A descrio um texto literrio ou no em
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A descrição é um texto, literário ou não, em que predominam verbos de estado e adjetivos que caracterizam pessoas, ambientes e objetos. • Relatório técnico (descrição de processo); • Parágrafo dentro de uma narração; • Parte de um relatório, de uma pesquisa, de dissertações em geral.
De acordo com os objetivos de quem escreve, a descrição pode privilegiar diferentes aspectos: • pormenorização – corresponde a uma persistência na caracterização de detalhes; • dinamização – é a captação dos movimentos de objetivos e seres; • impressão – são os filtros da subjetividade, da atividade psicológica, interpretando os elementos observados.
• Frases nominais (sem verbo) ou orações em que predominam verbos de estado ou condição. Sol já meio de esguelha, sol das três horas. A areia, um borralho de quente. A caatinga, um mundo perdido. Tudo, tudo parado: parado e morto. (Mário Palmério) Efetivamente, a rua era aquela; e o velho palácio estava na minha frente. Era um palácio de trezentos anos, cor de barro, que me parecia muito familiar quanto ao desenho de sua alta porta, aos ornatos das colunas e ao lançamento da escada do vestíbulo. (Cecília Meireles)
• Frases enumerativas: seqüência de nomes, geralmente sem verbo. “A cama de ferro; a colcha branca, o travesseiro com fronha de algodão. O lavatório esmaltado, a bacia e o jarro. Uma mesa de pau, uma cadeira de pau, o tinteiro, papéis, uma caneta. Quadros na parede. ” (Érico Veríssimo) • Adjetivação: caracterizadores qualificando nomes. A pele da cabocla era desse moreno enxuto (. . . ) Tinha uns olhos graúdos, lustrosos e negros como os cabelos lisos, e um sorriso suave e limpo a animar-lhe o rosto oval de feições delicadas. (Érico Veríssimo)
• Figuras de linguagem: recursos expressivos, geralmente em linguagem conotativa. As mais usadas na descrição são a metáfora, a comparação, a prosopopéia, a onomatopéia e a sinestesia. O rio era aquele cantador de viola, em cuja alma se refletia o batuque das estrelas nuas, perdidas no vácuo milenarmente frio do espaço. . . Depois ele ia cantando isso de perau em perau, de cachoeira em cachoeira. . . (Bernardo Elis) • Sensações: uso dos cinco sentidos, ou seja, das percepções visuais, auditivas, gustativas, olfativas e táteis. Os sons se sacodem, berram. . . Dentro dos sons movem-se cores, vivas, ardentes. . . Dentro dos sons e das cores, movem-se os cheiros, cheiro de negro. . . Dentro dos cheiros, o movimento dos tatos violentos, brutais. . . Tatos, sons, cores, cheiros se fundem em gostos de gengibre. . . (Graça Aranha)
A casa materna Há, desde a entrada, um sentimento de tempo na casa materna. As grades do portão têm uma velha ferrugem e trinco que se ocultam num lugar que só a mão filial conhece. O jardim pequeno parece mais verde e úmido que os demais, com suas plantas, tinhorões a samambaias que a mão filial, fiel a um gesto de infância, desfolha ao longo da haste. Adjetivação É sempre quieta a casa materna, mesmo aos domingos, quando as mãos filiais se pousam sobre a mesa farta de almoço, repetindo uma antiga imagem. Há um tradicional silêncio em suas salas e um dolorido repouso em suas poltronas. O assoalho encerado, sobre o qual ainda escorrega o fantasma da cachorrinha preta, guarda as mesmas manchas e o mesmo taco solto de outras primaveras. As coisas vivem como em prece, nos mesmos lugares onde as situaram as mãos maternas quando eram moças e lisas. Rostos irmãos se olham dos porta-retratos, a se amarem e compreenderem mudamente. O piano fechado, com uma longa tira de flanela sobre as teclas, repete ainda passadas valsas, de quando as mãos maternas careciam sonhar. Sensações/Figuras de linguagem A casa materna é o espelho de outras, em pequenas coisas que o olhar filial admirava ao tempo que tudo era belo: o licoreiro magro, a bandeja triste, o absurdo bibelô. E tem um corredor à escuta de cujo teto à noite pende uma luz morta, com negras aberturas para quartos cheios de sombras. Enumeração (Vinícius de Morais)
n Física - fornece características exteriores, ligadas aos traços físicos do personagem: altura, cor dos olhos, cabelo, forma do rosto, do nariz, da boca, porte, trajes. Exemplo 1: Sua pele era muito branca, os olhos azuis, bochechas rosadas. Estatura mediana, magra. Parecia um anjo. ( pessoa ) Exemplo 2: Nina era uma cachorra beagle, com as três cores básicas da raça: preto, amarelo e branco. Orelhas compridas, pelo curto, rabo com a ponta branca, patas brancas e grandes olhos castanhos. (animal) Exemplo 3: Aquele era o carro dos seus sonhos: conversível, prateado, rodas de magnésio, vidros ray-ban, rádio , direção esportiva, bancos de couro. (ser inanimado)
n Psicológica - Apresenta o modo de ser do personagem, seus hábitos, atitudes e personalidade, características interiores. Exemplo 1 : Era sonhadora. Desejava sempre o impossível e recusava-se a ver a realidade. ( pessoa ) Exemplo 2: Nina era meio invocada. Não gostava nada de estranhos, latia feito louca para os pardais e não gostava nada que lhe ficassem apertando. Era meio fleumática, não negando sua raça inglesa. (animal) Exemplo 3: O carro era como seu dono: arrojado, destemido, bonito, não tinha medo das curvas, muito menos das retas. (ser inanimado)
nenfoque objetivo - Na descrição objetiva , o autor reproduz a realidade como a vê. Detém-se na forma, no volume, na dimensão, no tamanho, na cor, no cheiro. Exemplo: Ele tem uma estrutura de madeira, recoberta de espuma. Sobre a espuma, há um tecido grosso. Possui assento para 4 pessoas, encosto e dois braços. É o sofá da minha sala.
n enfoque subjetivo - A realidade descrita não é apenas observada pelo autor, é também sentida. O objeto descrito apresenta-se transfigurado de acordo com a sensibilidade de quem o descreve. O autor procura transmitir a impressão , a emoção que a realidade lhe causa. São suas características:
Exemplo : O sujeitão, que parecia uma mistura de carro de boi com trem de ferro, já entrou soltando fogo pela folga do dente de ouro. (José Cândido de Carvalho) Stela era espigada, dum moreno fechado, muito fina de corpo. Tinha as pernas e os braços muito longos e uma voz ligeiramente rouca. ( Marques Rebelo)
n sensações visuais – “Domingo festivo. Céu azul, temperatura alta, calor tropical. Grande movimentação, agitação. Crachás. TVs, jornais, revistas, fotógrafos, repórteres, comentaristas, cinegrafistas, cabomen, correspondentes estrangeiros. Corre-corre, passa-passa. ” n sensações auditivas – “ Barulho infernal. Motores roncando. A torcida vibrando, pneus cantando, câmbio engatando, carro voando, o tempo se esgotando. A torcida delirando, a equipe comemorando. Podium. Hino. ” n sensações táteis – “Ao passar a mão pelo cabelo, sentiu uma coisa viscosa, mole. Tinha sido premiada !”
n sensações olfativas - Cheiros variados: perfumes importados, combustível, cachorro-quente, hambúrguer, batata frita, pipoca. n sensações gustativas - Essa bebida tem um sabor adocicado. Percebe-se um gostinho de laranja, abacaxi e, no fundo, um toque de rum.
n do geral para o particular - A casa ficava situada perto de uma praia. Era cercada de muros altos, um grande jardim, piscina, vários quartos, salas. Tudo para dar conforto à família. n de cima para baixo - O coqueiro possuía folhas em forma de leque, cocos ainda verdes em cachos , tronco alto e oco e raízes profundas. n de baixo para cima - Seus pés eram pequenos, proporcionais ao corpo. Braços delgados, rosto oval, cabelos grisalhos. n de dentro para fora - O armário possuía várias prateleiras, nas quais havia copos e xícaras antigos. As portas eram guarnecidas por vidros trabalhados e o seu corpo era da mais pura cerejeira. n de fora para dentro - Era uma caminhonete prata, rodas largas, faróis de milha, traseira rebaixada, com bancos reclináveis, som estéreo, direção esportiva.
n quadro parado : “Caminhões e caminhões enfileirados na madrugada, as luzes das ruas ainda acesas, um frio que não era mais de inverno, mas de fim de noite, um frio orvalhado misturava-se no ar. ”(Lucília Junqueira de Almeida Prado. ) n quadro em movimento : “Da mata vinham muitos pássaros nas madrugadas de sol. Voavam sobre as árvores as andorinhas de verão. E os bandos de macacos corriam numa doida corrida de galho em galho. ” n ambiente externo - “Nos dias de enchente, quando a maré crescia, na lua nova, a água verde subia até a figueira gigante. ” n ambiente interno - “Uma sala repleta de móveis sobre o piso de madeira, móveis pesados, de feitio antigo: o enorme sofá, a mesa negra, a cristaleira, o relógio de pêndulo, alto como um armário, as poltronas fundas.
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