A noo de imaginao simblica em Durand e
A noção de “imaginação simbólica” em Durand e os estudos de usuários da informação Carlos Alberto Ávila Araújo Universidade Federal de Minas Gerais
1. Imaginação simbólica • Tradição de estudos sobre o imaginário: sedimentação x capacidade • Representação, apreensão do mundo: direta e indireta • Exs: maçã, caveira, mulher grega de olhos vendados segurando uma balança e uma espada – do signo ao símbolo • Símbolo: objeto que quase “não existe”, remete a um sentido e não uma coisa; estende a realidade
• Três tradições de pensamento a) Hermenêuticas redutoras: cientificismo e cartesianismo (racional, único) conceitualismo de base aristotélica dogmatismo religioso (sem ambiguidades) b) Hermenêuticas redutivas: psicanálise, antropologia (papel da imagem na estruturação) c) Hermenêuticas instaurativas: Cassirer, Bachelard – potência, não reprimido ou irracional, condição humana além do “existir” Classificação isotópica das imagens: regime diurno e regime noturno
As funções da IS • Equilíbrio vital, diante da morte - eufemização • Equilíbrio psicossocial – sublimação, a relação com o outro – “a doença é a perda da função simbólica” • Equilíbrio antropológico (negação da assimilação racista da espécie humana a uma pura animalidade) – cultura como reequilíbrio da espécie humana • Quarta função: teofania, “uma infinita transcendência que se coloca como valor supremo”
“Por fim, depois de ter instaurado a vida face à morte, o bom senso do equilíbrio face ao desregulamento psicossocial, depois de ter verificado a grande catolicidade dos mitos e dos poemas e instaurado o homem como homo symbolicus, o símbolo erige finalmente, face à entropia positiva do universo, o domínio do valor supremo e equilibra o universo que passa, por um Ser que não passa, ao qual pertence a eterna Infância, a eterna aurora, e desemboca então numa teofania”
2. Contexto dos “estudos de usuários” • Estudos de “uso” desde década 1920 • “Comportamento informacional” após 1977 • Paradigma social na CI, perspectiva pragmática, informação como fenômeno intersubjetivo • Eventos ISIC – Information Seeking in Context • “Práticas informacionais” • Abordagens pertinentes: Etnometodologia e Interacionismo • Conceitos relevantes: cultura, sociabilidade, conhecimento, identidade. . . imaginação
Sujeito Instrumentos para potencializar esse processo Transferência Instrumentos para potencializar esse processo Documento Informação = o “conteúdo objetivo” do documento que é transferido Transferência física ou construção de novos documentos/representantes Uso de tecnologias/técnicas de processamento
Conhecimento Dado = Documento Instrumentos e sistemas voltados para duplicar o processo cognitivo de busca da informação Informação = aquilo que altera a estrutura de conhecimento Resultado do efeito do dado na mente do sujeito
Ato de IN-FORMAR: produzir registros materiais do conhecimento Instituições e sistemas que atuam nesse processo Ser humano agente Desenvolve a todo momento ações pedagógicas, administrativas, jurídicas, culturais, sociais, etc Acervo social do conhecimento Ato de SE IN-FORMAR: utilizar/se apropriar dos registros materiais do conhecimento
3. A abordagem “tradicional” • Primórdios: frequência de uso de revistas – Gross e Gross, 1927; Allen, 1929, Hooker, 1935 • Os estudos de Chicago • EU como instrumentos de diagnóstico em instituições de informação – feedback, sistema – taxas de uso • Royal Society Scientific Information Conference, 1948 – Bernal (como cientistas buscam e obtém infs; que liam, motivos da leitura, uso) e Urquhart (distribuição e uso da ICT) • Modelo das ciências naturais • Objeto de estudo: o que é “observável” • Modo de analisar: medir • Objetivo: produzir leis
Modelo básico Usuário Comportamento SI (Atributos) Perfil Busca Completude Sexo Uso Exatidão Idade Avaliação Facilidade Escolaridade Frequência Tempo Profissão Idioma Barreiras
4. Virada conceitual: a abordagem cognitiva • Objeto de estudo: não só que é “observável”, ver a cognição • Modo de analisar: processo (linha do tempo) • Conceito de comportamento informacional K (S) + Δ I = K (S + ΔS) • Maneira de reconhecer a lacuna é mais importante do que características sociodemográficas
Sense making de Brenda Dervin
Modelo ISP de Kuhlthau
Modelo de níveis das necessidades de informação de Taylor • Visceral (vaga sensação inexprimível) • Consciente (concreta, pode-se descrever a área de indecisão; ambiguidade) • Formalizado (descrição racional da necessidade; expressa por tópico) • Adaptado (interação com fontes ou sistemas) • A satisfação pode se dar em mais de um nível
Modelo de uso da informação de Ellis • • • Iniciar (identificar as fontes para selecionar) Encadear (fontes iniciais indicam outras) Vasculhar (busca em áreas de interesse) Diferenciação (filtrar e selecionar fontes) Monitorar (manter-se a par de uma área) Extrair (verificar sistematicamente algumas fontes) • Verificar (checagem) • Finalizar (voltar às fontes consultadas)
Modelo integrativo de Choo
5. Nova virada: Práticas informacionais • Contexto geral de mudança na CI: paradigma social (Capurro), sociological turn (Cronin), regimes de informação (Frohmann), análise de domínio (Hjorland) • Impacto nos estudos de usuários: conceito de prática informacional (Savolainen, Talja, Tuominen), abordagem fenomenológica (Wilson), modelo social (Chatman), modelo multifacetado (Pettigrew), cultura informacional / produsage
Fundamentos conceituais • Conceito de realidade da fenomenologia – Berger e Luckmann • Conceito de “prática” – Garfinkel • Princípios do interacionismo simbólico – Blumer • Descrição densa – Geertz • Cognição – Piaget • Cultura – Thompson • Identidade - Hall • E também. . . Imaginação
• Modelo de estudos de uso: sujeito é processador de dados; puramente funcional; ausência de sentido, significado; e de relação social • Modelo do comportamento informacional: mecanismo E/R, etapas lineares decompostas, social como fatores intervenientes passíveis de medição de interferência, dimensão cognitiva não simbólica
5. 1. Exemplos de estudos em práticas informacionais • Savolainen: complementaridade dimensão do trabalho e cotidiano • Relação individual/social – caráter ativo e determinações • Mc. Kenzie: dimensão não diretiva, espontânea, casual (o “sensível”) • Godbold: espiral em vez de sequências de lacunas (multidirecionalidade)
• Yeoman: práticas informacionais de mulheres na menopausa; sentidos construídos, diálogo com repertórios trazidos • Isah: trabalho colaborativo de médicos – assimetrias • Clemens e Cushing – contextos intensamente significativos e profundamente pessoais – mulheres que entregaram para adoção e filhos de doadores de sêmen
Modelo ELIS (Everyday Life Information Seeking) de Savolainen
Modelo bidimensional de práticas informacionais de Mc. Kenzie
Modelo espiralar de Golbold
Ampliação do modelo de Mc. Kenzie, por Yeoman
Ampliação do modelo de Mc. Kenzie, por Yeoman
6. Algumas considerações • • Reabilitação da capacidade imaginativa, criativa Emocional, afetual, informal, contingente Ambos contrários à tradição positivista Desenho ainda pouco nítido de uma terceira abordagem de estudos de usuários da informação
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