Caso Clnico Infeco do Trato Urinrio HRAS Pediatria

  • Slides: 48
Download presentation
Caso Clínico: Infecção do Trato Urinário HRAS- Pediatria Fabiana Borges Lucas Miranda Coordenação: Luciana

Caso Clínico: Infecção do Trato Urinário HRAS- Pediatria Fabiana Borges Lucas Miranda Coordenação: Luciana Sugai Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)/SES/DF Brasília, 15/07/08 www. paulomargotto. com. br

Identidade: FRSM, sexo masculino, 9 anos, natural de Cratéia-CE, residente do Núcleo Rural de

Identidade: FRSM, sexo masculino, 9 anos, natural de Cratéia-CE, residente do Núcleo Rural de Samambaia-DF, pardo, católico. *Acompanhante: Mãe. *Data da admissão: 23/06/08. n Queixa Principal: “Dor ao urinar e febre há 20 dias” n

História da doença atual n n A mãe relata que a criança apresenta disúria

História da doença atual n n A mãe relata que a criança apresenta disúria há 20 dias acompanhado de febre (Tax: 39°) e lombalgia. A criança queixa-se de esforço para urinar e gotejamento pósmiccional. Nega hematúria e piúria nesse período. Refere que esse quadro se repetiu por duas vezes desde o início deste ano, uma em fevereiro, tratada ambulatorialmente e outra em abril, necessitando de internação no Hospital do Gama. Mãe não recorda o nome das medicações administradas.

Revisão de Sistemas n n n Cefaléia ocasionalmente. Nega perda de peso. Nega alteração

Revisão de Sistemas n n n Cefaléia ocasionalmente. Nega perda de peso. Nega alteração no trânsito intestinal. Refere dificuldade visual, com diagnóstico de catarata(SIC). Nega tonturas e desmaios.

n n n Antecedentes Pessoais: -Fisiológicos: Nascido de parto normal a termo, sem intercorrências.

n n n Antecedentes Pessoais: -Fisiológicos: Nascido de parto normal a termo, sem intercorrências. Chorou ao nascer, peso 4150 g, estatura de 52 cm. Desenvolvimento neuropsicomotor adequado para idade. Cursa 3ª série, com bom aproveitamento escolar. Mãe não trouxe o cartão de vacina, porém afirma que está completo. Nega alergia medicamentosa. -Patológicos: Uma internação aos 3 meses de idade (celulite em face? ? ). Asma leve, em acompanhamento no Posto de saúde. Aguarda realização de cirurgia para catarata no HBDF.

Antecedentes Sócio-econômicos: Reside em zona rural, numa casa de 5 cômodos, com 5 pessoas.

Antecedentes Sócio-econômicos: Reside em zona rural, numa casa de 5 cômodos, com 5 pessoas. Há luz elétrica e fossa asséptica. Possui um cão doméstico. n

Antecedentes Familiares: n n n Mãe de 27 anos, com catarata Pai é saudável,

Antecedentes Familiares: n n n Mãe de 27 anos, com catarata Pai é saudável, fumante (uma carteira/dia). Dois irmãos : 5 anos asma, 2 anos catarata e asma. Nega consaguinidade. Nega HAS, DM e casos de câncer na família.

Ao Exame n n Ectoscopia: Regular estado geral, hidratado, hipocorado(+2/+4), eupnéico, hipoativo, fácies dolorosa.

Ao Exame n n Ectoscopia: Regular estado geral, hidratado, hipocorado(+2/+4), eupnéico, hipoativo, fácies dolorosa. Linfonodo submandibular, móvel, pequeno(<1 cm), indolor à palpação. Oro e otoscopia: sem alterações. Mucosas hipocoradas (+2/+4).

Ao Exame n n Tórax: simétrico, atípico, sem esforço respiratório, murmúrio vesicular fisiológico bilateral,

Ao Exame n n Tórax: simétrico, atípico, sem esforço respiratório, murmúrio vesicular fisiológico bilateral, sem ruídos adventícios. FR: 20 irpm. Ap. cardiovascular: ritmo cardíaco regular, em 2 tempos, bulhas normofonéticas, sem sopros. Pulsos cheios e simétricos. FC: 84 bpm.

Ao Exame n n n Abdome: plano, normotenso, timpânico, levemente doloroso à palpação em

Ao Exame n n n Abdome: plano, normotenso, timpânico, levemente doloroso à palpação em abdome inferior, RHA presentes. Sem visceromegalias. Giordano positivo bilateralmente. Genitália: masculina, testículos tópicos, presença de fimose importante, com impossibilidade de visualização da glande. SNC: sem sinais meníngeos.

Hemograma 23/06 26/06 02/07 07/07 Hg 9, 7 11, 8 12, 3 11, 7

Hemograma 23/06 26/06 02/07 07/07 Hg 9, 7 11, 8 12, 3 11, 7 Ht 33, 4 35, 3 37, 1 36, 4 VCM 79, 6 80 81, 8 82, 2 Leuc 9. 600 12. 000 8. 400 11. 000 Seg 45 43 48 48 Bast 01 00 00 00 Plaq 340000 331000 300000 277000

Exames Complementares: n EAS: (23/06/08) Densidade: 1015 p. H: 7. 0 Hemácias: 2 p/c

Exames Complementares: n EAS: (23/06/08) Densidade: 1015 p. H: 7. 0 Hemácias: 2 p/c Muco(++) Flora bacteriana(++) CED: 6 p/c Alguns aglomerados de piócitos. Nitrito negativo Hemoglobina: traços

n n n Urocultura: (26/06) > 100. 000 UFC USG rins e vias urinárias:

n n n Urocultura: (26/06) > 100. 000 UFC USG rins e vias urinárias: Ausência de sinais de hidronefrose bilateralmente. Resíduo pós-miccional: 53 cm³

Hipótese Diagnóstica

Hipótese Diagnóstica

Conduta: n No dia 23/07: HV(manutenção): SG 5%-----400 ml Na. Cl 20%--3, 5 ml

Conduta: n No dia 23/07: HV(manutenção): SG 5%-----400 ml Na. Cl 20%--3, 5 ml KCl 10%--6 ml EV 65 mgt/min - Gentamicina----70 mg/kg/dia - Dipirona 1 ml, EV, 6/6 h. -

Evolução n Antibiograma: (27/06/08) E. coli sensível apenas a Imipenem e nitrofurantoína. Conduta: -Iniciado

Evolução n Antibiograma: (27/06/08) E. coli sensível apenas a Imipenem e nitrofurantoína. Conduta: -Iniciado Imipenem---100 mg/kg/dia n

Evolução n n Feito Imipenem por 10 dias, com melhora clínica e laboratorial. Urocultura

Evolução n n Feito Imipenem por 10 dias, com melhora clínica e laboratorial. Urocultura do dia 30/06: negativa. No dia 08/07/08, o paciente foi submetido a postectoplastia.

Infecção do Trato Urinário HRAS- Pediatria Fabiana Borges Lucas Miranda Brasília, 15/07/08

Infecção do Trato Urinário HRAS- Pediatria Fabiana Borges Lucas Miranda Brasília, 15/07/08

Definição n Relaciona-se à presença de um número significativo de germes patogênicos na urina

Definição n Relaciona-se à presença de um número significativo de germes patogênicos na urina (bacteriúria significativa: >100. 000 colônias por ml de urina).

Prevalência e Etiologia n n n ITU está entre as infecções bacterianas mais comuns

Prevalência e Etiologia n n n ITU está entre as infecções bacterianas mais comuns na infância. Frequentemente é precursora de doença renal grave do adulto. 50% dos pacientes terão uma ou mais recorrência.

Prevalência e Etiologia Meninos: 1% adquire ITU, a maioria no primeiro ano de vida.

Prevalência e Etiologia Meninos: 1% adquire ITU, a maioria no primeiro ano de vida. Mais comum em não circuncidados. > 1 ano: Proteus e E. coli n Meninas: 3 -5%, sendo a idade média ao primeiro diagnóstico é de 3 anos. 75 -90%: E. coli, seguida pela Klebsiella e Proteus. n

Prevalência e Etiologia No primeiro ano de vida: masculino: feminino 2, 8 a 5,

Prevalência e Etiologia No primeiro ano de vida: masculino: feminino 2, 8 a 5, 4 n Após 1 -2 anos; Feminino: masculino 1: 10 n (Uretra mais curta e maior proximidade do ânus com vaginal e uretra).

Classificação Segundo a Localização da Doença 1. n Cistite: Limitada à bexiga. -Disúria. -Urina

Classificação Segundo a Localização da Doença 1. n Cistite: Limitada à bexiga. -Disúria. -Urina fétida. -Urgência miccional. -Polaciúria. -SEM febre. -Não produz lesão renal

Classificação Segundo a Localização da Doença 2. Pielonefrite aguda: n Infecção do parênquima renal.

Classificação Segundo a Localização da Doença 2. Pielonefrite aguda: n Infecção do parênquima renal. -Febre. -Comprometimento do estado geral. -Disúria -Sensação de queimação. -Lombalgia. -Vômitos. -Pode ser assintomática. -Pode resultar em lesão renal (cicatrizes pielonefríticas)

Classificação Segundo a Localização da Doença 3. Pielonefrite crônica: n Engloba condições diversas: -Alterações

Classificação Segundo a Localização da Doença 3. Pielonefrite crônica: n Engloba condições diversas: -Alterações histológicas do parênquima renal. -Alterações radiológicas dos rins. -Excreção contínua de bactérias -Presença de infecções recorrentes.

Classificação Segundo a Localização da Doença 4. Bacteriúria assintomática: -Urocultura positiva sem qualquer manifestação

Classificação Segundo a Localização da Doença 4. Bacteriúria assintomática: -Urocultura positiva sem qualquer manifestação de infecção. -Quase exclusiva em meninas. -É benigno e não causa lesão renal.

Etiopatogenia Mecanismo mais frequente: Contaminação do trato urinário, via ascendente, por agentes microbianos da

Etiopatogenia Mecanismo mais frequente: Contaminação do trato urinário, via ascendente, por agentes microbianos da flora intestinal. n Agente mais frequente: E. coli n

Etiopatogenia Agentes mais comuns: n Bacilos gram-negativos: E. coli, Proteus sp, Klebsiella sp, n

Etiopatogenia Agentes mais comuns: n Bacilos gram-negativos: E. coli, Proteus sp, Klebsiella sp, n n n Enterobacter sp, Pseudomonas sp, Serratia sp, Providencia sp. Streptococcus faecalis Staphylococcus aureus Staphylococcus saprophyticus

Etiopatogenia Agentes raros: Bactérias anaeróbias: Bacteroides sp, Cocos anaeróbios, Actinomyces, Clostridium perfrigens n Brucella

Etiopatogenia Agentes raros: Bactérias anaeróbias: Bacteroides sp, Cocos anaeróbios, Actinomyces, Clostridium perfrigens n Brucella sp n M. tuberculosis n Fungos: Candida sp, Blastomyces sp, Cryptococcus , Hystoplasma sp n Vírus: Adenovírus tipo 11. n

Vias de infecção Via ascendente: (95%) Bactérias ascendem da flora fecal, colonizam o períneo

Vias de infecção Via ascendente: (95%) Bactérias ascendem da flora fecal, colonizam o períneo e entram na bexiga pela uretra. Caso ascendam da bexiga ao rim pielonefrite. n

Vias de infecção Via hematogênica: Rara ocorrência. Importante no período neonatal (septicemias) n

Vias de infecção Via hematogênica: Rara ocorrência. Importante no período neonatal (septicemias) n

Fatores Predisponentes n Anomalias do trato urinário: Obstrução: Ureterocele, estenose de junção pieloureteral. Funcional:

Fatores Predisponentes n Anomalias do trato urinário: Obstrução: Ureterocele, estenose de junção pieloureteral. Funcional: refluxo vesicoureteral(RVU), bexiga neurogênica. n n Alteração na imunidade. Cálculos ou traumas.

Quadro Clínico n Recém-nascidos: (inespecífico)hipoatividade, anorexia, distenção abdominal. n Lactentes: febre baixa, vômitos, alteração

Quadro Clínico n Recém-nascidos: (inespecífico)hipoatividade, anorexia, distenção abdominal. n Lactentes: febre baixa, vômitos, alteração no hábito intestinal, anorexia. n Pré-escolares, escolares e adolescentes: queixas urinárias mais específicas (disúria, polaciúria, retenção , enurese).

Exame Físico n n Dados vitais. Dados antropométricos e percentis. Percussão das lojas renais

Exame Físico n n Dados vitais. Dados antropométricos e percentis. Percussão das lojas renais (Giordano). Exame dos genitais: malformações, fimose, vulvovaginite(leucorréia).

Procedimentos Diagnósticos n Urina tipo 1: Leucocitúria, hematúria e cilindrúria. n Urocultura: Confirma o

Procedimentos Diagnósticos n Urina tipo 1: Leucocitúria, hematúria e cilindrúria. n Urocultura: Confirma o diagnóstico. A confiabilidade depende da coleta.

Valorização da Urocultura Método de colheita Critérios de de urina positividade Punção suprapúbica 1.

Valorização da Urocultura Método de colheita Critérios de de urina positividade Punção suprapúbica 1. 000 colônias/ml Cateterismo uretral 10. 000 colônias/ml Jato médio Meninos: 10. 000 colônias/ml Meninas: 100. 000 colônias/ml Saco coletor 100. 000 colônias/ml

Procedimentos Diagnósticos n Hemograma: Leucocitose e neutrofilia. n Hemocultura: Em caso se suspeita de

Procedimentos Diagnósticos n Hemograma: Leucocitose e neutrofilia. n Hemocultura: Em caso se suspeita de infecção sistêmica (toxemia). n Proteinúria: Se presente, sugere pielonefrite.

Métodos de Imagem Meninos: após o primeiro episódio de ITU no sexo masculino em

Métodos de Imagem Meninos: após o primeiro episódio de ITU no sexo masculino em qualquer faixa etária; n Meninas: - abaixo de três anos, ITU complicada; - meninas maiores de três anos a partir do segundo episódio. n * Há serviços que indicam investigação em todas as crianças com diagnostico de ITU, no primeiro episodio, independente da faixa etária e do sexo.

Métodos de Imagem Ultra–sonografia (USG) das vias urinárias solicitar inicialmente. -avalia o tamanho renal,

Métodos de Imagem Ultra–sonografia (USG) das vias urinárias solicitar inicialmente. -avalia o tamanho renal, posição e textura do parênquima renal, avaliação da bexiga, presença de obstrução do trato urinário, massas abdominais e observação do resíduo vesical com USG pré e pós miccional. n

Métodos de Imagem n n n Uretrocistografia miccional (UCM): realizada de quatro a seis

Métodos de Imagem n n n Uretrocistografia miccional (UCM): realizada de quatro a seis semanas após a ITU (importante para o diagnostico de RVU). Se estes exames não mostrarem alterações, a investigação se encerra. Se um destes estiver alterado deve ser realizada a cintilografia renal ou urografia excretora.

Tratamento Recomendações gerais: -Estimular ingesta hídrica adequada e micção frequente. -Medidas higiênicas em meninas.

Tratamento Recomendações gerais: -Estimular ingesta hídrica adequada e micção frequente. -Medidas higiênicas em meninas. n

Tratamento Específico (VO) Medicamentos Doses Efeitos colaterais Nitrofurantoína 2 -5 mg/kg/dia, 6/6 h Não

Tratamento Específico (VO) Medicamentos Doses Efeitos colaterais Nitrofurantoína 2 -5 mg/kg/dia, 6/6 h Não usar em menores de 6 meses e Cl. Creat menor que 50% Ácido nalidíxico 60 mg/kg/dia, 6/6 h Não usar em menores de 6 meses Sulfatrimetropim 40 mg/kg/dia, 12/12 h Não usar no primeiro mês de vida. Alta resistência bacteriana (35%) Cefalexina Causa repercussão 50 mg/kg/dia, 6/6 h na flora intestinal

Tratamento Específico (EV/IM) Medicamento Dose Amicacina 15 mg/kg/dia, 12/12 h Ceftriaxona 50 -100 mg/kg/dia,

Tratamento Específico (EV/IM) Medicamento Dose Amicacina 15 mg/kg/dia, 12/12 h Ceftriaxona 50 -100 mg/kg/dia, 1224 h Gentamicina 5 -7, 5 mg/kg/dia, 8/8 h Ampicilina 50 -100 mg/kg/dia, 6/6 h

Tratamento n RN: Internação com antibioticoterapia EV. n Lactentes, pré-escolares e escolares: Ác. Nalidíxico,

Tratamento n RN: Internação com antibioticoterapia EV. n Lactentes, pré-escolares e escolares: Ác. Nalidíxico, Nitrofurantoína, Sulfametoxazol, Cefalosporinas, Aminoglicosídeos, Quinolonas(uso deve ser evitado em crianças, pois pode comprometer cartilagem de crescimento).

Quimioprofilaxia n n n Deve ser iniciado imediatamente após erradicação da infecção. Drogas: sulfametoxazol-trimetropim,

Quimioprofilaxia n n n Deve ser iniciado imediatamente após erradicação da infecção. Drogas: sulfametoxazol-trimetropim, nitrofurantoína, cefalexina. Indica-se em todas as crianças até terminar investigação.

Circuncisão n Indicada em meninos com ITU recorrente e com RVU

Circuncisão n Indicada em meninos com ITU recorrente e com RVU

Seguimento n n Urocultura uma semana após iniciar o tratamento. Devem ser realizadas uroculturas

Seguimento n n Urocultura uma semana após iniciar o tratamento. Devem ser realizadas uroculturas mensais no primeiro semestre, bimestrais no segundo semestre e trimestrais no segundo ano após a infecção.

n n Marcondes, Eduardo et al. Pediatria basica: pediatria geral e neonatal, tomo I.

n n Marcondes, Eduardo et al. Pediatria basica: pediatria geral e neonatal, tomo I. 9. ed. . São Paulo: Sarvier, 2002 http: //www. aisi. edu. br/ligapediatria/infecc ao. htm Nelson: Tratado de Pediatria - RICHARD E. BEHRMAN & ROBERT KLIEGMAN & HAL B. JENSON http: //www. sbn. org. br/Diretrizes/itu. htm