Biossegurana Riscos Relacionados s Atividades de Beleza Riscos
Biossegurança Riscos Relacionados às Atividades de Beleza
Riscos Químicos • O perigo ao qual o indivíduo está exposto ao manusear produtos químicos que podem causar danos físicos ou prejudicar sua saúde. • Toxicidade: capacidade inerente a uma substância de produzir efeitos nocivos em um organismo vivo ou ecossistema. • Todas as substâncias são tóxicas, e a toxicidade depende basicamente da dose e da sensibilidade do organismo exposto.
• Quanto mais tóxico o produto químico, menor é a dose necessária para causar efeitos adversos. • Apesar de não haver substâncias desprovidas de toxicidade, a maioria pode ser utilizada com segurança pela limitação da dose e da exposição. • O risco de intoxicação é definido como a probabilidade estatística de uma substância causar efeito tóxico. • Não é possível alterar a toxicidade de um produto e, por esta razão, para diminuir o risco é preciso diminuir a exposição ao produto.
• O profissional que manuseia produtos químicos deve, em primeiro lugar, conhecer os produtos e sua toxicidade. • O manuseio deve ser cuidadoso / cauteloso e é imprescindível o uso de EPIs. • A aquisição, o manuseio, o transporte e o descarte de substâncias químicas são regulamentadas por diversos órgãos nacionais: ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente). • Na área da beleza, os riscos químicos estão no manuseio de e aplicação de produtos cosméticos na pele e nos cabelos. Produtos utilisados em coloração e alisamento (derivados de amônia, peróxidos, hidróxidos, tioglicolatos, substâncias alcalinas, ácidas e oxidantes, além de solventes como acetona e álcool) constituem a principal fonte de riscos químicos em estabelecimentos de beleza.
Fatores que influenciam a toxicidade de uma substância Os riscos dependem: Propriedades físico-químicas; vias de penetração no organismo; dose; alvos biológicos; capacidade metabólica de eliminação; efeitos sinergísticos; outros Não existe uma classificação única de risco químico que contemple todos os produtos químicos.
Propriedades físico-químicas das substâncias a) Substâncias explosivas: substâncias que, pela ação de choque, fricção, podem produzir centelhas ou calor capazes de desencadear processo destrutivo por meio de violenta liberação de energia. Ex: gás de botijão. a) Substâncias inflamáveis: substâncias líquidas que liberam vapores ou substâncias gasosas que, em contato com o ar e em dada temperatura, sejam capazes de propagar chama, a partir de contato com fonte de ignição. Ex: alcoóis, cetonas.
Propriedades físico-químicas das substâncias c) Substâncias tóxicas: subtâncias que, ao entrarem no organismo (por inalação, absorção ou ingestão), podem causar efeitos graves, muito graves ou mortais. As substâncias tóxicas estão presentes no cotidiano das pessoas, principalmente em produtos de bens de consumo como: esmalte, acetona, gasolina, batom, inseticidas, desinfetante, tintas, vernizes, solventes, colas, álcool, alvejantes, fertilizante, gás de cozinha, alisante e tintura de cabelo, querosene, cigarro, soda cáustica. Segundo a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), as mulheres estão mais suscetíveis à problemas causados por substâncias tóxicas, por utilizarem mais produtos que as contém. O Brasil é o terceiro colocado em relação aos maiores consumidores de cosméticos segundo a Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos).
Nos Estados unidos foram testados 20 batons e todos possuíam chumbo. Esta pesquisa foi realizada em 2009, pela FDA (U. S. Food and Drug Administration). O resultado mostrou o perigo deste cosmético; se uma mulher grávida usar constantemente um desses batons, o chumbo pode afetar o bebê, e este elemento pode causar distúrbio na aprendizagem, no comportamento desta criança. Outro produto tóxico muito utilizado pelas mulheres é a escova progressiva, ela contém formol que é uma substância tóxica a qual agride o fio de cabelo, faz mal à saúde e se usado em grande quantidade pode causar câncer, e, nos profissionais que manipulam pode causar problemas nas vias nasais, queimaduras, irritação nos olhos. A ANVISA proíbe progressivas que possuam acima de 0, 2 % de formol. Deve-se tomar cuidado no armazenamento, principalmente por causa de crianças. Segundo o FDA (Food and Drug Administration – EUA), 70% dos acidentes com substâncias tóxicas ocorrem com crianças.
Propriedades físico-químicas das substâncias d) Substâncias corrosivas: apresentam alta taxa de corrosão ao aço e são capazes de provocar danos aos tecidos humanos. São dois tipos de substâncias corrosivas: ácidas e básicas. Ex: Alisantes capilares contendo derivados de hidróxidos, substâncias derivadas do cloro, ácido sulfúrico, ácido clorídrico. e) Substâncias oxidantes: Substâncias que desprendem oxigênio e favorecem a combustão. Podem inflamar substâncias combustíveis ou acelerar a propagação de incêndio. Ex: Descolorantes capilares contendo peróxido de hidrogênio (água oxigenada)
Outras propriedades a) Mutagenicidade: substância capaz de produzir mudanças ou mutações no DNA das células. Ex: amianto b) Carcinogênese: substância capaz de causar câncer ou tumores nos homens e animais. Ex: formaldeído (alisantes capilares), lã de fibra de vidro (possível carcinogênico se inalado), cocoamida DEA (shampoos), BHA (buthylated hydroxyanisole) e BHT (butylated hydroxytoluene) são encontrados em batons, sombras para olhos, desodorantes. c) Teratogenicidade: substância capaz de desenvolver má formação do embrião durante exposição da mãe à produtos químicos e físicos teratogênicos. Ex: chumbo, mercúrio.
O Formol é considerado cancerígeno pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Quando absorvido pelo organismo por inalação, e principalmente, pela exposição prolongada, apresenta como risco o aparecimento de câncer na boca, narinas, pulmão, sangue e na cabeça. Também pode causar reações adversas como irritação no nariz e nos olhos, tosse, sensibiliza o trato respiratório. Pode causar ferimentos graves nas vias respiratórias, levando ao edema pulmonar e pneumonia. (Anvisa) A freqüente ou prolongada exposição pode causar hipersensibilidade, levando às dermatites. O contato repetido ou prolongado pode causar reação alérgica, debilitação da visão e aumento do fígado. No caso da escova progressiva, dependendo da concentração do formol, pode ainda causar queda capilar.
Estado físico das substâncias tóxicas a) Líquido: maioria das substâncias tóxicas estão em estado líquido. Muitas são voláteis (ex: solventes). b) Vapores: forma gasosa de substânciasnormalmente líquidas ou sólidas (ex: agentes de limpeza, álcool, gasolina, etc. ). c) Gases: estado fluido da matéria. (Ex: CO 2 dos refrigerantes, gás de butijão, quando em temperatura e pressão atmosférica). a) Poeiras: partículas sólidas que se apresentam em suspensão no ar.
Vias de penetração das substâncias químicas no organismo a) Via respiratória: aspiração de vapores ou gases emanados de substâncias tóxicas. É a via mais comum e rápida de substâncias no interior do corpo. b) Via oral: ingestão de substâncias tóxicas. c) Via cutânea: contato direto com substâncias químicas tóxicas, podendo causar irritações, lesões ou queimaduras. Também podem ser absorvidas, reagindo com proteínas da pele, atingindo a corrente sanguínea e distribuídas a vários órgãos. d) Via ocular: contato de substâncias químicas que emanam vapores ou gases na mucosa ocular.
Interação química a) Incompatibilidade: as substâncias se tornam perigosas quando manipuladas juntas ou próximas à outras, com as quais poderão reagir, criando stuações de risco. b) Sinergismo: o efeito combinado de dois ou mais agentes químicos é maior do que o efeito dos agentes separadamente. c) Adição: o efeito combinado de dois ou mais agentes químicos é igual à soma de cada agente isolado. d) Antagonismo: quando uma substância, em contato com outra, inibe sua ação.
Fatores individuais a) Idade: a suscetibilidade a intoxicações pode depender da idade (crianças e idosos com maior suscetibilidade). b) Sexo: sexo feminino tem maior predisposição a intoxicações devido a alterações hormonais e gestação. c) Doenças preexistentes: algumas doenças compromentem o metabolismo de substâncias, interferindo na eliminação destas (ex: anemia, hepatite). d) Natureza e duração da jornada de trabalho: esforço físico e cansaço aumentam as chances do indivíduo sufrer efeito nocivo de substâncias quimicas.
Fatores individuais e) Exposição prévia: indivíduo que entrou em contato com uma substância química sem grandes reações, se torna sensibilizado. Após um período de latência, ao se expor novamente à essa substância, o indivíduo pode desenvolver uma ração exacerbada. f) Condições socioeconômicas: estado nutricional e estresse podem deixar o indivíduo mais suscetível. g) Diferenças genéticas e hereditárias: influenciam na resposta 1 a um agente químico.
Frequência e duração da exposição ao produto químico a) Exposição aguda: os efeitos tóxicos são produzidos por uma única exposição ou por poucas exposições ao produto químico. A exposição é por um curto período de tempo, geralmente não passa de 1 dia. b) Exposição subcrônica: efeitos tóxicos são produzidos por exposições repetidas a uma substância em um período de aproximadamente alguns meses. c) Exposição crônica: efeitos tóxicos ocorrem após repetidas exposições, por um longo período de tempo – pode ser a vida toda de trabalho.
Cuidados na utilização de produtos químicos Regras básicas: - Nunca comer, beber, fumar ou aplicar cosméticos durante a manipulação de substâncias químicas; - Nunca tentar identificar uma substância através do olfato; - Ler sobre ums substância que está sendo manipulada pela primeira vez; - Solicitar ao fornecedor informações sobre o produto: - Identificação do fabricante, de danos à saúde e ao meio ambiente, medidas de primeiros socorros, medidas de incêndio, armazenagem, etc. - Não reutilizar embalagem; - Não tentar advinhar o que tem em um frasco de substância química sem identificação.
Controle de recebimento e entrada do produto químico no estabelecimento: - Verificar estado da embalagem – danos e presença de rótulo; - Observar dados do rótulo: composição, características do produto, advertências e restrições de uso; - Verificar se o produto está registrado no Ministério da Saúde ou na Agência Nacional de Vigilância Sanitária; - Verificar prazo de validade
Armazenamento e acondicionamento de substâncias químicas: Todo centro de beleza deve ter um local apropriado para o armazenamento de produtos químicos. Pode ser um almoxarifado central ou em áreas independentes (armários) em cada setor. Os produtos devem estar identificados. Local de armazenamento deve ser ventilado, arejado, sem incidência de luz direta e exclusivo para guardar esses produtos. O acesso aos produtos deve ser restrita aos profissionais que os utilizam e deve estar sempre impo e organizado.
Substâncias incompatíveis não devem ser armazenadas juntas; Substâncias oxidantes não podem ficar próximas à fontes de calor (como estufas e autoclaves); Substâncias corrosivas não devem ser armazenadas em armários de metal. Contenção individual Os profissionais de beleza devem utilizar os EPIs para manusear produtos químicos: luvas, jalecos, óculos de proteção, máscaras e outros. Contenção coletiva Uso de EPCs, como extintores de incêndio, capelas de exaustão e chuveiros.
Descarte de substâncias químicas Conhecendo a substância química, é possível obter informações sobre as formas corretas de descarte dos resíduos. Resíduos químicos líquidos gerados em estabelecimentos de beleza podem ser relativamente tóxicos. São utilizados em tratamentos capilares, corporais e faciais e geralmente são descartados na pia. O ideal seria que os estabelecimentos tivessem um sistema de tratamento de água e esgoto, segundo normas vigentes. Resíduos sólidos, tais como embalagens com produtos como descolorantes e alisantes capilares, devem ser separadas e encaminhadas ao descarte por pessoal treinado, seguindo diretrizes descritas pelo plano de gerenciamento de resíduos do estabelecimento.
Ramos, J. M. P. 2009. Biossegurança em Estabelecimentos de Beleza e Afins. Ed. Atheneu. São Paulo. http: //classificacaodassubstanciasquimicas. blogspot. com. br/p/substanc ias-toxicas. html. Acesso em 25/04/2016.
- Slides: 28