CBD 52883 PPGCIECAUSP ORGANIZAO DO CONHECIMENTO CBD 5283
CBD 52883 - PPGCI/ECA/USP ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO CBD 5283 - Informação e linguagem Profa. Dra. Vânia Mara Alves Lima Profa. Dra. Cibele A. C. Marques dos Santos Profa. Giovana D. Maimone 2020 1
ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO (OC) • Origens do termo • Wissensordnung (knowledge system) • Wissensorganisation (knowledge organization KO) (Dahlberg, 2014) • Cutter, Sayers, Richardson no início do século XX. • The Organization of Knowledge and the System of the Sciences (Bliss 1929) Fonte: Bliss, H. E. The system of the sciences and the organization of knowledge. Philosophy of science, v. 2, v. 1, 1935. p. 99.
DEFINIÇÕES • Vickery (2012) • Organizar o conhecimento é reunir o que sabemos em uma estrutura abrangente para mostrar suas partes e suas relações. • Dahlberg (2014) • Campo de pesquisa, educação e prática relacionado à Biblioteconomia e Ciência da Informação, institucionalizado em cursos, programas de pesquisa, periódicos e organizações nacionais e internacionais (ISKO). • • Hjorland (2017) • Descrever, representar, arquivar e organizar documentos e representações, assuntos e conceitos tanto por humanos como por programas de computador. • OC propõe regras, normas, sistemas de classificação, listas de cabeçalho, tesauro e outras formas de metadados. • OC aspectos principais: • processos de organização (KOP), • sistemas para organização e representação do conhecimento (KOS).
PARADIGMAS DA OC 8 de março de 2021 4 • Base positivista • Empirismo: conceitos correspondem a sensações. • Racionalismo: conceitos simples são inatos e conceitos complexos são definidos a partir dos conceitos simples. • Base de construção social • Historicismo: a formação dos conceitos é afetada pelas tradições e comunidades sociais. • Pragmatismo: conceitos são formados por pessoas em atividades práticas. • Os dois últimos determinam a OC como uma construção social preocupada com as necessidades e interesses humanos. • A base teórica da OC depende de como o conhecimento é gerado e percebido. (Hjorland, 2008)
CAMPOS QUE CONTRIBUEM PARA OC • Ciência da Computação • Processamento de Linguagem Natural • Linguística • Terminologia • Linguagens de especialidade • Lexicografia especializada (estudo dos dicionários de assuntos) • Semântica • Teoria do Conhecimento • Teoria da Organização Social
ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO 8 de março de 2021 • Convergência de disciplinas com metodologias e categorias heterogêneas , intercambiando metodologias entre seus subcampos. • Paradigma positivista seguido do paradigma pragmático. • O paradigma positivista em nosso contexto, o paradigma bibliográfico, “já foi abandonado”. (San Segundo, 2013)
ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO “O modelo teórico de recuperação de informação com base na equação invariável do paradigma bibliográfico está caindo em desuso, já não é prioritária a fórmula entre a busca e o recuperado com equiparação total, o que gerou linguagens documentárias e as classificações universais no final do século XIX e início do século XX. Ele está sendo substituído por um processo de busca de informação interativo”. (San Segundo, 2013)
ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO 8 de março de 2021 • A mudança para a interação modificou as ferramentas de organização e representação da informação. • O paradigma relacionado às interfaces usuáriocomputador são as tecnologias da informação. • A nova OC situa-se no pragmatismo com a interação homem-máquina no ambiente digital (San Segundo, 2013).
ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO 8 de março de 2021 • A revolução tecnológica além da centralidade do conhecimento e da informação, caracteriza-se pela aplicação desse conhecimento. • Este paradigma tecnológico tem um efeito de retroalimentação de fluxo de informação que transformam e construem as novas formas de relações sociais. • As tecnologias da informação são a força motriz da sociedade da informação e do conhecimento (San Segundo, 2013)
ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO 8 de março de 2021 • A tecnologia da informação permite que a informação digital • tenha por base a recopilação de informação para depois proceder a elaboração de um produto. • seja produzida em série, mas envolvida na produção de inovações individuais. • Como o positivismo gerou as classificações documentárias, e o pragmatismo do contexto digital cria folksonomias, filtros e ferramentas de recuperação de conteúdo baseadas nas pesquisas anteriores do usuário. (San Segundo, 2013)
8 de março de 2021 12
ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO 8 de março de 2021 O acesso à informação digital comporta novas formas cognitivas. Os buscadores não proporcionam informação padronizada, proporcionam algoritmos de conteúdo personalizado, filtros que fazem a mediação da informação (San Segundo, 2013). •
ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO “A cultura está deixando de comportar-se como memória de arquivo, fazendo a mudança para uma memória de interconexão de dados e de sujeitos do conhecimento” (San Segundo, 2013)
ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO • No sentido mais restrito: • Descrição de documentos, seus conteúdos e características englobando atividades como: indexação e classificação em bibliotecas, bases de dados bibliográficas, arquivos e outros tipos de memórias institucionais. • A organização dessas descrições tornam esses documentos acessíveis aqueles que os buscam ou as mensagens que eles contêm. • Disciplina central é a Ciência a Informação. (HJORLAND)
ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO 8 de março de 2021 • No sentido amplo: • trata da compreensão social e individual do trabalho mental para organizar o conhecimento (filosofia, história e sociologia do conhecimento; psicologia do conhecimento); • como o conhecimento é organizado em disciplinas científicas, instituições de ensino superior, profissões, etc… • produção e disseminação do conhecimento em enciclopédias, dicionários, linguagens, gêneros, teorias, etc
ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO • No sentido amplo, como o conhecimento é organizado no mundo • Visão Cognitiva: o homem organiza “naturalmente” o conhecimento do mundo a partir de um sistema conceitual. • Análise de domínio (campo ou área de conhecimento): as taxonomias (arranjo + método) são embutidas na cultura local e nos sistemas sociais servindo a várias funções.
ICC – INFORMATION CODING CLASSIFICATION (Dahlberg)
ABORDAGENS DA OC • Tradicional: sistemas de classificação (CDD, CDU) (1876 e 1905) • Análise de facetas (Ranganathan / CRG) (1933) • Recuperação da Informação (1950) • Bibliometria (Garfield – Análise de citação) (1963) • Visão cognitiva (orientação ao usuário) (1970) • Análise de domínio (1994). • Outras: semiótica, hermenêutica-crítica, análise do discurso, estudos de gênero • Ênfase na representação dos documentos, tipologia dos documentos e linguagens de marcação, arquitetura dos documentos, etc. (Hjorland)
ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
CLASSIFICAÇÕES TRADICIONAIS / BIBLIOGRÁFICAS • Dewey, Otlet e Bliss, são baseadas no ponto de vista modernista (positivista) devem ser neutras, objetivas. • Linguagem apenas como meio de comunicação de ideias. • Tarefa da classificação é reduzir para mapear e representar o mundo das ideias. • A compreensão do mundo físico é feita por percepções que são assimiladas através dos conceitos que são organizados em conhecimentos. (Hjorland, 2008)
ABORDAGEM TRADICIONAL
ABORDAGEM TRADICIONAL �Ordem da Natureza �Classificação Científica �Classificação da biblioteca (KO) � As ciências tendem a refletir a ordem da natureza. � A classificação da biblioteca deveria refletir a ordem do conhecimento descoberto pela ciência. (Henry Bliss). � Para classificar livros os bibliotecários deveriam conhecer o desenvolvimento científico.
ABORDAGEM TRADICIONAL • Vocabulário Controlado • meio de evitar sinônimos e homônimos como termos de indexação usando vocabulário padronizado. • Regra de Cutter sobre especificidade • Cutter Expansive Classification base para Library of Congress Classification (1882) • usar sempre o termo mais específico. • Garantia literária (Hulmes) (1911) • verificar se existem livros sobre o assunto. • Organização do geral para o específico.
TEORIA MODERNA DE CLASSIFICAÇÃO • Análise de facetas • Quebra cada assunto em conceitos básicos; • Analisa o assunto dentro de categorias lógicas: Personalidade, Matéria, Energia, Espaço e Tempo (PMEST) ( de Ranganathan – CRG expande estas categorias). • Combina conceitos para descrever o assunto. • Cada documento é classificado levando em conta 1 ou mais símbolos das facetas apropriadas, combinado-as de acordo com certas regras.
RANGANATHAN O sistema de facetas pode antecipar a descoberta de novos conhecimentos, pois novos conhecimentos são formados por combinação de categorias a priori, o que não acontece nos sistemas enumerativos como a CDD e a CDU. Fonte: http: //www. isko. org/cyclo/colon_classification
RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO • Tenta resolver o mesmo problema da OC • habilitar o usuário a encontrar informações relevantes. • Paradigma físico • é construído apenas com base em alguns pontos de vista daquilo que é relevante e como isso pode ser medido. • Foco na recuperação livre • o texto contêm todas as informações necessárias para ser recuperado. • Baseada em suposições positivistas • não considera os diferentes paradigmas, que o corpus textual emerge de diferentes pontos de vista e cada um estabelece diferentes significados aos termos.
VISÃO COGNITIVA • OC orientada ao usuário inclui: • Interface amigável; • Visão de mercado; • Base em estudos empíricos com usuários; • Organização feita pelos usuários (Folksonomias); • Recursos de busca.
ABORDAGEM BIBLIOMÉTRICA • Baseada no uso de referências bibliográficas para organizar redes de documentos. • O nível de indexação é determinado pelo número de termos assinalados. Na análise de citação isto corresponde ao número de referências em um dado paper ou artigo. • As referências que funcionam como ponto de acesso são fornecidas pelos assuntos tratados nos periódicos líderes do domínio especializado.
8 de março de 2021 WEB OF SCIENCE
SCOPUS
VANTAGENS • As citações são fornecidas por especialistas mais altamente qualificados. • O número de referências refletem a profundidade e a especificidade da indexação (seleção). • Referências são distribuídas nos artigos e a estrutura do artigo permite interpretação contextual das referências. • Artigos científicos formam um sistema auto-organizado.
DESVANTAGENS • A relação entre as citações e os assuntos relacionados é indireta e um tanto nebulosa (relacionada à diferença entre organização social do conhecimento e organização intelectual do conhecimento). • Não fornece estrutura lógica clara com mútua exclusão e classes coletivamente exaustivas. • Relações semânticas explícitas não são fornecidas. • Citações imprecisas podem causar ruído.
ABORDADAGEM BIBLIOMÉTRICA • Mapas bibliométricos são extremamente vulneráveis a como os periódicos são selecionados. • Não há um modo neutro e objetivo para selecionar periódicos como dados para análise bibliométrica. • Métodos bibliométricos • podem ser usados para fornecer termos candidatos para tesauros, • mostram redes de cooperação entre autores.
ANÁLISE DE DOMÍNIO • 1990 – alternativa à visão cognitiva dominante em Ciencia da Informação no período. • Ponto de vista sociológico-epistemológico. • A indexação de um dado documento deveria refletir as necessidades de um grupo de usuários ou um propósito ideal. • A descrição nunca é neutra ou objetiva. • Diferentes pontos de vista necessitam de diferentes sistemas de organização.
CONSIDERANDO • Subjetividade • Não é sobre diferenças individuais, importa a visão coletiva de vários usuários. • Para muitos usuários a subjetividade está relacionada a posições filosóficas as quais tem implicações em critérios de relevância, necessidades de informação e critérios para organizar o conhecimento. • Ex. Arte, Literatura
• A representação é feita para capacitar os usuários a fazer discriminações relevantes. • Ponto de vista dos usuários potenciais. • Assuntos do documento são as suas informações potenciais. • Que uso pode ser feito deste documento em particular, relativo a outros documentos? • Terminologia da área e considerar todos os domínios envolvidos.
11 ABORDAGENS PARA A ANÁLISE DE DOMÍNIO (HJORLAND, 2002) • Guia de literatura: organizam fontes em um determinado domínio de acordo com tipos e funções. • Classificações especializadas e tesauros: organizam estruturas lógicas de categorias e conceitos no domínio, assim como as relações semânticas entre os conceitos. • Indexação e Recuperação: organizam documentos simples ou coleções de maneira a otimizar a recuperação e a visibilidade de suas potencialidades epistemológicas.
• Estudos empíricos de usuários: podem organizar domínios de acordo com preferências, modelos mentais ou comportamentais de seus usuários. • Estudos bibliométricos: organizam padrões sociológicos para explicitar o reconhecimento entre documentos individuais. • Estudos históricos: organiza tradições e paradigmas, assim como documentos e formas de expressão e suas mútuas influências.
• Documentos e estudo de gênero: revela a organização e estrutura de diferentes tipos de documentos no domínio. • Estudos crítico e epistemológicos: organizam o conhecimento do domínio em paradigmas de acordo com seus pressupostos básicos sobre conhecimento e realidade. • Estudos terminológicos, LSP e discurso: organiza palavras, textos e declarações em um domínio de acordo com a semântica e critério pragmáticos.
• Estudos de estruturas e instituições de comunicação científica: organiza os atores e instituições de acordo com a divisão de trabalho interno no domínio. • Cognição científica: fornece modelos mentais de um domínio ou métodos para deduzir conhecimentos e produzir sistemas especialistas.
REFERÊNCIAS • BLISS, H. E. The system of the sciences and the organization of knowledge. Philosophy of science, v. 2, v. 1, 1935. p. 86 -103. • DAHLBERG, I. What is Knowledge Organization, v. 41, n. 1, p. 8591, 2014. • HJORLAND, B. What is Knowledge Organization (KO)? Knowledge Organization, v. 35, n. 2/3, p. 86 -101, 2008. • HJORLAND, B. Domain analysis in information science: eleven approaches traditional as well as innovative. Journal of Documentation, v. 58, n. 4, p. 422 -462, 2002. • SAN SEGUNDO, R. Panorama de investigación en Organización del conocimiento en su dimensión epistemológica. In: GUIMARÃES, J. A. C; DODEBEI, V. (orgs). Complexidade e organização do conhecimento: desafios do nosso século. Rio de Janeiro: ISKO-Brasil; Marília : FUNDEPE, 2013. p. 26 -33. http: //isko-brasil. org. br/wpcontent/uploads/2013/02/Estudos-avan%C 3%83%C 2%A 7 ados-2 -1. pdf.
- Slides: 42