Anabela de Arajo Anabela de Arajo Clicar Painel
Anabela de Araújo
Anabela de Araújo Clicar
Painel de azulejos com borboleta e espiga de trigo, 1905. Cerâmica Anabela de Araújo
Anabela de Araújo Rãs num charco com canaviais e ramos floridos, princípios do séc. XX. Cerâmica
Jarra Barcarolla, 1900. Faiança Anabela de Araújo
Fruteira com libélulas, 1902. Faiança Anabela de Araújo
Placa de cerâmica com EBP trajando à japonês, 1883. Faiança policroma Anabela de Araújo
Perfumador árabe, 1896. Faiança Anabela de Araújo
Cachepot de inspiração renascentista, 1900. Faiança Anabela de Araújo
Centro de mesa renascentista, 1900. Faiança Anabela de Araújo
Candeeiro Justino Guedes, 1898. Faiança Anabela de Araújo
Candelabro renascentista. Faiança Anabela de Araújo
Tinteiro Conselheiro Thomaz Nunes de Moura, 1899. Faiança policroma Anabela de Araújo
Mísula suportada por eolo, s/d. Faiança Anabela de Araújo
Talha manuelina, 1893. Faiança Anabela de Araújo
Jarra Adriano Coelho, s/d. Faiança Anabela de Araújo
Gomil de inspiração rocaille, 1895. Faiança Anabela de Araújo
A 2ª mostra de cerâmica de Rafael Bordalo Pinheiro termina aqui. A seguir são apresentados alguns dados biográficos de Rafael Bordalo Pinheiro. Caso esses dados não sejam do seu interesse, clique em SAIR. Para prosseguir, continue a clicar. Anabela de Araújo
RAFAEL BORDALO PINHEIRO Rafael Bordalo Pinheiro é uma personalidade peculiar. Foi, sem dúvida, marcado pelo ambiente artístico da casa paterna, sendo que seu pai, Manuel Maria Bordalo Pinheiro, era funcionário do Estado, bastante modesto, e, simultaneamente, pintor sem grande qualidade mas muito entusiasmo. Tendo em conta a personalidade das principais figuras culturais de então, Rafael Bordalo Pinheiro destaca-se pela modernidade militante, pelo optimismo visceral e pela tranquilidade com que sempre viveu a sua agitada e nada fácil vida. Anabela de Araújo
No entanto, ele é saudavelmente um desiludido com as pessoas – que, para ele, todas são corruptíveis – e, sobretudo, com as instituições que, mesmo depois das reformas, regressam ao mesmo: arrogância e ignorância. A História é um palco em que a intriga é sempre a mesma. Delineia-a como comédia e farsa, não como tragédia. Usa o riso para provocar e agredir mas não para curar o que não tem cura. Entende o atraso do país, a sua sebastiana megalomania, a sua preguiça e trafulhice e está sinceramente convencido que não tem cura. Descrê do Rotativismo monárquico (cujos podres conheceu como ninguém) mas não é grande entusiasta da República. Sabe que Portugal será sempre um peão, ou uma bola de sabão a desfazer-se nas mãos interesseiras de John Bull ou do Kaiser. Este é o contexto da criação do Zé Povinho, esperto e matreiro, sem moral nenhuma: se pudesse trepava para as costas dos que o cavalam a ele. Não gosta de trabalhar e prefere resignar-se do que combater. O manguito é o seu gesto filosófico perante os desacertos do mundo. Esta descrença não foi para Rafael Bordalo Pinheiro um estado de alma, antes uma espécie de filosofia social, ancorada na ciência do seu tempo dominada pelas teorias de Darwin e a morte de Deus. Por isso ele foi tão diferente dos seus contemporâneos artistas como ele. Anabela de Araújo
Trabalhando em jornalismo, ele amava as máquinas e as suas novas possibilidades de edição. Amava trabalhar em conjunto, improvisar, colarse na cadeia de produção em lugar estratégico, dominando e intervindo em todas as fases. Usou a arte como sistema complexo e múltiplo de comunicação, misturada e intensificada pelo texto. Homem do seu tempo, apaixonado pelo progresso técnico deixa-se envolver pelos projectos do mano empresário e embarca na aventura de fazer uma fábrica para renovar as artes populares do barro. Age, nesta questão, como homem das Arts and Crafts, próximo de John Ruskin que talvez nem conhecesse. Saliente-se a modernidade do projecto implantado numa pequena cidade de província, as Caldas da Rainha, e sonhando alimentar-se da alma e das técnicas de oleiros tradicionais. Mas, simultaneamente, propor-lhes outra coisa, mais urbana e mais erudita, a louça por si desenhada que é um misto de revivalismo romântico (pesado e barroquizante como a Jarra Bethoven) e de citações Arte Nova que então se afirmava em toda a Europa. Não era ele o único artista do seu tempo que amava o povo e o conhecia. Mas talvez tenha sido o único que fez arte com ele (tipógrafos ou Anabela de Araújo
ou barristas) e considerou a arte, não uma entidade transcendental, mas um trabalho capaz de intervir social e economicamente. Por outro lado, o relativo sucesso dos seus empreendimentos permite considerar que, apesar das diatribes, ele conhecia como poucos, e acreditava, nas possibilidades desenvolvimentistas do país. Quem, vindo do meio artístico, encarou no seu tempo a arte como investimento, gestão e ampla divulgação? Trabalho em série, assumindo que a novidade se inscreve em continuidades profundas? É aqui que reside a modernidade de Bordalo que o torna um exacto contemporâneo nosso. porque ele sempre olhou e esperou pelo futuro que ajudou grandemente a nascer nas áreas em que trabalhou. Rafael Bordalo Pinheiro morreu em 23 de Janeiro de 1905. ————— Fonte da biografia: Artigo de Raquel Henriques da Silva Anabela de Araújo
CRÉDITOS Imagens: Google. Música: Ludwig Beethoven - Spring Sonata for violin and piano. Produção e realização: Anabela de Araújo 2008/2009 Anabela de Araújo
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