos o mesmo aproveitamento como encontramos nos lagos , deixamos, as desovas durante um total de 3 dias na área de reprodução, totalmente cobertas e protegidas da invasão das matrizes, nos motéis. Neste local, a desova receberá constantemente uma passagem de água em sua parte inferior com temperatura constante de 24ºC. Passados os 3 dias, aí sim serão transportadas para a área de eclosão que em bandejas especiais terão troca de água constante, temperatura controlada em 24ºC e alimentação a base de “Plânctons”, durante um período de 15 dias de vida. No 16º dia os girinos irão para bandejas de “Pré-Engorda de Girinos”, onde continuaram á receber uma ração a base de “Plânctons”, através da água fornecida, porém observando uma troca de 30% (máximo) semanal e ração com 28% de proteínas, permanecendo neste ambiente até cumprirem 45 dias de vida, sempre com a temperatura de água constante em 24ºC. Obs. : Em ambientes equipados com estufa agrícola, não haverá necessidade de controle artificial da água durante as fases de crescimento, tanto dos girinos como na engorda de rãs.
Com 45 dias de vida os girinos irão adquirir uma melhor sobre vida, sendo transferidos para a área de “Engorda de Girinos”, em tanques redondos, sendo 1 girino para cada litro de água, devidamente preparados para manter a “Engorda de Girinos”. Neste ambiente deverão receber uma ração a base de proteínas animal, com 28% de proteínas, para peixes onívoros, misturada à água com “Plânctons”. Obs. : A ração deverá ser fornecida em pó extra fino, servidas em dosagem diárias sendo monitorado o arraçoamento através do consumo. (ideal 2 vezes ao dia) IMPORTANTE. : FAZER UMA ANÁLISE DA ÁGUA A CADA SAFRA, ACOMPANHANDO O DESENVOLVIMENTO DE PROTOZOÁRIOS, QUE DEVERÃO MANTER O AMBIENTE EM HOMEOSTASE. Devendo permanecer nestes tanques por mais 30 dias, até cumprirem a idade de 3 meses de vida. A metamorfose natural é observada há muitos anos por cientistas, percebendo que o animal se transforma totalmente, modificando internamente todo o seu organismo e externamente onde irá adquirir membros superiores e inferiores. A criação de rãs se diferencia de outras criações porque no final, criamos dois animais para tiram um. Diferente de outras criações que sempre serão os mesmos animais, desde a hora do nascimento até o abate. No nosso caso criamos primeiramente um girino, que respira por brânquias, é vegetariano e vive dentro d’água, depois se transforma em uma rã que é carnívora, respira por pulmões e vive fora d’água. Sendo este um dos principais motivos que torna a criação de rãs mais difícil comparada a de outros animais, dificultando também o trabalho de pesquisa e modificações genética nesta criação. Sendo assim nos baseamos na natureza para desenvolver a área de metamorfose, que obedece às necessidades que o animal requer para a transformação, sem estresse. Após a transferência dos tanques de engorda de girinos, estes permanecerão na metamorfose até a realização da transformação, onde diariamente as ranzinhas serão transferidas para a área de “Pré-Engorda de Rãs”, através da condução por via aquática. Para se obter um melhor resultado na área de “Pré-Engorda de Rãs” é necessário que a água tenha em torno de 28ºC de temperatura, com 36ºC no ambiente e 80% de umidade relativa do ar, recebendo ração a base de proteína animal de 45%, sendo que a ração deverá ser específica para peixes carnívoros com bitola de 2 mm a 4 mm para inicial e 6 mm a 10 mm para as acima de 80 grs. Nesta área é fundamental que haja uma divisão para selecionar os animais que se desenvolvem precocemente evitando assim o canibalismo entre a espécie.
As rãs deveram permanecer neste ambiente por mais ou menos 60 dias onde atingiram o peso de 70 a 90 gramas. Na área de engorda deve-se tomar o cuidado em distribuir os animais uniformemente, já pré-selecionados por tamanho, e no máximo 70 rãs por m². Neste ambiente a temperatura de água deverá estar em torno de 28ºC e a temperatura ambiente em 36ºC com uma umidade relativa do ar (mínima) em 80%, recebendo sempre uma alimentação a base de ração com teor protéico de 45%, porém com granulação de 6 mm, nos primeiros 15 dias e 10 mm para o final de engorda (ração para peixes carnívoros). Nesta área os animais deverão permanecer por 30 dias, cumprindo o ciclo de 6 meses, da reprodução até o tamanho para o abate. Neste período as rãs deverão atingir o peso entre 200 á 240 grs. em média, obtendo assim uma carcaça de aproximadamente 120 grs, que é a média ideal para venda no mercado interno. Como nas fases anteriores, deve-se tomar o cuidado no transporte destes animais, sempre em caixas plásticas fechadas com pequenos orifícios para ventilação, evitando ao máximo o “stress” causado pelo manejo. Todo cuidado na criação ajudará a evitar a mortalidade de animais, trazendo para o criador um aumento substancial da capacidade produtiva de seu negócio. As principais modificações que ocorreram na ranicultura, com relação à alimentação, surgiram a partir da década de 80. Atualmente são utilizadas rações comerciais, formuladas e balanceadas, na sua maioria, a partir do conhecimento das exigências nutricionais de peixes, uma vez que ainda não se dispõe de informações suficientes sobre as necessidades nutricionais das rãs. Para se balancear uma dieta, visando a determinação das exigências nutricionais de qualquer animal, é necessário que se conheça a habilidade deste em utilizar os alimentos que farão parte da dieta, ou seja, a digestibilidade do alimento.
3 - REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO As rãs separadas como reprodutores, deverão ser previamente selecionados por tamanho, idade e peso. Observando seu desempenho, desde o inicio como girinos até seu crescimento na engorda de rãs. Reprodutores adquiridos em ranários deverão sair com uma garantia do vendedor, que se responsabilizará pela qualidade do animal. É importante também salientar que todo animal selecionado como matriz, não deverá ser parente de seu parceiro, caso contrário o criador terá perdas no plantel como alta mortalidade, animais defeituosos e inibição no crescimento. r M roduto p e r acho
ÁREA DE REPRODUÇÃO
A área de “REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO” procura atender as necessidades do animal como as condições que a rã encontra na natureza. Sendo assim desenvolvemos a área acima que manterá o animal confinado e atendendo as 4 necessidades básicas para a reprodução como: profundidade não mais que 15 cm, água aquecida, água limpa e parada, adequados para a reprodução em cativeiro. O ambiente coberto por estufa plástica receberá um aquecimento natural, mantendo a média de 36ºC e a umidade relativa em aproximadamente 80%. O criador deverá fazer o manejo sempre pela manhã, protegendo as desovas, (que deverão se manter não mais que 2 dias neste ambiente, retirar as que já eclodiram, fazer a limpeza do local, se necessário com troca de água e abastecer os vibradores com ração). Após este serviço que deverá ser sempre pela manhã, o criador deverá evitar ao máximo a entrada neste ambiente, deixando os animais acostumarem com a rotina e os períodos que terão sem a presença humana. A manutenção neste ambiente deverá ser feita sempre que necessária, porém mantendo o cuidado de não “estressar” os animais. Caso esta manutenção demore muito tempo, recomenda-se à retirada destas matrizes, transferindo-as para um outro local, como por exemplo, a área de engorda, sempre em baias separadas. A diferença entre o macho e a fêmea da rã é facilmente notada nesta área, que por possuir animais de maior porte, facilita a identificação, sendo que periodicamente deverá ser feito levantamento da quantidade de machos e fêmeas no recinto. DIFERENÇAS DO MACHO E DA FÊMEA: 1 - O macho possui os tímpanos maiores que os olhos. (circulo encontrado ao lado dos olhos) 2 - O macho, na época de reprodução tem o papo amarelo enquanto a fêmea tem o papo branco. 3 - O macho possui uma calosidade nos dedões dianteiros, conhecidos como “CALO NUPCIAL”. 4 - Somente o macho coaxa, sendo que a fêmea é muda. Neste ambiente cada casal de rãs poderá desovar a cada 6 meses, (em regiões com maior luminosidade ex. : Goiás para cima) ou a cada ano nas regiões mais distantes do equador. A alimentação deverá ser ministrada uma só vez ao dia, procurando não deixar com que as matrizes engorde exageradamente, o que fará com que caia a qualidade e a produção de ovos. Nesta caso o ideal será fornecer ração não superior a 28% de proteínas.
Macho Fêmea
4 - ECLOSÃO EM CATIVEIRO Quando as desovas forem transferidas para a área de eclosão, deverão ser divididas em bandejas de 40 cm X 60 cm, tomando sempre o cuidado em não deixar os ovinhos sobrepostos, o que poderá ocasionar um aumento expressivo de embriões mortos antes da eclosão. O criador deverá ter um cuidado especial com os animais desta área, sabendo que aí estará o início de todo seu projeto de trabalho. O sucesso conseguido na eclosão de girinos refletirá diretamente no montante das rãs produzidas na safra. A eclosão bem administrada tem um aproveitamento de até 98%. s a e 15 di d Girinos
Eclosão
Esta área tem uma importância fundamental, na sobrevida dos girinos, sendo que é aí que estes animais tomarão seu primeiro contato com a vida no confinamento. Não diferente das outras fases os girinos deverão dispor das condições ideais similares as encontradas na natureza, recebendo água limpa e de boa qualidade com p. H entre 6, 8 e 7, 2, com troca de água e alimentação 100% a base de “PLANKTONS”. (Não sirva ração nesta fase) No primeiro dia o criador deverá distribuir as desovas em quantas bandejas forem necessárias, acrescentando um dedo de água a cada dia, durante os 7 primeiros dias. No oitavo dia o criador deverá substituir a bandeja por uma bandeja com cachimbo (monge) onde manterá a água anterior, acrescentando mais água até alcançar o nível de 12 cm na nova bandeja. A partir dai, esta água deverá ser trocada 30% diariamente. A permanência dos animais nesta área será de 15 a 20 dias mantidos nas bandejas, recebendo a alimentação através da água e com temperatura ao redor de 28ºC no ambiente. A transferência destes animais após o cumprimento de seu ciclo, deverá sempre ser nas próprias bandejas, e a água que os receberá na fase seguinte deverá manter a temperatura aproximada aos 28ºC. A higienização dos utensílios desta área deveram ter um cuidado maior, sendo estes previamente limpos antes de receber novos lotes, esta limpeza se fará com água limpa e deixadas +- 2 hs em sol forte. Toda criação depende do carinho que o criador dispensa a seus animais. A manutenção deste local deverá ser feita sempre que necessária, procurando manter os cuidados em não cair produtos ou instrumentos dentro das bacias. A qualidade da água é o mais importante, a mortalidade nesta fase ocorre em sua grande maioria pela falta de cuidados com a qualidade da água. A produção de “PLANKTONS” será fundamental para o desenvolvimento dos girinos.
5 - PRÉ GIRINAGEM A área de “PRÉ GIRINAGEM” dará continuidade á área de eclosão, propiciando ao animal um desenvolvimento melhor e mais rápido, isso se dá pelo aumento no volume de água, passando o lote da bandeja de eclosão, com 7 litros de água, com mais ou menos 2500 girinos, para um tanque com 250 litros de água. Sabemos que o maior dificuldade na girinagem está no período de 20 á 40 dias de vida dos girinos, por isso para continuar a manter um ambiente ideal para este animal, será oxigenar os tanques através da circulação de água, manter a alimentação a base de “PLANKTONS” com ração em pó com 55% de proteína, para peixes onívoros, 2 vezes ao dia (uma colher de sopa, distribuída no tanque através de peneira plástica). Esta área, garante uma produção de até 96%, com mortalidade não superior a 4%. É importante mantes alguma vegetação aquática, que ajudará na redução do nitrogênio, do meio, e também na produção de protozoários, em suas raízes, essenciais para a nutrição dos girinos. O criador dispensará pouco mais de ½ hora por dia para o manejo dos girinos desta fase, preocupando-se somente com a alimentação, manutenção e a transferência destes animais após o 30 dia da entrada neste setor para a área de “Engorda de Girinos”. A temperatura da água exigida para esta fase é de 24ºC, que fará com que os girinos atinjam a medida de +- 4 cm após 45 dias de vida. Também a “PRÉ GIRINAGEM” servirá para a retenção do crescimento destes animais, somente baixando a temperatura da água para aproximadamente 19ºC, e diminuindo a alimentação em +- 20%. Desta forma os animais poderão ser estocados para um término de engorda final futura.
Caixa de Fibra de 250 L com girinos de 30 dias Tanques de Fibra da área de pré girinagem
Cada tanque de pré girinagem receberá 250 l de água e acolherá até 2. 500 girinos. A higienização destes tanques deverá ser feita após a retirada dos animais para a próxima fase, recolhendo-os dentro do próprio tanque rede interno e colocando-os dentro de uma caixa d’água apropriada para transportes. O criador também terá como opção, substituir esta área por “TANQUES REDE”, que tem demonstrado uma saída bastante econômica e eficaz na pré engorda de girinos. Para trabalhar com “TANQUES REDE” o criador deverá ter em sua propriedade um volume substancial em águas, que para as quantidades sugeridas poderá ultrapassar 60 mil litros de água / hora. É indispensável a utilização de açudes, devidamente adubados e com água monitorada diariamente, com acompanhamento de um profissional que fará as análises de água e controle do p. H mantendo os níveis adequados para o desenvolvimento dos animais. DESEMPENHO DE GIRINOS DE RÃ-TOURO (Rana catesbeiana, SHAW, 1802) SOB DIFERENTES DENSIDADES DE ESTOCAGEM EM TANQUE-REDE CARMINO HAYASHI 1, VALÉRIA ROSSETTO B. FURUYA 2, CLAUDEMIR MARTINS SOARES 3, ELIANA MARIA GALDIOLI 3, MARIZA YURI NAGAE 4, VILSON ROBERTO BOSCOLO 5 1 Professor Titular Departamento de Biologia Universidade Estadual de Maringá / 2 Curso de Pós-graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais - DBI / UEM 3 Biólogo do Departamento de Biologia / UEM 4 Programa UEM de Pós-graduação em Zootecnia - PPZ / UEM 5 Curso de Graduação em Ciências Biológicas - DBI / RESUMO: Objetivou-se avaliar o efeito da densidade de estocagem sobre o desempenho de girinos de rã- touro em tanque-rede. Foram utilizados 360 girinos com peso inicial médio 0, 01 g e comprimento inicial médio de 0, 92± 0, 06 cm, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos (0, 5, 1, 0, 1, 5, 2, 0 e 2, 5 ind/l) e quatro repetições, em 20 tanques-rede (12 l). Foi fornecida dieta com 40, 00% de proteína bruta, na proporção de 8, 00% do peso vivo, duas vezes ao dia. Observou-se aumento linear (P<0, 05) da biomassa por tanque em função da densidade de estocagem. A sobrevivência diminuiu com o aumento da mesma. O peso final médio, comprimento final médio e a conversão alimentar não foram influenciadas com as diferentes densidades de estocagem. As variáveis físico-químicas estiveram em níveis adequados. Conclui-se que a melhor densidade de estocagem em tanque-rede para girinos de rã-touro é de 2, 5 ind/l.
6 - ENGORDA DE GIRINOS A área de “ENGORDA DE GIRINOS” ou “GIRINAGEM”, é composta por 1 galpão de 8 m x 12, 60 m que acolherá até 60. 000 girinos. Os tanques serão de 1. 500 l de água cada que acomodaram os girinos com 45 dias de vida, provenientes da área de “PRÉ ENGORDA”, sendo distribuídos em 2. 500 girinos para cada tanque de 1. 500 l. Esta densidade proporcionará um ganho de peso substancial para estes animais destinados á metamorfose. A alimentação ministrada a partir desta fase será de “PLANKTONS” fornecidos diretamente na água e ração em pó para peixes onívoros com 55% de proteínas 2 vezes ao dia sempre pela manhã, sendo 2 colheres de sopa, por vez, espalhadas sobre o tanque em peneira plástica. Esta área tem as mesmas características da área de “PRÉ GIRINAGEM” porem destinada exclusivamente para a engorda dos girinos. A permanência nesta área será de 45 dias completando o ciclo de 90 dias como girinos, que atingirão aproximadamente 7 a 10 cm de tamanho, considerado um tamanho ideal pronto para a metamorfose. A temperatura da água será em torno de 24ºC propiciando um aumento do metabolismo do animal. A higienização desta área seguirá os mesmos padrões da área de “PRÉ GIRINAGEM” sempre limpando os tanques e trocando os filtros caso necessário.
Galpão de engorda de Girinos Tanque de 1. 500 l para engorda de girinos
O Transporte deste animais para a área de metamorfose será também como na fase anterior em tanques redes e caixas de água apropriada. Todo o cuidado no manejo destes animais é pouco, devido ser um animal bastante sensível e que deverá ter toda a atenção daquele que o manuseia. Os cultivos aquáticos com oferta de ração podem causar problemas de eutrofização e dispersão de doenças nos corpos d´água que recebem seus efluentes. Embora os cultivos em tanques abertos favoreçam o desenvolvimento dos girinos, os animais ficam mais expostos a predação por insetos e aves e a alterações bruscas de temperatura. Além disto, estes tanques são menos eficientes em evitar o escape dos animais para o ambiente. Ainda que no Brasil a criação comercial de rãs mesmo em tanques rede seja feita em lagoas artificiais e os órgãos ambientais exijam lagoas de decantação para tratamento dos efluentes, as observações mencionadas indicam a necessidade de testar a viabilidade de realizar cultivos de girinos de Rana. catesbeiana, oferecendo apenas alimentos naturais, minimizando a descarga de nutrientes para os ambientes receptores e encontrando soluções para evitar os problemas mencionados do cultivo desta espécie em tanques abertos. O sucesso da ranicultura depende do conhecimento do manejo alimentar adequado para a fase larval: girinos mais desenvolvidos tornam-se adultos com maior probabilidade de sobrevivência e menor tempo de engorda até atingirem peso de abate 200 a 250 g. Na natureza, no início do desenvolvimento embrionário o girino alimenta-se das suas reservas de vitelo até passar para a fase de girinos em que se movem com desenvoltura à procura de alimentos. Os girinos possuem boca com estruturas adaptadas para raspar o substrato. Muitos macroinvertebrados vivem associados ao perifíton e a raízes de macrófitas onde encontram abrigo e alimento e desta forma também servem de alimento para organismos raspadores. III Congresso Ibero-americano Virtual de Aqüicultura
7 - METAMORFOSE A área de “METAMORFOSE”, considerada a fase mais apaixonante na criação, onde um animal essencialmente aquático se transforma em um animal terrestre, modificando todo o seu organismo e seu formato, sua alimentação que era à base de proteína vegetal após a transformação passa a ser de proteína animal. A área de “METAMORFOSE” ao lado é composta de 1 galpão de 8 m x 4 m e 45 cm de profundidade com capacidade de até 30. 000 girinos no total. Todo em alvenaria revestido com manta de vinil com capturas laterais na mesma profundidade do tanque principal. A saída lateral facilita o serviço de mudança das rãs, para a área de pré-engorda, diminuindo o stress e evitando o trabalho por não necessitar de manejo de transporte dos animais para a nova área. Os girinos oriundos da área de “GIRINAGEM” receberam no tanque de metamorfose somente ração para girinos, nas mesmas proporções servidas na área anterior. Não esquecer de desligar a entrada de água, para facilitar a alimentação dos animais. Após a transformação será notada a presença de imagos no fundo da área de captura, que serão conduzidos através da entrada de água lateral até o ralo de saída para a área de pré-engorda de rãs. O manejo neste setor se da somente com a alimentação diária, eventualmente a limpeza da calçada lateral, procurando sempre evitar o uso de sabão ou cloro, utilizando somente água e vassoura. Como este setor terá os dois animais, tanto girinos como rãs, deverá ter uma maior atenção do criador, principalmente na higienização do ambiente. Somente trocar toda a água do tanque, quando da saída de todos os animais, certificando que o local esteja totalmente vazio e pronto para receber novo lote.
Área de Metamorfose
8 – PRÉ ENGORDA DE RÃS Esta área é destinada aos imagos provenientes da área de metamorfose, onde iniciaram sua nova vida como rãs aprendendo a se alimentar com ração e tendo seu primeiro contato com o ambiente de cativeiro. Cada modulo de 4 m x 4 m suporta um total de até 15. 000 ranzinhas por baia, as quais serão alimentadas através de comedouros elétricos que vibram a ração para estimular o apetite das rãs. A ração fornecida deverá ter 55% de proteína animal (ração inicial para peixes carnívoros) com bitola entre 2, 0 mm a 4 mm e fornecidas diariamente e reforçada no período noturno. Os comedouros deveram ser distribuídos na área seca do ambiente, 10 para cada lado, tomando o cuidado em não deixá-los próximos a lâmina d água. A limpeza neste galpão deverá ser diária, sempre pela manhã, com o cuidado de recolher a ração seca que por ventura esteja no piso e lavando o restando esgotando a água e repondo imediatamente água limpa para que os animais não fiquem muito tempo sem umidade. (Obs. : A água deverá ser clorada) Essa limpeza deverá ser feita por uma só pessoa, usando de preferência a mesma tonalidade de roupas e o mais rápido possível evitando o stress dos animais. Na limpeza não deverá ser usado nenhum produto químico, sendo feita somente com vassoura e água. Após a higienização o criador deverá aproveitar sua presença dentro do ambiente e separar as rãs maiores colocando-as na área destinada a seleção, evitando assim o canibalismo entre os animais. Estes animais deverão ficar neste ambiente por aproximadamente 60 dias, onde serão retirados com mais ou menos 120 grs. E enviados para a área de Engorda de Rãs para o término do processo.
Área de Pré engorda de Rãs
9 - ENGORDA DE RÃS A engorda de rãs é uma extensão da área de pré-engorda. As rãs que iniciarão a engorda neste local deverão chegar em média, com até 160 grs de peso, e aí receberam ração de engorda com 55% de proteína animal com bitola não inferior a 10, 0 mm durante um período de 30 dias. (Ração de Engorda para peixes carnívoros). Com o bom funcionamento do ranário o criador poderá tirar até 100 Kg. de carne de rã por mês, por baia de engorda. O manejo deverá ser diário, sempre pela manhã, onde o criador deverá verificar os animais retirando possíveis morto, esgotando as baias, lavando o ambiente quando necessário, tampando a baia e colocando para encher, sempre com água clorada. No final do dia repassar baia a baia observando a quantidade de ração consumida e completando se necessário, para a alimentação noturna. A temperatura ambiente deverá girar em torno de 31ºC, com uma temperatura na água de 29ºC e a umidade relativa do ar em 80%. Os animais permaneceram neste local por mais 30 dias, completando assim o ciclo de 6 meses, onde atingiram o peso médio de 250 grs. e aí retirados e enviados para o abate.
Área de Engorda de Rãs
A remoção deste animais das baias deverá ser feita com muito cuidado, procurando não machucar os animais e buscando não estressá-los com movimentos bruscos. Estes deverão ser acondicionados em caixas plásticas apropriadas, com ventilação, com encaixes caixa a caixa. Neste local como também na Área de Pré Engorda é fundamental a tranqüilidade dos animais evitando o “stress”. Para isso é necessário que se possível não haja muita troca de funcionários no manejo, como também usar a mesma cor de roupa para a limpeza diária. As visitas constantes na área de engorda prejudicam o crescimento do animal e ocasionam mortalidade acima da média. Quanto mais tempo o animal permanecer só, melhor o seu desenvolvimento. As rãs devem ser alimentadas a vontade e, se observado que após o arrazoamento elas permanecem próximas aos cochos, é sinal de que devemos aumentar a oferta. Uma sobra de 5% é aceitável. Uma noção no fornecimento de ração é dado pela seguinte tabela:
10 - A ÁREA DESTINADA AO RANÁRIO Na propriedade rural devemos observar, antes da construção do ranário, a localização exata dos seguintes pontos: 1 - ENTRADA DA ÁGUA NA PROPRIEDADE: É necessário saber com clareza de onde provem a água que abastece o local, por minas, córregos, rios, lagos ou poços. Tomando o cuidado de iniciar as construções sempre respeitando a distância mínima destas entradas que é de 50 m. 2 - CONSTRUÇÕES JÁ EXISTENTES: Identificar no terreno os locais já construídos e ocupados como: casa sede, casa de caseiro, baias de outros animais, áreas de lazer, plantações, pastagens, etc. . . É ideal manter o ranário sempre a uma distância de no mínimo 100 m destes locais, evitando assim o “stress” causado por barulho que a circulação de pessoas e animais possam fazer, também a preocupação na distância de locais com culturas que necessite de aplicação de bactericidas ou outros agrotóxicos, regularmente usados na lavoura, e que afetará diretamente a criação. 3 - TOTAL DE PRODUÇÃO DESEJADA: A importância na determinação antecipada da quantidade que se pretende produzir, fará com que se determine o espaço necessário para a construção do ranário. Mesmo iniciando por partes é bom determinar e separar a área total, para futuras ampliações, evitando assim o mal planejamento com o crescimento do negócio. É bom lembrar também que para cada tonelada de carne de rãs anuais a ser produzida, será necessário um total de 70 m 2 de área construída aproximadamente.
4 - LOCAL DA CONSTRUÇÃO: Determinado o local a receber as construções, esta área deverá ser totalmente plana, sem desníveis em um solo firme que suporte os galpões, drenando o terreno se necessário. Desde que tenha entrada de sol e as construções não sombreiem umas as outras, poderá ser feito em plataformas em desníveis, previamente niveladas. Toda construção deverá respeitar o posicionamento do sol, fazendo com que os galpões absorvam calor, a maior parte do tempo como também a iluminação natural. 5 - REGIÕES DE VENTOS FORTES E CONSTANTES: Em regiões onde a incidência de ventos é constante, recomenda-se fechar o total da área que receberá os galpões com arvores ou arbustos que atinjam alturas iguais ao das construções, evitando assim possíveis danificações nos galpões.
11 - CONSTRUÇÃO DOS GALPÕES As construções dos galpões deverão seguir a ordem de desenvolvimento do animal, facilitando o manejo, diminuindo a tempo de trabalho e economizando área construída, na seguinte ordem: 1 - ÁREA DE REPRODUÇÃO: Construída em alvenaria, com paredes de 0, 80 m de altura, janelas de 1, 20 m de altura em telas plásticas para melhor ventilação, caso esteja em região fria, utilizar cortinas plásticas para a manutenção da temperatura interna, cobertura em arcos tubulares, coberto com lona plástica e totalmente vedada para estufar o ambiente e evitar a entrada de predadores e insetos. O piso deverá ser rugoso de forma que não machuque os animais. As entradas de água deverão ser sempre opostas a saída, para que haja uma troca total da água nos tanques. A área alagada deverá ter sempre 40 cm de profundidade que evitará a desova neste local. A parte destinada as desovas não deverão ultrapassar a altura de 15 cm que induzirá o animal a buscar os motéis para desova. O motel deverá ter 80 cm² para que comporte a desova sem prejudicar a eclosão dos ovos. A rede elétrica deverá estar distante dos animais evitando mortalidade por choque. 2 - ÁREA DE ECLOSÃO: Construída em alvenaria, com paredes de 0, 80 m de altura, janelas de 1, 20 m de altura em telas plásticas para a entrada de ar, caso esteja em região fria, utilizar cortinas plásticas para a manutenção de temperatura interna, cobertura em arcos tubulares, coberto com lona plástica e totalmente vedada para estufar o ambiente e evitar a entrada de predadores e insetos. O piso deverá ser em alvenaria e com caída de água para facilitar a limpeza. As bancadas feitas em laje ou prateleiras terão 80 cm de altura do piso e 80 cm de largura, as torneiras deverão receber um espaçamento de 1 mt. propiciando o manejo, na lateral das bancadas deverá ser instalada as calhas de esgoto, que poderão ser em plástico os folha de zinco galvanizadas.
3 - ÁREA DE PRÉ-GIRINAGEM: Construída em alvenaria, com paredes de 0, 80 m de altura, janelas de 1, 20 m de altura em telas plásticas para melhor ventilação, caso esteja em região fria, utilizar cortinas plásticas para a manutenção da temperatura interna, cobertura em arcos tubulares, coberto com lona plástica e totalmente vedada para estufar o ambiente e evitar a entrada de predadores e insetos. O piso deverá ser em alvenaria e com caída de água para facilitar a limpeza. Os tanques deverão ser em caixas de fibra de vidro sempre cônicos e instalados sobre o piso. Estas caixas deverão ter capacidade para 250 l de água. A entrada de água deverá sempre estar no espelho d’água, ajudando a circulação sem formar muita pressão sobre os animais. 4 - ÁREA DE ENGORDA DE GIRINOS: Construída em alvenaria, com paredes de 0, 80 m de altura, janelas de 1, 20 m de altura em telas plásticas para melhor ventilação, caso esteja em região fria, utilizar cortinas plásticas para a manutenção da temperatura interna, cobertura em arcos tubulares, coberto com lona plástica e totalmente vedada para estufar o ambiente e evitar a entrada de predadores e insetos. O piso deverá ser em alvenaria e com caída de água para facilitar a limpeza. Os tanques poderão ser em fibra de vidro sempre cônicos e instalados sobre o piso em de alvenaria reforçado para que suporte o peso dos tanques. Estas caixas deverão capacidade para 1500 l de água. A entrada de água deverá estar no espelho d’água, ajudando a circulação sem formar muita pressão sobre os animais. Na lateral destas caixas poderá ser instalado piso em laje que facilitará o manejo e a circulação de serviço. A iluminação pode ser dispensada nesta área, devido o animal não necessitar de luz noturna para sua alimentação. 5 - ÁREA DE METAMORFOSE: Construída em alvenaria revestida em manta de PVC, com paredes de 0, 80 m de altura, janelas de 1, 20 m de altura em telas plásticas para a entrada de ar, utilizar cortinas plásticas para a manutenção de temperatura interna, cobertura em arcos tubulares, cobertas com lona plástica e totalmente vedada para estufar o ambiente e evitar a entrada de predadores e insetos, o piso deverá ser em alvenaria. A calçada de serviço deverá ter 0, 50 cm. de largura, e a canaleta de captura com no mínimo 0, 40 cm de largura, o que evitará que os imagos pulem para o lado da calçada. Tanto o tanque central como a canaleta de captura não deverão ultrapassar 40 cm de profundidade. As entradas de água deverão estar sempre opostas á saída feitas em tubos de ¾ com furos de 1 mm e o esgoto em tubos de 2”.
6 - ÁREA DE PRÉ ENGORDA DE RÃS: Construída em alvenaria, com paredes de 0, 80 m de altura, janelas de 1, 20 m de altura em telas plásticas para melhor ventilação, caso esteja em região fria, utilizar cortinas plásticas para a manutenção da temperatura interna, cobertura em arcos tubulares, coberto com lona plástica e totalmente vedada para estufar o ambiente e evitar a entrada de predadores e insetos. As baias deverão ser em lona plástica com medidas de 4, 00 m X 4, , 50 m, rugosa, para dar mais aderência ao deslocamento das rãs. 7 - ÁREA DE ENGORDA DE RÃS: Construída em alvenaria, com paredes de 0, 80 m de altura, janelas de 1, 20 m de altura em telas plásticas para melhor ventilação, caso esteja em região fria, utilizar cortinas plásticas para a manutenção da temperatura interna, cobertura em arcos tubulares, coberto com lona plástica e totalmente vedada para estufar o ambiente e evitar a entrada de predadores e insetos. As baias deverão ser em lona plástica com medidas de 3, 00 m X 3, 50 m, rugosa, para dar mais aderência ao deslocamento das rãs. O piso do corredor deverá ser em alvenaria com caída para a porta a fim de facilitar a limpeza. DEPÓSITO DE RAÇÃO E MATERIAL: Esta construção destina-se a guardar a ração das rãs e dos girinos, caixas para transporte dos animais, baldes plásticos, bacias, puçá, material de limpeza, medicamentos, embalagens para venda de girinos e rãs vivas, vibradores e outros equipamentos usados na criação. Uma instalação de 10 m 2 é suficiente. A ração deverá ser armazenada em local seco, a 20 cm nível do solo e protegida de roedores.
RESERVATÓRIO DE ÁGUA: Pode ser de terra, alvenaria, fibrocimento, fibra de vidro ou outro material atóxico. O importante é que possa armazenar água a ser consumida, no ranário durante um período de até 3 dias. SISTEMA DE TRATAMENTO DE ÁGUA: As águas servidas deverão ser tratadas para evitar a poluição do ambiente e possível eutrofização de açudes, lagos ou córregos. Deverá ser dimensionada para aplicar a filtragem correta da vazão do ranário. Deverá ser medido o efluente da seguinte forma: Para cada 2000 litro/dia utilizar decantadores de labirinto cobertos com vegetação aquática acoplados a um sistema aquapônico medindo o TDS (Totais de Sólidos Dissolvidos) na saída final antes da devolução da água ao ambiente.
12 - A ÁGUA A primeira preocupação do iniciante é tomar consciência que antes de ser um ranicultor este será um aquicultor, ou seja, aquele que cria organismos aquáticos. Sendo assim a principal atenção antes de se iniciar na atividade é conhecer a água de sua propriedade. A escolha da captação desta água dependerá dos seguintes pontos: 1 - VAZÃO: O consumo de água no confinamento deverá ser de 700 l/hora de água para cada tonelada de carne a ser produzida. Deverá ser medida na época das chuvas , na época de seca, tirando assim a média anual da disponibilidade da água na região. 2 - CAPTAÇÃO: A captação que poderá ser por minas, córregos, rios, lagos, poços etc. . , deverá ser determinada após a segurança de qualidade desta fonte, poderá chegar ao ranário via natural ou através de bombas. 3 - QUALIDADE: A qualidade da água fornecida aos animais é de extrema importância, devendo o criador analisa-la constantemente, assegurando-se dos níveis de impurezas, transparência e p. H que deverá ser no máximo de 6, 5. É importante também notar se esta água não está recebendo nenhum tipo de agrotóxico destinado de plantações locais e enviar amostras para análise periodicamente. 4 - CUIDADOS: No caso do reaproveitamento de águas do ranário é importante que esta água passe por filtros antes de ser redistribuída aos animais, medindo também a oxigenação desta água após sua filtragem.
13 - MANEJO O manejo no ranário é dividido nas diferentes fases de desenvolvimento dos animais. Na Reprodução: Nesta área o criador tem a sua primeira tarefa do dia, detectar as desovas, certificando-se que as matrizes já tenham terminado a reprodução, ou já se retiraram dos motéis caso contrário, o criador deverá retirar estas matrizes com cuidado, sem danificar a desova. Depois de identificada a desova cobri-las com tampas de tela para circulação do ar e anotar o dia da desova, deixando-a aí no máximo 2 dias, ou retira-las e deposita-las na área de eclosão. Lavar bem os motéis e tornar a enche-los de água para as próximas desovas. Após este serviço, aí sim o criador deverá limpar toda a área remanescente da reprodução, trocar a ração e verificar a saúde dos animais, anotando qualquer irregularidade em formulários próprios, para um melhor conhecimento do manejo nas criações futuras. Uma vez por mês deverá ser esgotado todo o tanque principal, lavando bem o fundo e suas laterais, colocando-os em seguida para encher. Não é necessário a visita no final da tarde a este setor, e a alimentação deverá ser dada somente uma vez ao dia pela manhã. Na Eclosão: Nesta área o criador iniciará sua atividade diária verificando a saúde dos ovos em eclosão, das larvas e também dos girinos já formados, tendo como objetivo anotar qualquer anomalia para estudos posteriores. Deverá verificar o nível das bacias e se há algum entupimento nas saídas, deverá ter sempre marcado o dia certo de entrada e saída de cada desova, procurando controlar os dias limites para a retirada e transferência dos animais para a próxima área, logo após verificar as bacias que serão transferidas para a área de pré-girinagem, o criador deverá então colocar os girinos em baldes apropriados e despeja-los nas bandejas com muito cuidado evitando ferimentos e estresse aos animais. Somente após esta transferência o criador deverá seguir no manejo dos animais que permaneceram na área.
Na Pré -Girinagem: A área de pré-girinagem receberá os girinos da área de eclosão, previamente separados distribuídos nas quantidades de 2. 500 girinos por tanque. Os tanques deverão estar previamente preparados, limpos e com o nível total de água, onde diariamente o tratador deverá esgotar os tanques, não mais que 1/3 da água e servir a ração sendo 1 colher de sopa do pó 55% de proteína uma vez pela manha, outra a tarde. É importante também observar qualquer alteração na água e no comportamento dos animais, procure sempre a orientação técnica para a solução dos problemas. Na Girinagem: Os animais quando entram neste setor já estarão em média com 45 dias de vida, agora livre da fase mais difícil de sua vida, deverão ser transferidos para os tanques de 1. 500 litros, aumentando a quantidade de água por girino, fazendo com que o animal se desenvolva com maior rapidez. Esta transferência deverá ser feita com cuidado com redes de aquário em tamanho ideal para os girinos. O trato nesta área é igual o da fase anterior, com a troca diária de 1/3 da água e o arraçoamento dobrado, sendo 2 colheres de sopa de ração de 55% de proteína 2 vezes ao dia. Na Metamorfose: Esta área receberá os animais da Girinagem já com 90 dias de vida e mais resistentes que nas fases anteriores, porem os cuidados deverão ser os mesmos. Na metamorfose a temperatura da água deverá estar perto de 4ºC, superior a área anterior, isso pela diferença do espelho d’água. Esta diferença estimulará a metamorfose. Nesta área o criador fará o manejo com dois tipos de animais, os girinos e as rãzinhas que acabaram de se transformar, observando a alimentação dos girinos que deverá seguir as proporções do estagio anterior, manter o ambiente sempre limpo ao redor do tanque e água corrente constante durante o dia.
Na Pré-Engorda de Rãs: Os imagos provenientes da área de metamorfose, deverão passar para esta nova fase sem a interferência humana, isso se faz com passagens hídricas de um setor para o outro. Enquanto os imagos estivem com suas caldas não irão se alimentar, pois a metamorfose ainda estará agindo sobre este novo animal. A partir do momento que as rãzinhas estão definitivamente transformadas iniciarão a procura por comida. Nesta fase é primordial o uso de coxo vibratórios, onde fará com que a ração se movimente e estimulará o animal a comer. Durante o manejo o criador deverá aproveitar sua presença na baia e fazer a seleção por tamanho, o que diminuirá o canibalismo entre os animais. Diariamente o criador deverá fazer a limpeza do local, recolhendo a ração ainda seca espalhada no piso, e colocando nos coxos, além de suprir com mais ração para as próximas 24 horas. Deverá também fazer a troca de água e manter está área com água neutra sem nenhum tipo de produto desinfetante ou tóxico. Na Engorda de Rãs: A área de engorda terá o menor tempo de serviço diário para o criador em relação às fases anteriores, a primeira etapa será esgotar toda água do dia anterior, verificar a saúde das rãs, selecionar o tamanho dos animais, deverá fechar o ralo de saíde e completar o nível da baia com água clorada. A rotina diária do criador neste local deverá obedecer os mesmos horários, os animais se condicionarão e buscaram sempre os mesmos locais facilitando o serviço dentro da rotina. É importante salientar que após o término do serviço ninguém mais deverá entrar na área de engorda até o próximo horário de alimentação, deixando os animais tranqüilos e livres de barulhos e movimentos no ambiente. O manejo diário é o fator mais importante para o sucesso na atividade, dependendo da higiene, o sucesso na saúde dos animais, e da qualidade da alimentação ministrada. Sendo assim o iniciante deverá dedicar boa parte do seu tempo para o manejo.
Em todos as fases acima o criador deverá anotar toda a sua atividade, como também a quantidade de perdas e a causa destas perdas, deverá ser feito todo e qualquer tipo de controle que facilitará o estudo do assistente técnico para a melhoria da criação. Em cada setor acima deverá ter um termômetro na água e outro no ambiente juntamente com um higrômetro que servirá para o controle da umidade interna. É indispensável também a presença de uma prancheta com folhas de papel e caneta, que servirão para anotar todo o manejo diário. Controle Ambiental As instalações onde ficam as desovas, os girinos e as rãs deverão ter o p. H e a temperatura monitorada semanalmente. Diariamente se faz à vistoria de todas as instalações para certificar-se de que não está havendo fugas de animais, entrada de predadores, canos entupidos, vazamentos, etc. A temperatura deverá ser medida com termômetros de máximas e mínimas colocados tanto na água como fora em nível de solo, em um número representativo de instalações, ou seja; em 5% das baias de engorda e 2% dos tanques de desovas e de girinos. O p. H será tomado com o auxílio de um medidor usado em aquário ou em piscina, zelando pela validade e armazenamento do produto.
14 - HIGIENIZAÇÃO DO RANÁRIO O maior índice de mortalidade em qualquer criação está ligado diretamente à saúde dos animais, que na sua grande maioria dependem da higiene e do manejo no confinamento. Além da limpeza diária é recomendável uma faxina semanal, que irá desde limpeza de baias até as tubulações de entrada e saída de água, desinfetando esgotos e áreas que estejam inativas. A limpeza inclui paredes, coberturas e pisos, como também as áreas de circulação. É recomendável o uso de pedilúvios em cada entrada ou portas dos galpões que deverão estar sempre com água e desinfetante. Recomendamos que para cada 10 l de água se acrescente 100 ml de cloro líquido. A cada transferência de animais de um setor para outro é necessário à desinfecção total do ambiente, antes da entrada do novo lote. Para isso retira-se os animais, esgota-se todos os tanques ou bandejas de água desinfetando-os com 100 ml de cloro liquido em cada 10 l de água pulverizando em todo ambiente, desde pisos, coberturas, paredes e janelas. Deverá também ser fiscalizada a higiene pessoal de cada tratador, que deverá usar botas, macacão, luvas e protetor nasal para aplicação de desinfetantes. A área externa também deverá ser desinfetada na mesma formulação acima evitando a presença de insetos que no confinamento são nocivos á criação. Todo o piso ou grama nesta área deverá ser devidamente cuidado, no caso de pisos lavados e a grama sempre aparada, sem o uso de qualquer produto químico. (Glifosato, etc. . ) No depósito de equipamentos e ração o criador deverá manter os mesmos cuidados do ranário desinfetando os utensílios de estoque e mantendo a ração em local seco longe de umidade, tomando o cuidado de observar a validade do produto e quando do fornecimento a aparência da ração. O uso de máquina de jato para limpeza e desinfecção do ambiente e dos equipamentos é bastante recomendado, o que ajudará na retirada de pequenas partículas de ração que poderão apresentar bolor e trazer prejuízo ao animal.
A qualidade e limpeza da água usada em criações de organismos aquáticos são um dos fatores essenciais para o seu sucesso. Na Ranicultura não é diferente. Anfíbios, tais como a Rã-Touro (Lithobates catesbeianum), têm necessidade de água com qualidades física e química específicas. Parâmetros como p. H, Alcalinidade, Condutividade, Dureza, Amônia, Nitrito, Nitrato, Cloreto, Fósforo, Ferro e principalmente Oxigênio, devem ser medidos antes de iniciar uma criação e mantidos em condições ideais. As rãs deixam suas excretas na água, além de restos de pele, oriundos de trocas constantes. Por isso é imperativa a constante renovação da água e limpeza dos tanques escovando principalmente os cantos, onde ocorre maior incrustação de sujidades, o que favorece a instalação de enfermidades com consequente morte dos animais. Esses cuidados são necessários, pois na maioria das vezes quando uma doença se instala, a mortalidade é certa, sendo então importante à prevenção e a profilaxia. Os cuidados que podem ser tomados para se prevenir às doenças são simples: lavagem de utensílios e tanques com cloro ou cândida, aplicação de salmouras e outras substâncias profiláticas para os animais(*). Pode-se fazer também uso de fogo para acabar com os possíveis contaminantes que resistam a lavagem. Para isso usamos maçaricos direcionando a chama para os cantos do tanque (em caso de tanques de alvenaria). Se mesmo assim acontecer alguma ocorrência incomum, todo cuidado é necessário. Recomenda-se como medida inicial suspender a alimentação e proceder ao isolamento dos animais em um tanque para efetuar quarentena desses indivíduos sob suspeita de doenças, ou para restabelecimento de animais em tratamento. Outros cuidados relacionam-se a construção das instalações, evitando pinturas tóxicas e beiradas que possam causar lesões aos indivíduos. A observação das rãs e girinos é imperativa. Eles devem estar sempre ativos e com aspecto saudável. Animais apáticos podem indicar que algo não vai bem, devendo ser investigado. Falta de apetite, manchas na pele, inchaços, corpos disformes, pequenas lesões são indicativos de início de doenças ou doenças manifestadas, sendo necessário separá-los e tratá-los, sempre com a ajuda de um profissional, dando a devida assepsia em seus respectivos tanques.
SUGESTÕES DE ALGUMAS DOSAGENS PROFILÁTICAS Cândida - Utilizada como solução desinfetante o hipoclorito de sódio (2 a 2, 5%) é recomendado para lavagem de utensílios por imersão (puçás, vassouras, escovas) e tanques, sem a presença dos animais. a dosagem sugerida é de 4 a 5 ml por litro (= 1 tampa). Após a lavagem do tanque e aspersão do produto deve-se jogar água em abundância antes do retorno dos animais. Salmoura - 9 gramas de sal grosso em cada litro de água. Após a dissolução, realizar banhos rápidos nos animais adultos. Indicando quando das triagens e recepção de animais recém adquiridos. Permanganato de Potássio - é encontrado em pó em casas de produtos químicos e farmácias. É necessário autorização (=cadastro) para adquiri-lo. Utilizado preventivamente em girinos e rãs e como coadjuvante no combate de fungos e infecções bacterianas. Prepara-se uma solução estoque na seguinte dosagem; 1 grama do produto diluído em l litro de água. Em girinos aplica-se 5 ml da solução estoque em cada 20 litros de água. Em rãs adultas e imagos (= rãs jovens) aplica-se 8 ml da solução estoque para cada 20 litros de água. A solução deve ser colocada diretamente na água do tanque e os animais devem permanecer imersos no produto por aproximadamente 1 hora. OBS. : Para a ação da maioria dos produtos profiláticos é preciso que o tanque esteja limpo, pois na presença de material orgânico eles perdem o efeito. (Cláudia. Maris. Ferreira)
15 - MANUTENÇÃO DOS GALPÕES A manutenção dos galpões do ranário deverá ser feita sempre que necessário, porem recomenda-se que uma vez ao mês seja feita uma fiscalização mais apurada, para a garantia do bom funcionamento das instalações. Verificação da instalação elétrica, observando: lâmpadas queimadas, fiação danificada, conexões com defeito e a aparência geral de emendas de fios e cabos. Verificação da instalação hidráulica, observando: Tubos e conexões com vazamentos, substituindo-as, torneiras com defeito, esgotos obstruídos e caixas de inspeção sujas. Nas paredes de alvenaria, verificar rachaduras reparando-as, nas janelas deverá ser observada se á presença de buracos, neste caso deverão ser substituídas. Na cobertura plástica o criador deverá estar sempre seguro que não haja a presença de furos que além de não permitir o funcionamento perfeito da estufa na manutenção da temperatura interna, com chuvas poderá molhar o ambiente, molhar a ração além de queimar os vibradores. No caso de construção de alvenaria é ideal a caiação do ambiente interno e externo dos galpões, que ajudará na aparência e conservação como também na desinfecção local. Os equipamentos usados na ranicultura também merecem uma atenção na manutenção certificando-se do bom funcionamento, no caso dos coxos vibratórios observar seu pleno funcionamento, substituindo as bobinas quando necessário, a troca de telas e do difusor de vibração. A manutenção externa ajuda a manter a conservação dos galpões e também a higiene do ranário, o criador deverá sempre se preocupar com a aquisição de materiais de limpeza e de pintura atóxicos que ajudará a manter a saúde dos animais. Com a manutenção periódica o criador economizará em grandes reparos e terá com certeza um ganho substancial em sua produção.
INSTALAÇÕES PARA A CRIAÇÃO Um ranário compreende as seguintes instalações: Reprodução Eclosão Pré-Girinagem Pré-Engorda de rãs Engorda de Rãs Depósito de ração e materiais Reservatório de água Sistema para o tratamento de água As instalações devem ser construídas em local com pouca inclinação, na face norte, sentido leste-oeste. A disposição das construções deve obedecer a uma seqüência a fim de facilitar o transporte de animais e ração. Assim sendo, a reprodução deve estar ao lado da eclosão e esta anexa ou próxima a pré-girinagem, a girinagem ao lado da metamorfose que por sua vez deverá ter uma conexão direta com a área de pré-engorda e finalmente a engorda de rãs. O reservatório de água deve estar disposto de maneira que possa atender todas as instalações por gravidade. Todas as instalações da criação devem possuir declive de 2 a 5 % para escoamento da água e, com exceção da área de reprodução, o piso deve possuir um revestimento liso que possibilite sua desinfecção e não seja abrasivo aos animais. Externamente o ranário deverá ser cercado, dando-se preferência a cercas vivas. INSTALAÇÕES: O ranário pode ser completo, com todas as instalações para a produção das desovas até a engorda ou podemos nos especializar em algumas das etapas, como produção de girinos ou imagos ou apenas fazer a engorda a partir de girinos grandes ou ranzinhas.
16 - COMERCIALIZAÇÃO A comercialização na ranicultura é bastante diversificada, podendo até dizer que ainda não existe concorrência neste segmento de mercado. O ranicultor tem a opção de vender toda sua produção antes mesmo do termino da engorda. Isto se dá devido a grande falta dos produtos da rã no mercado, que tem demonstrado um surpreendente aumento á cada ano, e a pouca produção que ainda temos no Brasil. Na ranicultura, diferente de outras criações, o produtor tem a opção de vários produtos para venda e colocação no mercado como: Animais vivos (girinos, imagos, rãs adultas e matrizes), Subprodutos (carne de rã, pele, fígado, gordura, vísceras), Serviços (cursos para formação de novos criadores, assistência técnica, etc. . . ) o que ajuda a formar um leque de opções de produtos variados, que ajuda a manter o faturamento mensal da propriedade. Uma grande vantagem da produção de rãs em cativeiro é a oportunidade que o produtor rural tem em diversificar sua atividade no campo, trazendo para dentro da propriedade mais uma renda que o ajudará a superar qualquer dificuldade que este possa passar com suas demais atividades rurais. A carne de rã é comercializada em Supermercados, Mercados, Restaurantes, Hotéis, Motéis, Bares, Hospitais, Distribuidores etc. . . A pele é vendida para curtumes, produtores de calçados, bolsas, cintos, atelier e também hospitais para queimados, onde através de trabalhos de pesquisa científica, já demonstrou ser um produto de altíssima eficácia na restauração da pele humana, sendo considerada uma alternativa barata e rápida para este tipo de tratamento. Com o fígado da rã se produz um excelente patê, visto como uma iguaria fina procurada nos principais mercados de produtos importados das grandes capitais do país. A gordura da rã, por ter as mesmas características medicinais encontradas na pele, está sendo muito procurada pela indústria de cosméticos para a produção de cremes de beleza, xampus, óleos, etc. . . Com as vísceras e tudo aquilo que sobra no processo de abate, é produzido uma farinha de vísceras de um alto teor proteico, que servirá para a produção de ração animal, comercializada entre as diversas industrias de ração no país. Além de todo o mercado dos subprodutos o criador tem a condição de comercializar também os animais vivos, como girinos, imagos, rãs e matrizes entre os criadores, escolas, laboratórios de pesquisa, universidade, etc. . .
Porém o que temos notado é que o produtor nem sempre é um bom vendedor, como o vendedor não é um bom produtor. Por isso sempre é bom manter contato com os intermediários que através de distribuição facilita a colocação do produto no mercado, deixando o criador somente com a preocupação da produção. Além do mercado interno temos também uma grande procura no mercado internacional, que compram desde animais vivos como também os subprodutos. Os grandes consumidores de carne de rã no mercado internacional são: Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Alemanha, Japão, Bélgica, Portugal, Espanha, entre outros. Porém os preços oferecidos no mercado interno ainda são mais atrativos que os do mercado internacional, fazendo com que o criador coloque toda a sua produção no mercado local.
17 - COMERCIALIZAÇÃO DE SUBPRODUTOS São entendidos como subprodutos, todo produto derivado do abate da rã, ou seja: carne, pele, fígado, gordura e vísceras. A carne de rã no mercado brasileiro é procurada com animais que pesem não mais que 280 grs. (de peso vivo) que dará uma carcaça em torno de 140 grs. tamanho ideal para atender a exigência do nosso mercado. Também são muito procuradas as pernas de rã, sendo comercializado o restante da carcaça como carne desfiada, em bares e restaurantes finos. A pele de rã tem também uma procura bastante grande, porem notamos que os preços pagos no mercado nacional estão abaixo do que pagam alemães, italianos e holandeses, fazendo com que exista um atrativo maior pelo mercado de exportação. A pele curtida serve para a confecção de sapatos, bolsas, cintos, apliques em roupas etc. . . , entendida como uma pele nobre, traz um acabamento diferenciado aos produtos, atendendo a uma fatia de mercado sem concorrência. O fígado depois de processado dá um excelente patê, com uma grande procura pela cozinha internacional, o vem atender aos mais refinados paladares. A gordura da rã é vendida para laboratórios e a indústria de cosméticos que depois de processada será comercializada na forma de cremes de beleza, xampus, óleos, etc. . . Procurada pela presença de proteínas, cientificamente comprovadas, como um alto rejuvenescedor da pele humana, propriedade também encontrada na pele e na carne de rã. As vísceras, patas e cabeça, juntamente com toda a sobra do abate, são processadas, sendo cozidas, secadas e posteriormente moídas, transformando-se em uma farinha de vísceras, de excelente teor proteico para a elaboração de ração animal.
18 - COMERCIALIZAÇÃO DE ANIMAIS VIVOS O comércio de animais vivos na ranicultura se dá mais entre os produtores na venda de girinos, rãzinhas e matrizes, porém as Escolas, Faculdades, Universidades e Laboratórios, também buscam estes animais. Os animais comercializados são: Girinos de 15 dias, Girinos de 30 dias, Girinos de 60 dias, Girinos de 90 dias extra (criados em açudes), Imagos, rãzinhas, rãs adultas e matrizes. Alguns criadores chegam até a comercializar as desova de rãs entre os produtores. Os cuidados que o criador deve tomar na venda de animais vivos são: a pré-seleção destes animais, procurando manter um padrão de qualidade do produto, a embalagem dos animais, sendo os girinos transportados em sacos plásticos com água e oxigênio e rãs em caixas plásticas ou de papelão ondulado parafinado, sempre muito bem ventilado em quantidades que não os comprometam na viagem e o transporte que deverá ser feito com extremo cuidado evitando o estresse ou ferimento nos bichos.
19 – ABATEDOURO O abate de rãs segue os mesmos princípios legais de qualquer outro animal, sendo controlado pelo “SIF” (Serviço de Inspeção Federal), “SIE” (Serviço de Inspeção Estadual), ou “ SIM” (Serviço de Inspeção Municipal) que determina as regras para abate de animais. Com veterinários especializados orientam o criador na parte legal e sanitária do abate. No caso da rã o abate é feito primeiramente identificando os animais, separando as rãs defeituosas, pouco desenvolvidas que ainda não atingiram o tamanho ideal e as possivelmente doentes, reservando somente aqueles animais de melhor qualidade. Após a separação o criador deverá isolar estes animais retirando-lhes a alimentação por um período de dois dias, que servirá para limpar os intestinos das rãs diminuindo o risco de contaminação da carne na hora do abate. No local do abatedouro deverá ter baias de recepção de animais vivos que servirão para lava-los previamente com uma composição de água e cloro. Após a lavagem dos animais estes deverão ser distribuídos em tanques contendo água limpa, gelo e sal grosso. O contato da rã com a água fria (5ºC) fará com que esta hiberne e o sal servirá neste caso como um anestésico, proporcionando ao animal e ao funcionário uma melhor condição para o abate. Inicia-se a operação dando um pequeno talho com uma faca bem afiada na primeira pele logo abaixo dos tímpanos na região do pescoço, em seguida com uma tesoura corta-se a veia jugular e as patas do animal, provocando sua morte por sangramento. A seguir termina-se com o corte da primeira pele do pescoço puxando-a para baixo e retirando-a como um macacão. É importante cuidar em não prejudicar a pele tendo em vista que esta se tornará um dos subprodutos de venda. A seguir a pele deverá ser aberta e cortada no sentido longitudinal da barriga. Na continuidade da limpeza da carcaça o funcionário deverá inicial a operação cortando a segunda pele da barriga cuidando para que não atinja as vísceras, para que não contamine a carne, em seguida deve-se retirar estas vísceras, com cuidado, para fora do corpo e puxar com os dedos a parte final do intestino junto da cloaca. Separar o fígado e a gordura em recipientes distintos. Toda esta operação sempre feita sob água fria e clorada, os funcionários deverão trabalhar com luvas descartáveis e aventais, protegendo-se dos PLANTA BAIXA DO ABATEDOURO instrumentos cortantes.
A embalagem da carne deverá ser feita individualmente, carcaça por carcaça e em seguida pesadas e levadas para câmaras frias em bandejas apropriadas que permita o pleno congelamento da carne. O transporte de todo produto perecível deverá ser feito seguindo as normas legais, sempre em veículo térmico ou refrigerado, mantendo a qualidade do produto. O sucesso na exploração da ranicultura depende não só do manejo, mas também da atenção com relação às condições de higiene em que o animal é criado e posteriormente abatido e processado. A obtenção de uma matéria-prima dentro dos padrões higiênicosanitários é mais que uma garantia de qualidade do produto. O abatedouro de rãs é constituído essencialmente pelas áreas de: recepção (área suja); evisceração (área limpa); embalagem; congelamento, estocagem e expedição. Quando elabora outros produtos além da carne “in natura”, possui também uma sala de processamento. Pela legislação brasileira, a rã é conceituada como “pescado” e além de abatedouros exclusivos para rãs, existem plantas em operação atuando também com o abate e processamento de peixes, caracterizando-se como verdadeiros entrepostos de pescados. Os abatedouros, como qualquer empresa regularizada, passam pela fiscalização dos órgãos competentes, sendo necessária à satisfação de uma série de pré-requisitos previamente estabelecidos quanto ao projeto a ser executado, de acordo com a esfera de competência segundo as características da planta industrial. Pela legislação brasileira o sistema de fiscalização pode ser municipal, para comercialização dentro do município, estadual quando a comercialização se dá dentro do estado e federal para comércio nacional e internacional. No último caso, deve-se atender também à legislação do país importador. É necessário frisar que o projeto de um abatedouro deve satisfazer à legislação competente ao setor à que se relaciona, ao impacto ambiental e, também de viabilidade econômica que envolve a produção de matéria prima, o mercado, os produtos, etc. As rotinas operacionais em um abatedouro após o recebimento e pré-seleção dos animais ocorre da seguinte forma: após um período de no mínimo 24 horas de jejum e dieta hídrica (para o esvaziamento intestinal e recuperação do estresse de transporte), o animal segue para a linha de abate. Na área suja, é insensibilizado e sofre a sangria. Na área limpa, procede-se à retirada da pele, a evisceração e limpeza final da carcaça. Em seguida procede-se aos cortes e ao processamento se for o caso, e então os produtos são acondicionados em embalagens próprias, rapidamente congelados e armazenados nas câmaras frias, onde permanecem até a expedição. Texto: Onofre Maurício de Moura; Eduardo Mendes Ramos.
20 - PROPRIEDADES DA CARNE DE RÃ Sua composição revela ser uma carne rica em proteínas, baixo teor de gordura e de carboidrato e uma boa relação de cálcio e fósforo, sendo ideal para dietas de pessoas com problemas digestivos e alérgicos à proteína de origem animal. TABELA 1 - COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE DIFERENTES CARNES ( amostra de 100 grs. ) fonte: LINDAU & NOLL, 1988 A carne de rã também apresenta todos os 10 aminoácidos essenciais. Isto torna a carne de rã uma excelente fonte de aminoácidos, sendo indicada para pessoas com problemas de desnutrição. TABELA 2 - AMINOGRAMA DA CARNE DE RÃ (Lithobates catesbeianum) * Aminoácidos essenciais fonte: AZEVEDO & OLIVEIRA, 1988
21 - LEGISLAÇÃO A criação de rãs é uma atividade reconhecida e como qualquer outra tem seus regulamentos legais. Sendo uma atividade rural a criação de rãs requer uma legislação específica, e alguns cuidados no início da atividade deverão ser tomados pelo iniciante. O primeiro e principal cuidado para aquele que estiver interessado na ranicultura, e ainda não dispõe de uma propriedade rural, é adquirir esta propriedade consultando sempre os órgãos competentes da cidade onde encontrada a terra disponível, verificando primeiramente a documentação do terreno e consultando a permissão para a instalação do ranário nesta área. Em seguida o iniciante deverá consultar o órgão responsável pelas águas solicitando deste a outorga de água para criação que no Estado de São Paulo é o DAEE, após este documento em mãos deverá solicitar junto ao departamento estadual competente a autorização para limpeza da área e a construção do ranário, em São Paulo fiscalizado pela Secretaria do Meio Ambiente, quando destes documentos em mãos junta-los e encaminha-los Secretaria de Agricultura do Estado solicitando assim a autorização de funcionamento. No setor fiscal o primeiro passo será contatar a prefeitura local comunicando do interesse no desenvolvimento desta atividade, que por sua vez encaminhará o iniciante ao setor fiscal a fim de registra-lo como produtor rural e emitindo as respectivas notas fiscais. Este procedimento fiscal é também elaborado por um contador especialista na área rural. O iniciante deverá saber que em nenhuma hipótese deverá desmatar o local, desviar cursos d’água, construir açudes ou iniciar a criação de animal nativo em cativeiro sem a prévia autorização dos órgãos competentes sob pena de multas, embargos ou até prisão por crime ambiental. Fica a critério de cada um a melhor maneira de registrar seu ranário seja como produtor rural ou uma firma aberta para esta finalidade.
Av. República de Portugal, 420 Sítio Gaúcho – Santa Isabel – SP Cep. : 07500 -000 Tel. : (11) 4657 -5448 www. ranariosantaclara. com. br E-Mail. : contato@ranariosantaclara. com. br
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