Carlos Drummond de Andrade 1902 1987 Considerado um
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Carlos Drummond de Andrade (1902 -1987) Considerado um dos maiores poetas do Ocidente no século XX, Carlos Drummond de Andrade ganhou a vida mais como jornalista e cronista do que como poeta. Mineiro de Itabira. Os ambientes rural e social do interior de Minas, bem como sua infância e sua família, serão sempre lembrados em seus poemas.
Carlos Drummond de Andrade Confidência do itabirano Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Prece de mineiro no Rio Espírito de Minas, me visita, e sobre a confusão desta cidade, onde voz e buzina se confundem, lança teu claro raio ordenador. Cidadezinha qualquer Casa entre bananeiras mulheres entre laranjeiras pomar amor cantar. (1902 -1987)
Carlos Drummond de Andrade (1902 -1987) Temas da poesia de Drummond í a) O desajustamento do homem diante do mundo. b) O desânimo e a desesperança c) A desorientação, a solidão, o isolamento humanos. d) A esperança, a liberdade, a paz. e) A realidade cotidiana, a solidariedade. f) A falência dos sentimentos, a ironia do amor. g) Amor. . . amor. . . h) Metalirismo, a poesia falando de poesia. i) Interpretação do estar-no-mundo.
Carlos Drummond de Andrade (1902 -1987) Temas da poesia de Drummond í a) O desajustamento do homem diante do mundo. Poema de sete faces Quando nasci, um anjo torto Desses que vivem na sombra Disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. As casas espiam os homens Que correm atrás de mulheres. A tarde talvez fosse azul, Não houvesse tantos desejos.
Carlos Drummond de Andrade Temas da poesia de Drummond í b) O desânimo e a desesperança Soneto da perdida esperança Perdi o bonde e a esperança. Volto pálido para casa. A rua é inútil e nenhum auto passaria sobre meu corpo. (1902 -1987)
Carlos Drummond de Andrade Temas da poesia de Drummond í c) A desorientação, a solidão, o isolamento humanos. José E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora? José? e agora, você? Você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? E agora , José? Se você gritasse, Se você gemesse, Se você tocasse A valsa vienense, Se você dormisse, Se você cansasse. se você morresse. . . Mas você não morre, Você é duro, José! (1902 -1987)
Carlos Drummond de Andrade (1902 -1987) Temas da poesia de Drummond í d) A esperança, a liberdade, a paz. A Flor e a náusea (. . . ) Uma flor nasceu na rua! Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego. Uma flor ainda desbotada ilude a policia, rompe o asfalto Façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu.
Carlos Drummond de Andrade (1902 -1987) Temas da poesia de Drummond í e) A realidade cotidiana, a solidariedade. Mãos dadas Não serei o poeta de um mundo caduco. Também não cantarei o mundo futuro. Estou preso à vida e olho meus companheiros. Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. Entre eles, considero a enorme realidade. O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. . . . . . O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens_ presentes, a vida presente
Carlos Drummond de Andrade Temas da poesia de Drummond í f) A falência dos sentimentos, a ironia do amor: Os ombros suportam o mundo Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus. Tempo de absoluta depuração. Tempo em que não se diz mais: meu amor. Porque o amor resultou inútil. E os olhos não choram. E as mãos tecem apenas o rude trabalho. E o coração está seco. Em vão mulheres batem à porta, não abrirás. . . . . . És todo certeza, já não sabes sofrer. E nada esperas de teus amigos. (1902 -1987)
Carlos Drummond de Andrade (1902 -1987) Temas da poesia de Drummond í g) Amor. . . amor. . . que amava Raimundo João amava Tereza que amava Joaquim que amava Maria que não amava Ninguém. (. . . ) que amava Lili
Carlos Drummond de Andrade Temas da poesia de Drummond í g) Amor. . . amor. . . • Cantiga de amor sem eira nem beira, vira o mundo de cabeça para baixo, suspende a saia das mulheres, tira os óculos dos homens, o amor, seja como for, é o amor. • Não ensaie demais as tuas vítimas, ó amor, deixa em paz os namorados. • Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? (1902 -1987)
Carlos Drummond de Andrade Temas da poesia de Drummond í h) Metalirismo, a poesia falando de poesia. • Palavra, palavra (digo exasperado), se me desafias, aceito o combate. • Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. • Eu quero compor um soneto duro como poeta algum ousara escrever. (1902 -1987)
Carlos Drummond de Andrade Temas da poesia de Drummond í i) Interpretação do estar-no-mundo. No meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. (1902 -1987)
Carlos Drummond de Andrade Temas da poesia de Drummond í i) Interpretação do estar-no-mundo. O mundo não vale o mundo, meu bem. . . . O mundo, meu bem, não vale a pena, e a face serena vale a face torturada. Há muito aprendi a rir, de quê? de mim? ou de nada? O mundo, valer não vale. (1902 -1987)
Carlos Drummond de Andrade (1902 -1987) Temas da poesia de Drummond í i) Interpretação do estar-no-mundo. Os cacos da vida, calados, formam uma estranha xícara. Sem uso, ela nos espia do aparador.
Carlos Drummond de Andrade Temas da poesia de Drummond í i) Interpretação do estar-no-mundo. Que milagre é o homem? Que sonho, que sombra? Mas existe o homem? (1902 -1987)
Carlos Drummond de Andrade Temas da poesia de Drummond í i) Interpretação do estar-no-mundo. O dente morde a fruta envenenada a fruta morde o dente envenenado o veneno morde a fruta e morde o dente, se mordendo, já descobre a polpa deliciosíssima do nada. (1902 -1987)
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