Camilo Castelo Branco Amor de Perdio Sntese da
Camilo Castelo Branco Amor de Perdição Síntese da unidade Retoma de conteúdos Encontros – Português 11. º e 12. º anos
Amor de Perdição | Síntese da unidade ● Retoma de conteúdos Contextualização histórico-literária Sugestão biográfica (Simão e narrador) e construção do herói romântico A obra como crónica da mudança social Relações entre personagens · O amorpaixão Linguagem, estilo e estrutura Em síntese
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-LITERÁRIA Séc. XVII BARROCO Séc. XIX ROMANTISMO Friso cronológico REALISMO Camilo Castelo Branco (1825 -1890) Amor de Perdição (1861)
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-LITERÁRIA Camilo Castelo Branco (1825 -1890) Novelista entre os anos 50 e 80 do século XIX e um dos grandes génios da Literatura Portuguesa, Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco nasceu a 16 de março de 1825, em Lisboa, e suicidou-se a 1 de junho de 1890 em S. Miguel de Seide, Famalicão. Órfão de mãe aos dois anos e de pai aos nove, passou, a partir desta idade, a viver em Vila Real com uma tia paterna. Aos 16 anos, casou-se com Joaquina Pereira, em Friúme, Ribeira de Pena. Em 1844, instalou-se no Porto com o intuito de cursar Medicina, acabando por não passar do 2º ano. Em 1845, estreou-se na poesia e no ano seguinte no teatro e também no jornalismo – atividade, aliás, que nunca abandonaria. Viúvo desde 1847, fixou-se definitivamente no Porto a partir de 1848 (onde, em 1846, já estivera preso por ter raptado Patrícia Emília, um dos seus tumultuosos amores, de quem teria uma filha). De 1849 a 1851 consolidou a sua atividade jornalística, retomou o teatro, estreou-se no romance com Anátema (1851), conheceu a alta-roda portuense bem como os meios boémios e foi protagonista de aventuras romanescas. […]
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO LITERÁRIA Camilo Castelo Branco (1825 -1890) Era intensa a atividade literária de Camilo (não sendo a esse facto de todo alheias as dificuldades económicas): entre 1862 e 1863, o escritor publicou onze novelas e romances atingindo uma notoriedade dificilmente igualável. […]. Camilo foi o primeiro escritor profissional entre nós. Dotado de uma capacidade prodigiosa para efabular narrativas, conhecedor profundo do idioma, observador, ora complacente ora sarcástico, da sociedade (sobretudo da aristocracia decadente e da burguesia boçal e endinheirada), inclinado (por gosto, por temperamento e formação) para a intriga e análise passionais (muitas vezes atingindo o sublime da tragédia, como no Amor de Perdição), este genial autor romântico deixou-nos uma obra incontornável (apesar de irregular) na evolução da prosa literária portuguesa. […] Voltar “Camilo Castelo Branco” [em linha], in Infopédia [com supressões]
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO LITERÁRIA Contexto literário Voltar Romantismo Movimento artístico que se manifestou ao longo da primeira metade do século XIX e que se caracteriza, entre outros aspetos, pela aceitação de uma estética • que valoriza a liberdade criadora, a subjetividade e o sonho; • que exprime as tensões ideológicas e sociais do artista no seio da sociedade burguesa; • que advoga o regresso às tradições medievais. William Turner, Castelo Caernarvon, 1799
SUGESTÃO BIOGRÁFICA (SIMÃO E NARRADOR) E CONSTRUÇÃO DO HERÓI ROM NTICO Obra de ficção, em que abundam peripécias narrativas, culminando em desfecho trágico. Amor de Perdição Memórias de uma família MAS Voltar Sugestão de relato histórico e familiar verídico Com base num documento oficial (livro de registos de entradas na cadeia da Relação do Porto referente a Simão Botelho, tio de Camilo Castelo Branco, que havia sido degredado para a Índia e de quem se mantinha na família um maço de cartas de amor trocadas com Teresa Albuquerque).
CONSTRUÇÃO DO HERÓI ROM NTICO Herói romântico Heroínas românticas Simão Botelho Teresa de Albuquerque Ø Estatuto nobre. Ø Sentimentos fortes: – antes de amar – rebelde, marginal e violento; – ao amar (amor-paixão) – apaixonado, sincero, fiel, obstinado na defesa da sua honra de amante perseguido, excessivo no amor e no ódio; veia poética (cf. cartas escritas na prisão); morre de amor. Ø Transformação pela paixão. Ø Estatuto nobre. Ø Jovem, pura e frágil (mulher-anjo). Ø Sentimentos fortes – amor-paixão (vive o amor intensamente e morre de amor); obstinação na recusa de aceitar a autoridade paterna. Mariana Ø Nobreza de sentimentos – sofre em silêncio por amor (amor não correspondido); abnegação, generosidade, dedicação. Ø Indiferença em relação à sociedade. Ø Morte por amor (suicídio). Voltar
A OBRA COMO CRÓNICA DA MUDANÇA SOCIAL Século XIX Ascensão da burguesia ↓ Mudança de valores Voltar Amor de Perdição Obra em que se representa a mudança de valores sociais, através da atuação das personagens (cf. relações entre personagens, amor-paixão, herói e heroína(s) românticos).
RELAÇÕES ENTRE AS PERSONAGENS Simão ↕ Teresa Simão e Teresa ↕ Respetivos pais Amor-paixão sincero, puro, excessivo, oposto às convenções sociais e à ordem instituída. Denúncia de uma sociedade repressiva que atua através de instituições: • instituição familiar (autoritarismo paterno, casamentos de conveniência, situação de inferioridade da mulher); • igreja (conventos); • justiça (prisão). Conflito intergeracional Denúncia do conflito intergeracional e reivindicação dos valores dos jovens: • jovens (filhos) – idealismo, excesso e radicalismo de posições; • adultos (pais).
RELAÇÕES ENTRE AS PERSONAGENS Famílias de Simão e de Teresa Mariana ↓ Simão Ódio, rivalidade Denúncia de uma sociedade marcada pelo ódio, pela violência. Amor-paixão (não correspondido) Denúncia da autorrepressão relacionada com a classe social (povo) e com o sexo (feminino).
RELAÇÕES ENTRE AS PERSONAGENS O AMOR-PAIXÃO Relações entre as personagens e a forma de vivência do amor por cada uma delas. SIMÃO Amor correspondido Amor não correspondido Amor-paixão TERESA Voltar MARIANA
LINGUAGEM, ESTILO E ESTRUTURA Narrador Diálogos Concentração temporal da ação
NARRADOR Narrador que intervém através de comentários, interrompendo o relato para tecer considerações Os comentários do narrador ao longo da Introdução permitem perceber o quanto compreende e desculpabiliza o herói da sua própria narrativa. Ex. : “me causaram aquelas linhas, de propósito procuradas, e lidas com amargura e respeito e, ao mesmo tempo, ódio”.
DIÁLOGO Marcado pela retórica sentimental e pela nobreza trágica, em algumas situações. Classes nobres (Simão, Teresa e respetivas famílias): linguagem convencional, esmerada, elaborada. Classes populares (João da Cruz, Mariana): linguagem viva, espontânea, incisiva. Diálogo entre Tadeu de Albuquerque e Teresa Diálogo entre João da Cruz e Mariana “– Teresa… – disse o velho. – Aqui estou, senhor – respondeu a filha, sem o encarar. – Ainda é tempo […] de seres boa filha. – Não me acusa a consciência de o não ser. “ “– Meu pai, não lhe dê esses conselhos!… – Cala-te aí, rapariga! – disse mestre João. – Vai tirar o albardão à égua, amanta-a, bota-lhe seco. Não és aqui chamada. ”
ESTRUTURA DA NARRATIVA A estrutura de Amor de Perdição é resumida pelo narrador na Introdução da obra da seguinte forma: “amou, perdeu-se e morreu amando”. Introdução “amou” Desenvolvimento “perdeu-se” Conclusão “morreu amando” • Referência a dados biográficos de Camilo. • Apresentação global do infortúnio de Simão Botelho – o degredo. • Amor de Simão e Teresa – correspondido, mas proibido. • Amor de Mariana por Simão – não correspondido. • Assassínio de Baltazar Coutinho. • Condenação de Simão ao degredo. • Ida de Teresa para o Convento. • Morte de Teresa. • Morte de Simão. • Suicídio de Mariana.
CONCENTRAÇÃO TEMPORAL DA AÇÃO Narração precisa e rápida das ações decisivas A concentração temporal da ação em Amor de Perdição deve-se: • à hábil escolha das cenas dramáticas e à sua progressão rápida e lógica para a catástrofe; • à rapidez das peripécias; • à orientação dos diálogos para os pontos essenciais do enredo; • à ausência de divagações filosóficas. Voltar
EM SÍNTESE Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição ü Sugestão biográfica (Simão e narrador) e construção do herói romântico. ü A obra como crónica da mudança social. ü Relações entre personagens: o amor-paixão. ü Linguagem, estilo e estrutura – o narrador; – os diálogos; – a concentração temporal da ação. Voltar
- Slides: 18