Arte A arte existe para que a realidade








































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Arte
“A arte existe para que a realidade não nos destrua. ” Nietzsche
Catarse “A tragédia é uma imitação da ação, elevada e completa, dotada de extensão, numa linguagem temperada, com formas diferentes em cada parte, que se serve da ação e não da narração, e que, por meio da comiseração e do temor, provoca a purificação de tais paixões”. Aristóteles
O termo catarse foi tomado da linguagem médica por Aristóteles e estava relacionado a um processo purificador que limparia o corpo de elementos nocivos. Na literatura e nas artes em geral, a catarse é um processo de depuração psicológica, emocional e intelectual que leva o homem a um prazer superior. Ao entrar em contato com os problemas, com as dores dos personagens, o leitorespectador coloca-se no lugar deles e projeta seus próprios conflitos na situação apresentada. Dessa forma, consegue aliviar suas tensões ao constatar, com alívio, que tudo o que leu, viu ou sentiu encontra-se apenas no mundo ficcional. A experiência não é real, mas lhe permitiu expurgar ansiedades, dores, angústias.
Epifania Antes do cristianismo, o termo designava as aparições dos deuses, como uma súbita manifestação espiritual. O termo assumiu, posteriormente, um caráter literário e foi definido por Afonso Romano de Sant’anna como o “relato de uma experiência que a princípio se mostra simples e rotineira, mas que acaba por mostrar toda a força de uma inusitada revelação”. Trata-se de um momento, ainda que efêmero,
registrado na vida das personagens que traz uma revelação, uma iluminação, como um episódio provocado por atos comuns do dia a dia, que resulta num momento de êxtase. Exemplos constantes de epifania encontram-se nos textos de Clarice Lispector.
O que é Literatura? “Arte literária é mimese(imitação); é a arte que imita pela palavra. ” (Aristóteles, séc. IV A. C. ) Assim: ü literatura como imitação da realidade; ü manifestação artística; ü a palavra como matéria-prima; ü manifestação da expressividade humana.
Texto I O que é Literatura A Literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova realidade. Passa, então, a viver outra vida, autônoma, independente do autor e da experiência de realidade de onde veio. Os fatos que lhe deram às vezes origem perderam a realidade primitiva e adquiriram outra, graças à imaginação do artista. São agora fatos de outra natureza, diferentes dos fatos naturais objetivados pela ciência ou pela história ou pelo social.
O artista cria ou recria um mundo de verdades que não são mensuráveis pelos mesmos padrões das verdades fatuais. Os fatos que manipulam não têm comparação com os da realidade concreta. São as verdades humanas gerais, que traduzem antes um sentimento de experiência, uma compreensão e um julgamento das coisas humanas, um sentido da vida, e que fornecem um retrato vivo e insinuante da vida. A Literatura é, assim, vida, parte da vida, não se admitindo que possa haver conflito entre uma e outra. Através das obras literárias, tomamos contato com a vida, nas suas verdades eternas, comuns a todos os homens e lugares, porque são as verdades da mesma condição humana. Afrânio Coutinho
Questão 01 De acordo com o entendimento do texto, pode-se inferir que: (A) a literatura é imaginação, portanto, não corresponde à realidade. (B) a função do tempo literário é mostrar a vida do criador da obra. (C) o artista literário, no seu desejo de imaginação artística, termina recriando situações descontextualizadas com a realidade. (D) não se pode dizer que literatura seja uma nova realidade. (E) a literatura nasce da transfiguração da realidade que o artista faz.
GABARITO: E
Questão 02 “O artista cria ou recria um mundo de verdades que não são mensuráveis pelos mesmos padrões das verdades fatuais”. (penúltimo parágrafo) Marque a opção que não diz respeito diretamente à afirmação anterior. (A) “A Literatura é, assim, vida, parte da vida, não se admitindo possa haver conflito entre uma e outra”. (B) “A Literatura proporciona a criação de fatos de outra natureza, diferentes dos fatos naturais objetivados pela ciência ou pela história ou pelo social”. (C) “Literatura é a realidade recriada através do espírito do artista e retransmitida através da língua”. (D) “A Literatura, como toda arte, deve ser medida como qualquer outra realidade concreta, social, histórica ou científica”. (E) “A Literatura passa, então, a viver outra vida, autônoma, independente do autor e da experiência de realidade de onde veio”.
GABARITO: D
Funções da Literatura ü Função evasiva: fuga da realidade; ü Função lúdica: jogo de experiências sonoras e de relações surpreendentes; ü Função de “Arte pela arte”: descompromissada das lutas sociais; ü Função de literatura engajada: comprometida com a temática social.
Texto II Eu queria tanto ser um poeta maldito a massa sofrendo enquanto eu profundo medito eu queria tanto ser um poeta social rosto queimado pelo hálito das multidões em vez olha eu aqui pondo sal nesta sopa rala que mal vai dar para dois Paulo Leminski
Questão 03 Como poeta de vanguarda, Paulo Leminski expressa no seu poema sem título (A) Uma reflexão sobre o fazer poético e a relação entre o poeta e o leitor (B) Uma volta à arte pela arte, afastando a poesia das massas populares (C) O reconhecimento de que a linguagem coloquial foi erro dos modernistas (D) Um deboche sobre a poesia engajada nos problemas sociopolíticos (E) Um desencontro entre querer e ser
GABARITO: E
Questão 04 (UFF) O texto de Paulo Leminski apresenta-se em três estrofes que, respectivamente, assinalam: (A) o individualismo alienanteo engajamento políticoa impotência cotidiana (B) o coletivo inconsequentea panfletagem violentaa realidade do dia a dia (C) o desejo participanteo individualismo liberadora cooperação (D) marginalização inevitávelparticipação massificadoraobservação arguta (E) a ansiedade desvairadao prazer irrefreávela miséria humana
GABARITO: A
Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio da adolescência que teve influência significativa em sua carreira de escritor. . "Lembro-me de que certa noite - eu teria uns quatorze anos, quando muito - encarregaram-me de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações, enquanto um médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal haviam "carneado". (. . . ) Apesar do horror e da náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando assim: se esse caboclo pode aguentar tudo isso sem gemer, por que não hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar essa vida? (. . . )
Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a ideia de que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto. " (VERÍSSIMO, Érico. "Solo de Clarineta". Tomo I. Porto Alegre: Editora Globo, 1978. )
Questão 05 Neste texto, por meio da metáfora da lâmpada que ilumina a escuridão, Érico Veríssimo define como uma das funções do escritor e, por extensão, da literatura, . (A) criar a fantasia. (B) permitir o sonho. (C) denunciar o real. (D) criar o belo. (E) fugir da náusea
GABARITO: C
Questão 06 A partir da metáfora da lâmpada que ilumina a escuridão, citada na questão acima, entende-se um tipo de literatura com função (A) evasiva (B) lúdica (C) de arte pela arte (D) engajada (E) canônica
GABARITO: D
Diferenças entre texto literário e não literário
Texto Literário ü ênfase na expressão; ü linguagem conotativa; ü linguagem mais pessoal, emotiva; ü recriação da realidade; ü ambiguidade como recurso criativo.
Texto não-literário ü ênfase no conteúdo; ü linguagem denotativa; ü linguagem mais impessoal; ü realidade apenas traduzida; ü normalmente sem ambiguidade ou duplas interpretações.
Texto III Uma coisa é escrever como poeta, outra como historiador: o poeta pode contar ou cantar coisas não como foram, mas como deveriam ter sido, enquanto o historiador deve relatá-las não como deveriam ter sido, mas como foram, sem acrescentar ou subtrair da verdade o quer que seja. Miguel de Cervantes (escritor espanhol - 1547 -1616). Texto IV Escrevi um conto azul, vários até. Mas este é um conto de todas as cores. Porque era uma vez um menino azul, uma menina verde, um negrinho dourado e um cachorro com todos os tons e entretons do arco-íris. Até que apareceu uma Comissão de Doutores - os quais, por mais que esfregassem os nossos quatro amigos, viram que não adiantava. E perguntaram se aquilo era de nascença ou se. . . - Mas nós não nascemos - interrompeu o cachorro. - Nós fomos inventados! Mário Quintana (escritor gaúcho contemporâneo).
A arte literária cria uma supra-realidade A literatura imita a vida por meio de palavras ou pinturas organizadas de modo tal que formam uma supra-realidade, isto é, uma realidade paralela ao meio ambiente que foi imitado. O texto é um tecido (texto = tecelagem). O texto literário é formado de palavras polivalentes, isto é, que podem ter mais de um significado. Ele se caracteriza exatamente por sua capacidade de transmitir significações diversas.
Muitas vezes, a obra de arte vai além do entretenimento, promovendo questionamentos e reflexões sobre a realidade circundante. Observe:
Quanto à disposição gráfica, um texto literário pode ser: üProsa: em linhas “corridas”. Dividida em parágrafos. üPoesia (verso): a cada linha dá-se o nome de verso e, ao conjunto deles, estrofe. üEstilo individual: é o estilo único de determinado escritor, ou seja, sua visão única e modo próprio de criação literária. üEstilo de época: características comuns em obras de autores diferentes, mas contemporâneos. Ex. : Embora Bernardo Guimarães e José de Alencar tenham estilos diferentes, ambos pertencem ao Romantismo.
Escolas literárias (ou estilos de época) ü Quinhentismo: (1500 – 1601) ü Barroco: (1601 – 1768) ü Arcadismo: (1768 – 1836) ü Romantismo: (1836 – 1881) ü Realismo/Naturalismo/Parnasianismo. : (1881 – 1922) ü Simbolismo: (1893 – 1922) ü Pré-modernismo: (1902 – 1922) ü 1ª geração Modernista: (1922 – 1930) ü 2ª geração Modernista: (1930 – 1945) ü 3ª geração Modernista: (1945 – 1960) ü Literatura contemporânea: (1960 – até nossos dias)
Mímesis ou mimese
Verossimilhança Externa Interna