Alguns tpicos sobre Inflao e Meta de Inflao
Alguns tópicos sobre Inflação e Meta de Inflação Setembro 2019
Índices de Preços • IGPs • INPC X IPCA
IPCA Limitações como indexador (assim como outros índices de preços) • Não reflete efeito substituição • Demora para incluir/excluir produtos • Alteração na qualidade dos bens e serviços • Preço médio X Preço pesquisado Consequência: viés altista • Kanitz: prazo de crédito
Índices de Preços • IGPs • INPC X IPCA • IPCA-MS • IPCA-MA • IPCA-DP • Núcleos • IPCA-EX 0 • IPCA-EX 1 • IPCA-EX 2 • IPCA-EX 3
Núcleos - IPCA • O núcleo de inflação, também denominado de inflação subjacente, é uma medida que procura captar a tendência dos preços, desconsiderando distúrbios resultantes de choques temporários. • Busca detectar mudanças de caráter fundamental nos preços. • Entre os choques que não estariam incluídos no núcleo, destacam-se os choques temporários de oferta, como os resultantes de fatores climáticos (comuns com alimentos in natura) ou sazonais (comuns em itens de vestuário e carnes). Os choques temporários, a despeito de afetarem o índice de preços completo, são rapidamente revertidos sem modificar as expectativas dos agentes, não justificando uma resposta da política monetária.
Medidas de núcleo de inflação divulgadas por bancos centrais
Medidas de núcleo de inflação divulgadas por bancos centrais
Medidas de núcleo de inflação divulgadas por bancos centrais Não há evidências de que haja uma medida de núcleo de inflação que seja superior. Continua válido Laflèche (1997), que aconselha a utilização de um conjunto diversificado de medidas de núcleo de inflação ao invés de focar em medidas específicas
Núcleos - IPCA Atualmente o BCB divulga informações sobre sete medidas de núcleo de inflação: • Qautro medidas são obtidas pelo método de exclusão • Duas outras por médias aparadas • Uma por dupla ponderação levando-se em conta os pesos originais do IPCA baseados na cesta de consumo e os pesos dados pelo inverso da volatilidade de cada item.
Núcleos - IPCA • Núcleo por médias aparadas (IPCA-MS) Øonde 20% da variação de preços dos itens do IPCA são excluídos de ambas as caudas da distribuição mensal e onde alguns itens que apresentam, em geral, variações infrequentes e de grandes magnitudes são suavizados antes dos cortes
-0. 50 IPCA Núcleo médias aparadas com suavização Jan-19 Jan-18 Jan-17 Jan-16 Jan-15 Jan-14 Jan-13 Jan-12 Jan-11 Jan-10 Jan-09 Jan-08 Jan-07 Jan-06 Jan-05 Jan-04 Jan-03 Jan-02 Jan-01 % a. m. Núcleos – IPCA - jan/2001 a ago/2019 3. 50 3. 00 2. 50 2. 00 1. 50 1. 00 0. 50 0. 00
Núcleos - IPCA • Núcleo por médias aparadas (IPCA-MS) • Núcleo por exclusão (IPCA-EX 0) Ø são excluídos os preços da alimentação no domicílio e os preços administrados.
Preços administrados regulados em âmbito Federal Estadual e Municipal MBITO MUNICIPAL OU ESTADUAL - Gás encanado - Imposto predial e territorial-IPTU - Taxa de emplacamento e licenciamento de veículos - Taxa de água e esgoto - Transporte público (ônibus urbano, ônibus intermunicipal, Ferry boat, metrô e táxi MBITO FEDERAL - Derivados de petróleo (gasolina, óleo diesel, óleo para veículos, gás de botijão - Álcool combustível - Tarifa de energia elétrica de consumo residencial - Tarifas de telefonia e correios (telefone fixo, telefone público, telefone celular, correio) - Pedágio -Transporte público (passagens de avião, ônibus interestadual, trem, navio e barco) - Jogos lotéricos - Cartório - Empregado doméstico Fonte: Mendonça (2007, p. 437)
Itens Classificados Como Preços Administrados no IPCA
-1. 00 IPCA - preços livres -2. 00 IPCA - preços monitorados Jan-19 Jan-18 Jan-17 Jan-16 Jan-15 Jan-14 Jan-13 Jan-12 Jan-11 Jan-10 Jan-09 Jan-08 Jan-07 Jan-06 Jan-05 Jan-04 Jan-03 Jan-02 Jan-01 % a. m. Núcleos – IPCA - jan/2001 a ago/2019 5. 00 4. 00 3. 00 2. 00 1. 00 0. 00
Núcleos – IPCA - jan/2001 a ago/2019 3. 50 3. 00 2. 50 1. 00 0. 50 IPCA Núcleo por exclusão - sem monitorados e alimentos no domicílio Jan-19 Jan-18 Jan-17 Jan-16 Jan-15 Jan-14 Jan-13 Jan-12 Jan-11 Jan-10 Jan-09 Jan-08 Jan-07 Jan-06 Jan-05 Jan-04 Jan-03 -0. 50 Jan-02 0. 00 Jan-01 % a. m. 2. 00
Núcleos - IPCA • Núcleo por médias aparadas (IPCA-MS) • Núcleo por exclusão (IPCA-EX 0) • Núcleo por médias aparadas sem suavização (IPCA -MA) Ø é obtida de maneira semelhante ao da medida IPCA-MS (cortes simétricos de 20% em cada cauda da distribuição), mas sem o procedimento de suavização.
-0. 50 IPCA Núcleo médias aparadas sem suavização Jan-19 Jan-18 Jan-17 Jan-16 Jan-15 Jan-14 Jan-13 Jan-12 Jan-11 Jan-10 Jan-09 Jan-08 Jan-07 Jan-06 Jan-05 Jan-04 Jan-03 Jan-02 Jan-01 % a. m. Núcleos – IPCA - jan/2001 a ago/2019 3. 50 3. 00 2. 50 2. 00 1. 50 1. 00 0. 50 0. 00
Núcleos - IPCA • Núcleo por médias aparadas (IPCA-MS) • Núcleo por exclusão (IPCA-EX 0) • Núcleo por médias aparadas sem suavização (IPCA -MA) • Núcleo por exclusão (IPCA-EX 1) Ø Exclui os itens que apresentaram, de uma forma consistente, maior volatilidade ao longo da amostra analisada. O procedimento considera o fato de que fazer parte do conjunto dos preços administrados não é uma condição suficiente para a exclusão de um item, uma vez que esses preços geralmente apresentam elevada persistência e rigidez para baixo
Núcleos - IPCA • Núcleo por médias aparadas (IPCA-MS) • Núcleo por exclusão (IPCA-EX 0) • Núcleo por médias aparadas sem suavização (IPCA -MA) • Núcleo por exclusão (IPCA-EX 1) Ø obtido pela exclusão de doze itens – dez itens do grupo "Alimentação no domicílio" e dois do de preços administrados (combustíveis domésticos e combustíveis de veículos)
-0. 50 IPCA Núcleo por exclusão - ex 1 Jan-19 Jan-18 Jan-17 Jan-16 Jan-15 Jan-14 Jan-13 Jan-12 Jan-11 Jan-10 Jan-09 Jan-08 Jan-07 Jan-06 Jan-05 Jan-04 Jan-03 Jan-02 Jan-01 % a. m. Núcleos – IPCA - jan/2001 a ago/2019 3. 50 3. 00 2. 50 2. 00 1. 50 1. 00 0. 50 0. 00
Núcleos - IPCA • Núcleo por médias aparadas (IPCA-MS) • Núcleo por exclusão (IPCA-EX 0) • Núcleo por médias aparadas sem suavização (IPCA -MA) • Núcleo por exclusão (IPCA-EX 1) • Núcleo de dupla ponderação (IPCA-DP) Ø os pesos originais do IPCA são recalculados levando-se em conta o grau de volatilidade relativa dos itens com relação à inflação cheia. O IPCA-DP não exclui os itens considerados mais voláteis, só reduz seus pesos.
-0. 50 IPCA Núcleo de dupla ponderação Jan-19 Jan-18 Jan-17 Jan-16 Jan-15 Jan-14 Jan-13 Jan-12 Jan-11 Jan-10 Jan-09 Jan-08 Jan-07 Jan-06 Jan-05 Jan-04 Jan-03 Jan-02 Jan-01 % a. m. Núcleos – IPCA - jan/2001 a ago/2019 3. 50 3. 00 2. 50 2. 00 1. 50 1. 00 0. 50 0. 00
Núcleos - IPCA • Núcleo por médias aparadas (IPCA-MS) • Núcleo por exclusão (IPCA-EX 0) • Núcleo por médias aparadas sem suavização (IPCA -MA) • Núcleo por exclusão (IPCA-EX 1) • Núcleo de dupla ponderação (IPCA-DP) • Novas medidas de núcleo de inflação (IPCA-EX 2 e IPCA-EX 3)
• Pode-se argumentar que, dentre os componentes da inflação de serviços no IPCA, quatro grupos de preços podem dificultar a identificação da tendência inflacionária recente do setor: § Turismo: subitens cujos preços são muito voláteis ou que foram sensivelmente afetados pelos eventos esportivos que ocorreram no Brasil nos últimos anos. Esse grupo é composto por passagem aérea, hotel e excursão; § Serviços domésticos: subitens cujas elasticidades ao ciclo econômico sofreram importante redução desde maio de 2016, em virtude da alteração em suas respectivas metodologias de cálculo. Essas alterações dificultam a avaliação da tendência subjacente para a inflação desses serviços. O grupo é formado pelos subitens empregado doméstico e mãode-obra. § Cursos: itens com reajustes pouco frequentes ao longo do ano. O grupo inclui os itens cursos regulares e cursos diversos; § Comunicação: subitens com reajustes pouco frequentes ao longo do ano, com inflação sistematicamente abaixo da média do setor de serviços e que foram afetados por recentes alterações em alíquotas de tributos estaduais. Esse grupo é composto por telefone celular, acesso à internet, telefone com internet e TV por assinatura com internet.
• Primeiramente, obteve-se, dentre os bens industriais, um indicador subjacente pela exclusão dos seguintes itens: § Etanol: subitem cujo preço apresenta expressiva volatilidade e é influenciado significativamente pelas condições de oferta de insumos e de combustíveis substitutos; § Cigarro: subitem com reajustes pouco frequentes ao longo do ano, cujos preços são constantemente afetados por alterações da carga tributária (os impostos representam cerca de 80% do preço final do produto); e § Automóvel novo e usado; eletrodomésticos: subitens sob forte influência de questões tributárias, mais recentemente da política de desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) a partir de 2008 e de recomposição de alíquotas desde 2015. • Em relação ao grupo “alimentação no domicílio”, foram mantidos apenas os itens menos voláteis: Panificados; Bebidas e infusões; Carnes e peixes industrializados e Enlatados e conservas.
Novas medidas de núcleo de inflação • Os itens selecionados de serviços, bens industriais e alimentação no domicílio são agregados no núcleo IPCA-EX 2, abrangendo 58, 4% dos preços livres e 43, 5% da cesta do IPCA. • Um segundo núcleo, IPCA-EX 3, agrega apenas os itens selecionados de serviços e bens industriais, que correspondem a 52, 1% dos preços livres e 38% da cesta do IPCA.
Núcleos – IPCA - jul/2006 a ago/2019 1. 40 1. 20 1. 00 0. 60 0. 40 0. 20 -0. 40 IPCA Núcleo por exclusão - ex 2 9 Ju l-1 8 Ju l-1 7 Ju l-1 6 Ju l-1 5 Ju l -1 4 Ju l-1 3 Ju l-1 2 Ju l-1 1 Ju l-1 0 Ju l-1 9 Ju l-0 8 Ju l-0 7 -0. 20 Ju l-0 6 0. 00 Ju l-0 % a. m. 0. 80
Núcleos – IPCA - jul/2006 a ago/2019 1. 40 1. 20 1. 00 0. 60 0. 40 0. 20 -0. 40 IPCA Núcleo por exclusão - ex 3 9 Ju l-1 8 Ju l-1 7 Ju l-1 6 Ju l-1 5 Ju l -1 4 Ju l-1 3 Ju l-1 2 Ju l-1 1 Ju l-1 0 Ju l-1 9 Ju l-0 8 Ju l-0 7 -0. 20 Ju l-0 6 0. 00 Ju l-0 % a. m. 0. 80
Núcleos - IPCA Tipo Medida Breve descrição IPCA-EX 0 Exclui preços administrados e alimentação no domicílio IPCA-EX 1 Exclui 12 itens consistentemente mais voláteis entre janeiro/1995 a julho/2007 IPCA-EX 2 Agrega itens selecionados de serviços, bens industriais e alimentação no domicílio IPCA-EX 3 Agrega itens selecionados de serviços e bens industriais Exclusão Dupla ponderação IPCA-DP IPCA-MA Média aparada IPCA-MS Pesos baseados na volatilidade relativa (48 meses) e nos pesos originais do IPCA Simétrica (20% em cada cauda) sem itens suavizados Simétrica (20% em cada cauda) com itens suavizados
Núcleos – IPCA - jan/2001 a ago/2019 4. 00 2. 00 1. 00 IPCA Núcleo de dupla ponderação Núcleo médias aparadas com suavização Núcleo médias aparadas sem suavização Núcleo por exclusão - ex 1 Núcleo por exclusão - sem monitorados e alimentos no domicílio Núcleo por exclusão - ex 2 Núcleo por exclusão - ex 3 Jan-19 Jan-18 Jan-17 Jan-16 Jan-15 Jan-14 Jan-13 Jan-12 Jan-11 Jan-10 Jan-09 Jan-08 Jan-07 Jan-06 Jan-05 Jan-04 Jan-03 -1. 00 Jan-02 0. 00 Jan-01 % a. m. 3. 00
Ju l-1 9 Au g 19 Fe b 19 M ar -1 9 Ap r-1 9 M ay -1 9 Ju n 19 9 -1 Ja n 18 De c- 8 No v 1 8 t-1 Oc 18 p- 0. 80 0. 60 0. 40 0. 20 0. 00 -0. 20 -0. 40 Se % a. m. Núcleos – IPCA - set/2018 a ago/2019 IPCA Núcleo de dupla ponderação Núcleo médias aparadas com suavização Núcleo médias aparadas sem suavização Núcleo por exclusão - ex 1 Núcleo por exclusão - sem monitorados e alimentos no domicílio Núcleo por exclusão - ex 2 Núcleo por exclusão - ex 3
Regime de Metas de Inflação
Regime de Metas de Inflação 1. Que elementos caracterizam um regime de metas para a inflação? 2. Quais as características básicas do desenho institucional de um regime de metas para a inflação? 3. No regime de metas para a inflação pode haver metas para o câmbio ou o crescimento econômico? 4. Quais as pré-condições para a adoção de um regime de metas para a inflação? 5. Por que se estabelecem bandas para a meta para a inflação? Por que não se utiliza meta pontual? 6. Que fatores determinam o intervalo da banda?
Regime de Metas de Inflação 1. Que elementos caracterizam um regime de metas para a inflação? O regime de metas para a inflação caracteriza-se geralmente por quatro elementos básicos: conhecimento público de metas numéricas de médio prazo para a inflação; comprometimento institucional com a estabilidade de preços como objetivo primordial da política monetária; estratégia de atuação pautada pela transparência para comunicar claramente o público sobre os planos, objetivos e razões que justificam as decisões de política monetária; e mecanismos para tornar as autoridades monetárias responsáveis pelo cumprimento das metas para a inflação. Portanto, o regime de metas para a inflação envolve mais do que o anúncio público de metas numéricas para a inflação. A transparência e a prestação de contas regulares à sociedade e a seus representantes são elementos essenciais desse regime.
Regime de Metas de Inflação 2. Quais as características básicas do desenho institucional de um regime de metas para a inflação? Entre as principais características presentes na determinação de um regime de metas para a inflação, temos: escolha do índice de inflação: usualmente existem duas alternativas - o índice cheio ou um núcleo de inflação; definição da meta, que pode ser pontual ou intervalar. No caso intervalar (banda), ainda existe a alternativa de ter ou não meta central; horizonte da meta: definição do período de referência para avaliar o cumprimento da meta para a inflação; existência de cláusulas de escape: estabelecimento, a priori, de situações que podem justificar o não cumprimento das metas; e transparência: formas de comunicação da autoridade monetária visando informar a sociedade sobre a condução do regime de metas.
Regime de Metas de Inflação 3. No regime de metas para a inflação pode haver metas para o câmbio ou o crescimento econômico? No regime de metas para a inflação, a ação do banco central se baseia no controle de apenas um instrumento, a taxa de juros de curto-prazo. Portanto, não se pode atribuir à política monetária meta adicional para o câmbio ou o crescimento econômico. Entretanto, essas e outras variáveis econômicas são levadas em consideração na construção do cenário prospectivo para a inflação, como pode ser visto nas Atas do Comitê de Política Monetária (Copom).
Regime de Metas de Inflação 4. Quais as pré-condições para a adoção de um regime de metas para a inflação? Em um regime de metas para a inflação, é necessário que haja autonomia operacional do banco central, de maneira que possa gerir a política monetária no sentido do cumprimento das metas. Além disso, é necessário que a situação fiscal esteja sob controle e que o sistema financeiro nacional esteja estável, de modo a não comprometer a perseguição da meta de inflação. Por outro lado, as metas para a inflação devem ser críveis, ou seja, devem ter valor alcançável. Por fim, é preciso que o banco central disponha de conhecimento sobre o funcionamento da economia, em particular dos mecanismos de transmissão da política monetária e sua quantificação por meio de modelos macroeconômicos.
Regime de Metas de Inflação 5. Por que se estabelecem bandas para a meta para a inflação? Por que não se utiliza meta pontual? As bandas existem por dois motivos. A. Em primeiro lugar, nenhum banco central tem controle total sobre o comportamento dos preços. O que ele faz é mover a taxa de juros básica de forma a afetar, por vários mecanismos indiretos, a evolução dos preços. A inflação está sujeita a vários fatores externos ao banco. Além disso, existem defasagens nos mecanismos de transmissão da política monetária. Na ocorrência de choque inflacionário hoje, mesmo o banco central respondendo prontamente, ainda se observará aumento da inflação no curtoprazo.
Regime de Metas de Inflação 5. Por que se estabelecem bandas para a meta para a inflação? Por que não se utiliza meta pontual? As bandas existem por dois motivos. B. Em segundo lugar, a presença de bandas permite ao banco central acomodar parcialmente alguns choques. A existência de banda permite que a autoridade monetária cumpra a meta sem que a política monetária se torne excessivamente restritiva. Contudo, tal banda não pode ser muito ampla, pois criaria a expectativa de falta de compromisso em alcançar seu centro. Sua utilização, portanto, deve ser feita com bastante critério e parcimônia. Assim, se por um lado é importante que existam bandas para acomodar os choques econômicos, por outro lado sua amplitude deve ser limitada de forma a não prejudicar a credibilidade do regime de metas.
Regime de Metas de Inflação 6. Que fatores determinam o intervalo da banda? Na definição do intervalo a ser considerado na meta de inflação são levados em consideração fatores como: • frequência e magnitude dos choques a que a economia está sujeita e resistência da economia a esses choques. Por exemplo, choques no prêmio de risco-país, na taxa de câmbio e no preço do petróleo podem impactar significativamente o nível de preços; • defasagens existentes nos efeitos da política monetária: em virtude das defasagens nos mecanismos de atuação da política monetária, existe atraso entre a ação da autoridade monetária e a reação da economia. Dessa forma, quando ocorre choque, o banco central pode não ter como cumprir uma meta pontual, mesmo tomando todas as medidas necessárias, pois se leva algum tempo até terem reflexo na economia; e • maior limitação dos modelos de previsão, em virtude, por exemplo, da presença de mudanças estruturais na economia, que não podem ser rapidamente captadas em modelos econométricos, dada a necessidade de reconstrução das séries históricas.
www. bcb. gov. br Por que o Brasil optou pela adoção de índice cheio? No Brasil, a adoção do índice cheio deveu-se a dois motivos. 1) O primeiro é que, embora no longo-prazo o núcleo e a inflação tendam a convergir, no curto prazo podem divergir significativamente. 2) O segundo, e talvez o mais importante, é questão de transparência e credibilidade. No momento da implantação do regime de metas para a inflação, além da necessidade de explicar à população o que significava o regime de metas, a introdução de novo conceito de inflação (núcleo), que não reflete a inflação efetivamente ocorrida junto ao consumidor, poderia gerar ainda mais dúvidas. Ademais, o índice cheio está mais próximo do conceito de bem-estar, pois é mais representativo para mensurar o verdadeiro poder de compra do consumidor. As pessoas não estão interessadas nos preços de parte de sua cesta de consumo, e sim em sua totalidade. Um fator de cautela adicional na utilização dessas medidas deriva do fato de que, mesmo entre os especialistas na área, há controvérsia quanto aos méritos e deméritos das diferentes metodologias para calcular núcleos de inflação.
Qual índice deve ser utilizado no regime de Metas de Inflação? Porque? Qual periodicidade? Poderia ser utilizado outro indicador, alternativamente ou em conjunto ao índice escolhido na primeira questão?
Mecanismos de Transmissão de Choques Monetários sobre Índices de Preço: Efeitos do QE norte americano na economia brasileira Marlon Bruno Salazar (IBGE); Flávia Vinhaes Santos (IBGE); Roberto Arruda de Souza Lima (ESALQ/USP)
QE 1 e QE 2 Expansão monetária Capitais Commodities Saldo Comercial R$/US$ Expectativas Juros Intl Insumos Preço
Objetivo • Captar a influência das duas emissões monetárias, denominadas Quantitative Easing (QE) feitas pelo Federal Reserve (FED), sobre o índice de preços oficial (IPCA/IBGE), através da análise de algumas das principais variáveis macroeconômicas brasileiras. Entre elas a taxa de câmbio (R$/US$), o índice de preços ao atacado (IPA) e o próprio índice de preços ao consumidor amplo (IPCA/IBGE). Além das variáveis anteriormente citadas, este trabalho utilizará como variáveis endógenas no modelo, a base monetária norte-americana (M 1) e o índice de preços de commodities (COMMFMI). Dados mensais de jan 2009 a mar 2012
Resposta do índice de preços de commodities a um choque não antecipado na base monetária americana. A expansão monetária americana teve como um dos impactos a valorização rápida dos preços de várias commodities.
Evolução da base monetária americana e índice de preços de commodities entre janeiro de 2009 e março de 2012 (base 2009 = 100). Correlação = 0, 91
Resposta da taxa de câmbio a um choque não antecipado na base monetária americana Aumento de emissão monetária implicou em valorização da taxa de câmbio no Brasil.
Resposta da taxa de câmbio a um choque não antecipado no índice de preços de commodities O Brasil é um grande exportador de commodities, entre elas: minério de ferro, soja, milho, carne, etc; que contribuem fortemente para o superávit na balança comercial. Quanto maior é o valor das exportações mais divisas entram no país.
Resposta do índice de preços ao produtor a um choque não antecipado no índice de preços de commodities Como muitas das commodities que compõe os índices de preços ao produtor são produzidas e exportadas pelo Brasil, o efeito da alta de preços desses itens podem ter sido contrabalançados pela valorização da taxa de câmbio, já que no mercado interno estes itens são comercializados em reais. O que denota um efeito difuso dos preços de commodities sobre o índice de preços ao produtor.
Resposta do índice de preços ao produtor a um choque não antecipado na taxa de câmbio Uma valorização da taxa de câmbio implica uma redução do índice de preços ao produtor, esse efeito se dissipa em aproximadamente 4 períodos após o choque.
Resposta do índice de preços ao consumidor amplo (IPCA) a um choque não antecipado na taxa de câmbio A variação da taxa de câmbio apresenta uma influência duradoura sobre o IPCA que pode chegar a 9 ou 10 períodos após o choque.
Resposta do índice de preços ao consumidor amplo a um choque não antecipado no índice de preços ao produtor A variação do IPA também tem efeitos duradouros sobre o IPCA, com o repasse máximo no terceiro período após o choque.
Decomposição da variância dos erros de previsão do CAMBIO, em % Período Desvio Padrão BASE COMM FMI CAMBIO IPA IPCA 1 2, 99 1, 55 30, 05 68, 41 0, 00 2 3, 24 10, 63 25, 75 63, 09 0, 49 0, 03 3 3, 27 11, 25 25, 30 62, 14 1, 25 0, 06 4 3, 28 11, 23 25, 19 61, 85 1, 58 0, 16 5 3, 28 11, 21 25, 15 61, 74 1, 66 0, 25 6 3, 28 11, 21 25, 13 61, 69 1, 66 0, 30 7 3, 28 11, 22 25, 12 61, 66 0, 34 8 3, 28 11, 22 25, 12 61, 64 1, 67 0, 35 9 3, 28 11, 22 25, 11 61, 64 1, 67 0, 36 10 3, 28 11, 22 25, 11 61, 63 1, 67 0, 36 11 3, 28 11, 22 25, 11 61, 63 1, 68 0, 36 12 3, 28 11, 22 25, 11 61, 63 1, 68 0, 36 O índice de preços de commodities e a base monetária americana apresentaram relativa influência sobre a taxa de câmbio no Brasil.
Decomposição da variância dos erros de previsão do IPA, em % Período Desvio Padrão BASE COMM FMI CAM IPA IPCA 1 0, 67 0, 17 0, 41 10, 57 88, 86 0, 00 2 0, 80 0, 18 0, 40 13, 02 84, 78 1, 62 3 0, 84 0, 20 0, 50 12, 09 84, 28 2, 93 4 0, 85 0, 31 0, 58 11, 70 83, 18 4, 23 5 0, 86 0, 49 0, 70 11, 57 82, 16 5, 07 6 0, 87 0, 63 0, 79 11, 57 81, 42 5, 59 7 0, 87 0, 74 0, 84 11, 62 80, 96 5, 84 8 0, 87 0, 80 0, 87 11, 66 80, 71 5, 96 9 0, 87 0, 84 0, 88 11, 70 80, 58 6, 00 10 0, 87 0, 85 0, 89 11, 72 80, 53 6, 01 11 0, 87 0, 86 0, 89 11, 73 80, 51 6, 02 12 0, 87 0, 86 0, 89 11, 73 80, 50 6, 02 A taxa de câmbio e a inércia do próprio IPA apresentaram as influências mais importantes para explicar a variância do IPA.
Decomposição da variância dos erros de previsão do IPCA, em % Período Desvio Padrão BASE COMM FMI CAM IPA IPCA 1 0, 15 0, 11 2, 32 10, 85 10, 30 76, 43 2 0, 20 5, 15 7, 54 21, 44 13, 09 52, 78 3 0, 23 6, 77 7, 04 21, 25 17, 90 47, 05 4 0, 24 7, 33 6, 86 21, 88 20, 50 43, 43 5 0, 24 7, 43 6, 68 21, 97 22, 22 41, 71 6 0, 25 7, 42 6, 58 22, 01 23, 14 40, 85 7 0, 25 7, 40 6, 53 21, 99 23, 61 40, 47 8 0, 25 7, 38 6, 51 21, 97 23, 82 40, 32 9 0, 25 7, 37 6, 50 21, 96 23, 91 40, 27 10 0, 25 7, 36 6, 49 21, 95 23, 93 40, 26 11 0, 25 7, 36 6, 49 21, 94 23, 93 40, 26 12 0, 25 7, 36 6, 49 21, 94 23, 93 40, 27 A taxa de câmbio, o IPA e a inércia do IPCA foram os principais responsáveis para explicar a variância do IPCA.
CONCLUSÃO • No caso particular do Brasil: • A política monetária expansionista norte americana (QE 1 e QE 2) além de influenciar o movimento de capitais, também foi responsável pela valorização das commodities que o Brasil é grande exportador. • Inegável impacto nos preços das commodities, parece e é possível que houvesse contaminado o IPA se este não sofresse também influências do câmbio valorizado. • Se o choque monetário americano, foi inflacionário para outras economias, no caso do Brasil – com nossas altas taxas de juros e grande exportador de commodities – o efeito sobre o câmbio contribuiu para suavizar a elevação de preços internos.
O REGIME DE METAS DE INFLAÇÃO NO BRASIL: Uma análise empírica do IPCA ANIELA FAGUNDES CARRARA ANDRÉ LUIZ CORREA Publicado em: Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 16, n. 3, p. 441 -462, set/dez 2012.
Objetivos do trabalho üAnalisar o regime de metas de inflação no Brasil; ü avaliar o uso do IPCA como referência para a inflação dentro do regime de metas.
Variáveis selecionadas • IPCA - geral - índice (dez. 1993 = 100; • IGP-M - geral - índice (ago. 1994 = 100); • Núcleo – IPCA; • IPCA - preços monitorados ou administrados; • Taxa de câmbio comercial para compra: real (R$) / dólar americano (US$) - fim período; • Taxa de juros: Overnight / Selic; • Hiato do produto.
O modelo Em que A é o IPCA índice, G é o IGP-M índice, N é o núcleo da inflação, Aa é o IPCA preços administrados, E é a taxa de câmbio, I é a taxa de juros, H é o hiato do produto, os u’s são os termos de erro aleatório, n é o numero de defasagens necessárias e α, β, γ, δ, τ, φ, ω são os coeficientes.
Conclusão ü Os resultados obtidos com os testes empíricos confirmaram que a presença dos preços ajustados por contrato na formação do IPCA, pode ser uma provável explicação para a resistência da inflação brasileira de se manter em patamares baixos por longos períodos, sem a necessidade de utilizar-se de taxas de juros elevadas. ü Sendo assim foi proposta a possibilidade de mudança do balizador da inflação do país do IPCA para alguma medida do núcleo da inflação. ü Porém não faz parte do propósito deste trabalho propor outro tipo de conduta para a política monetária brasileira, muito menos julgar determinada teoria como certa ou errada.
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