8 ou 12 5 Jos Maria de Jesus

8 % ou 12, 5 % José Maria de Jesus Souza • Licenciado em Matemática. • Engenheiro Químico • Especialista em Docência do 3º. Grau • Professor Titular III da Unama (Universidade da Amazônia). Belém - Pará

A matemática Comercial e Financeira precisa o mais urgente possível estabelecer-se, de modo a permitir a identificação consistente de quem está com a razão. Nas mais variadas transações comercias tornam-se difícil dizer quem esta com a verdade. É cada um puxando para o seu lado. O mais racional, nesses casos, é recorrer à lógica, para verificar quem realmente tem a está com boas intenções.

Veja a situação abaixo: Os jornais, as revistas, a televisão, os out-doors, enfim, os veículos de comunicação, que divulgam a instabilidade da economia, tornaram vulgar a palavra “promoção”. E esta, por sua vez, aparece sempre acompanhada de : 1 mais 3; 1 mais 2, etc. Saldão 2009 Promoção 1+2

Uma loja da cidade, aproveitando o “boom” da palavra, procurou fazer o uso dela e anunciou um aparelho celular por R$ 500, 00 à vista. Um cliente, mostrando-se interessado, dirigiu-se até a loja com o objetivo de adquirir o referido aparelho. Ao chegar, foi atendido imediatamente por um vendedor que logo lhe trouxe um aparelho para ser visto de perto. Ao tocá-lo, o cliente demonstrou aceite imediato. Porém, como possuía a quantia em dinheiro, tentou uma negociação em busca de abatimento.

O vendedor se manteve irredutível afirmando que o preço era aquele mesmo e que o abatimento já era fruto da promoção. O cliente ainda insistiu e, logo sentiu-se vencido pela insistência do vendedor e resolveu desistir da compra. O vendedor, não querendo perder a venda, pediu ao cliente que esperasse um pouco e dirigiuse à gerência. Retornando, disse ao cliente: Está bem, você paga de 3 (três) vezes de R$ 180, 00, sendo uma no ato da compra e as outras duas para 30 e 60 dias.

O cliente disse: Encareceu bastante rapaz !. E o vendedor respondeu: Não senhor !, veja: as 3 parcelas de R$ 180, 00 perfazem um total de R$ 540, 00 que comparados aos R$ 500, 00 à vista, mostram um acréscimo de R$ 40, 00 que correspondem a 8%. O cliente retrucou: Não é só isso ! E o vendedor afirmou que era. E, por determinado tempo, a discussão permaneceu. Quem estava com a razão ? Eis a questão !.

O cliente resolveu então se identificar como profundo conhecedor do assunto e disse ao vendedor: Vou mostrar a você e ao seu gerente que o acréscimo não é somente 8 %. Vejam só: Uma venda a prazo, funciona como se o proprietário da loja emprestasse ao cliente, o dinheiro necessário para aquisição do produto, dizendo-lhe também como o mesmo deveria restituir o referido favor.

Veja bem, se o cliente tem que desembolsar no ato R$ 180, 00 então, o proprietário não R$ 500, 00 e lhe está emprestando sim (R$ 500, 00 – R$ 180, 00) = R$ 320, 00 para serem pagos em 2 de R$ 180, 00 = R$ 360, 00. Quanto ao acréscimo em dinheiro, não devemos tirar a razão do vendedor, pois, é o mesmo de (R$ 360, 00 – R$ 320, 00) = R$ 40, 00 só que não é equivalente aos 8% mencionados.

Como achar a taxa efetiva praticada ! Se o cliente vai pagar no ato R$ 180, 00, ele só está emprestando R$ 320, 00, o que equivale ao principal da divida contraída e, logicamente aos 100 %; enquanto que os R$ 40, 00 de acréscimo corresponde a uma taxa “x”desse principal que é calculada assim: R$ 320, 00 ------ 100 % R$ 40, 00 ------ x % X = 12, 5% O que demonstra que a taxa efetiva na transação é de 12, 5% e não de 8%, como afirma a loja.

Conclusão As promoções aparecem sempre acompanhadas da quantidade de prestações, dos valores de cada prestação, porém, a taxa praticada não é exibida. Não se sabe se por ingenuidade (falta de conhecimentos) ou esperteza, o vendedor e seu gerente não cederam quanto aos 8%. Ficando dessa forma registrado que, a Matemática Financeira, em situações como esta serve como instrumento para quem sabe manejá-la, ludibriar quem não sabe. Devemos estar mais atentos.