A ordem das disciplinas 20 anos depois UFRGS

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A ordem das disciplinas 20 anos depois UFRGS – FACED – PPG-Educação - Seminário

A ordem das disciplinas 20 anos depois UFRGS – FACED – PPG-Educação - Seminário Especial – 2016 -2 Cronograma: 25/8 - 8/9 - 15/9 - 22/9 - 29/9 1 crédito Horário: 16: 00 18: 45 Objetivos: Criar um espaço acadêmico para discutir o processo de elaboração de uma dissertação e de uma tese, tomando A ordem das disciplinas para uma análise crítica, de modo a apontar seus pontos fortes e fracos. Ao mesmo tempo, apresentar e discutir questões educacionais envolvidas com as disciplinas. Súmula/ementa: Dissertação de Mestrado e Tese de Doutorado. Análise crítica de A ordem das disciplinas. O movimento pela interdisciplinaridade no Brasil. Genealogia da disciplinaridade. Escola moderna. Disciplina e controle. alfredoveiganeto@gmail. com

A ordem das disciplinas 20 anos depois Programa: ü Dissertação de Mestrado e Tese

A ordem das disciplinas 20 anos depois Programa: ü Dissertação de Mestrado e Tese de Doutorado em Educação: diferenças, modalidades, formatos, abrangências, focos. ü Análise crítica de A ordem das disciplinas: um rio e suas margens; entre a seca e a enchente; transbordamentos. ü O movimento pela interdisciplinaridade no Brasil: transposição cultural e pedagógica, limites. ü Genealogia da disciplinaridade. ü Escola moderna; sujeito. ü Disciplina, controle (para além do lugar-comum). Dispositivos de segurança. alfredoveiganeto@gmail. com

A ordem das disciplinas 20 anos depois Procedimentos e/ou critérios de avaliação: Participação ao

A ordem das disciplinas 20 anos depois Procedimentos e/ou critérios de avaliação: Participação ao longo do Seminário e/ou apresentação de uma pequena monografia sobre questão tratada durante o Seminário. Bibliografia: BEAUD, Michel. A arte da tese. São Paulo: Bestbolso, 2014. ECO, Humberto. Como se faz uma tese? São Paulo: Perspectiva, 2014. VEIGA-NETO, Alfredo. A ordem das disciplinas. Porto Alegre: PPG-Educação/UFRGS, 1996. VEIGA-NETO, Alfredo. Mais dicas. . . In: VEIGA-NETO, Alfredo et al. Pesquisas em Educação: experimentando outros modos investigativos (Coleção Cadernos Pedagógicos da Ea. D). Rio Grande: FURG, 2013. p. 25 -40. alfredoveiganeto@gmail. com

A ordem das disciplinas 20 anos depois Dissertação e tese em Educação Não há

A ordem das disciplinas 20 anos depois Dissertação e tese em Educação Não há um critério único a partir do qual se possa traçar uma distinção segura entre dissertação e tese. Mesmo assim, pode-se dizer que uma tese é um documento de fôlego e perfil mais amplos do que uma dissertação; em geral, tem extensão maior. Quase como regra: na dissertação, o autor deve mostrar sua capacidade em pesquisa; na tese, além disso, o autor deve estabelecer ou propor um ou mais problemas, traçar hipótese(s) e tratar de comprová-la(s). Na tese e na dissertação, deve-se seguir as 4 regras óbvias de Eco: 1. O tema deve ser do interesse do autor. 2. As fontes (empíricas e de consulta) devem ser acessíveis. 3. As fontes devem ser compreensíveis para o autor. 4. A janela teórico-metodológica deve estar ao alcance do autor. alfredoveiganeto@gmail. com

A ordem das disciplinas 20 anos depois Dissertação e tese em Educação Dadas as

A ordem das disciplinas 20 anos depois Dissertação e tese em Educação Dadas as semelhanças entre dissertações e teses, a partir daqui as discussões tratarão de teses. “Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa” Assim, uma coisa é uma Tese em Ciências Naturais e outra coisa é uma Tese em Ciências Humanas. As diferenças se dão na circunscrição do tema, problemas, metodologia utilizada, abrangência dos resultados etc. Por quê? alfredoveiganeto@gmail. com

Perspectivas e desafios da pesquisa em Educação A pesquisa nas duas “culturas”. . .

Perspectivas e desafios da pesquisa em Educação A pesquisa nas duas “culturas”. . . Ciências Naturais hard-sciences Matemática Ciências Humanas soft-sciences Filosofia alfredoveiganeto@gmail. com

Perspectivas e desafios da pesquisa em Educação “Efeitos” das diferenças Como as Ciências Naturais

Perspectivas e desafios da pesquisa em Educação “Efeitos” das diferenças Como as Ciências Naturais e boa parte da Matemática são forte e facilmente paradigmáticas, a pesquisa se dá como uma montagem de quebra-cabeça (Thomas Kuhn). Assim, basta anunciar o paradigma em que se insere uma pesquisa, para que os iniciados logo saibam onde ela se situa, conheçam seus pressupostos, seus problemas, seus métodos principais etc. As comunicações, publicações, teses e dissertações podem ser mais sintéticas e curtas. Como as Ciências Humanas e a Filosofia são fracamente (ou não são) paradigmáticas, cada pesquisa tem características muito próprias, em termos de teorias às quais se vincula, pressupostos, problemas a resolver, métodos etc. Por isso, as comunicações, publicações, teses e dissertações são, em geral, mais detalhadas, longas, analíticas, “explicadinhas” etc.

Perspectivas e desafios da pesquisa em Educação “Efeitos” das diferenças A guerra das duas

Perspectivas e desafios da pesquisa em Educação “Efeitos” das diferenças A guerra das duas culturas se dá tanto nos planos epistemológico e simbólico, quanto nos planos práticos e materiais. Assim, entre ambas culturas há fortes diferenciais nos prestígios conferidos, verbas distribuídas, prêmios outorgados, composição dos conselhos diretivos, imposição de sentidos (sobre o que é Ciência, o papel social da Ciência e do cientista etc. ). Qualquer avaliação e discussão sobre a Educação (ou outra área do conhecimento e da atividade humana) tem de levar em conta tais diferenças. Infelizmente, isso dificilmente é assim. . . alfredoveiganeto@gmail. com

Perspectivas e desafios da pesquisa em Educação Um “infelizmente” interno O campo da pesquisa

Perspectivas e desafios da pesquisa em Educação Um “infelizmente” interno O campo da pesquisa educacional ainda está amplamente ligado ao megaparadigma das Filosofias da Consciência. Trata-se de uma ligação que trava o pensamento. Para compreender tal ligação, é preciso examinar as origens da Pedagogia Moderna. A Pedagogia Moderna nasceu, no séc. XVII a partir de duas tradições: - neoplatônica (via Renascimento) - judaico-cristã (via cristianismos tradicional e reformado) Ambas tradições estão fundadas nas Filosofias da Consciência. alfredoveiganeto@gmail. com

Perspectivas e desafios da pesquisa em Educação Os dois megaparadigmas Ø Filosofias da Consciência

Perspectivas e desafios da pesquisa em Educação Os dois megaparadigmas Ø Filosofias da Consciência Necessitaristas – Contingência como função da necessidade Representacionais – o ideal e as cópias do ideal Dualistas, metafísicas – dois mundos: ideal e sensível Ø Filosofias da Prática Contingentes – o único a priori é histórico Não-representacionais – tudo é representação, tudo é cópia Monistas, pós-metafísicas – tudo é deste mundo, tudo está aqui

Perspectivas e desafios da pesquisa em Educação Os 3 anti das Filosofias da Prática

Perspectivas e desafios da pesquisa em Educação Os 3 anti das Filosofias da Prática Ø Representacionismo (como manifestação do Realismo) Ø Essencialismo Ø Fundacionismo

A ordem das disciplinas 20 anos depois Evitar as confusões conceituais Tese tese erudição

A ordem das disciplinas 20 anos depois Evitar as confusões conceituais Tese tese erudição falta de clareza Humanidade humanidade de modo algum de algum modo veemência arrogância humildade coitadismo representação (as palavras não falam por si) material corpus objeto

A ordem das disciplinas 20 anos depois Virada linguística, virada epistemológica; diferença e repetição

A ordem das disciplinas 20 anos depois Virada linguística, virada epistemológica; diferença e repetição Materialidade Realidade O fato de que o sentido seja dado pela linguagem não implica que a realidade se reduza à linguagem. Realidade = materialidade com sentido (“linguageiro”) Assim, há uma materialidade cuja relação com a linguagem é imanente; desse modo, a própria linguagem é também da ordem da materialidade. O discurso não é uma abstração exterior à realidade; ele tem materialidade. Tudo é diferença. A repetição é construída.

A ordem das disciplinas 20 anos depois A questão da realidade nem materialismo tosco,

A ordem das disciplinas 20 anos depois A questão da realidade nem materialismo tosco, nem idealismo tosco mas. . . sentido (pela linguagem) Relação de imanência materialidade realidade

A ordem das disciplinas 20 anos depois Virada linguística, virada epistemológica; verdade e relativismo

A ordem das disciplinas 20 anos depois Virada linguística, virada epistemológica; verdade e relativismo “Não basta aprender o que tem de se dizer em todos os casos sobre um objeto, mas também como devemos falar dele. Temos sempre de começar por aprender o método de o abordar”. (Wittgenstein) “A maior inimiga da verdade não é a mentira, mas a convicção”. “As verdades são mitos que se esqueceram que o são” (Nietzsche). “A verdade é deste mundo” (Foucault). A noção bachelardiana de “regionalidade da epistemologia” e o princípio kuhniano da “inseparabilidade entre método e teoria” desuniversalizaram os conceitos de método e teoria, na medida em que, respectivamente, método e teoria são sempre referentes a um campo de saberes ou estão sempre circunscritos a algum paradigma.

A ordem das disciplinas 20 anos depois Tipologia • Quanto ao foco, há 3

A ordem das disciplinas 20 anos depois Tipologia • Quanto ao foco, há 3 “tipos” de teses: monográficas/pontuais panorâmicas mistas • Em relação à empiria , há 2 “tipos” de teses: exclusivamente teóricas (não empíricas) acentuadamente empíricas (sempre com teoria subjacente) logo. . . • Não há tese – assim como não há pesquisa – que não tenha uma ou mais teorias subjacentes, explícitas ou não. E é absolutamente necessário sempre explicitá-la(s). alfredoveiganeto@gmail. com

A ordem das disciplinas 20 anos depois Um rio e suas margens; entre a

A ordem das disciplinas 20 anos depois Um rio e suas margens; entre a seca e a enchente; transbordamentos • “Tese sulco” ou “Tese espraiamento”? ou ambos? • Entre o “enxuto” e o “encharcado” no texto e nas abordagens/discussões cuidado com a literatice e o esnobismo • Transbordamentos: que são? onde? quando? o quanto? cuidado com o eruditismo alfredoveiganeto@gmail. com

A ordem das disciplinas 20 anos depois Pontos de partida e dicas - Começar

A ordem das disciplinas 20 anos depois Pontos de partida e dicas - Começar pelo título? - Esboçar um esquema geral e tomá-lo como bússola, mas sempre aberto a “correções de rota”; se for preciso, rejeitar o esquema. - Não esperar por “momentos de inspiração”. - Evitar sempre o “deixar para amanhã”. - Tudo dá trabalho, tudo é difícil, tudo toma tempo. - À medida que vai escrevendo, colocar as referências de modo completo. - Anotar anotar tudo o que vem à cabeça; anotar as sugestões do orientador e de terceiros; anotar sempre! - Não desprezar trechos já escritos mas que não serão incorporados. Criar uma pasta de “rejeitos”; eles poderão ser úteis no futuro, ou para a versão final da Tese ou para outras publicações. (Lavoisier)

A ordem das disciplinas 20 anos depois Precauções genéricas O quanto antes, deixar claro

A ordem das disciplinas 20 anos depois Precauções genéricas O quanto antes, deixar claro qual é a tese principal da Tese. Estar sempre atento para a questão do “quem fala? ”. Eu é diferente de minha bibliografia, de meu leitor, de meus dados empíricos, de meu orientador etc. Assim, nunca assumir a autoria daquilo de que não se é autor e, principalmente, daquilo com o que não se concorda. Fora isso, sempre assumir a autoria! Tudo o que chamamos de realidade resulta da combinação entre uma materialidade externa e os sentidos e representações que conferimos a tal materialidade. E os sentidos e as representações são sempre produzidos na combinação entre a memória e um intrincado e imenso conjunto de símbolos e códigos que aprendemos pela educação; eles compõem a cultura na qual estamos imersos. Por que isso é importante? Porque tais códigos se organizam segundo uma “gramática profunda”, cuja emersão se faz pela linguagem que, por sua vez, vem “à tona” na forma de um discurso cujo conjunto de normas, regras gramaticais e princípios enunciativos obedecem a uma ordem.

A ordem das disciplinas 20 anos depois Fontes, citações e rodapés fontes: - primárias

A ordem das disciplinas 20 anos depois Fontes, citações e rodapés fontes: - primárias - secundárias – literatura crítica - primeira mão - segunda mão – apud citações: - diretas, literais, ou ipsis littĕris - indiretas ou comentadas rodapés: - pequenas explicações, dicas e sugestões - cuidar para não adquirirem “vida própria”, constituindo um segundo documento (ver Umberto Eco, p. 161) alfredoveiganeto@gmail. com

A ordem das disciplinas 20 anos depois Armadilhas • Quem fala? Quem disse? •

A ordem das disciplinas 20 anos depois Armadilhas • Quem fala? Quem disse? • Não citar as fontes para conhecimentos triviais. • Evitar tanto a falsa modéstia quanto a arrogância. • Manter a coerência interna é mais importante do que seguir as normas externas. • O tempo é nosso inimigo. • Trate bem seu equipamento (textos, computador, anotações). • Na dúvida, não ultrapasse, seja sóbrio, temperado e contido. Afinal, quase sempre, o menos é mais. • Trabalhar 3 horas por dia durante 5 dias é muito melhor do que trabalhar 15 horas num único dia. • O ótimo é inimigo do bom.

Dicas a. A apresentação não é uma aula. Principalmente numa defesa de Tese, deve-se

Dicas a. A apresentação não é uma aula. Principalmente numa defesa de Tese, deve-se abandonar pretensões pedagógicas (querer ensinar o público). b. A apresentação pode ser lida ou de improviso (improviso mesmo não existe, pois todos sempre se programam antes. . . ). No caso de ler um texto, faça uma leitura calma, em voz alta, bem postada, ritmada, procurando (sempre que possível) olhar para o público. Tomar água, na metade do caminho, ajuda muito. c. A banca já leu o trabalho. Logo, a apresentação não é para a banca, mas principalmente para o público. A apresentação pode ser vista muito menos como uma festa e muito mais como uma prestação pública de contas dos recursos e esforços investidos na pesquisa. d. Pode-se aproveitar a oportunidade e fazer algumas explicações complementares e correções para a banca. Depois de tudo impresso, sempre surgem correções, acréscimos etc. Esse é um trabalho infinito. e. Na apresentação, deve-se usar no máximo 30 minutos; o público começa a cansar e a desviar a atenção depois de 20 minutos. E a banca já conhece seu trabalho.

f. A apresentação deve ser sóbria, técnica, cordial e leve: evitar palavrório derramado demais,

f. A apresentação deve ser sóbria, técnica, cordial e leve: evitar palavrório derramado demais, frases longas demais, agradecimentos demais. g. Sempre é bom avisar os “não-habituados” a tais sessões: não se deve aplaudir a apresentação! Aplausos (se houver. . . ), só ao término da sessão. Mas se algum desavisado “puxar as palmas”, paciência. . . h. Se a apresentação for lida, a preparação do texto deve obedecer aos seguintes parâmetros: cada página A 4, com margens de 2, 5 cm, espaço 1, 5, fonte Times. New Roman 12, leva 3 minutos para ser lida. Cada página tem de 30 a 33 linhas; demora-se 1 minuto para ler cada 10 linhas. Logo, 10 páginas demoram 30 minutos para serem lidas, num ritmo cadenciado e numa voz clara. Use tais medidas na preparação do texto; depois, para lê-lo, imprima na fonte e tamanho que quiser. Sempre é bom numerar as páginas e grampeá-las, pois páginas soltas ganham vida e se deslocam sozinhas, fogem da mesa, se escondem em locais misteriosos. i. Na preparação/ensaio: se for cronometrar a leitura, não leia em voz baixa!!! A diferença de tempo entre uma leitura em voz baixa e uma leitura em voz alta é grande.

j. Se usar power-point, seja muito parcimonioso: os slides servem de apoio e não

j. Se usar power-point, seja muito parcimonioso: os slides servem de apoio e não devem, sob nenhuma hipótese, concorrer com o discurso ao vivo. Em geral, o menos é mais. . . k. Se um slide contém material que não vai ser referido, explicado ou lido, ele é completamente dispensável. Em geral, o menos é mais. . . l. Slides com muita informação não servem para nada. Em geral, o menos é mais. . . m. Mais de 6 slides em 30 minutos, em geral é sinal de perigo à vista. Claro que isso dependerá do caráter do trabalho (se ele trata da análise de imagens, se há fotos, tabelas e gráficos necessários ao entendimento etc. ). Em geral, o menos é mais. . . n. Os slides não devem ser feios, mas também não devem ser rebuscados, animados demais, enfeitados demais, coloridos demais. Em geral, o menos é mais. . .

o. Escolha sempre fontes legíveis e cores contrastantes. Fontes sem serife são mais garantidas;

o. Escolha sempre fontes legíveis e cores contrastantes. Fontes sem serife são mais garantidas; não use script. Gótica? Nem pensar! Letras verdes sobre fundo roxo (ou vice-versa) dá sempre errado! Lembre-se daqueles contratos comerciais que, para nos enrolar, usam letras minúsculas cor-de-rosa sobre fundo verde; fica tudo dançando. . . Letras brancas sobre fundo preto (ou vice -versa) dá sempre certo! E não esqueça que projetores com lâmpadas cansadas mudam tragicamente as cores dos nossos slides. . . p. Cortam-se antes os excessos de qualquer natureza (para não ter de cortar no dia. . . ). q. Em caso de dúvida, seja minimalista. Em geral, o menos é mais. . . r. Em caso de ensaios, NÃO seja minimalista, pois ensaios nunca são em excesso. Nos ensaios, o muito é sempre pouco e o mais é sempre menos. s. Chorar não ajuda; só atrapalha. t. Regra de ouro: frente ao público, quase sempre o menos é mais. . . u. Regra de platina: Evite o ridículo!

Sabedoria. . . Primeira (e magnífica. . . ) Lei de Murphy: — “Se

Sabedoria. . . Primeira (e magnífica. . . ) Lei de Murphy: — “Se alguma coisa puder dar errado, dará” (Bloch, 1977, p. 21). Leis (muito) gerais: — “Tudo dá trabalho”. — “Tudo é difícil”. Corolário 1: “O que parece fácil será difícil; o que parece difícil será dificílimo”. Corolário 2: “Desista do que parece dificílimo”. — “Tudo toma tempo”. Corolário: “O tempo é nosso inimigo”. — “Nada é tão fácil quanto parece” (Bloch, 1977, p. 21). Corolário: Tudo é fácil para quem não tem de fazer. — “Por quê? É filosofia. Porque é pretensão” (Fernandes, 1994, p. 435). Corolário: “Pergunte sempre”. Corolário do corolário: “Duvide até de você mesmo”. Corolário do corolário: “Duvide deste texto, deste livro, desta Tese”.

— “Não há nada mais equivocado do que a certeza”. — “A verdade é

— “Não há nada mais equivocado do que a certeza”. — “A verdade é filha do tempo e obra do Homem” (Stein, 1981, p. 47) Corolário 1: “A verdade existe”. Corolário 2: “A verdade é deste mundo” (Foucault, 2001, p. 112). Corolário 3: “A verdade é inseparável do processo que a estabelece”. Corolário 4: “Tenha muito cuidado com a verdade”. — “A maior inimiga da verdade não é a mentira, mas a convicção” (Nietzsche). — “Em muitos ambientes acadêmicos e na high society, mais vale 1 grama de aparência do que 1 quilo de desempenho”. Corolário do corolário: “Na Sociedade do Espetáculo, sempre vence o maior e mais descarado marqueteiro”.

— “Convite para enterro não deve ser feito por e-mail”. Escólio: “O morto não

— “Convite para enterro não deve ser feito por e-mail”. Escólio: “O morto não espera”. — “Entre chegar atrasado ou sair mais cedo, prefira a segunda alternativa”. Escólio: “Os franceses inventaram a saída à francesa, mas ninguém ainda inventou um modo elegante de chegar atrasado”. — “Qualquer reunião tem seu timing próprio”. Corolário 1: “O bom coordenador de uma reunião sabe, entre outras coisas, que precisa ter MUITA paciência”. Corolário 2: “Numa reunião de 120 minutos, 80% dos assuntos importantes são tratados nos 10 minutos finais”. — O dicionário é o único lugar em que o sucesso vem antes do trabalho. — “É incrível. Quanto mais trabalho, mais sorte tenho”. — “Todo fio cortado no tamanho indicado será curto demais”. — “Todo fio deixado cuidadosamente enroladinho numa gaveta, no dia seguinte estará completamente cheio de nós e enleado em si mesmo”. — “Tenha mais dúvidas e menos certezas”

Projetos de pesquisa — “Se um projeto de pesquisa não vale a pena, não

Projetos de pesquisa — “Se um projeto de pesquisa não vale a pena, não vale a pena ser bem feito”. — “Qualquer projeto que termine com 60% realizado é um milagre”. — “O ótimo é inimigo do bom” (Adágio popular). Corolário: “Um bom plano hoje é melhor do que um plano perfeito amanhã”. — “A montanha fica mais íngreme à medida que você avança na escalada”. Corolário: “O cume sempre parece mais próximo do que realmente está”. — “Nenhuma experiência é um fracasso completo — ela sempre pode servir como um exemplo negativo” Contraponto: “Mesmo assim, prefira sempre os exemplos positivos”. — “Um quilo de aplicação vale uma tonelada de meditação”. Corolário: “Não fique parado, pensando que ‘ficar pensando’ é grande coisa. Vá logo trabalhar!”.

Projetos de pesquisa — “Um projeto não deve começar pela escolha das ferramentas”. Corolário

Projetos de pesquisa — “Um projeto não deve começar pela escolha das ferramentas”. Corolário 1: “Não é a sofisticação da ferramenta que determina se ela é adequada à tarefa que você tem pela frente”. Corolário 2: “Antes de pegar um alicate, examine se a tarefa não é apenas pregar um prego”. Contraponto: “De qualquer maneira, teorização, ferramentas e problemas caminham e se definem juntos”. — “Os problemas de pesquisa não estão vagando por aí, soltos no mundo e à nossa espera; eles têm de ser construídos, alimentados, tecidos, cultivados”. — “Um projeto de pesquisa só vale a pena se for de RIR: Relevante, Inédito e Realizável”. Corolário: “Se faltar uma dessas letras, abandone a empreitada”. Contraponto: “A relevância, o ineditismo e a realizabilidade não são evidentes por si e não valem igualmente para qualquer campo; devem ser estudados e discutidos com quem já tem experiência no campo”.

Foco — “Alguém com um relógio sabe que horas são. Alguém com dois relógios

Foco — “Alguém com um relógio sabe que horas são. Alguém com dois relógios nunca tem certeza”. — “Se, como técnico, você quer mesmo ganhar as Olimpíadas, leve um atleta que pula cinco metros e não cinco atletas que pulam um metro cada um”. — “Um erudito sabe tudo. Um sábio sabe o essencial”. — “Há tuas tragédias na vida: uma é não obter o que o seu coração deseja; a outra é obter”. — “Acerca daquilo de que não se pode falar, tem que se ficar em silêncio”. Corolário (venezuelano): “Por que não te calas? ”.

Ferramentas — “A teoria como caixa de ferramentas quer dizer: a) que se trata

Ferramentas — “A teoria como caixa de ferramentas quer dizer: a) que se trata de construir não um sistema, mas um instrumento: uma lógica própria às relações de poder e às lutas que se engajam em torno delas; b) que essa pesquisa só pode se fazer aos poucos, a partir de uma reflexão (necessariamente histórica em algumas de suas dimensões) sobre situações dadas”. — “Todos os meus livros são pequenas caixas de ferramentas”. — “Quanto mais funções uma ferramenta pode executar, pior ela executará tais funções”. Corolário: “Escolha sempre a ferramenta certa”. Contraponto: “Nunca é fácil escolher a ferramenta certa”. — “Ferramentas incrementadas não funcionam”. — “Os computadores não merecem confiança; mas os seres humanos merecem ainda menos”. — “Se você não entende determinada palavra em um artigo técnico, deixe-a de lado; o artigo ficará melhor sem ela”

Empulhações — “Qualquer ideia, por mais simples que seja, pode ser expressa nos termos

Empulhações — “Qualquer ideia, por mais simples que seja, pode ser expressa nos termos mais complicados. E vice-versa” — “O território por trás da retórica está sempre minado de equívocos”. — “Tudo é possível dizer se você não sabe do que está falando”. — “Para saber se o interlocutor sabe aquilo que diz, peça para ele dizer de outra maneira”. — “Com frases curtas e palavras simples, é mais difícil enrolar”. Corolário: “Afaste-se dos textos ricos em palavrórios vazios, circunlóquios rebuscados, erudição empolada, metáforas obscuras, construções pretenciosas. Em geral, eles são produzidos por mentes indigentes, muito indigentes”. — “Todo excesso de palavras proparoxítonas é um forte sinal de empulhação”. — “Desconfie dos textos em que há mais palavras entre aspas do que palavras sem aspas”. — “Nunca confunda literatura com literatice”.

Revisores, avaliadores e pareceristas — “Ao sorrir, um avaliador pode estar satisfeito porque você

Revisores, avaliadores e pareceristas — “Ao sorrir, um avaliador pode estar satisfeito porque você está se saindo bem ou porque você está sofrendo”. Corolário: “Procure sempre avaliar se o sorriso do seu avaliador é sinal de solidariedade ou de sadismo”. Escólio: “Assim como são as pessoas, são as criaturas” (Adágio popular; vazio, mas impressiona). — “Quando alguém, que você admira e respeita muito, parece mergulhado em profundos pensamentos, em geral está pensando no próprio almoço”. — “Sempre haverá erros impossíveis de encontrar”. Afinal, “o diabo mora na tipografia”. Corolário: — “Os erros mais importantes sempre passarão sem ser notados até o livro estar impresso” — “Encontrando um erro, a revisão se justifica e não se procura mais”. — “O maior erro é enviar um original sem erros, para um revisor que vive disso”. — “Nada é impossível para quem não tem que fazer o trabalho ele mesmo”. — “Não importa quanto você faça; nunca terá feito o bastante”.

— “Para muitos, o que você não fez é muito mais importante do que

— “Para muitos, o que você não fez é muito mais importante do que tudo que você fez, independentemente do volume e da qualidade do que você tenha feito”. — “Nenhuma proposta é julgada pelos outros com a mesma proposição de quem propôs”. Corolário 1: “Se você explica a proposta tão claro que ninguém pode deixar de entender, alguém deixará”. Corolário 2: “ Se você faz uma coisa que tem certeza de ser aprovada por todos, alguém não aprovará”. — “Quem avalia é também avaliado”. — “Num parecer, você sempre deverá dizer alguma coisa inteligente (ou que pareça inteligente). Adote um dos 3 níveis seguintes (em ordem crescente quanto à “maldade” que quiser fazer): sugerir, recomendar e exigir. ” — “Os maiores desentendimentos se dão entre os entendidos”. — Quanto pior for uma Tese, Dissertação ou monografia qualquer, mais difícil e mais trabalhoso será avaliá-la ou, pelo menos, mais “sofrido”.

Prazos — “Tudo leva mais tempo do que se pensa”. — “Toda solução cria

Prazos — “Tudo leva mais tempo do que se pensa”. — “Toda solução cria novos problemas”. — “Se não interessa, não interessa”. — Não importa o quanto corra. . . Você sempre estará atrasado e devendo alguma coisa (a alguém ou a você mesmo). — “Depois de acrescentar duas semanas ao cronograma para atrasos imprevisíveis, acrescente mais duas para imprevistos imprevisíveis”. — “Para calcular o tempo necessário para realizar um trabalho, tome o tempo que você acha realmente necessário, multiplique por 2 e eleve o resultado à quarta potência. Verificaremos que, em média, deve-se destinar 2 dias para o trabalho de 1 hora”. — “Nada jamais foi executado dentro do prazo ou do orçamento”. — “O dicionário explica que prazo significa ‘tempo em que algo deve ser feito’. Mas, cuidado: não confunda deve ser feito com pode ser feito”. Corolário: “Assim como uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, dever é uma coisa e poder é outra coisa”.

Redação, texto, discurso — “Não confunda rigor com exatidão. Aquele é sempre desejável; essa

Redação, texto, discurso — “Não confunda rigor com exatidão. Aquele é sempre desejável; essa simplesmente não existe. ” — “Nunca use as palavras nunca, sempre, todos e nenhum. ” Observação: “Para acalmar os lógicos ortodoxos, talvez seja melhor dizer: só use a palavra nunca uma vez na vida — para dizer que nunca ela deve ser usada”. . . — “Tenha o maior cuidado com as palavras verdade, verdadeiro, natural, natureza, humano, Humanidade. Se sozinhas elas são problemáticas, quando combinadas — como em: a natureza humana, a verdadeira natureza humana, as verdades naturais etc. —, o desastre é certo. ” — “Não se constranja em usar a expressão parece que”. — “No fundo, eu não gosto de escrever; trata-se de uma atividade muito difícil de realizar”. (Foucault) — “A citação mais valiosa será sempre aquela da qual você não consegue determinar a fonte”. Corolário 1: “Imediatamente após transcrever uma citação, registre a fonte por extenso”. Corolário 2: “Se você não tiver acesso à fonte, descarte a citação”.

Restos — “Primeira regra do desmontador de relógios: guarde todas as peças”. — “Mais

Restos — “Primeira regra do desmontador de relógios: guarde todas as peças”. — “Mais vale um passarinho na mão do que dois voando” (Adágio popular). — “De nada adianta guardar se, mais tarde, você não lembrar que guardou. Idem, se você não lembrar o que guardou. Ibidem, se você não lembrar onde guardou”. Corolário 1: Etiquetas, índices e listagens nunca estão em excesso. Corolário 2: Ponha a etiqueta na hora; quanto mais tarde, mais perdido você ficará. Corolário 3: Escreva sempre.

Inteligência (e falta de. . . ) — “Deus errou: limitou a inteligência, mas

Inteligência (e falta de. . . ) — “Deus errou: limitou a inteligência, mas deixou a burrice infinita”. — “Os cientistas dizem que o Universo e a inteligência têm limites. Sobre o Universo, eu não tenho certeza”. — “O problema do mundo de hoje é que as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas, e as pessoas idiotas estão cheias de certeza”. — “O mundo é bem maior e mais complicado do que os simples sim ou não, isso ou aquilo, certo ou errado, bom ou ruim”. — “O Positivismo odeia a polissemia”. — “Se algo é indecidível é porque está fora do pensável”. — “O cérebro é um órgão maravilhoso. Começa a funcionar assim que você se acorda de manhã e só para de funcionar quando você se senta à mesa para escrever”. — A quantidade de inteligência no Universo é uma constante. A população está crescendo. — Nunca discuta com um tolo, pois os outros não verão a diferença.

A ordem das disciplinas SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT APRESENTAÇÃO PRIMEIRA PARTE – Olhares SEGUNDA PARTE

A ordem das disciplinas SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT APRESENTAÇÃO PRIMEIRA PARTE – Olhares SEGUNDA PARTE – A questão disciplinar Capítulo 1 – PRELIMINARES Um cenário discursivo Palavras, linguagem, discursos Dek e Arkhé Capítulo 2 – DUAS FAMÍLIAS Parentescos A primeira família A segunda família Topoi Capítulo 3 – DESCOMPASSOS E CONTRAPONTOS Capítulo 4 – DISSON NCIAS

TERCEIRA PARTE – Foucault Capítulo 5 – POR QUE FOUCAULT? Uma perspectiva Um edificador

TERCEIRA PARTE – Foucault Capítulo 5 – POR QUE FOUCAULT? Uma perspectiva Um edificador Capítulo 6 – OS TRÊS DOMÍNIOS O primeiro domínio: o “ser –saber” O segundo domínio: o “ser-poder” Terceiro domínio: o “ser-si” Capítulo 7 – UMA QUESTÃO DE METODOLOGIA? Capítulo 8 – UMA FIDELIDADE INFIEL: Foucault & Cia.

QUARTA PARTE – Retomando a questão Capítulo 9 – GARIMPANDO Por que o garimpo?

QUARTA PARTE – Retomando a questão Capítulo 9 – GARIMPANDO Por que o garimpo? O filão A virada disciplinar Capítulo 10 – NEXOS As dobradiças A maquinaria O objeto-de-si-mesmo Governamentalizar Capítulo 11 – APRISIONADOS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ÍNDICE REMISSIVO

A ordem das disciplinas Apresentação • O caminho seguido na determinação/construção de um problema

A ordem das disciplinas Apresentação • O caminho seguido na determinação/construção de um problema de pesquisa deve guardar correlação com as experiências do autor. • Quanto menor e mais sóbria for a autonarrativa, melhor será. • O quanto antes se anunciar o escopo – problema, foco(s), objetivo(s), perspectiva teórica –, melhor será. • “A disciplina é um campo de estudo e um sistema de controle”. (p. 4) • Disciplina + dade = disciplinaridade. • Análise foucaultiana do movimento contradisciplinar, em suas manifestações discursivas. • É preciso ir às raízes ou origens daquilo que se problematiza. Em termos foucaultianos, para isso é importante recorrer à genealogia. • É preciso anunciar a estrutura da Tese.

A ordem das disciplinas Primeira Parte - Olhares • Toda investigação se apoia num

A ordem das disciplinas Primeira Parte - Olhares • Toda investigação se apoia num processo progressivo de diferenciação. Para Montaigne, “distinguo é o elemento mais universal da minha lógica”. • Cuidado com as “promessas”: em primeiro lugar. . . , em segundo. . . • 1 - O caráter interacionista e linguageiro do que se chama a realidade. Afinal, os fatos não falam por si; não há fatos, mas apenas versões. • 2 - “Não existe nada parecido com um ponto de partida meramente dado, ou simplesmente disponível”. (E. Said) • 3 – A caminhada não é errática nem determinada previamente. Assim. . . • “Uma análise pós-estruturalista dos discursos começa pelo reconhecimento de que os objetos dessa análise são constituídos pela própria análise”. (James Ladwig)

A ordem das disciplinas Primeira Parte • Vale a pena marcar as diferenças entre

A ordem das disciplinas Primeira Parte • Vale a pena marcar as diferenças entre o que se vai fazer e o que não se vai fazer. Assim, explicar sucintamente as diferenças (epistemológicas, teóricas) entre a perspectiva adotada e outras perspectivas e o(s) objeto problematizado(s) e outros objetos. • No caso da Tese, não interessam: Reflexão epistemológica, marcando fronteiras Hermenêutica Análise semântica e lógica Estudo sociológico Análise pedagógica (sucessos ou não das disciplinas) • Transbordamentos: olhar – Pós-modernidade – marxismo

A ordem das disciplinas Segunda Parte – A questão disciplinar Capítulo 1 - preliminares

A ordem das disciplinas Segunda Parte – A questão disciplinar Capítulo 1 - preliminares • Um cenário discursivo (sobre as Ciências) discursos laudatórios X discursos críticos simplórios mal-humorados/persecutórios conspiratórios • Palavras, linguagens, discursos exercícios etimológicos (valor, limites) transbordamentos (ex. : U. Eco, nota 26) • Dek e arkhé

Segunda Parte Capítulo 2 – duas famílias • Parentescos (entre discursos) determinar os topoi

Segunda Parte Capítulo 2 – duas famílias • Parentescos (entre discursos) determinar os topoi e as regularidades/repetições não aderir ao representacionismo, mas ater-se ao dictum • A primeira família transposição França Brasil acento filosófico, essencialista e teleológico caráter taxonômico/classificatório (multi, pluri, inter, trans) • A segunda família inspiração na primeira família acento pedagógico, prescritivista, idealista caráter psicológico-comportamental-atitudinal A saturação como recurso para mostrar a repetição e monotonia. • Topoi mitos judaico-cristãos

A ordem das disciplinas 20 anos depois Os mitos, as pragas cunho filosófico cunho

A ordem das disciplinas 20 anos depois Os mitos, as pragas cunho filosófico cunho militante cunho operacional fundamentalismo transcendentalismo finalismo catastrofismo denuncismo prometeísmo salvacionismo redentorismo prescritivismo metodologismo reducionismo messianismo

Segunda Parte Capítulo 3 – descompassos e contrapontos Há discordâncias intrafamiliares e interfamiliares, mas

Segunda Parte Capítulo 3 – descompassos e contrapontos Há discordâncias intrafamiliares e interfamiliares, mas semelhanças suficientes para que os discursos sejam reconhecidos como pertencentes a uma das duas famílias. Semelhanças de família (Wittgenstein) e não hierarquização por tipos Capítulo 4 – dissonâncias Colocam-se na contramão das duas famílias principais, pois não são nostálgicos (de um suposto paraíso perdido) e reconhecem as limitações da educação como instrumento de transformação do mundo. Estão fora do movimento pela interdisciplinaridade. Mesmo assim, mantêm a totalidade como um datum (natural e transcendente). Na sua expressiva maioria, fazem uma leitura marxista da (inter)disciplinaridade. Afinal, a totalidade talvez seja a principal metanarrativa a sustentar o marxismo. . .

A ordem das disciplinas 20 anos depois Terceira Parte - Foucault Esta parte é

A ordem das disciplinas 20 anos depois Terceira Parte - Foucault Esta parte é um divisor de águas A importância de Foucault e o “uso” em pedaços. Capítulo 5 – por que Foucault? • Uma perspectiva Um alerta: “não basta aprender o que tem de se dizer em todos os casos sobre um objeto, mas também como dele devemos falar. Temos sempre de começar por aprender o método de o abordar”. (Witt. ) • Um edificador Richard Rorty sistemáticos edificantes Foucault é um edificante moderno, um kantiano paradoxal.

A ordem das disciplinas 20 anos depois Capítulo 6 – os três domínios •

A ordem das disciplinas 20 anos depois Capítulo 6 – os três domínios • O primeiro domínio: o “ser-saber” Arqueologia como “método” • O segundo domínio: o “ser-poder” A genealogia como “método” O que importa não é fazer perguntas diretas sobre o conteúdo de verdade de alguma proposição, mas sim sobre as condições que possibilitaram – ou que levaram a – tal proposição. • O terceiro domínio: o “ser-si” (o “ser consigo mesmo”) A arqueogenealogia como “método” As tecnologias do eu

A ordem das disciplinas 20 anos depois Capítulo 7 – uma questão de metodologia?

A ordem das disciplinas 20 anos depois Capítulo 7 – uma questão de metodologia? Há método em Foucault? A grande pergunta: “que é método? ” Capítulo 8 – uma fidelidade infiel: Foucault & Cia. Foucault & Elias – aproximações e distanciamentos Michel Foucault Norbert Elias sociedade disciplinar & processo civilizatório forma de vida desbarbarização injunções ex/internas Homo docĭlis coações externas Homo clausus

A ordem das disciplinas 20 anos depois Quarta Parte – Retomando a questão Capítulo

A ordem das disciplinas 20 anos depois Quarta Parte – Retomando a questão Capítulo 9 – garimpando • Por que o garimpo? A metáfora do garimpo Não interessa um fragmento em si (a coisa em si mesma – das Ding an sich, o noumenon em Kant), mas o fragmento em relação a tudo que o cerca e, até mesmo, as representações que fazemos dele. Não interessa a Ursprung (origem estrita), mas a Herkunft (proveniência) e a Entestehung (emergência). • O filão Os necessários recuos da disciplina: nossa tradição ocidental, a Antiguidade, a Idade Média, Elias (novamente), a laicização da disciplina.

A ordem das disciplinas 20 anos depois • A virada disciplinar Juan Vives: De

A ordem das disciplinas 20 anos depois • A virada disciplinar Juan Vives: De disciplinis (1531) Estabelecimento de uma nova ordem no e para o mundo. Conexões: Nova Ciência; expansão europeia; novas paisagens; laicização; descentralização do conhecimento; mais prática e menos retórica; representação (e não a identidade ou a semelhança) como conexão entre o Homem e a Natureza; o signo deixa de ser e passa a mediar. Ex. : Lineu como ser no e do tempo. O nome representa a coisa e suas relações com as outras coisas. A nomenclatura binominal estabelece um regime de verdade, qual um retículo ou grade de inteligibilidade. As disciplinas foram imanentes à episteme da ordem e representação. A virada disciplinar não aconteceu no século XVII, nem de uma só vez (como pensou Foucault), mas “aos poucos” e na primeira metade do século XVI.

A ordem das disciplinas 20 anos depois Capítulo 10 – nexos (último capítulo? ?

A ordem das disciplinas 20 anos depois Capítulo 10 – nexos (último capítulo? ? ? ) • As dobradiças Recapitulação rápida 2 eixos: disciplina-saber – disciplina-corpo A conexão entre os 2 eixos se dá no ponto em que a disciplina-saber cria as condições de possibilidade para que um pensamento topologizado entenda como naturais os muros que lhe são impostos ao corpo ou aos quais esse corpo está submetido. corpo saberes Ao mesmo tempo, a disciplina corpo cria as condições de possibilidade para a disciplina-saber. . .

A ordem das disciplinas 20 anos depois Já no fim da Idade Média estavam

A ordem das disciplinas 20 anos depois Já no fim da Idade Média estavam estabelecidos os 2 eixos disciplinares. De um lado, a disciplina-corpo que dava seus primeiros passos no sentido de fabricar um novo indivíduo: o sujeito burguês. De outro lado, a disciplina-saber que – tendo se libertado da rigidez taxonômoca medieval do trívio e do quadrívio e tendo assumido novas configurações e novo caráter – se colocava à disposição da Nova Ciência. Examinar as conexões entre a invenção da infância – como uma nova representação sobre a criança –, a escolarização, a alfabetização, a individualização, a expansão geográfica etc. , na Europa, significa examinar as relações entre as forças que se colocam em jogo no estabelecimento de uma “revolução copernicana” na Weltanschauung de uma época. A totalidade constituiu-se, talvez, como o principal topos dessa Weltanschauung. É esse topos que dará, ao longo da Modernidade, uma forte sustentação racional para um imenso conjunto de práticas políticas, econômicas, culturais e religiosas: colonização, escravidão, elitização burguesa, regicídio, democratização, falocentrismo, racismos de Estado, evangelização forçada, liberalismo, capitalismo, governamentalização.

A ordem das disciplinas 20 anos depois • A maquinaria Não pensar as disciplinas

A ordem das disciplinas 20 anos depois • A maquinaria Não pensar as disciplinas num registro apenas natural, epistemológico ou psicológico, mas sim histórico (genealógico). A visão disciplinar é a visão (Weltanschauung) que na Modernidade se tem no e sobre o mundo (Lenoir) e que, ao mesmo tempo, institui o “estar no mundo” segundo uma determinada “forma de vida” (Lebensform) (Wittgenstein). A escola constituiu-se na principal maquinaria (conjunto de máquinas) a construir tais Weltanschauung e Lebensform. Duas questões cruciais: - o que a máquina produz? - como a máquina produz? – O que ela produz depende de: a serviço de que e de quem ela funciona? Para compreender melhor, é preciso abandonar a causalidade eficiente e pensar em termos da causalidade imanente (Deleuze). – Como ela produz? Fazendo da disciplinaridade “o ponto central da estruturação da moderna pedagogia”. (Narodowski)

A ordem das disciplinas 20 anos depois A disciplinaridade se alimenta e se reforça.

A ordem das disciplinas 20 anos depois A disciplinaridade se alimenta e se reforça. . . - rigor dos Reformadores (Lutero, Calvino, Zuinglio, Hus, Ramus. . . ) - livre arbítrio alfabetismo - escrita alfabética (atomizada, analítica, topologizante) sujeito que conhece coisa conhecida Contra-Reforma (Ratio studiorum, 1599) - E funciona como condição de possibilidade para o deslocamento da soberania (poder do soberano) governamentalidade (poder do Estado)

A ordem das disciplinas 20 anos depois • O objeto de si mesmo -

A ordem das disciplinas 20 anos depois • O objeto de si mesmo - As disciplinas operam uma dupla divisão: dividem interiormente os indivíduos e os dividem entre si. Assim, cada um se torna objeto de um tipo de poder, que Foucault chamou de poder disciplinar. - O poder disciplinar internaliza-se de modo a tornar impensável um comportamento não-disciplinar (transgressivo) - Que têm a ver disciplinaridade e Modernidade? Na lógica da soberania, a individualização é ascendente; o poder tem o nome do dono. Na lógica da governamentalidade, por obra das disciplinas, a individualização é descendente; o poder se torna anônimo e microfísico. Passa-se da. . . Celebração dos grandes feitos, proezas e culto ao individual (nome) Observação minuciosa, controles, culto ao coletivo (estatísticas)

A ordem das disciplinas 20 anos depois A Modernidade • A Modernidade é essa

A ordem das disciplinas 20 anos depois A Modernidade • A Modernidade é essa forma de vida (lebensform) em que os mecanismos histórico-rituais de formação da individualidade se deslocam para mecanismos científico-disciplinares; em que o normal toma o lugar do ancestral; em que o homem memorável é substituído pelo homem calculável. • Cada um é pastor e ovelha ao mesmo tempo. Talvez se possa falar em autopastorado. . . • “O sujeito moderno é esse indivíduo dividido no seu interior e dividido dos outros, num processo que faz dele um objeto”. • Produtividade do poder disciplinar: a) menos custoso (sem resistência, quase invisível, pouca despesa) b) intenso, amplo, geral (“democrático”) c) eficiente (alto ganho) e eficaz (produz muito) • O poder disciplinar aumenta a força economicamente e dispensa a força política. • O poder se sustenta na verdade

A ordem das disciplinas 20 anos depois • Governamentalizar - Disciplinaridade e Estado Moderno

A ordem das disciplinas 20 anos depois • Governamentalizar - Disciplinaridade e Estado Moderno - O Estado Moderno substitui o Estado Soberano. - A democracia, no Estado Moderno, depende da maioridade dos sujeitos, ou seja, da capacidade de cada um se autogovernar (disciplinadamente) e saber fazer as escolhas do que é melhor para si e para o grupo a que pertence. - A soberania tinha os seus próprios códigos. Os códigos do Estado Moderno se baseiam nos códigos de normalização. Assim, é preciso compreender as normas numa perspectiva histórica e funcional (ver o curso Os anormais). - A governamentalidade designa uma forma de governar em que as tecnologias do eu se cruzam com as tecnologias de dominação sobre os outros. - O Iluminismo (Aufklärung) é o coroamento, no plano teórico-políticocultural, da governamentalidade.

A ordem das disciplinas 20 anos depois Capítulo 11 – aprisionados Recapitulação panorâmica -

A ordem das disciplinas 20 anos depois Capítulo 11 – aprisionados Recapitulação panorâmica - virada disciplinar – séc. XVI - explosão disciplinar – séc. XIX - a Ciência toma para si a disciplinaridade - apropriações da interdisciplinaridade (pela esquerda e pela direita) - a construção artificial dos opostos (“vícios de pensamento”, Witt. ) - alegorias: Em Alice. . . , ao condenar o Valete, o Rei não era mau; era só burro. . . - campo discursivo pode ser melhor do que contexto (Popkewitz) - o jogo-de-espelhos, os avessos dos avessos (Veloso) - a mosca na garrafa (Wittgenstein) e a impossibilidade de um lugar de todos os lugares, de uma teoria das teorias, de uma teoria do tudo.

A ordem das disciplinas 20 anos depois Pequenas recapitulações cruciais • material corpus objeto

A ordem das disciplinas 20 anos depois Pequenas recapitulações cruciais • material corpus objeto • O quanto antes, deixar claro qual é a tese principal da Tese. Estar sempre atento para a questão do “quem fala? ”. Eu é diferente de minha bibliografia, de meu leitor, de meus dados empíricos, de meu orientador, de meu grupo etc. Assim, nunca assumir a autoria daquilo de que não se é autor e, principalmente, daquilo com o que não se concorda. Fora isso, sempre assumir a autoria! E nunca tomar como seu, aquilo que não é seu. . . “Dar a César o que é de César”. • Não confundir humildade com coitadismo, nem ênfase com certeza e arrogância, nem erudição com enrolação! • • Escrever, escrever sempre! Problematizar, problematizar sempre!