Betinho uma vida de luta e afeto Herbert
Betinho, uma vida de luta e afeto Herbert de Souza, o Betinho, patrono da produção de antirretrovirais de Farmanguinhos, completaria 75 anos na próxima sexta, dia 3 de outubro. Para marcar a data, será inaugurada no CTM a exposição "Uma vida de luta e afeto", mostrando um pouco da trajetória do sociólogo que marcou a história do país, seja na luta pelo maior controle dos bancos de sangue, pelos direitos das pessoas com Aids/HIV ou pelas campanhas contra a fome. O evento contará ainda com uma palestra sobre a vida de Betinho. “A alma da fome é política!" A afirmação de Betinho ilustra exemplarmente uma vida de lutas, de empenho e de trabalho pela cidadania e pela vida. Quarto filho de uma família de oito irmãos - entre os quais o cartunista Henfil e o músico Chico Mário - Herbert de Souza teve sua infância delineada por fatos marcantes. Já nos primeiros dias de sua vida teve hemofilia, uma doença no sangue que impede a coagulação. Já na adolescência, aos 15 anos, contrai tuberculose e fica durante três anos confinado em um quarto nos fundos da casa, forma encontrada por seus pais para não interná-lo em um sanatório, o que era comum na época. Começou a sua militância política na Juventude Católica, em Belo Horizonte. Estudou na Universidade de Minas Gerais e formou-se em sociologia em 1962. Trabalhou depois no Ministério da Educação e Cultura e na Superintendência de Reforma Agrária. Após o golpe militar de 1964, Betinho engajou-se na resistência contra a ditadura. Passou sete meses no Uruguai e depois, de volta ao Brasil, foi trabalhar como operário na cidade paulista de Mauá.
Betinho, uma vida de luta e afeto Em 1971, Betinho partiu para o exílio. Morou em diversos países. No Chile, deu aulas na Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais. Escapando da ditadura chilena, Betinho exilou-se no Canadá e depois no México. Fez doutorado e foi professor na Universidade Autônoma do México. Com a anistia política, em 1979, Herbert José de Sousa retornou ao Brasil. Tornouse um dos símbolos da resistência política. Dois anos depois, fundou o IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas). Foi um dos primeiros intelectuais a advogar em favor das organizações nãogovernamentais, que não dependem do estado nem da iniciativa privada. Foi também um dos fundadores da campanha nacional pela reforma agrária. Em 1985, Betinho teve confirmado o diagnóstico de sua contaminação pelo HIV, contraído numa de suas inúmeras transfusões de sangue no tratamento da hemofilia. No ano seguinte, fundou a ABIA para lutar pelos direitos das pessoas portadoras do HIV ou dos doentes com AIDS. Em 1992, Betinho liderou o movimento pela ética na política, que culminou com o impeachment do então presidente Fernando Collor, em setembro do mesmo ano. Esse movimento plantou os alicerces do movimento Ação da Cidadania contra a Miséria e pela Vida. A partir da participação de Betinho, o problema da fome e da miséria tornou-se visível e concreto para todos os brasileiros. Depois de muito lutar contra a doença, Betinho faleceu em 1997, aos 61 anos, em sua casa, no bairro do Botafogo.
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