Behaviorismo Radical Conjunto de idias sobre uma cincia
Behaviorismo Radical • Conjunto de idéias sobre uma ciência do comportamento. Filosofia da ciência. “O behaviorismo não é o estudo científico do comportamento mas uma filosofia da ciência preocupada com o objeto e métodos da psicologia” (Skinner, 1969, p. 221). Behaviorismo Radical (filosofia) Análise do Comportamento (ciência) Análise Experimental do Comportamento Análise Aplicada do Comportamento
Behaviorismo Radical • Algumas considerações sobre a ciência do comportamento (Skinner, 1953/1974). . A ciência é uma tentativa de descobrir ordem (relações ordenadas entre os eventos). . . Ordem: premissa básica (concepção de trabalho). . Comportamento é determinado “Na ideia de que é possível uma ciência do comportamento está implícito que o comportamento, como qualquer objeto de estudo científico, é ordenado, pode ser explicado, pode ser previsto desde que se tenham os dados necessários, e pode ser controlado desde que se tenham os meios necessários. Chama-se a isso de determinismo, a noção de que o comportamento é determinado unicamente pela hereditariedade e pelo ambiente” (Baum, 1994/1999, p. 29)
Behaviorismo Radical • Algumas características da ciência (Skinner, 1953/1994): . . “A ciência é antes de tudo um conjunto de atitudes. É uma disposição de tratar com os fatos, de preferência, e não com o que se possa ter dito sobre eles” (p. 24) . . “A ciência é uma disposição de aceitar os fatos mesmo quando eles são opostos aos desejos” (p. 25). . “Os cientistas simplesmente descobriram que ser honesto – consigo mesmo tanto quanto com os outros – é essencial para progredir. Os experimentos nem sempre dão o resultado que se
Behaviorismo Radical • Determinismo X Livre arbítrio. . Livre arbítrio como um terceiro elemento, além do ambiente e da hereditariedade. . . Geralmente um fator interno (responsabilidade, consciência, culpa), considerando “. . . que são as próprias pessoas que causam o comportamento” (Baum, 1994/1999, p. 29). . . Noção de liberdade
Behaviorismo Radical • Noção de liberdade. . Impossibilidade do homem como um agente livre . . . Sempre haverá determinações. . . Liberdade não é sinônimo de ausência de determinação. . Determinismo múltiplo (variedade de determinantes, atuais e históricos) → complexidade da análise
Behaviorismo Radical • Objetivos: previsão e controle. . Previsão: identificação das variáveis de controle. . . Se x, então y. . Controle: manipulação/mudança das variáveis. . . Mudo x para mudar y. . Controle = influência Reforçamento Tipos de controle positivo Controle aversivo Drogas Condicionamento respondente
Behaviorismo Radical • Preocupação com o controle: pragmatismo. . A noção fundamental do pragmatismo é de que a força da investigação científica reside não tanto na descoberta da verdade sobre a maneira como o universo objetivo funciona, mas no que ela nos permite fazer” (Baum, 1994/1999, p. 37). . A concepção acerca de um fenômeno consiste em seus efeitos práticos: qual a utilidade desse conhecimento, quais consequências ele produz? . . A ciência nos diz como tratar com o comportamento (quais as consequências que o conhecimento x ou y terá), mas não nos diz o que fazer A direção do controle é uma questão de grupos sociais e contextos históricos
Behaviorismo Radical • A filosofia do behaviorismo é diferente dentro da Psicologia em dois aspectos principais (Chiesa, 1994/2006): 1. Grau de coerência interna não encontrada nas outras teorias psicológicas. . Objeto de estudo cuidadosamente definido. . Métodos de coleta, análise e interpretação de dados claramente definidos
Behaviorismo Radical 2. Sistema de princípios descritivos, observacionais e integrativos derivados indutivamente. . Método dedutivo. . . Passo obrigatório: teste de hipóteses. . . Dados positivos ou negativos (perguntas do tipo Sim X Não). . . Teoria antes do dado. . Método indutivo. . . Dados positivos (perguntas do tipo “o que aconteceria se. . ? ”). . . Dado antes da teoria (princípios teóricos gerais são extraídos dados)
Objeto de estudo • Interação entre o organismo e o ambiente . . Interação: ação de um sobre o outro Ambiente Organismo . . . Organismos: vivos e inteiros. . . Níveis de interação (Todorov, 1989): diferentes tipos de ambiente. . Externo (físico e social). . . Interno (biológico e histórico)
Método Experimental • Definições importantes. VIs e VDs. . VIs: ocorrências ambientais (“causa”). . VDs: ocorrências comportamentais (efeito). Relação entre a VI e a VD: relação funcional
Método Experimental • Como relações funcionais são encontradas? Ambiente Comportamento Manipulação de partes do ambiente Qual efeito sobre o comportamento? • ”Quando uma relação pode ser observada entre mudanças na variável independente (condições do ambiente) e mudanças na variável dependente (ações das pessoas), de forma sistemática, confiável e replicável, dizemos que as ações dessas pessoas são uma função daquelas condições ambientais; isto é, que a minha variável dependente está funcionalmente relacionada com a variável independente que controlei e manipulei” (Matos & Tomanari, 2002,
Método Experimental • Método experimental X Método não experimental. . Dois métodos existentes para se verificar se existe relação entre a VI e a VD • Método não experimental. . Relações são estudadas por meio de observações ou mensurações da variável de interesse (Cozby, 2003). . . O comportamento é observado como ocorre naturalmente (observação sistemática + registro dos dados)
Método Experimental • Uma relação entre variáveis é estabelecida quando as duas variáveis variam em conjunto. . Correlação (relação sistemática entre os eventos, relação “quando – então”). . . Quantidade de café – ataque cardíaco, condição financeira – desempenho escolar. . . Método correlacional. . Problema para formular questões sobre causa e efeito: A e B ocorrem sempre juntos, mas não é possível afirmar que A é causa de B
Método Experimental • Dois problemas para fazer afirmações sobre causalidade no método não experimental: 1. A direção de causa e efeito (qual variável causa a outra); 2. O problema da terceira variável (uma variável externa que pode estar causando a relação observada) Exercíci o Ansiedad e Exercício Ansiedade Exercício Rend a Ansiedade
Os perigos da correlação Japoneses comem pouca gordura e têm menos ataques cardíacos que ingleses e americanos. Franceses comem muita gordura e têm menos ataques cardíacos que ingleses e americanos. Japoneses bebem muito pouco vinho e sofrem menos ataques cardíacos que ingleses e americanos. Italianos bebem quantidades excessivas de vinho e sofrem menos ataques cardíacos que ingleses e americanos. Alemães bebem muita cerveja, comem muita salsicha e gorduras e sofrem menos ataques cardíacos que ingleses e americanos. Conclusão: Coma e beba o que quiser. O que mata, aparentemente, é falar inglês. (Todorov, 2015, Facebook)
Método Experimental • Método experimental. . Manipulação de variáveis (uma variável é manipulada e a outra é medida). . . Relação funcional (relação de dependência entre os eventos, “se-então”). . . Controle de variáveis: todas as variáveis não manipuladas são mantidas constantes
Método Experimental • Tentativa de eliminar a influência de todas as terceiras variáveis estranhas (controle experimental). . Se várias VIs forem alteradas, como saber qual delas foi responsável pelo efeito observado na VD? . . Se uma variável é mantida constante, ela não pode ser responsável pelos resultados do experimento (exclusão do “ 3º fator” ) “Consegue-se controle experimental tratando as pessoas de todos os grupos do experimento de forma idêntica: a única diferença entre os grupos é a variável manipulada” (Cozby, 2003, p. 93).
Método Experimental • A partir de uma relação funcional, é possível a predição e o controle • A partir de uma correlação, apenas a predição é possível (mas não controle) • Importância do laboratório. . Possibilidade do controle de variáveis: condições ideais para o controle experimental, para intervenção e registro das VIs e VDs. . . Análise da realidade para futura síntese “Dizemos que o cientista cria um paradigma da natureza, artificialmente, deixando de lado toda a sua complexidade e riqueza; mas que, aos poucos, à medida que vai compreendendo como funcionam os pedaços desse jogo, reconstrói essa complexidade” (Matos & Tomanari, 2002, p. 28)
Diferentes Behaviorismos “O primeiro e mais frequente erro a ser atacado é o de colocar o behaviorismo radical na tradição da Psicologia S-R ou input-output. Este erro supõe que o termo Behaviorismo refere-se a uma abordagem unificada, cujos vários adeptos subscrevem a mesma definição do objeto de estudo da psicologia, a mesma filosofia da ciência, a mesma visão da pessoa se comportando e a mesma forma de interpretação dos dados. Skinner e o behaviorismo radical são, com frequência, colocados juntos sob o mesmo rótulo com Pavlov, Watson, Tolman, Hull, Thorndike, Spence, Guthrie, entre outros, e submetidos à mesma análise crítica dirigida a estes outros, como se eles compartilhassem uma herança filosófica e teórica comum” (Chiesa, 1994/2006, pp. 2324)
Diferentes Behaviorismos • • O Behaviorismo surgiu, no início do século passado, como uma oposição ao Mentalismo e ao Introspeccionismo. Behaviorismo Clássico. . J. B. Watson: fundador do Behaviorismo. . Wundt: consciência como objeto de estudo e introspecção como método. . O Manifesto Behaviorista (Watson, 1913). . . Psicologia como uma ciência natural
Diferentes Behaviorismos • Behaviorismo Clássico. . O Behaviorismo surgiu, no início do século passado, como uma oposição ao Mentalismo e ao Introspeccionismo. . Falha do método introspectivo: . . Replicação dos resultados produzidos; . . Variabilidade dos dados era atribuída aos sujeitos. . Estudar o comportamento em si mesmo. . . O objeto de estudo da Psicologia deveria ser o comportamento em si mesmo, e não como indicador de alguma outra coisa
Diferentes Behaviorismos Opor-se ao Mentalismo e ignorar fenômenos privados, como consciência, sentimentos e pensamentos Em observação, o que importa é a concordância dos observadores (verdade por Observar consensualmente consenso) Eventos publicamente observáveis Impossibilidade de observação de fenômenos privados
Diferentes Behaviorismos Usar procedimentos objetivos na coleta de dados, realizando uma experimentação controlada. Proposta da utilização do método experimental para fazer da Psicologia uma ciência do comportamento Impossibilidade de experimentação com fenômenos privados (limitação do método) Behaviorismo Metodológico
Diferentes Behaviorismos. “. . . O estudo da vida mental, consciência, sensações, e assim por diante, não estava levando a psicologia a lugar nenhum e devia ser abandonado provisoriamente, em favor da concentração na pesquisa comportamental, até que fossem desenvolvidos métodos mais capazes de lançar alguma luz nesses processos. Os princípios do comportamento deviam ser aplicados de um modo científico, sem referencia a estados mentais, para a psicologia avançar como uma ciência natural” (Chiesa, 1994/2006, p. 174).
Diferentes Behaviorismos Aderir ao evolucionismo biológico e estudar tanto o comportamento humano quanto o animal As causas do comportamento devem ser buscadas em seus antecedentes imediatos. Necessidade de uma contigüidade espaço-temporal entre esses antecedentes e o comportamento (modelo mecanicista) S→R. Grande ênfase no condicionamento respondente
Diferentes Behaviorismos. “. . . Impressionou-se muito, porém, com as novas provas acerca daquilo que um organismo podia aprender a fazer, e fez algumas alegações exageradas acerca do potencial de uma criança recém-nascida. Ele próprio considerou-as exageradas, mas, desde então, tais alegações têm sido usadas para desacreditá-lo. Sua nova ciência nascera, por assim dizer, prematuramente. Dispunha-se de muito poucos fatos relativos ao comportamento – particularmente o comportamento humano. A escassez de fatos é sempre um problema para uma ciência nova, mas para o programa agressivo de Watson, num campo tão vasto quanto o do comportamento humano, era particularmente prejudicial” (Skinner, 1974/1993, p. 9).
Diferentes Behaviorismos Contradições da proposta de Watson. Apesar de sua tentativa de se opor ao Mentalismo, Watson não conseguiu quebrar totalmente com essa visão de mundo. Mundo mental (comportamentos privados Ignorado (provisoriamente) Mundo físico (comportamentos públicos) Investigado pela Psicologia com o método experimental. O problema da dicotomia corpo-mente foi resolvido ignorando a parte “incômoda”, isto é, a parte mental.
Diferentes Behaviorismos Behaviorismo Mediacional E. Tolman e C. Hull Tentativa de preservar o tom objetivo do Behaviorismo sem rejeitar o papel de mediadores internos entre o estímulo e a resposta S → Organismo → R A explicação do comportamento é uma cadeia causal de processos encadeados: eventos externos desencadeariam processos mediacionais que, por sua vez, controlam o comportamento
Diferentes Behaviorismos E. Tolman. Noção dos mapas cognitivos 1. Labirinto sem água (S 1)→ R 1 2. Labirinto com água (S 2)→ R 1. O comportamento sempre será iniciado por um constructo interno hipotético (natureza cognitiva). “No contexto histórico, como um psicólogo tentando desenvolver métodos mais alinhados com as ciências naturais, Tolman pertence à tradição ‘comportamental’. Mas no contexto da psicologia contemporânea sua abordagem S-O-R é sonoramente cognitiva ” (Chiesa, 1994/2006, p. 182).
Diferentes Behaviorismos C. Hull. Mesmo modelo causal daquele encontrado em Tolman, com um evento mediador diferente. “É claro que o determinante imediato da ação nos organismos não é a energia estimuladora, mas o impulso nervoso quando finalmente é encaminhado aos músculos. Um determinante neural intermediário, presumivelmente crucial entre esses dois extremos, o estímulo (S) e a resposta (R), é o impulso nervoso aferente (s) que, quase ao mesmo tempo, entra no gânglio central do sistema nervoso” (Hull, 1943, p. 41, citado por Chiesa, 1994/2006, p. 186). O constructo interno é de natureza neurológica
Diferentes Behaviorismos Behaviorismo Radical B. F. Skinner Estudar o comportamento como uma relação entre organismo e ambiente Usar procedimentos objetivos na coleta de dados, realizando uma experimentação controlada Aderir ao evolucionismo biológico e estudar tanto o comportamento humano quanto o animal
Diferentes Behaviorismos Opor-se ao Mentalismo, considerando fenômenos privados como sendo da mesma natureza que os fenômenos naturais Observação pelo próprio sujeito Não há necessidade de verdade por consenso Eventos publicamente observáveis e eventos privados Inclusão dos fenômenos privados em uma ciência do comportamento
Diferentes Behaviorismos Dicotomia mente-corpo Mundo mental Ficção (constructos hipotéticos inferidos) Ignorados Mundo físico Comportamentos públicos e privados Investigado pela Psicologia com o método experimental . O problema da dicotomia corpo-mente foi resolvido ignorando a própria dicotomia, já que ninguém pode negar a importância do que pensamos e sentimos
Diferentes Behaviorismos “. . . O que faltava era uma nova filosofia, um novo modo de pensar sobre a pessoa que pudesse incluir os acontecimentos privados, seus pensamentos e sentimentos, sem colocar essas coisas separadas como se pertencessem a outra dimensão. A solução de Skinner foi reavaliar a premissa de que existiam dois sistemas, dois mundos, o físico e o mental e, como resultado, avançar para além da visão dualista da pessoa” (Chiesa, 1994/2006, p. 177)
Diferentes Behaviorismo Metodológico Behaviorismo Mediacional Objeto de estudo Behaviorismo Radical Comportamento Cognição Interação organismo-ambiente Natureza dos fenômenos privados Mental Física/natural Inclusão de eventos subjetivos Não Sim Foco: subjetividade; Desenvolvimento de teorias cognitivas Originalidade!
Diferentes Behaviorismos As causas do comportamento devem ser buscadas em seus antecedentes (imediatos e passados) e seus consequentes (imediatos e passados). Necessidade de uma relação funcional entre esses antecedentes e consequentes e o comportamento (modelo selecionista) S→R S: R → C. Grande ênfase no condicionamento operante, sem ignorar o condicionamento respondente
Diferentes Behaviorismos “No sistema skinneriano, o comportamento complexo surge através do processo de seleção de variações, a modelagem do novo comportamento (emitido) por suas consequências. Na descrição behaviorista radical são as contingências complexas, em vez de adquiridos, que fazem surgir o comportamento complexo” (Chiesa, 1994/2006, p. 173)
Diferentes Behaviorismos Por que Behaviorismo Radical? (Matos, 2001) 1. “. . . por negar radicalmente (i. e. , negar absolutamente) a existência de algo que escapa ao mundo físico, isto é, que não tenha uma existência identificável no espaço e no tempo. . . ” (p. 65) 2. “. . . por radicalmente aceitar (i. e. , aceitar integralmente) todos os fenômenos comportamentais. ” (p. 65) “A abordagem de Skinner é suficientemente diferente para justificar o uso de um termo diferente para caracterizá-la; por exemplo, análise do comportamento, psicologia operante ou análise funcional, todos eles ajudam a expressar a originalidade de sua posição e a inteireza de sua filosofia” (Chiesa, 1994/2006, pp. 166 -167)
Noção de causalidade no Behaviorismo Radical “ O hábito de buscar dentro do organismo uma explicação do comportamento tende a obscurecer as variáveis que estão ao alcance de uma análise científica. Estas variáveis estão fora do organismo, em seu ambiente imediato e em sua história ambiental. Possuem um status físico para o qual as técnicas usuais da ciência são adequadas e permitem uma explicação do comportamento nos moldes da de outros objetos explicados pelas respectivas ciências” (Skinner, 1953/1994, p. 41). RECORTE EXTERNALISTA
Noção de causalidade no Behaviorismo Radical Causalidade externa: interação do organismo com o ambiente “Nenhuma explicação sobre o que acontece dentro do corpo humano, por mais completa que seja, explicará as origens do comportamento humano. O que acontece dentro do corpo não é um início” (Skinner, 1989, p. 40) Causas externas são as únicas que podem ser alteradas e, consequentemente, são as únicas que possibilitam o controle do comportamento
Noção de causalidade no Behaviorismo Radical “. . Apenas quer dizer que as causas dos comportamentos não devem ser atribuídas a processos ou estruturas internas inferidas a partir da observação do próprio comportamento do indivíduo. As explicações para o que as pessoas fazem, falam, pensam ou sentem devem ser buscadas na sua história de interações com seu ambiente, sobretudo interações com outras pessoas” (Moreira & Hanna, 2012, p. 11)
Noção de causalidade no Behaviorismo Radical • • 1981: publicação de “Seleção por consequências”. . Modelo explicativo skinneriano Darwin (1859): variação e seleção como processos básicos. . A partir de características anatômicas, fisiológicas e comportamentais diferentes, a interação com o mundo irá selecionar algumas dessas características (importância da mudança ambiental)
Noção de causalidade no Behaviorismo Radical • Modelo explicativo skinneriano. . Skinner: 3 níveis de seleção. . . Filogênese (diferenças entre as espécies). . . Ontogênese (condicionamento operante) Diferenças entre os indivíduos. . . Cultura Papel fundamental do comportamento verbal: surgimento de ambientes sociais cada vez mais complexos
Noção de causalidade no Behaviorismo Radical • Causalidade e explicação no Behaviorismo Radical. . Nenhum tipo de causa deve ser descartado de imediato. . . Importância de se ter evidências de que um determinado evento funciona como causa/exerce controle sobre outro (causas “demonstráveis”). . Importância do método experimental
Objeções ao Mentalismo: características de explicações do comportamento que consideram como causa um agente interior sem dimensões físicas, chamado “mental” ou “psíquico”. . “Não há nada errado em uma explicação interior, como tal, mas os eventos que se localizam no interior de um sistema tendem a ser difíceis de observar. Por esta razão é fácil conferir-lhes propriedades sem justificação. Pior ainda, é possível inventar-se causa desta espécie sem medo de contradição” (Skinner, 1953/1994, p. 38).
Objeções ao Mentalismo Objeção importante ao Mentalismo: Autonomia é a capacidade de se comportar; uma coisa é autônoma se atribuirmos a ela seu comportamento. De acordo com o princípio da autonomia, nos comportamentos em função de um agente interior psíquico ou mental.
Objeções ao Mentalismo Agente interior psíquico ou mental. Agente interno sem dimensões físicas e, portanto, não fazendo parte da natureza. . Agente interno inferido a partir de comportamentos observáveis (públicos ou privados) Constructos hipotéticos, ficção explanatória
Objeções ao Mentalismo. “Quando os eventos são atribuídos a alguma entidade interna oculta, não apenas a investigação científica é desviada para a tarefa impossível de compreender aquela entidade oculta; também a curiosidade tende a cessar. A continuidade da investigação é impedida não apenas pela evidente dificuldade da tarefa, mas também porque uma explicação aparente é tomada como explicação verdadeira” (Baum, 1994/1999, p. 51). Se o agente interno é a causa, como mudamos tal agente? Impossibilidade de controle/mudança
Objeções ao Mentalismo A objeção ao Mentalismo é, na verdade, uma objeção ao Dualismo é a idéia de que dois tipos de existência, material e não material, são necessários para uma compreensão total do comportamento Como essas duas naturezas podem interagir?
Objeções a outras causas internas Causas neurais O comportamento é explicado a partir do sistema nervoso e do funcionamento cerebral (variáveis orgânicas). . Desenvolvimento tecnológico: compreensão dos processos neurais antecedentes. . . Previsão, mas não o controle. . . Início da cadeia? . . Eventos fora do organismo. . Condições necessárias, mas não suficientes
Objeções a outras causas internas Causas neurais ? Variáveis orgânicas/fisiológicas Relações do organismo com o ambiente Comportamento
Objeções a outras causas internas. “Quem joga o futebol? O cérebro? As pernas? Os pés ‘jogam’ futebol? Os impulsos nervosos? A serotonina joga futebol? Alguma outra parte ou processo interno do corpo? De alguma forma essas partes ou processos fazem com que joguemos futebol? Iniciam o jogar? Não! Jogamos o futebol tal qual o jogamos porque, por nossa filogênese, temos essas partes e elas estabelecem as bases físicas (e daí bases fisiológicas) para que esse comportamento seja possível. Jogamos com elas, mas não porque elas ‘queiram’; não são elas que jogam. É o organismo como um todo” (Starling, 2000, p. 12).
Objeções a outras causas internas. “A interpretação analítico-comportamental para os produtos da história ambiental dos indivíduos traz o reconhecido de que alterações anátomo-fisiológicas, ao lado de novas probabilidades de resposta, são resultados concomitantes dos processos seletivos a que os indivíduos são expostos” (Tourinho, 2001, p. 250). . “Uma ciência do sistema nervoso baseada na observação direta, e não na inferência, finalmente descreverá os estados eventos neurais que precedem formas de comportamento. Conheceremos as exatas condições neurológicas que precedem, por exemplo, a resposta ‘Não, obrigado’. Verificar-se-á que estes eventos são precedidos por outros eventos neurológicos, e estes, por sua vez, de outros. Esta seqüência levar-nos-á de volta a eventos fora do sistema nervoso e, finalmente, para fora do organismo” (Skinner, 1953/1994, p. 39).
Objeções a outras causas internas Causas conceituais Sem dimensões neurológicas ou psíquicas: rótulos/nomes de conjuntos de comportamento Fome, vício, habilidade Termos aprendidos no senso comum: descrevem de forma vaga e indefinida o comportamento Honesto, esforçado, egoísta, inconstante, gentil, nervoso: rótulos sintéticos para os comportamentos Descrições de comportamentos, mas não são explicações Paralisam a investigação
Objeções a outras causas internas NERVOSO DESENV. ATÍPICO -Roer as unhas com frequência - Move-se constantemente na cadeira - Contrai o olho quando conversa com alguém do sexo oposto - Não consegue amarrar os cadarços - Não controla os esfíncteres - Come apenas com os dedos ou colher - Desempenho x em testes psic. DIFIC. DE APRENDIZ. - Dedica-se pouco tempo à uma tarefa - Fita um item por vários minutos - Move-se frequentemente de um local ou tarefa para outra - Confunde palavras ao falar, etc. .
Objeções a outras causas internas. “As causas interiores mais comuns não têm dimensão de espécie alguma, nem neurológica, nem psíquica. Quando dizemos que um homem come porque tem fome, fuma demais porque tem o vício do fumo, briga por causa de seu instinto de luta, comporta-se de modo brilhante porque é inteligente, ou toca piano muito bem por causa de sua habilidade musical, aparentemente estamos nos referindo a causas. Mas uma análise dessas frases prova que não passam de meras descrições redundantes” (Skinner, 1953/1994, p. 41). Nomes que descrevem um conjunto de comportamentos (públicos e privados) Qual a variável determinante? ?
Objeções a outras causas internas • Rótulos falam de conjuntos de comportamentos que ocorrem em certas condições (não são nomes de “coisas” que existem dentro de nós) • Rótulos comuns: inteligência, criatividade, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, ansiedade, depressão, baixa autoestima • Vantagens dos rótulos: fornecem informações gerais sobre padrões de comportamento (DESCRIÇÃO!) • Desvantagens: podem levar a pseudoexplicações (raciocínio circular)
História da Terapia Comportamental • Movimento formal: a partir da década de 60 • Posições teóricas distintas • Diversidade de princípios, técnicas e procedimentos • Diferentes terminologias Modificação do comportamento Terapia Comportamental . Princípios operantes . Princípios respondentes . Grupos e Instituições . Contextos clínicos • Terminologias nem sempre usadas da mesma forma (falta de consenso)
História da Terapia Comportamental • Década de 20. . Paradigma respondente. . Comportamentos alvo: reações emocionais (medo), hábitos, alcoolismo. . . Contracondicionamento (procedimentos aversivos). . Watson e Rayner (1920): aprendizagem de respostas de medo. . Mary Cover Jones (1924): extinção das respostas de medo de animais em crianças
História da Terapia Comportamental • Década de 30. . Surgimento do Behaviorismo Mediacional: . . . Papel das variáveis intervenientes (determinantes internos). . Precursor da Terapia Cognitiva. . Papel das consequências: Thorndike (1932), Skinner (1935, 1937, 1938). . Predomínio do paradigma respondente
História da Terapia Comportamental • Década de 40. . Continuidade e desenvolvimento do raciocínio mediacional. . . Bases fisiológicas do comportamento. . . Guthrie (1942): estímulo definido em termos perceptuais (significado para o organismo). . Desenvolvimento do Behaviorismo Radical. . Continuidade das aplicações respondentes. . Desenvolvimento das pesquisas operantes (infrahumanos)
História da Terapia Comportamental • Década de 50. . África do Sul - Wolpe (1952): dessensibilização sistemática. . Inglaterra – Eysenck (1952): The effects of psychotherapy: an evaluation. . . Quais os fundamentos científicos da psicoterapia? . . Psicoterapeuta como pesquisador. . Inglaterra – Shapiro (1952): intervenção como estudo de caso de sujeito único (psicoterapia com procedimentos próprios da pesquisa experimental)
História da Terapia Comportamental • Década de 50. . Publicações importantes: . . . Keller e Shoenfeld (1950): Princípios de Psicologia (tradução brasileira em 1973). . . Skinner (1953): Ciência e Comportamento Humano. . . Skinner (1957): Comportamento Verbal. . . JEAB (Journal of Experimental Analysis of Behavior). . Grande influência da aprendizagem operante
História da Terapia Comportamental • Década de 60. . Modificação do Comportamento (princípios operantes): por ex. , sistema de economia de fichas (Ayllon e Azrin, 1968). . Terapia Comportamental (princípios respondentes). . Publicações. . . Ullman e Krasner (1965, 1969): coletânea de estudos de casos (ênfase na apdz de comportamentos “anormais”). . . JABA ( Journal of Applied Behavior Analysis). . Aplicação diversificada do paradigma operante
História da Terapia Comportamental • Década de 70. . Terapia comportamental como um movimento mundial. . Desenvolvimento de técnicas. . Análise do comportamento aplicada em diversos contextos (aquisição de comportamento social, terapia sexual, tabagismo, avaliação comportamental, integração social, poluição, transportes coletivos, reforma penitenciária, teoria econômica, etc). . Críticas ao tecnicismo e a ausência de intervenções relacionadas aos fenômenos privados (cognições)
História da Terapia Comportamental • Década de 70. . Psicologia Cognitiva, Teoria da Apdz Social (Bandura) e Modificação de Comportamento Cognitiva (Beck, 1979; Ellis, 1974). . . Skinner: CGR (1968). . Publicações de manuais (Prática da Terapia Comportamental, Wolpe, 1973; Behavior Therapy, Yates, 1970; Behavior Therapy, Rimm & Masters, 1979)
História da Terapia Comportamental • Década de 80. . Brasil: publicação do Manual de psicoterapia comportamental (Lettner e Rangé, 1987). . . Influência da abordagem cognitiva. . Tendência a integrar as atuações comportamental e cognitiva. . Reflexão sobre os fundamentos da clínica pautados nos princípios do Behaviorismo Radical (Sidman, 1986; Skinner, 1977; Zettle e Hayes, 1982). . . Hayes: papel do CGR. . . Kohlemberg e Tsai: importância da relação terapêutica
Características definidoras da Terapia Comportamental • “. . . dentro da categoria daqueles que se identificam com o modelo comportamental estão aqueles que se classificam como modificadores do comportamento, terapeutas comportamentais, terapeutas cognitivo-comportamentais. . . ” (Craighead e cols, 1994, p. 9, citado por Costa, 2002) • Denominação atual: Terapia Analítico-Comportamental (TAC). . Resgate dos pressupostos behavioristas radicais e afastamento dos diversos modelos baseados em pressupostos cognitivistas
Características definidoras da Terapia Comportamental • Diferentes definições para o modelo clínico comportamental • Neri (1987): “o processo terapêutico comportamental implica uma tentativa de controlar as variáveis ambientais que favorecem a extinção de comportamentos inadequados e a aquisição de outros que possibilitem uma atuação mais adequada do cliente em seu contexto, no sentido de reduzir ao máximo sua exposição às contingências negativas, e de aumentar ao máximo a probabilidade de expor-se a situações agradáveis” (p. 23, grifo nosso)
Características definidoras da Terapia Comportamental �Costa (1996) “Por Terapia Comportamental (leia-se TAC) entende-se o trabalho terapêutico que se fundamenta no Behaviorismo Radical e utiliza os princípios da Análise do Comportamento no contexto clínico, objetivando identificar e analisar funcionalmente as variáveis externas que estão controlando os comportamentos do cliente, a fim de modificá-los, quando desejado. Dito que outra forma, o que define a Terapia Comportamental (ou a TAC) é o modo como se compreende e se intervém no fenômeno comportamental, que deve estar em concordância com a filosofia e a ciência do comportamento” (p. 4, grifo meu). . Precisão conceitual. . B. Radical: sem restrição a Skinner (Banaco, Guilhardi, Tourinho)
Características definidoras da Terapia Comportamental ◦ Meyer (1990): Quais os requisitos para que um terapia seja considerada comportamental? “São essenciais, no nível metodológico, a análise (funcional) de contingências; no nível conceitual, o conhecimento e a aplicação, mesmo que assistemática, de princípios de comportamentos; e no nível filosófico, pelo menos a rejeição ao mentalismo. Caso contrário, teremos uma abordagem sem consistência e que provavelmente não sobreviverá” (p. 4)
Análise funcional do comportamento • Skinner: poucas formulações explícitas. . “As variáveis externas das quais o comportamento é função dão margem ao que pode ser chamado de análise causal ou funcional. Tentamos prever e controlar o comportamento de um organismo individual. Esta é a nossa ‘variável dependente’ – o efeito para o qual procuramos a causa. Nossas ‘variáveis independentes’ – as causas do comportamento – são as condições externas das quais o comportamento é função. Relações entre as duas – as relações de ‘causa e efeito’ no comportamento – são as leis de uma ciência” (Skinner, 1953, p. 38). . Várias afirmações a respeito do conceito de contingência. . . Qual a definição de análise funcional?
Análise funcional do comportamento • Neno (2003). . Definição: identificação de relações ordenadas entre os eventos. . . Identificação de contingências. . Instrumento básico de trabalho de qualquer analista do comportamento. . . Objetivo importante da A. C. : “identificar contingências que estão operando e inferir quais as que possivelmente operaram no passado” (p. 30). . Fundamento para a avaliação clínica e caminho mais efetivo para o planejamento da intervenção
Análise funcional do comportamento • Avaliação funcional e análise funcional (Martin & Pear, 2007). . Avaliação funcional: identificação dos antecedentes e consequentes de um dado comportamento. . Análise funcional: manipulação sistemática de eventos ambientais para testar experimentalmente o papel de tais eventos como antecedentes ou consequências
Análise funcional do comportamento • Hawkins (1986). . Caráter ideográfico da intervenção baseada na análise funcional. . . Discussão sobre a validade, para a A. C. , de sistemas nomotéticos de classificação e diagnóstico (DSM). . Caráter ideográfico: identificação de relações funcionais para problemas de comportamento de clientes individuais. . Caráter nomotético: identificação de relações funcionais para um problema de comportamento de vários clientes
Análise do repertório comportamental • Análise molar X análise molecular. . Análise molecular. . . Efeito momentâneo das variáveis ambientais. . . Ênfase em comportamentos específicos. . Análise molar. . . Efeito de variáveis históricas. . . Ênfase em classes comportamentais mais amplas
Análise do repertório comportamental Molecular Molar Variáveis Históricas Efeito Momentâneo Comportamentos Específicos Classes Comportamentais Repertório como um todo
Fatores a considerar ao avaliar as causas de comportamentos-problema Ambiente em geral • Baixo nível geral de reforçamento • Condições que causam desconforto (calor, barulho) • Presença ou ausência de determinadas pessoas Variáveis orgânicas • Estado de saúde (gripe, alergias, dor de cabeça) • Estados corporais temporários (fadiga, cólicas menstruais, mudanças hormonais) Variáveis referentes à tarefa • Difícil demais • Ritmo inadequado (rápido ou lento demais) • Falta de variedade • Falta de escolha • Percepção incorreta da importância
Fatores a considerar ao avaliar as causas de comportamentos-problema Antecedentes Consequências Mudança súbita nos arredores imediatos Introdução de novas tarefas Excessiva exigência Instruções pouco claras Remoção de reforçadores visíveis (OM) Não apresentação de reforçadores depois de respostas previamente reforçadas (OM) • Apresentação de estímulos aversivos (OM) • Mandarem esperar • Ver outra pessoa ser reforçada • Fuga e esquiva de pedidos e exigências • Atenção por parte de terceiros • Compreensão, pena • Conseguir alguma coisa • Reforçadores tangíveis • Feedback sensorial interno • Feedback sensorial externo • • •
Atenção por parte de terceiros Contexto antecedente . . O caso de Lori (Martin & Pear, 1991): desenvolvimento atípico Enfermeira trabalhando em seu escritório L: Oi! E: Oi, Lori, estou ocupada agora, mas falarei com você mais tarde. L: Você ocupada agora? E: . . . . Reforçamento social L: Oi! intermitente E: . . . . L: Você não me ama? E: É claro que eu amo, Lori!
Atenção por parte de terceiros. . Objetivo da intervenção: eliminar o comportamento apenas parcialmente (interrupções eram inadequadas em alguns contextos). . . Cartões verde (Sds para conversas) e vermelho (S∆ para conversas) foram fixados nas roupas dos funcionários. . . Antes da interrupção acontecer: “Oi, Lori. Está vendo meu cartão? Não posso falar com você agoraporque estou ocupada e o cartão está vermelho. Vejo você mais tarde” ---- EXTINÇÃO “Oi, Lori. Está vendo meu cartão? Está do lado verde e agora eu não estou ocupada, então podemos conversar!” ---- REFORÇO SOCIAL
Fuga e esquiva de pedidos e exigências. . O caso de Edward (Martin & Pear, 1991): gritos indesejados. . . 8 anos, desenv. atípico leve. . . Contextos em que o comportamento ocorria: sala de aula, quando a professora lhe fazia perguntas que ele não sabia. . . Intervenção: aulas individuais com a professora, que repassava as tarefas que seriam necessárias para o dia seguinte (gritos não ocorriam nesses momentos); perguntas que ele sabia durante as aulas, seguidas de reforço social (duas semanas); perguntas gradualmente mais difíceis, precedidas da dica “Agora uma pergunta um pouco mais difícil. Tenho certeza que você sabe a resposta, mas, se não souber, descobriremos a resposta juntos”
- Slides: 83