Construindo a identidade nacional Ser que ser brasileiro
Construindo a identidade nacional Será que ser brasileiro significa ser um povo alegre e hospitaleiro, que gosta de samba, futebol, feijoada e carnaval? ► Por que será que temos tanta necessidade de definir quem somos? ► Qual a nossa identidade e o que nos caracteriza? ►
Construindo a identidade nacional ►A preocupação central deles era a de estabelecer elementos comuns da cultura capazes de mobilizar um sentimento de unidade nacional, ou seja, de pertencimento à nação.
O Brasil de todas as raças: democracial, de Gilberto Freyre A visão do Brasil como nação que soube valorizar a diversidade étnica e social tem influência de Gilberto Freyre e suas obras Casa-grande & senzala (1933) e Sobrados e mucambos (1936). Nesses livros, defende que ela não seria mera extensão ou continuidade das tradições europeias, mas uma mistura étnica e cultural de três grandes matrizes étnicas: europeia, africana e indígena. Indo de encontro as teorias racialistas do século XIX.
O Brasil de todas as raças: democracial, de Gilberto Freyre Já que a miscigenação parecia ser algo inevitável ao destino do país, a alternativa encontrada por políticos e intelectuais foi a de “branquear” a população brasileira, estabelecendo, assim, uma política de estímulo à vinda de imigrantes europeus.
O Brasil de todas as raças: democracial, de Gilberto Freyre vem propor que o Brasil não se caracteriza por uma visão negativa da presença mestiça na formação de sua população. Pelo contrário, a mistura racial é o que há de mais legítimo e genuíno no seu modo de ser.
O Brasil de todas as raças: democracial, de Gilberto Freyre ►O fator cultural na formação da identidade nacional se sobrepôs ao ideário de distinção racial de matriz biológica e introduziu uma visão mais positiva da contribuição do africano na formação brasileira, considerando-o também como agente colonizador.
O Brasil de todas as raças: democracial, de Gilberto Freyre ► Assim, a ideologia da mestiçagem passou a ser estimulada politicamente – em especial no Estado Novo (1937 -1945), liderado por Getúlio Vargas – a ponto de se tornar senso comum. ► Sendo desde então considerada um símbolo do Brasil.
O Brasil de todas as raças: democracial, de Gilberto Freyre ►A Um exemplo é a prática da capoeira (mistura de dança e arte marcial desenvolvida pelos africanos escravizados no Brasil). ► De acordo com o Código Penal de 1890, ela era considerada crime, mas, com o Código Penal de 1940, foi oficializada como prática desportiva. Na década de 1930.
O Brasil de todas as raças: democracial, de Gilberto Freyre ► Outra característica marcante da sociedade brasileira reside no seu passado colonial, no qual se consolidou uma sociedade agrária, cuja base era o latifúndio escravocrata e a família patriarcal. ► Isso significa que a sociedade agrária no Brasil foi consolidada mais por iniciativa da organização familiar que pela atuação do Estado ou da Igreja.
O Brasil de todas as raças: democracial, de Gilberto Freyre ►A família patriarcal estavam reunidos todos os elementos essenciais à sociedade colonial brasileira: o senhor e sua família, mas também os escravizados. ► Tais elementos correspondiam à força motriz que sustentava a exploração econômica dos grandes latifúndios de açúcar.
O Brasil de todas as raças: democracial, de Gilberto Freyre ► Diferente de outras colônias, onde o escravo não podia ascender socialmente, no Brasil esse fato era possível. ► Se um escravo demonstrasse aptidões ele poderia frequentar a casa-grande. Assumindo funções sociais como mucamas, amas de leite e capitão do mato.
O Brasil de todas as raças: democracial, de Gilberto Freyre ► Na casa-grande, as relações patriarcais implicavam não apenas a submissão das pessoas escravizadas ao senhor, mas também a submissão das mulheres aos abusos do homem – senhor, marido e pai de família. ► Enquanto as mulheres livres eram socialmente reprimidas pelo pai e, depois, pelo marido, as escravizadas o eram pelos senhores.
O Brasil de todas as raças: democracial, de Gilberto Freyre ► Para Freyre, a miscigenação proporcionou um equilíbrio de antagonismos em uma sociedade diversificada, em que a casagrande era o centro de sociabilidade entre senhores e escravizados, estruturada na harmonia da família patriarcal.
O Brasil de todas as raças: democracial, de Gilberto Freyre ► Sobrados e mucambos (1936), Freyre apresenta a subsequente modernização da sociedade brasileira com a abolição da escravatura e a República e o início do processo de urbanização, que teriam abalado a tradicional estrutura de organização e o equilíbrio das relações étnicas no Brasil.
O Brasil de todas as raças: democracial, de Gilberto Freyre ► Freyre ressalta que, mesmo com tantas mudanças estruturais da sociedade brasileira, as relações sociais continuaram a girar em torno de formas distintas do mesmo patriarcalismo, formado genericamente pelos mesmos membros – mulher, filhos, escravizados, parentes pobres e agregados.
Passado e futuro do Brasil: o homem cordial, de Sérgio Buarque de Holanda ► Sérgio Buarque de Holanda (1902 - 1982). ► Na obra Raízes do Brasil, 1936, buscou identificar em nosso passado colonial os elementos característicos da cultura brasileira que, em sua opinião, representavam verdadeiros obstáculos para a modernização da sociedade.
Passado e futuro do Brasil: o homem cordial, de Sérgio Buarque de Holanda ► Para Sérgio Buarque, a tradição ibérica marcou de forma profunda a cultura brasileira, principalmente ao inserir na população uma ética da aventura caracterizada pela busca dos resultados imediatos. ► ética do trabalho, que teria se manifestado no planejamento dos meios e no trabalho diário e perseverante para a consolidação dos fins almejados.
Passado e futuro do Brasil: o homem cordial, de Sérgio Buarque de Holanda ►O traçado das cidades também sofreu com a diferença entre as colonizações. ► Semeador: caracterizada pela falta de organização das cidades e sua gestão.
Passado e futuro do Brasil: o homem cordial, de Sérgio Buarque de Holanda ► Ladrilhador: caracterizada pela construção geométrica e organizada.
Passado e futuro do Brasil: o homem cordial, de Sérgio Buarque de Holanda ►O legado deixado pelos tipos aventureiro e semeador foi a hegemonia das relações pessoais sobre os interesses coletivos. ► O predomínio das relações clientelistas, autoritárias e personalistas afastava a sociedade da consolidação de um ideal democrático.
Passado e futuro do Brasil: o homem cordial, de Sérgio Buarque de Holanda ► Sérgio Buarque resume tais legados na definição do comportamento típico do cidadão brasileiro, que intitula de “homem cordial”. ► essa cordialidade não diz respeito a boas maneiras ou civilidade, mas ao homem movido pelo coração e pelos sentimentos, que se opõe ao “homem racional”.
Passado e futuro do Brasil: o homem cordial, de Sérgio Buarque de Holanda ►O “homem cordial” utiliza a simpatia como recurso de acesso a benefícios e facilidades. O sorriso fácil não representa necessariamente uma afeição pelo próximo, mas uma forma de conquista da confiança alheia. ► “Jeitinho brasileiro. ”
Passado e futuro do Brasil: o homem cordial, de Sérgio Buarque de Holanda ►O provérbio “aos amigos, tudo! Aos inimigos, a lei!” ►O personalismo está relacionado ao predomínio acentuado das relações pessoais e familiares em diversos aspectos da vida do povo brasileiro.
Passado e futuro do Brasil: o homem cordial, de Sérgio Buarque de Holanda ► Apenas o desenvolvimento da urbanização e o da industrialização não seriam suficientes para as transformações e constituição de um Estado moderno e democrático. Seria necessária uma ruptura cultural, uma modificação dos padrões de pensar e agir do povo brasileiro. Substituídas por padrões de sociabilidade inerentes ao mundo moderno, o que envolve a racionalidade e a impessoalidade na esfera pública.
Desenvolvimento do capitalismo na formação do Brasil: contribuições de Caio Prado Júnior ► Em obra intitulada Formação do Brasil contemporâneo, publicada em 1942, Caio Prado Júnior (1907 -1990) analisou o Período Colonial brasileiro como parte do processo de desenvolvimento do capitalismo europeu.
Desenvolvimento do capitalismo na formação do Brasil: contribuições de Caio Prado Júnior ► Nessa obra, interpreta o passado com base nas relações de produção, distribuição e consumo. Portanto, situa a colonização brasileira a partir da origem e do desenvolvimento do capitalismo. ► Empreende uma análise dos três séculos de colonização portuguesa, que corresponde a “uma vasta empresa comercial”, com o objetivo de fornecer produtos primários, produzidos com base no trabalho escravo, à Metrópole portuguesa.
Desenvolvimento do capitalismo na formação do Brasil: contribuições de Caio Prado Júnior ► Tais fatores teriam propiciado uma sociedade inteiramente original, muito diferente das sociedades coloniais da América do Norte, que mantinham maior semelhança com as europeias. ► Esse autor também ressalta que a estrutura social do Brasil Colônia impedia o estabelecimento de uma economia nacional autônoma, por ser extremamente dependente do mercado europeu para o consumo dos artigos tropicais que exportava.
Desenvolvimento do capitalismo na formação do Brasil: contribuições de Caio Prado Júnior ►A sociedade brasileira seria marcada por forte desagregação e exclusão social, exemplificada pela existência de grupos de desclassificados, inúteis e inadaptados socialmente, bem como de indivíduos que tinham ocupações incertas ou aleatórias. ► Além disso, Caio Prado ressalta a dificuldade dos grupos sociais subalternos de agirem no sentido de influenciar o cenário político.
Desenvolvimento do capitalismo na formação do Brasil: contribuições de Caio Prado Júnior ► Em suma, para Caio Prado Júnior, o processo de formação do Brasil, como Estado-Nação soberano, foi realizado sem a participação popular, sendo conduzido pelas elites que decretaram a independência política à revelia do povo. ► Trata-se da chamada modernização conservadora
Desenvolvimento do capitalismo na formação do Brasil: contribuições de Caio Prado Júnior ► Caio Prado Júnior acreditava que, para compreender o Brasil moderno, era preciso rever seu processo histórico de formação. ► Por esse motivo, identificava no presente a existência de resquícios coloniais, como a produção agrária em larga escala, a distribuição de renda desigual e a presença de uma classe detentora do poder e da riqueza. ► Formando círculos viciosos que impedem o progresso do Brasil.
Revolução burguesa no Brasil: uma análise sociológica de Florestan Fernandes ►A questão central problematizada por Florestan Fernandes (1920 -95) diz respeito ao modo singular com o capitalismo se desenvolveu no Brasil, considerando alguns legados de seu passado colonial, que dificultaram e tardaram o processo de modernização da sociedade brasileira.
Revolução burguesa no Brasil: uma análise sociológica de Florestan Fernandes ►O contexto político-social brasileiro do período pós-independência estava marcado pela tensão social entre duas forças sociais antagônicas: de um lado, os grupos sociais em ascensão, que eram representados pela burguesia brasileira; e, de outro, aqueles que lutavam pela manutenção da ordem política tradicional, representantes da elite dominante agrária. ► Mas como teria surgido a burguesia no Brasil?
Revolução burguesa no Brasil: uma análise sociológica de Florestan Fernandes ►A burguesia desempenhou papel central no estabelecimento de uma sociedade moderna ao implementar e expandir o modelo de produção industrial capitalista como forma de reposicionar a nação brasileira no cenário econômico internacional.
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