CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2018 FRATERNIDADE E SUPERAO DA

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CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2018 “FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA” “VÓS SOIS TODOS IRMÃOS” Mt

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2018 “FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA” “VÓS SOIS TODOS IRMÃOS” Mt 23, 8.

ORAÇÃO DA CAMPANHA: • Deus e Pai, nós vos louvamos pelo vosso infinito amor

ORAÇÃO DA CAMPANHA: • Deus e Pai, nós vos louvamos pelo vosso infinito amor e vos agradecemos por ter enviado Jesus, o Filho amado, nosso irmão. • Ele veio trazer paz e fraternidade a terra, e cheio de ternura e compaixão, sempre viveu relações repletas de perdão e misericórdia.

 • Derrama sobre nós o Espírito Santo, para que, com o coração convertido,

• Derrama sobre nós o Espírito Santo, para que, com o coração convertido, acolhamos o projeto de Jesus e sejamos construtores de uma sociedade justa e sem violência, para que, no mundo inteiro, cresça o vosso Reino de liberdade, verdade e de paz. AMÉM

INTRODUÇÃO GERAL • Tempo de quaresma é tempo de preparação para a Páscoa, que

INTRODUÇÃO GERAL • Tempo de quaresma é tempo de preparação para a Páscoa, que exige conversão e mudança de vida (Mc 1, 15). • Passaremos pelo deserto, condição integrante do caminho em direção à Páscoa. Não se chega à terra prometida, terra onde corre leite e mel (Ex 3, 7 -9) sem passar pelo deserto, no qual somos chamados a morrer para o pecado, a fim de ressurgirmos com Jesus para uma vida nova.

 • A Quaresma, ao menos primeiros séculos da Igreja, era o tempo em

• A Quaresma, ao menos primeiros séculos da Igreja, era o tempo em que os catecúmenos se preparavam com mais assiduidade e seriedade para receberem o santo Batismo; e os já eram batizados, para renovarem suas promessas batismais. • A campanha da fraternidade, desde 1964, tem como objetivo construir uma cultura da fraternidade, apontar os princípios da justiça e denunciar as violações contra a dignidade humana, abrindo caminho para a solidariedade

 • Até pouco tempo atrás falávamos da trilogia do pecado: contra Deus, contra

• Até pouco tempo atrás falávamos da trilogia do pecado: contra Deus, contra o próximo e contra si mesmo. Há também uma violência contra Deus, contra o próximo e contra si mesmo. • Na reunião da Rota Romana de 2006, falou-se também de pecados ambientais (Estamos sendo violentos contra a natureza) e de outros pecados modernos, como tráfico de drogas, manipulação genética e a acomodação diante das alarmantes desigualdades sociais. (Mons. Gianfranco Girotta; Patriarca Bartolomeu). A Igreja está pedindo paz para com a natureza.

 • A campanha da fraternidade deste ano tem como objetivo geral: • “CONSTRUIR

• A campanha da fraternidade deste ano tem como objetivo geral: • “CONSTRUIR A FRATERNIDADE, PROMOVENDO A CULTURA DA PAZ, DA RECONCILIAÇÃO E DA JUSTIÇA, À LUZ DA PALAVRA DE DEUS, COMO CAMINHO DE SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA. • Objetivos específicos: • Anunciar a Boa Nova da fraternidade e da paz, estimulando ações concretas que expressem a conversão e reconciliação no espírito quaresmal. • CF 2018. mp 4

 • Analisar as múltiplas formas de violência, especialmente as provocadas pelo tráfico de

• Analisar as múltiplas formas de violência, especialmente as provocadas pelo tráfico de drogas, considerando suas causas e consequências na sociedade brasileira. • Identificar o alcance da violência nas realidades urbanas e rural de nosso país, propondo caminhos de superação, a partir do diálogo, da misericórdia e da justiça, em sintonia com o Ensino Social da Igreja

 • Valorizar a família e a escola como espaço de convivência fraterna, de

• Valorizar a família e a escola como espaço de convivência fraterna, de educação para a paz e de testemunho do amor e do perdão; • EM RESUMO, O QUE A IGREJA ENSINA, À LUZ DA PALAVRA DE DEUS, É QUE A VIOLÊNCIA NUNCA DEVE SER USADA COMO RESPOSTA JUSTA. A VIOLÊNCIA É UM MAL INACEITÁVEL. A SOLUÇÃO DEVE SER DIGNA DO SER HUMANO. É PRECISO BUSCAR SOLUÇÕES ALTERNATIVAS À VIOLÊNCIA.

TEMA: A PALAVRA VIOLÊNCIA VEM DE VIS. • (VIS = FORÇA). Bem próxima dessa

TEMA: A PALAVRA VIOLÊNCIA VEM DE VIS. • (VIS = FORÇA). Bem próxima dessa mesma raiz semântica temos o vocábulo virtus, da qual formamos a palavra virtude, que é uma força boa, que leva à maturidade, quando a pessoa se torna capaz de realizar valores civis e humanos, mesmo diante de obstáculos e dificuldades, como dizia acordo com Cícero (106 -43 a. C. ). Cf. Prof. Dalmasio Mongillo, Dicionário de teologia Moral, p. 1277). Portanto, há uma força saudável e uma força venenosa, de virus.

 • De acordo com a (OMS) “a violência se caracteriza pelo uso intencional

• De acordo com a (OMS) “a violência se caracteriza pelo uso intencional da força contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo de pessoas. Essa violência pode resultar em dano institucional, físico, sexual, psicológico ou de morte” (CF 6). (Violência física e verbal). • De acordo com o estudioso Adrian Raine há fatores neurológicos, ambientais e genéticos como causas de um comportamento violento. • Os maiores males, entretanto, surgem da violência ambiental.

 • O professor de psicologia clinica Zeferino Rocha, acrescenta que a violência cresce

• O professor de psicologia clinica Zeferino Rocha, acrescenta que a violência cresce quando a sociedade entra crise ética, que atinge a política, a economia, a família etc. Compreendendo a partir deste prisma podemos dizer que a violência é uma realidade de ontem, de hoje e de amanhã. Mas se não for contida pode comprometer a sobrevivência da humanidade • (Síntese Revista de Filosofia, Vol. 28, n. 92, 2001, p. 303).

 • O Documento de Santo Domingo fala em diversos tipos de violência: •

• O Documento de Santo Domingo fala em diversos tipos de violência: • Violência contra a mulher é absurda, pois ela é quem gera, cuida e protege a vida (106). Pensamos na violência física, mas também a violência de não ter condições dignas de proteger a vida. A Catecismo acrescenta ainda como gravíssima a violência contra os pais, mais grave do que violência contra qualquer outra pessoa (Ci. GC 1858). • Violência nas relações sexuais (110): estupros, abuso de menores e até crianças. Fere a justiça e a caridade, o direito de cada um à liberdade, à integridade física e moral. Mais grave ainda quando praticada por quem deveria proteger (Ci. GC 2356) (traumas).

 • Violência contra os direitos dos menores, das mulheres e dos pobres, que

• Violência contra os direitos dos menores, das mulheres e dos pobres, que acontece pelo terrorismo, opressão, assassinatos e por condições de extrema pobreza (DSD 167). • Há Violência onde é exercida uma força contra os mais fracos, mas há também a violência do silêncio e da Indiferença. Tristão de Athayde , em 1974, falava de dois tipos silêncio: O silêncio contemplativo, de Moisés de tantos homens e mulheres de Deus, e o silêncio covarde, daqueles que se torna cúmplice do mal.

 • A Campanha da Fraternidade deste ano propõe a fraternidade como remédio contra

• A Campanha da Fraternidade deste ano propõe a fraternidade como remédio contra a violência. Lema: Vós sois todos irmãos (Mt 23, 8). . Considerar todos como irmãos e irmãs é consequência de nossa filiação em Deus (Ef 4, 6). Com muito mais força ainda esta verdade nos foi apresentada por Jesus, o verdadeiro filho muito amado do Pai (Mt 3, 17). A consciência de filiação comum nos remete à fraternidade.

PRIMEIRA PARTE: VER AS MÚLTIPLAS FORMAS DE VIOLÊNCIA N. 16 -145 • Apesar das

PRIMEIRA PARTE: VER AS MÚLTIPLAS FORMAS DE VIOLÊNCIA N. 16 -145 • Apesar das leis de proteção ao menor, à mulher e ao idoso, que surgiram a partir de 1990, somados aos equipamentos e serviços privados de proteção, a violência está ai. • Quanto mais nos protegemos, mais nos isolamos, fugimos do potencial inimigo, mas também do amigo. • Não basta se proteger, é preciso buscar as causas e educar para a paz.

 • Apesar de possuirmos menos de 3% da população mundial, nosso país responde

• Apesar de possuirmos menos de 3% da população mundial, nosso país responde por quase 13% dos assassinatos no planeta. Em 2014, o Brasil chegou ao topo ranking, considerando o número absoluto de homicídios: 59. 627 (IPEA). • PRECISAMOS COMPREENDER A COMPLEXIDADE E AS RAZÕES DE TAMANHA TRAGÉDIA HUMANA.

 • Precisamos de mais segurança pública, mas com políticas voltadas para garantir e

• Precisamos de mais segurança pública, mas com políticas voltadas para garantir e ampliar os direitos dos cidadãos e garantir o funcionamento das instituições para que a sociedade seja verdadeiramente democrática. As próprias instituições devem contribuir e educar para que todos compreendam que têm direitos e deveres, de maneira equilibrada e justa.

 • O contexto social e econômico tem forçado os países, entre eles o

• O contexto social e econômico tem forçado os países, entre eles o Brasil, a redefinir o papel atribuído ao estado e a rediscutir projetos políticos e de gestão dos serviços públicos. Um política de segurança pública, principalmente na sociedade contemporânea, deve promover a cidadania e aumentar a solidariedade entre as pessoas. Enclausurar deveria ser o ultimo recurso (CF 20). Antes de tudo deveríamos promover um tipo de segurança que pudesse contar com outros atores sociais, além das polícias, que atuam no campo da educação, da saúde, do esporte, da assistência social e da cultura, entre outros, onde é possível preparar pessoas para a cidadania. (CF 21).

 • A partir destas pistas compreendemos que normalmente, antes da violência física e

• A partir destas pistas compreendemos que normalmente, antes da violência física e de atos violentos existem outros tipos de violência. Há situações estruturais de geração e perpetuação da violência. • Deus nos criou irmãos e não rivais.

A EXPERIÊNCIA COTIDIANA DA VIOLÊNCIA • Ainda gozamos da fama de país abençoado, acolhedor,

A EXPERIÊNCIA COTIDIANA DA VIOLÊNCIA • Ainda gozamos da fama de país abençoado, acolhedor, de diversidade e fartura propiciadas pela generosidade da natureza. Ainda somos considerados nação ordeira e pacífica, de povo alegre e festeiro. Somos um país de muitas raças, convivendo pacificamente; • Mas esta imagem convive com inúmeras contradições, a partir das estatísticas que são elaboradas pelos institutos de pesquisas.

 • Numa pesquisa realizada pela “Rede Nossa” e pelo “IPOBE”, em São Paulo,

• Numa pesquisa realizada pela “Rede Nossa” e pelo “IPOBE”, em São Paulo, com crianças e adolescentes perguntaram sobre o que eles mais temiam quanto à segurança. Eles responderam: o roubo, o trafico de drogas, a policia etc. Embora os adolescentes e jovens constituam pouco mais de ¼ da população, 58% dos assassinatos são estão nesta faixa etária. • No Brasil cinco pessoas são mortas por arma de fogo a cada hora, 123 a cada dia.

 • No ano de 2014 foram 40 mil assassinatos no Brasil, quantidade maior

• No ano de 2014 foram 40 mil assassinatos no Brasil, quantidade maior do que a população de muitos municípios brasileiros; • Há muita violência motivada pelo preconceito, ódio de classe, de raça, gênero, de política e até mesmo de intolerância religiosa (CF 28).

A VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL • A violência direta é a forma mais extrema de agressão,

A VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL • A violência direta é a forma mais extrema de agressão, mas apenas aparentemente. Ela representa tão somente uma pequena expressão das relações sociais violentas. A desigualdade social é uma forma de violência pouco comentada (Conferir ultima pesquisa) O desemprego e a fome são consideradas como violência tão cruel quanto a violência física. Não há violência maior do que a fome. • O texto base nos apresenta o exemplo da década de 1980, com a crise econômica e o aumento da inflação vivida naquele período (37)

OS RECENTES NÚMEROS DA DESIGUALDADE • No relatório mundial da desigualdade no mundo, o

OS RECENTES NÚMEROS DA DESIGUALDADE • No relatório mundial da desigualdade no mundo, o Brasil aparece como um dos países em que a desigualdade mais cresceu no ano de 2017. De 31 bilionários passamos para 43. Os seis homens mais ricos do Brasil concentra uma riqueza igual aos 50% mais pobres. Tudo isso têm a ver com a mudança na politica e na economia, uma vez que os salários dos 10% mais pobres aumentaram durante 14 anos (2001 -2014) e começaram a diminuir com o volta do neoliberalismo (fonte www. oxfam. com. br. (Jan/2017).

 • A DESIGUALDADE SOCIAL, TUTELADA PELOS PODERES ECONÔMICOS E POLITICOS, ESTÁ NA ORIGEM

• A DESIGUALDADE SOCIAL, TUTELADA PELOS PODERES ECONÔMICOS E POLITICOS, ESTÁ NA ORIGEM DE MUITAS OUTRAS VIOLÊNCIAS. A DESIGUALDADE ECONÔMICA LEVA À DESIGUALDADE DE OPORTUNIDADES, PRINCIPALMENTE PELA SUA INCIDÊNCIA NA BAIXA OU INSUFICIENTE ESCOLARIDADE, QUE POR SUA VEZ TENDE A OCUPAÇÕES COM BAIXA REMUNERAÇÃO.

A CULTURA DA VIOLÊNCIA • Por cultura da violência entendemos a interpretação da realidade

A CULTURA DA VIOLÊNCIA • Por cultura da violência entendemos a interpretação da realidade violenta que precede aos próprios indivíduos do grupo que a constitui. Dos mecanismos estruturais que acabam gerando violência. Por violência entendemos ainda as culturas que legitimam atos violentos. Numa cultura da violência é muito fácil elaborar discursos para justificar as violências. Assim suavizam os atos de violências colocando a culpa na conduta da vítima.

 • Não restam dúvidas de que o tráfico de drogas e a corrupção

• Não restam dúvidas de que o tráfico de drogas e a corrupção são duas formas inaceitáveis de violência, mas há ainda muitos atos violentos cometidos por pessoas que agem pelo impulso ou por motivos fúteis: ciúmes, desavenças entre vizinhos, desentendimento no transito etc. Neste contexto a reação violenta torna-se naturalizada, como se fosse a única forma de resolver a situação. Essa naturalização se converte em indiferença.

 • É possível que alguém de vocês já ouviu dizer quem foi estuprada

• É possível que alguém de vocês já ouviu dizer quem foi estuprada é porque vestia de forma imoral; o adolescente foi agredido porque usava droga, por ser delinquente ou marginal. Dessa maneira entende-se a violência como benéfica para a sociedade ou como castigo merecido. • Mas há ainda um tipo de violência que está ligado às relações sociais no Brasil, que levam as pessoas a acreditarem que a desigualdade social é coisa natural.

 • Com essa maneira de compreender a realidade social passam a entender que

• Com essa maneira de compreender a realidade social passam a entender que alguns sujeitos sociais são naturalmente inferiores: mulheres, jovens, idosos, trabalhadores, negros, índios, pessoas com diferentes orientações sexuais, imigrantes, migrantes. Essas pessoas são as maiores vitimas de violência.

2. A VIOLÊNCIA COMO SISTEMA NO BRASIL • Desde o período colonial o Brasil

2. A VIOLÊNCIA COMO SISTEMA NO BRASIL • Desde o período colonial o Brasil é violento. O arranjo social aqui construído privilegiou certas categorias, dando-lhes melhor tratamento em relação às outras. • O colonizador branco foi sempre considerado superior ao índio e ao negro. Carregamos este estigma até hoje. • Maria de Fátima Novaes Pires, em sua tese de mestrado, mostrou como o negro era o primeiro suspeito de qualquer crime que acontecesse na cidade, e muitas vezes condenados por falso testemunho, apenas por ouvir dizer (O crime na cor).

 • A passagem da monarquia para a república não diminuiu o preconceito, porque

• A passagem da monarquia para a república não diminuiu o preconceito, porque os ideais republicanos foram implantados por uma elite econômica, política e jurídica. • O lema da igualdade, fraternidade e liberdade foi apenas um joguete formal de palavras, pois prevaleceu a desigualdade de direitos e a parcialidade na obediência às leis (CF 53). • A política que temos hoje ainda produz e reforça a desigualdade de direitos, gerando formas sutis de violência.

 • Infelizmente os defensores dos direitos humanos no Brasil nem sempre são bem

• Infelizmente os defensores dos direitos humanos no Brasil nem sempre são bem vistos. No ano de 2016 foram assassinados 66 defensores dos direitos humanos, com maior incidência no Norte e no Nordeste. Conflitos por direitos concentram a maior parte dos casos (CF 55).

AS VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA NO BRASIL • A) Violência racial. • A vida violência

AS VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA NO BRASIL • A) Violência racial. • A vida violência racial engloba três formas de violência: direta, estrutural e cultural. • São muitos os estrangeiros que vieram para o Brasil em busca de melhores oportunidades. Temos aqui pessoas de 82 nacionalidades diferentes.

 • Entretanto, estudando o mapa da violência, que aconteceu entre os anos de

• Entretanto, estudando o mapa da violência, que aconteceu entre os anos de 2003 e 2014, houve uma queda de 26% no número de homicídios de pessoas brancas mas, no mesmo período, houve um aumento de 9, 9% de homicídios de pessoas negras. • São 27, 4 pessoas negras assassinadas em cada 100 mil, enquanto em cada 100 mil pessoas branca aconteceram 10, 9 assassinadas. A diferença é de 158%.

3. 2 A VIOLÊNCIA CONTRA OS JOVENS • Entre jovens de 15 a 24

3. 2 A VIOLÊNCIA CONTRA OS JOVENS • Entre jovens de 15 a 24 anos, os homicídios são a principal causa de morte. No ano de 2011 houve 52 mil assassinatos no Brasil, entre os quais 52, 6% jovens. Mas entre estes 72% são jovens negros, 93 % sexo masculino (CF n. 80).

3, 3 VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES E HOMENS • As vítimas são, em parte, homens.

3, 3 VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES E HOMENS • As vítimas são, em parte, homens. Mas entre 2001 e 2011 o aumento no assassinato foi de 8%, enquanto o de mulheres foi de 17%. • O homicídio de mulheres no Brasil cresceu 2, 4 vezes mais do que a média internacional (CF 83). • Um dado importante. O local de agressão e homicídio contra a mulher é o domicilio (27%) enquanto o do homem é a rua (48%). Este dado indica que o local de violência contra é o domicilio, pela força, normalmente o próprio parceiro.

3. 7. VIOLÊNCIA DO NARCOTRÁFICO • O narcotráfico movimenta 400 bilhões de dólares por

3. 7. VIOLÊNCIA DO NARCOTRÁFICO • O narcotráfico movimenta 400 bilhões de dólares por ano, sendo um dos setores mais lucrativos da economia mundial. Os pequenos traficantes são condenados, mas os grandes empresários da droga e o sistema financeiro internacional não. O FMI, em 2008, afirmou que 352 bilhões de dólares vindos do trafico de drogas foram absorvidos pelo sistema bancário do planeta (CF 107).

 • O narcotráfico procura fazer sempre mais viciados nas famílias desestruturadas, pobres ou

• O narcotráfico procura fazer sempre mais viciados nas famílias desestruturadas, pobres ou ricas, nas proximidades das escolas e nas periferias. • Dados da secretaria nacional antidrogas e do escritório das Nações Unidas sobre drogas e crimes indicam que no Brasil há entre 20 a 30 milhões de viciados em álcool e 870 mil dependentes de cocaína. A cada ano morre 8 mil pessoas em decorrência do uso de drogas licitas e ilícitas. O álcool é responsável por 85% das mortes (CF 109).

3. 4 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA • A violência contra a mulher ocorre dentro de casa.

3. 4 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA • A violência contra a mulher ocorre dentro de casa. 71% das agressões registradas pelo SUS em 2011 aconteceram no domicílio da vítima. • Normalmente o agressor é o parceiro ou exparceiro da vítima (43%). • Numa relação entre o mais forte e mais fraco, normalmente o mais forte consegue escapar da punição. Nos casos de violência doméstica apenas 7, 4% dos agressores foram condenados ou aguardam julgamento (CF 90). • Que abuso é esse. . mp 4

3. 12 VIOLÊNCIA NO TR NSITO • As mortes no trânsito matam 47 mil

3. 12 VIOLÊNCIA NO TR NSITO • As mortes no trânsito matam 47 mil por ano no Brasil e deixam 400 mil com sequelas. O nosso Brasil é o 4º colocado em acidentes no transito das Américas (Jornal Folha de São Paulo – 12/2017). Os números ultrapassam à China e à Índia, que são países 6 vezes mais populoso que o Brasil (CF 141). • As principais causas da violência no transito são evitáveis. Dirigir sob efeito de álcool e drogas, alta velocidade, inexperiência na direção. Há também os problemas da má conservação e sinalização das estradas como fatores graves (CF 142).

SEGUNDA PARTE JULGAR - n. 146 -203. 1. SAGRADA ESCRITURA. • A violência é

SEGUNDA PARTE JULGAR - n. 146 -203. 1. SAGRADA ESCRITURA. • A violência é um tema abundante na Sagrada Escritura, sobretudo no Antigo Testamento. Os profetas foram os maiores denunciadores da violência e dos danos provocados por ela. Ao ler o Antigo Testamento corremos o risco de até pensar que Deus é violento.

AT: A COMUNHÃO ROMPIDA PELO PECADO. • Precisamos ler o Antigo Testamento na ótica

AT: A COMUNHÃO ROMPIDA PELO PECADO. • Precisamos ler o Antigo Testamento na ótica da cultura daquele povo. Deus não teria outra maneira de comunicar a não ser através da cultura de um povo. Neste encontro entre a revelação de Deus e a cultura israelita, marcada por muitas violências sofridas em confronto com os povos vizinhos e pelos impérios, dá-se a impressão que Deus é violento, que é ele mesmo quem convoca para a guerra, que estimula a violência.

 • Mas, no mesmo Antigo Testamento encontramos a forte exortação: “não façais a

• Mas, no mesmo Antigo Testamento encontramos a forte exortação: “não façais a ninguém aquilo que não gostaria que fosse feito à você”. • Jesus substituiu a lei do talião, o “olho por olho” [. . . ] do Antigo Testamento pelo amor aos inimigos (Mt 5, 38 -48).

 • Os profetas foram os que mais refletiram a temática da violência; •

• Os profetas foram os que mais refletiram a temática da violência; • Por isso eles foram perseguidos e feitos objetos de intimidação, alvos de diversos tipos de violência. • O caso mais conhecido é o do profeta Jeremias, que as autoridades religiosas quiseram matar (Jr 26) e o mantiveram prisioneiro em uma cisterna (Jr 37 -38). • Elias teve que fugir para o deserto (1 Re 19, 2). • Amós foi expulso do santuário de Betel (Am 7, 10 -17)

 • O discurso dos profetas sobre a violência é concreto. • Eles foram

• O discurso dos profetas sobre a violência é concreto. • Eles foram testemunhas privilegiadas violências cometidas pelo seu povo e das injustiças contra os mais fracos. • Por isso são unânimes em denunciar o uso da violência e da opressão pelo povo de Israel e pelos povos vizinhos. Falam sobre o direito e a justiça em relação aos pobres • (Am 5, 24 ; Mq 6, 8 ; Is 58, 6 -7 ; Jr 7, 3 -5)

 • Para além da denúncia, os profetas convidam seus contemporâneos a uma radical

• Para além da denúncia, os profetas convidam seus contemporâneos a uma radical conversão, à prática da justiça e da compaixão: (Am 5, 24; Jr 22, 3). • Uma consideração especial merece o profeta Isaias, com a visão de um mundo que renunciará à guerra e seus instrumentos de violência e, assim, poderá gozar da paz sem limites: • “Lavai-vos, limpai-vos, tirai da minha vista as a causa injustiças que praticais. Parai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem, buscai o que é correto, defendei o direito do oprimido, fazei justiça para o órfão, defendei a causa da viúva” (Is 1, 16 -17);

 • OS SAPIENCIAIS excluem qualquer uso de violência, bem como qualquer tipo de

• OS SAPIENCIAIS excluem qualquer uso de violência, bem como qualquer tipo de cumplicidade com aqueles que dela se utilizam. Alguns fortes exemplos podem ser lidos em: “Não trames o mal contra o amigo, quando ele vive contigo cheio de confiança. Não abras processo contra alguém sem motivo, se não te fez mal algum! Não invejes a pessoa injusta e não imites nenhuma de suas atitudes, pois o Senhor detesta o perverso” (Pr 3, 29 - 32).

Violência no Novo Testamento • Somente no NT, a luz da palavra definitiva de

Violência no Novo Testamento • Somente no NT, a luz da palavra definitiva de Deus que nos é dada por Jesus é que toda a delicada temática da violência e da vingança recebem uma resposta definitiva. • Os escritos do NT nasceram a luz da Páscoa de Jesus e todos a refletem de alguma forma. • O centro do NT é Jesus, que é por excelência é uma pessoa não violenta. Por isso não se encontra nenhum tipo de incentivo a violência em suas páginas.

 • Muitas imagens utilizadas para falar da luta contra o mal e do

• Muitas imagens utilizadas para falar da luta contra o mal e do combate espiritual que o cristão precisa ter são evocadas de ambientes militares, mas referem-se a atitude de disciplina, mais que de demonstração de força sobre alguém, mesmo que inimigo. • Não é para impressionar que a parte mais antiga e mais desenvolvida do NT seja o relato da paixão de Jesus, um evento violento e injusto que se inicia com a prisão, passa pela flagelação até o seu ocaso na crucificação.

 • As palavras de Jesus apresentam novidades. Ele prega o amor aos inimigos

• As palavras de Jesus apresentam novidades. Ele prega o amor aos inimigos fundamentando esta atitude em Deus Pai (Mt 5, 44 e Lc 6, 27): “Ouvistes que foi dito: ‘Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo. Mas eu vos 22 digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem, para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos”.

 • Jesus é o messias, não o cavaleiro das guerras, mas o que

• Jesus é o messias, não o cavaleiro das guerras, mas o que vem montado no jumentinho, o homem de paz. • Ele vence a violência com a força da Palavra. • Deus enviou o seu Filho para nos salvar, para persuadir, e não para violentar, pois em Deus não há violência (Carta a Diogneto VII, 4) • A superação da violência sempre passa pelo mistério pascal (sacrifício e frutos) • A grande missão da Igreja é desenvenenar a imagem do Deus da Paz.

 • VIOLÊNCIA BROTA DO CORAÇÃO: • Pois é de dentro, do coração humano,

• VIOLÊNCIA BROTA DO CORAÇÃO: • Pois é de dentro, do coração humano, que saem as más intenções: imoralidade sexual, roubos, homicídios, adultérios, ambições desmedidas, perversidades; fraude, devassidão, inveja, calúnia, orgulho e insensatez. Todas essas coisas saem de dentro, e são elas que tornam alguém impuro” (Mc 7, 14 -23). • É o coração do homem que precisa ser pacificado, para que possa superar a mentalidade de que o outro seja um risco a ser eliminado.

 • A superação da violência passa necessariamente pela conversão dos atos do homem,

• A superação da violência passa necessariamente pela conversão dos atos do homem, que pressupõe uma conversão de seu coração. • A espiritualidade é apontada como um instrumento necessário para este processo: “Amai vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5, 44), “brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5, 16).

3. O AGIR: AÇÕES PARA SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA • TODOS DESEJAMOS A PAZ, MUITAS

3. O AGIR: AÇÕES PARA SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA • TODOS DESEJAMOS A PAZ, MUITAS PESSOAS A EDIFICAM TODOS OS DIAS COM PEQUENOS GESTOS, MUITOS SOFREM E SUPORTAM PACIENTEMENTE AS DIFICULDA-DES DE TANTAS TENTATIVAS PARA CONSTRUÍ-LA. PEQUENOS E COTIDIANOS GESTOS TESTEMUNHAM COMO OS VALORES DO EVANGELHO SÃO IMPRESCINDÍVEIS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM MUNDO NOVO, SEM VIOLÊNCIA (CF 204).

JUSTIÇA RESTAURATIVA 1. A justiça restaurativa é uma resposta concreta à situação de violência

JUSTIÇA RESTAURATIVA 1. A justiça restaurativa é uma resposta concreta à situação de violência e desestruturação social, à qual as pessoas privadas de liberdade são submetidas. Ele possibilita que a pessoa seja novamente acolhida e aceita em seu meio social, familiar e comunitário (CF 229). 2. Restaurar a pessoa significa também restaurar suas relações consigo, com os familiares, com sua comunidade e, principalmente com a família da vítima.

 • Nesta proposta de justiça o ser humano passa a ser visto como

• Nesta proposta de justiça o ser humano passa a ser visto como pessoa que tem potencialidades e possibilidades. Neste processo de diálogo entre os envolvidos no conflito é possível expressar a dor e a certeza de reconhecimento, por parte do agressor, do mal cometido, bem como a responsabilidade e a reparação dos danos à vítima e sua reintegração na sociedade (CF 231).

 • Para superar a violência, é necessário denunciar a predominância do modelo punitivo

• Para superar a violência, é necessário denunciar a predominância do modelo punitivo presente no sistema penal brasileiro, expressão de mera vingança. É preciso incorporar ações educativas, penas alternativas e fóruns de mediação de conflitos que visem a superação dos problemas e à aplicação da justiça restaurativa (CF 232). O papel dos mediadores é muito importante: vale para as famílias, as escolas, as instituições etc.

 • Lembremos aqui os quatro pilares para a convivência pacífica e para restauração

• Lembremos aqui os quatro pilares para a convivência pacífica e para restauração da paz, ditas Papa João XXIII, na Pacem in Terris (1963). O Papa dizia sobre estes pilares em relação à convivência entre as nações mas vale também para convivências familiares e comunitária: a) Verdade b) Justiça c) Amor d) Liberdade (PT 35).

 • A) Verdade: a verdade exige que superemos todo racismo e todo domínio

• A) Verdade: a verdade exige que superemos todo racismo e todo domínio do “superior” sobre o “inferior”. A dignidade de toda pessoa humana deve ser respeitada, mesmo se ela não tenha condições de opinar ou de assumir compromissos. Há diferenças de saber, de virtude, de criatividade, de experiência de vida e de recursos. Mas tudo isso deve contribuir para o crescimento de todos, não para o domínio de uns sobre os outros. Quem sabe mais, possui mais ou é mais virtuoso tem igualmente mais responsabilidade de colaboração para o bem de todos. Ninguém é superior a ninguém, pois todos gozamos de igual dignidade (PT 86 -90).

 • B) JUSTIÇA: as relações entre as pessoas devem ser regidas pela justiça,

• B) JUSTIÇA: as relações entre as pessoas devem ser regidas pela justiça, que comporta direitos e responsabilidades, que vale para o estado, a comunidade, a economia e a família. A injustiça é uma das maiores causas da violência em todos os tempos. Toda pessoa humana tem direito aos recursos necessários para a existência.

OBRAS SOCIAIS DA IGREJA COMO CAMINHO DE SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA • Ao longo da

OBRAS SOCIAIS DA IGREJA COMO CAMINHO DE SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA • Ao longo da história muitas iniciativas sociais e caritativas, vinculadas à espiritualidade, alimentaram a esperança de homens e mulheres (oratórios salesianos, fazendas de recuperação, creches). As cáritas paroquiais e diocesanas, em parceria com as pastorais sociais, poderiam avançar ainda mais na recuperação de pessoas. (ver filmes 2 e 5).

 • Toda vitória contra a violência se conquista a partir da substituição do

• Toda vitória contra a violência se conquista a partir da substituição do egoísmo pelo amor. • Pessoas viciadas e violentas gastam todas as suas energias para o mal, para sustentar algo estranho a elas mesmas. A reorganização da vida passa pelo treinamento para o amor, do fazer algo de bom para o outro. Assim acontece nas fazendas de recuperação: fazem para o outro. Confira o depoimento de uma jovem em Guaratinguetá, diante do Papa Bento XVI [. . . ]

 • O Papa Bento XVI, por sua vez, disse que “todos os que

• O Papa Bento XVI, por sua vez, disse que “todos os que comercializam drogas devem pensar no mal que estão fazendo a uma multidão de jovens e adultos, e que deus vai exigir satisfações. A dignidade humana não pode ser espezinhada desta maneira. Ainda bem que existem embaixadores da esperança, através de terapia, que inclui a assistência médica, psicológica e pedagógica, com muita oração e disciplina, que tem levado tantos jovens a recuperarem o sentido da vida”. Cf. Palavras do Papa Bento XVI no Brasil, Paulinas, 2007, p. 69 -70.

PROMOÇÃO ECLESIAL DE UMA ESPIRITUALIDADE QUE DESPERTE PARA SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA • Moisés venceu

PROMOÇÃO ECLESIAL DE UMA ESPIRITUALIDADE QUE DESPERTE PARA SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA • Moisés venceu o ódio que carregava consigo no encontro com Deus no deserto, lugar de silêncio e meditação (Ex 3, 1 -6). • Bem disse Padre Lima Vaz que a crise da sociedade atual está ligada à uma crise de espiritualidade (Escritos de Filosofia IV, p. 7). • Meia hora de silêncio e meditação por dia desmonta qualquer ímpeto de violência.

PISTAS CONCRETAS (240) • Viver o mandamento do amor. • Cada comunidade insira o

PISTAS CONCRETAS (240) • Viver o mandamento do amor. • Cada comunidade insira o tema da paz na liturgia e na oração. • Conhecer as áreas de conflitos. • Acompanhar famílias, jovens e grupos de bairros rivais e escolas com incidência de conflitos em vista de superá-los. • Promover uma pastoral familiar capaz de ajudar cada família a superar os problemas de violência doméstica.

 • O PRÍNCIPE DA PAZ JÁ ESTÁ EM NOSSO MEIO. É UM MENINO,

• O PRÍNCIPE DA PAZ JÁ ESTÁ EM NOSSO MEIO. É UM MENINO, O MENINO DEUS (Is 9, 5). • “FELIZES OS QUE PROMOVEM A PAZ, PORQUE TAMBÉM SERÃO CHAMADOS FILHOS E FILHAS DE DEUS (Mt 5, 9).

MATERIAIS A SEREM USADOS • A) Juventude: 4 encontros. • B) Catequese para crianças

MATERIAIS A SEREM USADOS • A) Juventude: 4 encontros. • B) Catequese para crianças e adolescentes: 4 encontros e uma celebração. • C) Grupos de Reflexão: 5 encontros. • D) Via Sacra • E) Vigília Eucarística e Celebração da Misericórdia. • Obs: no Manual da CF existem também materiais para as escolas.