Conservao Biolgica Aula 1 Profa Carla Morsello Atividades
Conservação Biológica Aula 1 Profa. Carla Morsello
Atividades de hoje l Apresentação: – – – l Dinâmica da disciplina Formato e regras de avaliação Planejamento de tópicos Atividades: – Aula l l – (1) O que é e o que não é Conservação Biológica? (2) Valores e conservação Explicação de exercício para casa.
Dinâmica e organização da disciplina
Dinâmica das aulas l l Aulas expositivas Exercícios: – Entendimento de conceitos ou simular a atividade prática ou profissional. Ex. ONGs, Biodiversidade
Leituras l Há indicação no programa sobre sua localização – • Moodle (todos) e biblioteca (livros básicos) Leitura dos textos básicos é obrigatória antes da aula: português, espanhol e inglês • Complementares podem ser mais interessantes, aprofundados e mais próximos do conteúdo dado em aula
Formas de avaliação l Provas: – – – Parcial (3/10): Peso=3, 5 Final (21/11: cumulativa): Peso=5 Matéria abordada em classe, textos básicos e exercícios l Exercícios: todos Peso=1, 5 – l Tratam de conteúdo de aula ou teste prático e ajudam a entender o conteúdo Recuperação: – substitui nota (> =5, 0 aprovado)
Prova 1 Prova 2 Plano da Disciplina Bases Conceituais Prática da Conservação O que é Conservação Biológica Planejamensto sistemático Por que conservar? Valores e ética Estratégias in situ (áreas protegidas) O que conservar? Estratégias ex situ (zoos/herbários) Biodiversidade e escalas: revisão Mecanismos de incentivo econômicos Mecanismos Indiretos (ICDPs) Alvos de conservação Mecanismos Diretos (Pagamentos) Ameaças à conservação Dimensões humanas: lidando com valores, atitudes e comportamentos Super-exploração de espécies Problema das populações pequenas Vulnerabilidade Introdução de espécies exóticas Perda de hábitat e Fragmentação
Informações: programa e leituras l Programa da disciplina no Moodle (aula 1) – l Chequem antes de cada aula as atividades já programadas e as tarefas a serem realizadas Aulas serão disponibilizadas no Moodle, mas: – – Slides são esquemáticos e espera-se que o aluno desenvolva o conteúdo na prova e não “decore” e reproduza o slide (portanto, anotar e ler textos) Textos básicos são incompletos, mas textos complementares refletem melhor a aula (inglês).
Cronograma
IMPORTANTE: não haverá aula dia 8 de agosto.
Introdução à Conservação Biológica
O que é conservação biológica? e d a d i s Di r e v
Objetivo central da disciplina l Conservar a diversidade biológica (biodiversidade) indefinidamente. Portanto: – Entender os efeitos da atividade humana nas espécies (incluindo diversidade genética), populações, comunidades e ecossistemas – Desenvolver abordagens práticas: l para entender os vetores de transformação (humanos e biológicos) e prevenir a extinção de espécies l restaurar hábitats e reintegrar espécies a ambientes funcionais
Definição formal “Conservação biológica é a ciência que procura entender como o mundo natural opera e como as sociedades humanas e suas ações podem afetar tanto positivamente como negativamente o mundo natural” (Fonte: Sociedade de Conservação Biológica) É uma ciência considerada “multidisciplinar” ou até mesmo transdisciplinar (ou seja, quer preencher a lacuna ciência-prática)
Mas ameaças. . .
Ameaças: exploração de espécies População restaurada: (i) James “Scotty” comprou 5 para preservar e tinha ~1100 quando morreu; (ii) Yellowstone (a partir de 23) Pilha de crânios de bisontes nos EUA, reduzidos a poucas centenas no séc XIX
Ameaças: perda e destruição de hábitat, introdução de espécies, poluição etc.
Histórico da disciplina l Anos 1960 -70: crise da biodiversidade torna-se global – – l l l 1960: livros tratam de “nova disciplina” 1968, Inglaterra: revista “Biological Conservation” 1985: Reunião cria a Sociedade de Conservação Biológica e a revista “Conservation Biology” Hoje: disciplina consolidada, em crescimento Nos últimos anos, cada dia mais interdisciplinar (dimensões humanas) e transdisciplinar (lacuna ciência-prática)
Histórico no Brasil l Inicia-se nos anos 1990 (mas grupos anteriores) l Começa a ser incorporada nos curricula apenas depois de 2000 l Congresso no Brasil em 2005 l Crescimento do número de pesquisadores (anos 2000) e das ONGs (anos 1990) l Uma revista desde 2003 (Natureza e Conservação) que agora é internacionale mudou de nome (Perspectives in Ecology and Conservation)
O que caracteriza e diferencia a disciplina?
Características principais (1) l Respostas a situações reais, da prática e não apenas teóricas (≠ Ecologia) l Quebra barreira ciência pura X ciência aplicada: transdisciplinar l Foco não é mais conservar para uso humano ou comercial (visão utilitarista prévia): – l Ex. : manejo da vida silvestre (elefantes) para caça Visão holística de conservação: todas as espécies merecem sobreviver, não apenas as de interesse humano (e. g. , uso, carisma)
Características principais (2) l É: – – l l uma disciplina de crise que tenta superar a lacuna ciência e prática Portanto, necessário agir apesar de conhecimento incompleto e incerteza Monitoramento e avaliação para adaptar estratégias, ou seja, “manejo adaptativo”
Características (3): Ciência com escala temporal evolutiva l Diferente de discplinas aplicadas em que meta é conservar para homem – l Ex. Eng. Florestal: escala de tempo humana medida de “sustentabilidade” é diferente (manter madeira no tempo humano X manter madeira para sempre) Pretende manter processos evolutivos indefinidamente
Ambiente Social Ex. : Antropologia Política, Sociologia, Economia Ambiente Físico Ex. Física, Química, Geografia Ciências Biológicas Básicas Ex. Ecologia, Zoologia, Genética Botânica Características (4): multi, inter e transdisciplinar CONSERVAÇÃO BIOLÓGICA Ambiente de Implemen. Tação SGI Direito Planeja. Mento Comunicação Ciências aplicadas de Gestão Ex. Eng. Florestal Agronomia, Eng. Pesca. GA (Fonte: Transformado de Jacobson, S. 1990. Graduate education in Conservation Biology, v. 4, p. 431 -440. )
Disciplina baseada em valores e orientada por uma missão l l l Diferente de outras áreas científicas, a área de conservação tem uma “missão”: conservar a diversidade biológica É um valor! Mas valores e atitudes variam. .
Por exemplo, imagine perguntar à sua avó: o que a senhora escolheria conservar?
Apesar disso, como sociedade, nós aparentemente damos mais valor a:
Vertebrados que invertebrados
Plantas com flores do que plantas sem flores
Lepidoptera do que Diptera
Espécies do que ecossistemas
Montanhas do que áreas úmidas
Florestas do que campos ou cerrados
Dinheiro mais que qualquer outro fator? m a i r a v s o u e d u í q v i s d a in ç n e e s r c e d o e t a n s d e e e i r c m o l o a a t s r v s o s p u o Ma m e ã s o ç c a a v o r d to e n s e a n s u co q ba e a d n e o l ã t a t s n e e i b m pró-a
Se valores são diferentes, então há diferentes éticas de conservação
O que são éticas? l l l Ética: São julgamentos de valores Em geral, não são princípios absolutos, mas dependem da situação: Princípios gerais – Ex. matar compartilhados por um conjunto l Éticas de conservação: de pessoas que – que influenciaram e ainda definem os comportamentos influenciam movimento considerados apropriados e conservacionista inapropriados sob certas circunstâncias Não existe um único movimento conservacionista
Éticas de Conservação: exemplo dos EUA (pertinente a todos) Conservação dos Recursos Naturais: Pinchot Romântica. Transcedental: Muir e Thoreau Movimentos conservacionistas Ecológica-Evolutiva: Leopold Pesquisadores Governos Público em geral Ações e estratégias
A ética da conservação dos “recursos” naturais (conservacionista) l l Expoente: Gifford Pinchot (1865 -1946); madeireiro; chefe do serviço florestal dos EUA Conservação de “recursos” filosofia utilitalista (retórica do mercado/comércio) gestão florestal dá lucro Criou modelo de concessões florestais nos EUA Ética adotada: – – – Agências de florestas nos EUA Agências brasileiras extintas como SUDEPA; Florestas Nacionais Hoje: Serviço Florestal Brasileiro Pinchot
Serviço Florestal Brasileiro: http: //www. florestal. gov. br/
A ética Romântica-Transcendental (preservacionista): Os expoentes l l Preservação ao invés de conservação John Muir (1838– 1914): – – l Muir contemporâneo e “ex-amigo” de Pinchot criou o Sierra Club Thoreau (1817 -1862 ): – – transformação social e política o eremita de Walden; bem-estar X acumulação de recursos Thoreau
A ética Romântica-Transcendental (preservacionista) l l l Reconhecem valor intrínseco da natureza Portanto, não apenas valor utilitarista natureza é mais que “recurso”, tem valor intrínseco (próprio) Ética diferente: – Por ex. , Muir e Pinchot deixaram de ser amigos (comercializar natureza é inadequado)
Discussão em Walden de Thoreau: os hyppies e hoje l l l Parte de experiência pessoal (2 anos, 2 meses) Nos 18 ensaios: estilo de vida baseado no mínimo não é apenas possível, mas melhor para felicidade Discussão: – Qual o sentido de identificarmos bem-estar com o acúmulo de bens (vestuário, moradia ou alimentos)? – O trabalho e a energia dedicados a tal acúmulo são bem gastos? – A vida não seria melhor com mínimo de recursos materiais para dedicar-se ao espírito contemplativo (leitura, a reflexão, a observação da natureza e o lazer)?
A “Ética da Terra” ou Ecológico-evolutiva: Ver: http: //www. aldoleopold. org/ l Expoente: – l Ética atual da maioria dos profissionais de Conservação Biológica: – l l Aldo Leopold (1887 -1948); escritor “Ética da Terra”; diretor do Serviço Florestal Reconhece a importância dos processos evolutivos e ecológicos É não antropocêntrica e não utilitarista (preservacionista? ) Também reconhece o valor instrínseco da natureza Leopold
ia c n â t r o p m i a o é d l Qua prática to dos n e ? m s i a d c i n t e é t en res e o l a v
Duas questões principais O que se conserva Prática da conservação
Considerando valores não utilitaristas Considerando valores utilitários, mas levando em conta a resiliência, limiares etc Considerando o papel da biodiversidade nos serviços ecossistêmicos (utilitarista) Considerando políticas atuais Valores na base de nossas decisões terão conseqüências diversas para a biodiversidade conservada
Importância prática (1) l l Leis e políticas de conservação estão fundamentadas em certos valores e éticas Decisões sobre espécies-alvo de conservação são, em geral, ditadas por valores – – Ex. : Listagem de espécies ameaçadas inclui, na sua maioria, animais de grande porte, carismáticos e coloridos valores Ótica de serviços ambientais está baseada em ética de conservação de recursos modelo atual (mas decisões comportamentais nem sempre racionais)
Importância prática (2) l l l Para conservar, é necessário apoio público (valores, atitudes, normas sociais afetam) Portanto, necessário articular o valor da biodiversidade para diferentes públicos e variadas éticas Implementar programas de conservação depende disso: – Ex. : reintrodução de predadores, por ex. , pode ser problemática (atitudes negativas frente a predadores, tamanduás, gambás etc)
Importância prática (3) l l Diferentes grupos conservacionistas; diferentes visões no governo Diversidade cultural no país com: – – Ao menos 227 povos indígenas, 180 idiomas (>ria Amazônia) Diferentes éticas E maioria das florestas conservadas Como entender as diferentes éticas, com sociedades culturalmente tão diferenciadas?
Campo profissional l l Em especial: ONGs e Governo, consultoria, academia Necessita pessoas com perfil multidisciplinar e capacidade transdisciplinar Preferencialmente, especializadas em algum dos aspectos (por ex. , cons. de aves, aspec. econômicos, monitoramento, planejamento etc). Trabalho interessante, dinâmico e criativo; muitas viagens; ambiente “divertido”
Exercício para casa
Atividade 1: O que é e o que não é Conservação Biológica l Objetivo: – – Entender qual é a área científica e prática da conservação biológica Para isso, l checar exemplos do que se publica na área, quais as questões mais importantes em aberto e como esta área difere de outras dentro da Gestão Ambiental como um todo
Atividade 1: O que é e o que não é Conservação Biológica l Em computadores da USP ou com acesso VPN conectados de casa: – Entrar no site de periódicos do SIBI da USP: – Em Biblioteca virtual, entrar em “Revistas eletrônicas” Ou, mais fácil, ir pelo Google para as revistas, depois de conectar no vpn – l http: //www. usp. br/sibi/ Encontrar, sucessivamente, os periódicos (1) (2) Para parte relativa a artigos de conservação: “Conservation Letters”, “Conservation Biology” ou “Biological Conservation” Para parte que não é de conservação: “Environmental management”
Atividade 2: O que é e o que não é Conservação Biológica l Escolher um artigo de 2018 em qualquer número das revistas ao acaso e, neste número, procurar: (1) Na “Environmental management”, um artigo que pode ser considerado um exemplo de estudo que é de Gestão Ambiental, mas não é Conservação Biológica (segundo explicações de aula) (2) Em uma dessas três revistas – “Conservation in Practice”, “Conservation Biology” ou “Biological Conservation” um exemplo de estudo que é de Conservação.
Preencher o formulário disponível no Moodle a partir: (i) (ii) da leitura de partes dos artigos selecionados nas duas revistas (Conservação x Não conservação) Para a questão relativa do artigo que apresenta um levantamento de quais as 100 questões atuais mais importantes em Conservação (disponível no Moodle).
Atividade 1: O campo de atuação do profissional Objetivo: l Identificar parte (ONGs) do campo de atuação profissional em Conservação Biológica. l Familiarizar os alunos em relação ao campo de atuação.
Atividade 1: O campo de atuação profissional l Escolher uma das organizações da lista do próximo slide e entrar no site respectivo da ONG selecionada para verificar: – – Quais os objetivos das organizações Que tipo de projetos desenvolvem
Atividade 1: O campo de atuação profissional 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. Save Brasil (Birdlife International): www. savebrasil. org. br Ipê: www. ipe. org. br Fundação Neotrópica: www. fundacaoneotropica. org. br Conservação Internacional: https: //www. conservation. org/global/brasil/Pages/default. aspx The Nature Conservancy: https: //www. tnc. org. br/nosso-trabalho/nobrasil/index. htm WWF- Brasil: //http: //www. wwf. org. br/ Biodiversitas: www. biodiversitas. org. br Bio. Atlântica: www. bioatlantica. org. br Pró-carnívoros: http: //procarnivoros. org. br/ Instituto de Conservação de Animais Silvestres. https: //www. icasconservation. org. br/ Projeto Tamanduá: http: //tamandua. org/ Projeto Arara-azul: http: //www. projetoararaazul. org. br/ Renctas: http: //www. renctas. org. br/en
Referências l l l Callicott, J. B. Whither conservation ethics? 1990. Conservation Biology, v. 4, n. 1, p. 15 -20. Kareiva, Peter, and Michelle Marvier. 2012. What is conservation science? Bio. Science 62 (11): 962 -969. Jacobson, S. 1990. Graduate education in Conservation Biology, v. 4, p. 431 -440. Primack, Richard B, and Efraim Rodrigues. 2001. Biologia da conservação. In Biologia da conservação. Londrina: Editora Rodrigues. Soulé, M. E. 1985. What is conservation Biology? Bio. Science, v. 35, p. 727 -734.
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