Acompanhamento da Expanso Urbana na Unidade de Negcio
Acompanhamento da Expansão Urbana na Unidade de Negócio Oeste SABESP com Uso de Geotecnologias Autores: Bruno Pereira Toniolo ¹ Darllan Collins da Cunha e Silva ² Roberto Wagner Lourenço ³ ¹ Mestrando em Ciências Ambientais, UNESP Sorocaba, Brasil – bruperton. cad@gmail. com ² Professor Doutor, UNESP Registro, Brasil – darllan. collins@unesp. br ³ Professor Doutor, UNESP Sorocaba, Brasil – roberto. lourenco@unesp. br 1
Introdução • A crescente expansão urbana é um dos principais problemas das sociedades contemporâneas hoje. Sem planejamento, os núcleos urbanos crescem acompanhados de uma quantidade maior de equipamentos urbanos como prédios, ruas pavimentadas, rodovias, veículos e indústrias. Isto reduz as áreas de vegetação e aumenta o efeito de ilhas de calor, acarretando em malefícios ao meio ambiente e à habitabilidade (CARVALHO et al. , 2015). 2
Introdução • Se por um lado existe a crescente valorização dos loteamentos e espaços vazios, do outro lado existe também o surgimento frequente de ocupações irregulares em áreas de mananciais e a ineficiência do poder público em oferecer infraestrutura adequada à população por falta de verbas (ARISTIDES, 2005). 3
Introdução • O sensoriamento remoto serve como ferramenta pra monitorar e mensurar os impactos ambientais causados pelo crescimento demográfico desenfreado, especialmente por existir fontes gratuitas e confiáveis como por exemplo o modelo digital de elevação (MDE) Topodata e o sítio eletrônico Earth Explorer (JÚNIOR et al. , 2011). 4
Introdução • Assim, o objetivo deste trabalho é analisar a expansão acelerada do aglomerado urbano da Unidade de Negócio Oeste (MO) da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP). O meio é o sensoriamento remoto, usando imagens dos Landsats 5 e 8 no período de 1986 a 2017. 5
Materiais e Métodos • A área de estudo é a Unidade de Negócio Oeste da SABESP, uma divisão estratégica que atende 12 municípios com serviços de abastecimento e esgotamento. Possui 1035, 84 km², população de 3, 5 milhões pessoas, 12 mil km de rede de água e 8 mil km de rede de esgoto, conforme Figura 1 (SABESP, 2018). Figura 1 – Mapa de localização da MO. 6
Materiais e Métodos • Foi feito um estudo multitemporal dos anos 1986, 2002 e 2017 entre os meses de abril e agosto para minimizar a interferência atmosférica. • Para 1986 e 2002 foi usado o senso Thematic Maper (TM) do Landsat 5 nas bandas 4, 5 e 6 e para o ano de 2017 foi usado o senso Operational Land Imager (OLI) nas bandas 5, 6 e 7 (respectivamente infravermelho próximo e infravermelhos médios). 7
Materiais e Métodos • As imagens orbitais foram retiradas do site Earth Explorer. • O software utilizado foi QGIS Las Palmas 2. 14. • Datum horizontal SAD 69 UTM 23 S. • Foi usado o plugin Semi Automatic Classification (SCP) para fazer a classificação supervisionada para cada ano, pelo algoritmo da máxima verossimilhança (MAXVER). 8
Materiais e Métodos • Segundo CROSTA (1992) a classificação supervisionada é o processo de extração de informações em imagens a partir do reconhecimento de objetos homogêneos que são condizentes com áreas da superfície terrestre. • O termo “supervisão” se refere à necessidade de um analista para interpretar visualmente amostras de classe de interesse. 9
Materiais e Métodos • Existem vários algoritmos de classificação supervisionada sendo MAXVER um bastante utilizado. • O MAXVER é do tipo “pixel a pixel”: usa de forma individual a informação espectral em busca de regiões homogêneas a partir da ponderação das distâncias entre as médias dos níveis de cinza das classes. 10
Materiais e Métodos Figura 2 – Exemplo de classificação supervisionada. 11
Materiais e Métodos • Foram consideradas cinco classes: área urbana, solo exposto / área de degradada, pastagem / vegetação arbustiva, vegetação arbórea / floresta e hidrografia / espelhos de água. • As imagens foram vetorizadas e as classes foram retificadas manualmente por fotointerpretação no software Google Earth Pro. 12
Resultados e Discussão Classes nº Urbano Solo Exposto Hidrografia 1 2 3 Área 1986 (km²) 167, 726 121, 379 47, 6792 Vegetação Arbórea 4 374, 87 396, 284 264, 321 Vegetação Arbustiva 5 323, 998 306, 352 361, 266 1035, 65 Total (km²) Área 2002 (km²) 258, 59 35, 3807 39, 0401 Área 2017 (km²) 297, 958 96, 5419 15, 5655 Tabela 1 – Quantitativo de áreas por classes. 13
Resultados e Discussão • A classe de vegetação arbustiva foi a que classe que menos sofreu alteração por causa da sua quantidade majoritária, tendo um aumento de 11% de 1986 até 2017. • A classe de florestas foi a que apresentou maior redução, correspondendo a uma diminuição de 67% durante todo o intervalo. Este valor ainda seria maior caso não houvessem avanços na legislação ambiental. • A Reserva do Morro Grande em Cotia manteve-se intacta por exemplo. 14
Resultados e Discussão 1986 2002 2017 Figura 3 – Evolução Temporal da Reserva do Morro Grande – Cotia / SP. 15
Resultados e Discussão • A classe de hidrografia teve uma diminuição total também de 67% no período inteiro, provavelmente por causa de assoreamento dos corpos hídricos e solapamento de margens. • A classe de solo exposto teve uma redução de 20% de 1986 a 2017, porém a maioria desses espaços são loteamentos residenciais em fase de terraplanagem. • A classe de área urbana aumentou no período cerca de 77% de forma espraiada. 16
Resultados e Discussão Figura 4 – Mapa de uso do solo para os anos de 1986, 2002 e 2017. 17
Resultados e Discussão • Visualizou-se o crescimento da mancha urbana no sentido noroeste, sendo que os municípios de Jandira e Carapicuíba tiveram uma expansão mais adensada, consequência do pouco espaço de área verde disponível, enquanto os demais municípios tiveram um aumento urbano mais pulverizado devido à vastidão da vegetação. • Muitos bairros dos municípios da MO não existiam na década de 80 como distritos Conceição e Cohab Promorar por exemplo em Osasco. • Nesse município na região norte há o bairro Paiva Ramos que mantém suas áreas verdes e baixíssima densidade populacional: 6, 65 hab. /km² contra 10. 264 hab. /km² na média (IBGE, 2010). 18
Resultados e Discussão • Cotia teve seu maior crescimento territorial no sentido sudeste no eixo da rodovia Raposo Tavares, sendo que Caucaia do Alto foi um dos bairros que mais cresceu por causa da especulação imobiliária nos anos 2000. • Cotia é o município da MO com a maior cobertura vegetal. • Vargem Grande Paulista se emancipou de Cotia em 1981, com forte evidência de solo exposto em 1986, caracterizando a expansão de empreendimentos residenciais chegando até 2017 com sua mancha urbana bem consolidada. 19
Resultados e Discussão • Taboão da Serra e os distritos Butantã e Pirajussara de São Paulo são os lugares da MO com maior densidade demográfica. Possuem também a maior área impermeabilizada, sendo comuns a incidência de núcleos de baixa renda e moradias em áreas irregulares. • Santana de Parnaíba é o segundo município da MO com maior área de vegetação. Em 2017, se nota a presença forte de solos expostos, determinando a valorização imobiliária na região. • Nesse município, a mancha urbana evoluiu de forma radial a partir do centro do município, destacando a face norte no bairro do Fazendinha e na face sul nas regiões dos Alphavilles. 20
Resultados e Discussão • Os municípios de Itapevi, Jandira e Carapicuíba possuem uma população com IDH baixo (IBGE, 2010), sendo que Itapevi é o município que possui o maior crescimento imobiliário devido à abrangência de suas áreas verdes, especialmente o segmento de moradia popular. Os outros dois já possuem a malha urbana adensada. • Barueri possui o maior IDH da MO por causa do seu polo industrial Tamboré com alta arrecadação de impostos, sendo que no período de 1986 a 2017 sua mancha urbana cresceu 174%. • Em Pirapora do Bom Jesus, o crescimento territorial foi maior que o demográfico no período, 415% e 335% respectivamente. 21
Resultados e Discussão Figura 5 – Mapas de crescimento da malha urbana nos anos de 1986, 2002 e 2017. 22
Resultados e Discussão • A Figura 3 mostra que no término do período analisado, a paisagem urbana consolida-se num padrão disperso de crescimento, mostrandose mais evidente a conurbação entre os municípios de Barueri e Santana de Parnaíba pela rodovia Castello Branco (SP-280) sentido Ourinhos e de forma mais modesta entre Santana de Parnaíba e Pirapora do Bom Jesus pela Estrada dos Romeiros (SP-312) sentido Itu-SP. Ressalta-se que o aumento da conurbação implica na intensificação dos fluxos sociais entre os municípios, incluindo os mais remotos, como fragmentação local do trabalho, movimento pendular e migração para consumo. 23
Resultados e Discussão Embora a conurbação seja vista como algo positivo pelos gestores públicos – pois aumenta a arrecadação de impostos –, a falta de planejamento territorial pode ocasionar problemas como poluição de corpos hídricos, ocupação irregular em áreas de preservação permanente (APPs), redução da mobilidade urbana decorrente de trânsitos e demais impactos ambientais negativos (BONORA, 2015). Figura 5 – Mapa da sobreposição das manchas urbanas dos anos. 24
Considerações Finais • O crescimento urbano é intenso na MO, caracterizado pelo surgimento de condomínios fechados, supressão da cobertura vertical, aumento de moradias irregulares e verticalização nos núcleos já adensados. • As gestões públicas pouco aproveitam os benefícios do SIG, em especial os municípios pequenos. • A MO possui muitas áreas “ociosas” que precisam ser analisar cuidadosamente. 25
Considerações Finais • A implantação do SIG traz melhorias no mapeamento de áreas de interesse social e regiões fragilizadas que precisam ser preservadas, servindo como orientador para atualizar Planos Diretores. • O monitoramento da expansão urbana permite prever as carências socioambientais que se manifestarão na bacia hidrográfica, garantindo assim a elaboração de um plano de gestão que vise a sustentabilidade da bacia, esta indissociável do fator antrópico. 26
Referências Bibliográficas • ARISTIDES, M. Goiânia, a metrópole não planejada. Goiânia: editora UCG, 2005. • BONORA, M. Sorocaba cresce no limite de outros municípios. Jornal Cruzeiro do Sul, edição 33742, 2015. Disponível em https: //www 2. jornalcruzeiro. com. br/materia/603246/sorocaba-cresce-nolimite-de-outros-municipios>. Acesso em: 20 Set. 2019. • BRASIL. Estatuto das cidades: Lei n. 10. 257, de julho de 2001 – Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2001. • CARVALHO, I. M. ; CUNHA, A. A. ; SOUZA, F. A. ; PEDRASSOLI, J. C. Integração entre SR e SIG para a modelagem e o gerenciamento de dados espaço temporais de temperatura de superfície utilizando imagens do sensor ETM do LANDSAT 7. In: Anais XVII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 17 (SBSR), João Pessoa, PB, 2015. • COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. SABESP. Perfil da MO. Características Gerais [Intranet]. São Paulo, 2018. 27
Referências Bibliográficas • FUNDAÇÃO SISTEMA ESTADUAL DE ANÁLISE DE DADOS. SEADE. IMP - Informações dos Municípios Paulistas. 2018. Disponível em <http: //www. imp. seade. gov. br/frontend/#/tabelas>. Acesso em 22 Jun. 2019. • CROSTA, A. P. Processamento Digital de Imagens de Sensoriamento Remoto. Campinas: IG/UNICAMP, ISBN 85 -853 -690 -27, 1992. • DEMOGRÁFICO, IBGE Censo. v. 3, 2010. Disponível em: <http: //www. ibge. gov. br>. Acesso em: 17 Set. 2019. • JÚNIOR, N. R. C. ; SOUZA, L. J. F. ; JUNIOR, L. C. P. Utilização de imagem Landsat TM na análise da ocupação urbana do município de Goiânia – GO. In. : Anais XV do Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, p. 4602, 15 (SBSR), Curitiba, PR, 2011. 28
Referências Bibliográficas • • LEPSCH, I. F et al. Manual para levantamento utilitário do meio físico e classificação de terras no sistema de capacidade de uso. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1983. MARQUES, E; RODRIGUES, L. O Programa Minha Casa Minha Vida na metrópole paulistana: atendimento habitacional e padrões de segregação. Revista brasileira de estudos urbanos e regionais, v. 15, n. 2, p. 159, 2013. • SEADE. PORTAL DE ESTATÍSTICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Perfil dos Municípios Paulistas. S/d. Disponível em: <http: //www. perfil. seade. gov. br/>. Acesso em: 18 Set. 2019. • QGIS. Documentation QGIS 2. 8: SAGA GIS algorithm provider. QGIS. S/d. Disponível em: <http: //docs. qgis. org/2. 8/en/docs/user_manual/processing_algs/saga/index. html? highlight=saga> Acesso em: 18 Fev. 2019. 29
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