Anabela Anabela A Casa de Anne Frank Amesterdo
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A Casa de Anne Frank - Amesterdão Anabela
A Casa de Anne Frank - Amesterdão Rua Anne Frank, no centro de Amesterdão Anabela Estátua de Anne Frank, Amesterdão
Anne Frank foi uma das milhões de vítimas da perseguição aos judeus na Segunda Guerra Mundial. Ela residia na Alemanha quando, em 1933, Adolf Hitler ascendeu ao poder e introduziu uma política anti-semita. Para sua segurança, a família Frank, de origem judaica, mudou-se para os Países Baixos. Em Maio de 1940, os alemães invadiram os Países Baixos e implementaram medidas no sentido de dificultar a vida dos judeus. A família Frank tentou escapar a esta perseguição escondendose num anexo onde passariam a viver “mergulhados” (designação que se dava ao desaparecimento de pessoas perseguidas que passavam a ter uma existência ilegal ou clandestina). A 6 de Julho de 1942, Otto Frank, a mulher Edith Frank-Holländer a as duas filhas Margot e Anne mudaram-se para o seu esconderijo, na Prinsengracht. Mais tarde, juntaram-se a eles Fritz Pfeffer e Hermann e Auguste van Pels com o filho Peter. A casa divide-se em duas partes: a parte da frente e as traseiras (ou o Anexo). Na parte da frente encontravam-se as instalações da empresa de Otto Frank, onde se situavam, no rés-do-chão, o armazém e, no andar de cima, os escritórios e o depósito. O armazém estendia-se por baixo do Anexo. Anabela
Nos dois andares do Anexo viviam as oito pessoas escondidas, que, cerca de dois anos depois, foram denunciadas à polícia e deportadas. Os móveis foram apreendidos por ordem dos nazis. Depois da guerra, Otto Frank achou por bem manter o anexo vazio. Durante todo o tempo em que viveu no esconderijo, Anne Frank escreveu no seu diário tudo sobre a vida no Anexo, retratando, sobretudo, os seus pensamentos, os sentimentos de isolamento dos clandestinos e a angústia e o medo permanentes de serem descobertos. O diário de Anne foi publicado pela primeira vez nos Países Baixos em 1947 e foi traduzido até à data para mais de 65 línguas. O maqueta da Casa de Anne Frank Anabela Fachada da Casa As traseiras da Casa, hoje
Anne com 13 anos À entrada dos escritórios de Otto Frank, o visitante encontra várias fotografias de Anne Frank, tiradas no ano de 1942. Anabela
Há-de chegar o dia em que esta guerra medonha acabará, há-de chegar o dia em que também nós voltaremos a ser gente como os outros e não apenas judeus! Nunca poderemos ser só holandeses, ingleses ou súbditos de qualquer outro país. Seremos sempre, além disso, judeus. E queremos sê-lo. Anne Frank, 9 de Abril de 1944 Durante o dia não podemos pisar o chão com força e temos quase de cochichar em vez de falar, pois lá em baixo, no armazém, não nos devem ouvir. Anne Frank, 11 de Julho de 1942 Anabela Otto Frank tinha duas empresas. Numa delas comercializava-se Opekta, um ingrediente utilizado para fazer doce. Na outra, a Pectacon, que mais tarde passou a chamar-se Gies Co, preparavam-se especiarias para carne. Numa parte deste armazém moíam-se as especiarias. Os funcionários não faziam ideia de que no andar de cima se encontravam pessoas escondidas a viver no Anexo.
A partir de Maio de 1940 foram-se acabando os bons tempos. Primeiro veio a guerra, depois a capitulação, em seguida a entrada dos alemães. E então começou a miséria. A uma lei ditatorial seguia-se outra; e, em especial para os judeus, as coisas começaram a ficar feias. Obrigaram-nos a usar a estrela e a entregar as bicicletas, não nos deixavam andar nos carros eléctricos. Os judeus não podiam visitar os cristãos. As crianças judaicas eram obrigadas a frequentar escolas judaicas. Cada vez saíam mais decretos… Toda a nossa vida estava sujeita a enorme pressão. Anne Frank, 20 de Junho de 1942 Numa vitrina encontram-se alguns testemunhos da crescente perseguição aos judeus que os Países Baixos viveram durante esse período. Anabela
O pessoal do escritório ajudava os clandestinos, levando-lhes diariamente mantimentos, livros e jornais. Numa das vitrinas encontram-se o bilhete de identidade de Victor Kugler e um exemplar da revista cinematográfica que costumava levar a Anne Frank. Formalmente, Kugler era o director da Gies en Co. . Quando, a partir de 1941, os judeus foram proibidos de exercer a actividade empresarial, Otto Frank passou as suas empresas para o nome de Victor Kugler, Jo Kleiman e Jan Gies (o marido de Miep). Contudo, na prática, Otto Frank continuava a ser o director e reunia-se diariamente com Kugler e Kleiman, mesmo depois de ter “mergulhado”. Anne e Margot costumavam ajudar furtivamente no trabalho do escritório. A Miep é o nosso burro de carga, coitada! Quase todos os dias descobre alguma hortaliça e trá-la na sua saca amarrada à bicicleta. Na quinta-feira à noite estive lá em baixo com o pai no escritório do Kugler a trabalhar na lista de devedores. O Anne Frank, 11 de Julho de 1943 sítio era medonho e fiquei contente Bep e Kleiman também se encarregam bem quando terminámos a tarefa. das nossas coisas, muito bem até. Anne Frank, 7 de Novembro de 1942 Anabela Anne Frank, 26 de Maio de 1944
Pouco tempo depois da detenção dos clandestinos, o anexo foi totalmente esvaziado. Quando o esconderijo foi transformado num museu anos mais tarde, Otto Frank quis que os quartos se mantivessem vazios para sempre. No entanto, para que os visitantes tivessem uma ideia de como teria sido Estante giratória que escondia a porta de entrada do Anexo o esconderijo, foram construídas, em 1961, maquetas de acordo com as O nosso “esconderijo” é agora suas descrições. perfeito. O Sr. Kugler teve a boa ideia Na última parte deste andar de tapar a porta de entrada do anexo. guardavam-se as especiarias. Visto Agora, antes de descermos, temos de nos curvar e depois dar um saltinho que as mesmas não podiam estar porque o degrau desapareceu. directamente expostas à luz do dia, as janelas foram pintadas. Era impossível Anne Frank, 21 de Agosto de 1942 ver o Anexo em qualquer parte da casa da frente. Anabela
A estante giratória, feita à medida para o efeito pelo pai de Bep Voskuijl, escondia a porta de entrada do Anexo. Nas janelas do vestíbulo colouse papel opaco de fibra de vidro para esconder o Anexo dos olhos do mundo. Estante giratória que escondia a porta de entrada do Anexo Anabela
As escadas a descer, por debaixo de uma placa em vidro na esquina à direita, conduziam aos escritórios. Os colaboradores utilizavam estas escadas para levar comida ao esconderijo, bem como tudo o que os clandestinos precisavam. No quarto onde dormiam Otto e Edith Frank com a filha Margot, encontra-se, na parede da direita, um mapa da Normandia por onde Otto Frank, depois da invasão, seguia os movimentos das tropas aliadas. Ao lado, vêem-se os riscos a lápis que indicavam o crescimento de Anne e de Margot durante o período em que todos viviam “mergulhados” no anexo. Anabela As escadas de acesso ao Anexo
Quarto de Anne Frank e Fritz Pfeffer Anabela
O nosso quarto até agora estava nu completamente. O pai trouxe toda a minha colecção de postais de estrelas de cinema e de vistas, e eu transformei-os, com cola e pincel, em lindos quadros para as paredes. Agora o quarto tem um aspecto alegre. Anne Frank, 11 de Julho de 1942 Anne passava muito tempo na sua pequena secretária a escrever o diário. Para tornar o quarto mais alegre, ela decorou as paredes com todo o tipo de imagens. Na parede à esquerda existem, entre outras, postais ilustrados da família real neerlandesa e das princesas Isabel e Margarida de Inglaterra. Junto à janela encontra-se um poster publicitário da Opekta, a empresa de Otto Frank. Anabela A foto de Anne de que ela gostava para se “candidatar” a estrela de Hollywood
Fotos de Anne com diferentes idades Anabela
Torre de Westerkerk, que se “via” da janela, fechada… Uma das colagens de Anne, no quarto. Os clandestinos tinham de utilizar a sanita e o lavatório o menos possível durante o dia. A canalização da água e do esgoto passava pela parede do armazém onde trabalhavam pessoas que não sabiam da existência das pessoas escondidas no prédio. Anabela
A emissora inglesa fala de câmaras de gás. Sinto-me horrível. Anne Frank, 9 de Outubro de 1942 A 4 de Agosto de 1944 foi feita uma denúncia anónima por telefone às SS alemãs: Havia judeus na Prinsengracht 263. Página do diário de Anne Anabela Haviam sido traídos. Mesmo após um vasto inquérito no final da guerra, até hoje não se sabe quem foi o autor da denúncia.
Páginas do diário de Anne Anabela
Os oito clandestinos e os colaboradores Jo Kleiman e Victor Kugler foram presos. Contra Miep Gies e Bep Voskuijl não foram tomadas medidas pelos nazis. Jo Kleiman e Victor Kugler foram transferidos da prisão para o campo de concentração em Amersfoort. Todos os colaboradores sobreviveram à guerra. Os clandestinos foram deportados para o campo de Westerbork. Daí foram transportados para o campo de extermínio de Auschwitz. Margot e Anne morreram de tifo, em Março de 1945, no campo de concentração de Bergen-Belsen. Anabela
Memorial às duas irmãs em Bergen-Belsen Anabela
Já sabes há muito que o meu maior desejo é vir a ser jornalista e, mais tarde, uma escritora famosa. Hei-de publicar um livro depois da guerra: “O anexo”. Anne Frank, 11 de Maio de 1944 Após a detenção dos clandestinos, Miep Gies e Besp Voskuijl voltaram ao Anexo e encontraram o diário axadrezado de Anne Frank, bem como os seus cadernos e folhas soltas, escritos pela mesma. Miep Gies escondeu tudo na sua secretária. Quando a guerra terminou e se veio a constatar que Anne Frank tinha falecido em Bergen-Belsen, ela entregou os diários ao pai, Otto Frank. Numa das vitrinas da Casa de Anne Frank encontra-se o primeiro diário axadrezado de Anne, que a mesma recebeu no dia em que fez treze anos. Quando este primeiro diário chegou ao fim, Anne passou a escrever nos cadernos. Mais tarde, continuou a escrever em folhas soltas, editando e reescrevendo os diários. Quando a guerra terminasse, ela queria publicar um livro sobre as suas vivências no anexo. Anabela
Espero que te possa confiar tudo a ti; o que, até agora, nunca pude fazer a ninguém, e espero que venhas a ser um grande amparo para mim. Anne Frank, 12 de Junho de 1942 Ao escrever esqueço-me de tudo, a minha tristeza dissipa-se e o meu espírito revigora! Mas, e essa é a grande questão, será que alguma vez conseguirei escrever algo de grandioso? Será que um dia virei a ser jornalista e escritora? Anne Frank, 5 de Abril de 1944 Anabela
Otto Frank regressou a Amesterdão em Junho de 1945. Passado algum tempo, decidiu publicar os diários da filha Anne que ela tinha deixado para trás no momento da detenção. Em 1953, Otto Frank casou novamente e com a segunda mulher, Elfriede Markovits, mudou-se para Basel (Suiça). Otto cedeu a administração dos direitos de autor do diário de sua filha à Fundação Anne Frank, também sedeada em Basel, vindo a falecer em 1980, com 91 anos. Para construir um futuro, temos de conhecer o passado. Otto Frank, 1967 Otto Frank teve um papel activo na abertura ao público do Anexo Secreto como museu. Além disso, empenhou-se na defesa dos direitos humanos e na reconciliação. Depois da sua morte em 1980, a Casa de Anne Frank deu continuidade ao seu projecto. Esta instituição não incide somente no passado. Ainda hoje, em todo o mundo, se assiste a preconceitos, discriminação e à violação dos direitos humanos. Estes são os temas centrais das actividades educativas da Casa de Anne Frank. Anabela
Nota: Infelizmente, devido às escadas íngremes, o Anexo é de difícil acesso para pessoas com dificuldades de locomoção. Dentro do museu é proibido filmar, fotografar ou falar ao telemóvel. No café do museu encontram-se expostas, para consulta, as publicações da Fundação Casa de Anne Frank, que podem ser adquiridas na loja do museu. A Casa de Anne Frank trabalha em colaboração com o Centro Anne Frank na Alemanha, a Anne Frank Trust na Inglaterra e o Anne Frank Center nos Estados Unidos. Anabela
CRÉDITOS Imagens: Anne Frank Huis (Casa de Anne Frank) e Google. Música: Ernesto Cortazar - Walking trough the past of life. Produção e realização: Anabela de Araújo Maio 2008 Anabela
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