29 A orao crist Encontros de Formao Crist

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29. – A oração cristã Encontros de Formação Cristã Paróquia de Santa Maria de

29. – A oração cristã Encontros de Formação Cristã Paróquia de Santa Maria de Carreço «Quando tiraram a pedra, Jesus, erguendo os olhos ao céu, disse: «Pai, dou-te graças por me teres atendido. Eu já sabia que sempre me atendes, mas Eu disse isto por causa da gente que me rodeia, para que venham a crer que Tu me enviaste. » Jo 11, 41 -42

29ª sessão – A oração cristã Sumário: 1. A oração da criatura 2. A

29ª sessão – A oração cristã Sumário: 1. A oração da criatura 2. A oração no Antigo Testamento 3. A oração no Novo Testamento 4. A oração cristã 5. O itinerário da oração cristã 6. Oração e vida cristã 7. Uma síntese… 8. Bibliografia recomendada (EFC 29)

1. A oração da criatura

1. A oração da criatura

1 - A oração da criatura A oração é conhecida em todo o mundo,

1 - A oração da criatura A oração é conhecida em todo o mundo, em todas as culturas, tanto nas primitivas como nas clássicas e constitui o elemento comum e essencial a todas as religiões. Mas, o que significa orar? Pode definir-se como uma resposta do homem perante a presença ou a manifestação do divino, ou provocado pelo perigo iminente ou pelas necessidades humanas: é uma oração da Religião natural, emanada pelo Homem não inserida na Revelação bíblica. Quais os momentos dessa prece do homem na Religião natural? Em primeiro lugar, há a procura por parte do homem, da origem de tudo, para ser acolhido na salvação; depois, há a ânsia de se atingir a unidade com Aquele que é pura e simplesmente uno, de sair da sua própria finitude. S. Paulo afirma que a procura de Deus por parte do homem finito é a característica basilar da Religião Natural; no Aerópago revela aos atenienses a essência mais íntima dos homens: Deus colocou os homens na existência a fim de que «se esforcem por encontrá-lo, mesmo tacteando» (Act 17, 27). «Se o homem não fosse por natureza alguém que procura Deus, ele não poderia ser interpelado por Deus na religião bíblica» (Hans Urs von Balthasar).

1 - A oração da criatura ORAÇÃO HINDU: ORAÇÃO ISL MICA: Eu adoro a

1 - A oração da criatura ORAÇÃO HINDU: ORAÇÃO ISL MICA: Eu adoro a jóia do meu Ser, o Shiva que reside no lótus de meu coração. Eu O banho com a água da minha mente pura, trazida pelo rio da fé e da devoção. Eu O adoro com as flores cheirosas do Samadhi pleno, para que eu não volte a nascer novamente neste mundo”. (Oração a Shiva) Ó Senhor, dá-me um coração Livre das chamas do desejo Dá-me uma mente Livre das ondas dos enganos! ORAÇÃO JUDAICA: Bendito és Tu, Adonai, nosso Deus, Rei do Universo, que extrais pão da Terra (Oração bênção dos alimentos, SIDUR) ORAÇÃO BAHAI: Sê generoso na prosperidade e grato no infortúnio. Sê digno de confiança de teu próximo e dirige-lhe um olhar alegre e amável. Sê um tesouro para o pobre, um conselheiro para o rico; Responde ao apelo do necessitado e preserva sagrada a tua promessa (…) (Oração pela paz, Bahá’u’lláh) Ó Senhor, dá-me olhos Que não vejam mais que tua glória. Dá-me uma mente Que se deleite em Teu serviço. Dá-me uma alma Embriagada pelo vinho de Tua sabedoria. (…) (Alcorão) ORAÇÃO BUDISTA: Refugio-me no Buda, nos seus ensinamentos (Dharma) e na comunidade de monges (Sangha)

2. A oração no Antigo Testamento

2. A oração no Antigo Testamento

2 - A oração no Antigo Testamento Pode-se dizer que a Bíblia nasceu da

2 - A oração no Antigo Testamento Pode-se dizer que a Bíblia nasceu da oração como fruto da escuta de Deus, a oração é sempre uma resposta ao Deus que chama. A oração do crente do Antigo Testamento está condicionada por pressupostos que lhe dão um cunho original em relação à oração situada fora do contexto da revelação bíblica: 1) A oração de Israel expressa o reconhecimento da acção de Deus na História, manifestando-se concretamente com a Aliança. 2) A oração de Israel é provocada pela iniciativa de Deus, de um Deus pessoal e não é da iniciativa do homem. «Escuta, Israel!» (Dt 6, 4). 3) A oração de Israel é vivida no quadro de duas experiências aparentemente contraditórias: a de um Deus próximo e a da majestade de Deus. O Deus pessoal de Israel tende à comunhão com o homem, possibilitada pela Aliança, significado último da oração de Israel e ponto de partida para o Novo Testamento. Ao longo da História de Israel, a atitude fundamental na oração israelita modificase: antes do Exílio, a oração é de confiança em Javé; nas épocas de crise, a oração já não é de confiança, mas essencialmente de súplica e resulta uma purificação da oração; quando a oração se desvia para oração carregada de ritualismo, os profetas colmatam as lacunas que impediam a verdadeira conversão de coração.

2 - A oração no Antigo Testamento Os grandes orantes do Antigo Testamento. Destacam-se

2 - A oração no Antigo Testamento Os grandes orantes do Antigo Testamento. Destacam-se Abraão, Moisés e David. ABRAÃO. Na sua oração encontramos a disponibilidade perante o plano de Deus. À chamada de Deus põe-se imediatamente a caminho em direcção a uma terra desconhecida; quando Deus lhe pede que sacrifique o seu único filho Isaac, obedece, mesmo, sem perceber aquilo que lhe é pedido. Abraão pensava em Deus a cada momento da sua existência. Sem ver, confia nas promessas de Deus. Abraão era amigo de Deus, intercede em favor de Sodoma e regateia o perdão divino para seus habitantes, não pediu nada para si, mas para os outros (cf. Gn 18, 20 -32). MOISÉS. Deus toma a iniciativa e aparece a Moisés no deserto em forma de sarça ardente que nunca se consome. Ao notar a presença do Senhor, Moisés prostra-se e não tem palavras para O adorar. O Mistério de Deus é grande, Ele é totalmente o Outro, o Transcendente, o Santo (cf. Ex 3, 1 -8). Com o passar dos tempos, com a maior intimidade com Deus, Moisés e Deus falam como «um amigo fala a outro amigo» , de olhos nos olhos (cf. Ex 33, 11). Deus revela-lhe o nome: é Javé; revelar o nome significa conhecer a pessoa na sua intimidade; isto é oração: intimidade com o Senhor. Moisés intercede pelo povo para que Deus o salve: apresenta as palavras do povo perante Deus. No final da vida, contempla as maravilhas que Deus fez pelo Seu Povo e pronuncia uma grande oração ao Libertador (cf. Dt 32).

2 - A oração no Antigo Testamento DAVID. Antes de subir ao trono de

2 - A oração no Antigo Testamento DAVID. Antes de subir ao trono de Israel, teve uma vida difícil; foi perseguido pelo Rei Saúl, teve de lutar contra os vizinhos para conseguir um reino de paz. Apesar disso, foi um grande orante. Segundo a tradição bíblica, compôs numerosas orações que ele próprio cantava e acompanhava com a harpa. É apresentado como o autor dos Salmos, embora nem todos sejam da sua autoria. Duas características: primeiro, a maneira como soube descobrir a presença de Deus, sempre pronto a ajudá-lo nas dificuldades. Por isso louvava a Deus pelas suas obras em favor do seu fiel servo e de todo o povo. Segundo, o seu arrependimento sincero, dado que a sua vida nem sempre foi edificante, cometeu adultério e assassinato. Foi nesta situação que David, segundo a tradição, compôs o salmo 51 (Miserere), onde reconhece o seu pecado e pede a Deus que crie nele um coração puro e renovado. A importância dos Salmos. Os Salmos são chamados de «o coração da Bíblia» , sendo um dos seus livros. É uma colecção de 150 salmos ( «Saltério» ), composições poéticas atribuídas a David e a Salomão. São as expressões mais elevadas da oração; estão feitos para serem cantados nas celebrações comunitárias. O próprio nome «salmos» deriva do latim psalmus e do grego psállein, significa «cantar ao som da cítara» . O saltério apresenta um aspecto heterogéneo, no entanto há uma unidade de estilo poético e de espírito, pelo qual esta colecção de cantos religiosos foi usada como texto de oração litúrgica no segundo Templo de Jerusalém. É um espelho da alma religiosa de Israel, tal como se forjou ao longo de sete séculos de história. Contêm uma profunda doutrina sobre Deus, os Seus atributos, a Providência que rege o mundo e a história de Israel.

2 - A oração no Antigo Testamento Os salmos são de diferentes géneros: há

2 - A oração no Antigo Testamento Os salmos são de diferentes géneros: há salmos de louvor pela grandeza de Deus (Sl 8, 9, 77, 98, etc. ), de acção de graças (Sl 66, 116, 136, etc. ), salmos de penitência e lamentação (Sl 6, 7, 31, 38, 86, 130, etc. ), salmos de maldição (Sl 35, 58, 109, etc. ), salmos de peregrinação (Sl 120— 134), salmos de entronização (Sl 47, 93, 99, etc. ). Há salmos que foram interpretados pelo NT como messiânicos (Sl 2, 22, 69, 72, 110) ou aplicados à exaltação escatológica de Javé como rei do mundo (por exemplo, os salmos de entronização). 1 Ao director do coro. Salmo de David. 2*Quando o profeta Natan foi ao seu encontro, depois do adultério com Betsabé. 3 Tem compaixão de mim, ó Deus, pela tua bondade; pela tua grande misericórdia, apaga o meu pecado. 4 Lava-me de toda a iniquidade; purifica-me dos meus delitos. 5 Reconheço as minhas culpas e tenho sempre diante de mim os meus pecados. 6 Contra ti pequei, só contra ti, fiz o mal diante dos teus olhos; por isso é justa a tua sentença e recto o teu julgamento. (…) Sl 51 1 Ao director do coro. Sobre a lira de Gat. Salmo de David. 2 Ó SENHOR, nosso Deus, como é admirável o teu nome em toda a terra! Adorarei a tua majestade, mais alta que os céus. 3 Da boca das crianças e dos pequeninos fizeste uma fortaleza contra os teus inimigos, para fazer calar os adversários rebeldes. 4 Quando contemplo os céus, obra das tuas mãos, a Lua e as estrelas que Tu criaste: 5 que é o homem para te lembrares dele, o filho do homem para com ele te preocupares? 6 Quase fizeste dele um ser divino; de glória e de honra o coroaste. 7 Deste-lhe domínio sobre as obras das tuas mãos, tudo submeteste a seus pés: 8 rebanhos e gado, sem excepção, e até mesmo os animais bravios; 9 as aves do céu e os peixes do mar, tudo o que percorre os caminhos do oceano. 10 Ó SENHOR, nosso Deus, como é admirável o teu nome em toda a terra! (Sl 8, 1 -10) Nota: há uma diferença na numeração entre as Bíblias hebraicas e a adoptada pela Versão dos Setenta e pela Vulgata; estas últimas foram adoptadas pelos livros litúrgicos. No caso do Salmo 51, corresponde ao Salmo 50 nas versões litúrgicas. A oração de Israel é uma escuta do Povo a um Deus que chama: «Escuta, Israel!» (Dt 6, 4) «Fala, Senhor, o Teu servo escuta!» (1 Sam 3, 10)

3. A oração no Novo Testamento

3. A oração no Novo Testamento

3 - A oração no Novo Testamento No Novo Testamento, destaca-se logicamente a oração

3 - A oração no Novo Testamento No Novo Testamento, destaca-se logicamente a oração de Jesus Cristo, modelo de oração; mas também podemos aprender com Maria, e com as primeiras comunidades cristãs. A ORAÇÃO DE JESUS CRISTO. 1) JESUS REZA: É MODELO DE ORAÇÃO. Características fundamentais da oração de Jesus: 1. Jesus, o homem orante: é uma oração contínua, a partir das circunstâncias da vida, une acção e contemplação. 2. Jesus, Filho de Deus: é uma oração filial e de Comunhão com o Pai. 3. Jesus ouvinte: é uma oração de escuta permanente. 4. Jesus obediente: é uma oração de resposta ao chamamento do Pai, é uma oração obediente, que procura a vontade do Pai. 5. É uma oração que supera os formalismos da oração judaica (que consistia em recitar orações de memória em momentos determinados). 6. É uma oração com formas, conteúdos e intenções diferentes (de acção de graças, de contemplação, de petição e súplica…). 7. É uma oração de intercessão pelos homens e principalmente pelos Apóstolos. 8. A oração de Jesus emerge da comunhão com o Pai, está em constante dependência da vontade divina; recolhe na oração a totalidade da Sua vida, no «Faça-se a Tua vontade» . Todas as Suas orações conduzem-no ao objecto da missão, à vontade do Pai, não O isola. Em Jesus existem três níveis de oração: 1) 2) 3) Oração litúrgica ordinária: Jesus reza como todo o bom judeu, abençoa a mesa (Mt 14, 19), observa o culto sabático (Mc 1, 21), participa de romarias religiosas (Jo 2, 13), recita o Shema Israel, as Dezoito Bênçãos, os Salmos, etc. A Sua oração pessoal: Jesus recolhe a tradição orante de Israel, mas supera-a; Jesus orava sempre, retira-se sozinho para orar (Lc 3, 21…), etc. Orações em momentos decisivos: Jesus aparece a orar antes de tomar decisões importantes para a Sua missão; ora no Baptismo (Mc 3, 13 -17), reza antes da eleição dos Apóstolos (Lc 6, 12 -13), antes de milagres, ao ensinar o Pai-nosso, na Transfiguração, antes da confissão de Pedro (Lc 9, 18), no Getsémani (Lc 22, 41), na Cruz (Mt 26, 36 -44), etc. Para o fim da vida, com a morte por perto, Jesus ora cada vez mais e a actividade diminui.

3 - A oração no Novo Testamento 2) JESUS ENSINA A REZAR: ELE É

3 - A oração no Novo Testamento 2) JESUS ENSINA A REZAR: ELE É O MESTRE DA ORAÇÃO. O PAI-NOSSO. Perante a pergunta de um dos discípulos «Senhor, ensina-nos a orar» (Lc 11, 1), deixou-nos o Pai-nosso ou a Oração do Senhor, que é oração cristã por excelência e síntese do Antigo e do Novo Testamentos. Mais do que uma fórmula, é um modelo para toda a oração. Nos Evangelhos há duas redacções: a de Mateus (6, 9 -15), mais ampla e a de Lucas (11, 2 -4). O Pai-nosso de Mateus começa com uma invocação inicial e articula-se em 7 petições: • Invocação inicial: «Pai-nosso que estais no céu» . O discípulo dirige-se a Deus chamando-o de «Pai» (Abba), como filhos no Filho; a paternidade de Deus expressa-se no plural: «nosso» , convida todos os homens à união; «que estais no céu» lembra a transcendência de Deus, que é Pai e Senhor, está próximo, mas também distante. 1ª «Santificado seja o Vosso Nome» : abertura das três súplicas relacionadas mais directamente com Deus; pedimos que Deus seja reconhecido no Seu poder e glória, mas o Reino de Deus inclui para a nossa salvação e a Sua glória consiste em salvar-nos. 2ª «Venha a nós o Vosso Reino» : o Reino está presente aqui, mas também é futuro; somente Deus pode estabelecer o Seu Reino, revelar Cristo na Parusia, dar-nos a ressurreição. 3ª «Faça-se a Tua Vontade, assim na Terra como no Céu» : a vontade de Deus não é só os Mandamentos, mas também o desígnio de Salvação; não é aceitar com resignação a vontade de Deus, mas é um povo que apressa com dinamismo a definitiva e completa execução da vontade divina para executar as suas obrigações éticas. «Assim na Terra como no Céu» , ou seja, em todas as partes, ou então assim como no céu o Reino e a vontade de Deus são perfeitamente cumpridas, também na Terra pede-se que seja réplica do céu.

3 - A oração no Novo Testamento As súplicas que se seguem dizem mais

3 - A oração no Novo Testamento As súplicas que se seguem dizem mais directamente respeito ao povo messiânico. «Entrar no Pai-nosso é perspectivar toda a vida a partir do ponto de vista de Deus. É esperar tudo da Sua graça ao mesmo tempo que pomos à disposição desta graça todas as potencialidades da nossa inteligência e acção. A grandeza dos filhos de Deus consiste em entrar, sem medianias, na obra do Pai» (A. George – Pare ler o Evangelho segundo S. Lucas) 4ª «O pão-nosso de cada dia nos dai hoje» : os pronomes possessivos estão na primeira pessoa do plural; a petição do pão é a mais humilde, mas também a mais importante, pois está no centro; há um sentido de dependência, o pão é fruto do nosso trabalho, mas também é dom de Deus; pede-se apenas o pão suficiente e nada mais, pois o Reino está em primeiro lugar e o resto está em função dele. A condição necessária é a confiança na generosidade do Pai celeste ( «Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã se preocupará consigo mesmo. A cada dia basta o seu mal» , Mt 6, 34). Os cristãos pedem o pão escatológico, do banquete do Reino de Deus, pois o “agora” da era escatológica aguarda pleno desenvolvimento. 5ª «Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido» : «ofensas» é a expressão judaica para indicar pecados, não vistos em si, mas em relação com Deus, a quem se deve prestar a adequada reparação. Pela sua importância, Mateus comenta-a: «Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso pai celeste vos perdoará a vós» (Mt 6, 14). O perdão do Pai é o motivo e a medida do perdão fraterno. 6ª e 7ª «E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal» : «Não nos deixeis cair em tentação» significa “não nos deixeis sucumbir à prova”; «livrainos do mal» traduz-se por “livra-nos do maligno”. Deus é Pai, mas não nos livra das provas; muitas vezes, o Pai parece estar em silêncio mediante as súplicas dos filhos, assim aconteceu com Jesus Cristo no Getsémani e na Cruz. O Pai-nosso abre com o Pai e encerra com o maligno e o homem está no meio, disputado. Mas o amor do Pai é mais forte que o maligno.

3 - A oração no Novo Testamento 3) JESUS ENSINA SOBRE A ORAÇÃO. Ao

3 - A oração no Novo Testamento 3) JESUS ENSINA SOBRE A ORAÇÃO. Ao modelo apresentado por Si mesmo, Jesus acrescenta instruções sobre a oração e denuncia com veemência as falsidades da oração. a) Jesus condena: a oração “mecânica” com muitas palavras; a oração hipócrita; a oração feita com sentido de magia; a oração feita só para a exibição; a oração feita sem atitude de perdão e reconciliação; a oração que não é acompanhada com o desejo sincero de cumprir a vontade o Pai. b) Jesus ensina: através de três parábolas essenciais sobre a oração, dá-nos alguns ensinamentos; a oração deve ser frequente, insistente e perseverante (parábolas do amigo importuno e da viúva importuna, Lc 11, 15 -33; Lc 18, 1 -8); deve ser feita com humildade do coração orante (cf. Lc 18, 914, parábola do fariseu e do publicano); a oração deve ser acompanhada com confiança, certeza e fé em que Deus escuta ( «Pedi e recebereis» , Jo 16, 24); só na oração se encontra a força para superar as provas; a oração deve ser feita ao Pai em nome de Jesus Cristo, para ser eficaz ( «Se pedirdes alguma coisa em Meu nome, Ele vo-lo dará» , Jo 16, 24); a oração pode ser individual ou comunitária; não deve ter muitas palavras, repetições vãs (cf. Mt 6, 5 -15); a vida não deve contradizer a oração.

3 - A oração no Novo Testamento A ORAÇÃO DE MARIA. • Maria é

3 - A oração no Novo Testamento A ORAÇÃO DE MARIA. • Maria é a síntese da experiência espiritual da intimidade porque aceitou a iniciativa e Deus ao acolher o dom da Sua presença e Palavra, o Filho de Deus; por meio dela, Deus realizou o Seu projecto de Salvação. • Os evangelhos colocam Maria numa atitude orante. Na Anunciação torna-se a Mãe de Jesus Cristo pela obediência à Palavra, faz silêncio meditativo e entrega-se aos planos de Deus. Renuncia à própria vontade e abraça o projecto do pai e deposita n’Ele toda a confiança. • É serva e mãe, por meio da oração e do serviço fraterno (cf. Lc 1, 29). A oração contemplativa de Maria torna-se oração de intercessão pelas necessidades dos irmãos nas Bodas de Caná (cf. Jo 2, 1 -19); no Calvário rezou como ninguém o sofrimento (cf. Jo 19, 25 -27): diante do Mistério Redentor do Seu Filho, acolhe participa e consente. Contempla, no silêncio, as maravilhas de Deus, atitude dos humildes: guardava e meditava em seu coração tudo quanto se referia a Jesus (cf. Lc 2, 19. 51). No Magnificat (Lc 1, 46 -55) manifesta os sentimentos profundos da oração: louvor, gratidão, humildade, fidelidade, reconhece a misericórdia de Deus e a solidariedade. A atitude de oração de Maria foi providencial para a vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos, no Cenáculo, que marca o início da Igreja (cf. Act 1, 14). Colaborou para que a comunidade «fosse um só coração e uma só alma» . Ela desperta no cristão a necessidade de rezar, tanto oração pessoal, como comunitária. «Cada um que reza mediante a escuta se identifica com a Virgem que traz no seu ventre o verbo e o gera como Filho seu e do Pai» (H. von Balthasar)

3 - A oração no Novo Testamento A ORAÇÃO DAS PRIMEIRAS COMUNIDADES CRISTÃS. «

3 - A oração no Novo Testamento A ORAÇÃO DAS PRIMEIRAS COMUNIDADES CRISTÃS. « 26É assim que também o Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza, pois não sabemos o que havemos de pedir, para rezarmos como deve ser; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis. 27 E aquele que examina os corações conhece as intenções do Espírito, porque é de acordo com Deus que o Espírito intercede pelos santos» (Rm 8, 26 -27) • Nos Actos dos Apóstolos mostra-se uma comunidade de primeiros cristãos orante (cf. Act 2, 42), assíduos à oração (cf. Act 1, 14). • Os momentos cruciais estão marcados pela oração: na substituição de Judas (cf. Act 1, 24), na eleição dos sete (cf. Act 6, 6), pela libertação de Pedro e João (cf. Act 4, 24 -30); Pedro e João oram pelos convertidos baptizados por Filipe (Act 8, 15); Estêvão ora no momento da sua morte (cf. Act 7, 59 s). • Vemos Pedro a orar (cf. Act 9, 40; 10, 9) e também Paulo (cf. Act 9, 11; 13, 3…). • A oração é dirigida ao Pai em nome de Cristo (cf. Ef 5, 20) ou directamente a Jesus (cf. Act 7, 59). • Paulo exorta as suas comunidades a orar sempre (cf. 2 Tes 2, 11). Paulo dirige-se ao Pai por Cristo e n o Espírito, é uma oração trinitária. Mais do que orar a Jesus, é orar em Jesus, filhos no Filho. O Espírito Santo que «vem em auxílio da nossa fraqueza» (cf. Rm 8, 26 -27), faz-nos ver que somos filhos de Deus e possibilita-nos invocar a sós Deus com o nome de Pai (cf. Gal 4, 6). • A primitiva Igreja invoca firmemente, Maranathá!: «Vem, Senhor Jesus!» (cf. Ap 22, 20 -21).

4. A oração cristã

4. A oração cristã

4 - A oração cristã A ORIGINALIDADE DA ORAÇÃO CRISTÃ. A oração não é

4 - A oração cristã A ORIGINALIDADE DA ORAÇÃO CRISTÃ. A oração não é exclusiva do cristão. Quais as especificidades da oração cristã? • A oração dos cristãos participa da oração de Cristo. Não só porque a fazemos seguindo o Seu exemplo, mas também porque Ele nos comunica o Espírito, que ora em nós (Rm 8, 1415. 26). Cristo ora em nós, os cristãos. O povo cristão, na sua condição sacerdotal, está destinado à oração, a louvar Deus e a interceder pelos homens. Sem esta intimidade, sem a oração, não pode haver vida cristã. • A oração cristã tem estrutura trinitária. A base da oração cristã está na fé num Deus pessoal, Uno e Trino. Oramos ao Pai: «Quando orardes, dizei: Pai» (Lc 11, 2). É o que diz em nosso interior o Espírito Santo que nos faz filhos: «Abba! Pai!» (Rm 8, 15). Oramos em Cristo, com Ele e por Ele. Oramos pelo Espírito Santo, que vem em ajuda da nossa fraqueza e ora em nós (Rm 8, 26). Isto não impede, que a oração se dirija também a Jesus, ao Espírito Santo, a Nª Senhora, aos santos e aos anjos; mas toda a oração na última estância dirige-se ao Pai. • A oração cristã é uma relação pessoal, filial e imediata do cristão com Deus, à luz da fé, em amor de caridade. Tudo o que o cristão faz na vida deve uni-lo a Deus, na base do amor e para Sua maior glorificação (1 Cor 10, 31) e levá-lo a sair dela com fé, esperança e caridade mais intensas, decidido a viver mais sinceramente a sua condição de filho de Deus. A oração cristã é inseparável da nossa atitude de serviço frente aos outros: está ao serviço do Reino. • A oração é, primariamente, uma obra do Espírito Santo na mente e no coração do homem. Não é uma acção que começa no homem e termina em Deus, mas começa em Deus, actua no homem e termina em Deus. É graça dada por Deus. Não se trata apenas da busca natural do homem face ao divino, mas da revelação na qual Deus tem a iniciativa e relaciona-Se com nós: é dialógica e pessoal (Deus fala e o homem escuta e responde).

4 - A oração cristã A FORMA TRINITÁRIA DA ORAÇÃO CRISTÃ. • ORAR EM

4 - A oração cristã A FORMA TRINITÁRIA DA ORAÇÃO CRISTÃ. • ORAR EM NOME DE JESUS CRISTO: A norma da oração cristã é a oração de Jesus, para chegar «por Cristo ao Pai» (Ef 5, 20): deve fazer-se em nome de Jesus (Jo 14, 13 s), para sermos escutados. Orar «em nome de Jesus» , é orar como discípulos de Jesus, pelo Seu seguimento e segundo o espírito e estilo de Jesus, com os mesmos sentimentos e atitude perante o Pai. É uma oração suscitada, movida e animada pelo Espírito de Cristo que habita em nós. «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim» . (Gl 2, 20). É Cristo que leva à oração e a sustenta: «Se permanecerdes em Mim e as Minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e assim vos acontecerá» (Jo 15, 7). A nossa oração nasce da comunhão com Cristo. É orar como membros do Seu Corpo que é a Igreja. «Digo-vos ainda: se dois de entre vós se unirem, na Terra, para pedir qualquer coisa, hão-de obtê-la de Meu Pai que está no Céu. Pois, onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, Eu estou no meio deles» (Mt 18, 19 -20). Os cristãos oram em comunhão com todos os que vivem animados pelo Espírito de Cristo. Até a oração mais pessoal de cada um, perante o Pai que está no segredo (Mt 6, 6), chega ao Pai por meio de Cristo e unida a quantos formam o Seu Corpo. Exige abrir-se ao perdão: «Quando vos levantais para orar, se tiverdes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe primeiro, para que o vosso Pai que está no céu vos perdoe também as vossas ofensas» (Mc 11, 24). É orar através da Sua mediação. Cristo é o único Mediador perante o Pai. Ressuscitado «está vivo para sempre, a fim de interceder por eles» (Heb 7, 25). O cristão sabe que tem junto do Pai um advogado, Cristo, o Justo (cf. 1 Jo 2, 1). Ao orar, o cristão participa dessa oração universal que Cristo eleva ao Pai por todos. «E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei. » (Jo 14, 13 -14)

4 - A oração cristã A FORMA TRINITÁRIA DA ORAÇÃO CRISTÃ. • «Quando orardes,

4 - A oração cristã A FORMA TRINITÁRIA DA ORAÇÃO CRISTÃ. • «Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; o pão nosso quotidiano dá-nos de dia em dia"» (Lc 11, 2 -3) INVOCAR A UM DEUS PAI: O traço mais original da oração cristã provém da confiança de filhos de Deus, dizendo: «Quando orardes, dizei: Pai» (Lc 11, 2). A oração do cristão é um diálogo com um Deus pessoal que está atento aos desejos do homem. Certos métodos embora tenham valor intrínseco, pelo recolhimento que provocam, não são oração cristã, se não conduzem a pessoa para o Pai. A oração dos salmos, feita de súplicas ardentes, invocações confiadas e desejo de Deus, orienta o cristão para o cerne da oração cristã. É uma oração que invoca a um Deus Pai, com confiança filial. Jesus dirigia-Se ao Pai chamado-Lhe «Abba» e fiéis a esse espírito, também os cristãos são «filhos no Filho» : «Vós (…) recebestes um Espírito que faz de vós filhos adoptivos. É por Ele que clamamos: Abbá, ó Pai! Esse mesmo Espírito dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus» (Rm 8, 15 -16). O cristão não reza a um Deus distante, mas a um Pai misericordioso que nos ama sem fim (Mt 7, 11). A oração cristã não é fácil, mas é simples: é necessário a sinceridade e humildade, pois Ele revela-Se, não tanto aos sábios, mas aos pequenos (Mt 11, 25). É uma oração a um Deus Pai, mas não infantiliza, mas torna o cristão mais responsável na vida. O cristão ora para que se fortaleça na fé e para melhor cumprir a vontade do Pai (Mt 26, 41) e não para que Deus mude a Sua vontade e cumpra a nossa. Assim orava Jesus: «Não se faça a minha vontade, mas a Tua» (Lc 22, 42). O discípulo de Jesus abre-se ao amor universal. A filiação fundamenta a fraternidade: todos rezamos ao Pai, que não exclui ninguém. «Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem» (Mt 5, 44 -45).

4 - A oração cristã A FORMA TRINITÁRIA DA ORAÇÃO CRISTÃ. • MOVIDOS PELO

4 - A oração cristã A FORMA TRINITÁRIA DA ORAÇÃO CRISTÃ. • MOVIDOS PELO ESPÍRITO: A oração cristã é graça, é dom. A iniciativa é sempre de Deus, que move os corações. Só se pode orar movidos pelo Espírito. A verdadeira profundidade da oração cristã é «no Espírito» (Ef 6, 18). O Espírito de Deus habita em cada um de nós. «Deus enviou aos nossos corações o Espírito do Seu Filho, que clama: “Abbá!-Pai!”» (Gl 4, 6). A oração não é questão de técnicas, é mais de escuta e de atenção interior a este Espírito que nos atrai para Deus. «Orando ao Espírito Santo, mantede-vos no amor de Deus» (Jd 20 -21). O Espírito é dom que exige ser acolhido de forma livre. O Espírito ajuda na oração. Não sabemos orar bem. Ele transforma a nossa oração: «O Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza, pois não sabemos o que havemos de pedir, para rezarmos como deve ser; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis» (Rm 8, 26); ensina gradualmente a verdade sobre Deus: «O Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa» (Jo 16, 13). O Espírito Santo gera frutos. A oração não é questão de métodos (também importantes se ajudarem a orar em «espírito e verdade» Jo 4, 23), mas é a oração do Espírito em nós que faz crescer em cada um os Seus frutos: «Amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio» (Gl 5, 22 -23). O primeiro que se pede a Deus é «o Espírito» (cfr. Lc 11, 13), que transformará a oração. «Digo-vos, pois: Pedi e ser-vos -á dado; procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á; 10 porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra, e ao que bate, abrirse-á. 11 Qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? 12*Ou, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? 13*Pois se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que lho pedem!» (Lc 11, 9 -13)

4 - A oração cristã DEFINIÇÕES DE ORAÇÃO CRISTÃ. Não se pode orar sem

4 - A oração cristã DEFINIÇÕES DE ORAÇÃO CRISTÃ. Não se pode orar sem saber em que consiste. A oração é algo fácil e difícil. Fácil porque falar com Deus pode ser feito a todo o momento e circunstância; difícil porque não sabemos o que é orar. Teologicamente não é fácil definir oração, dada a grande quantidade de facetas que apresenta na vida cristã: é tão complexo como definir o mesmo Amor. Orar deriva do latim precari, significa suplicar ou pedir. Mas é mais do que isso. O que nos dizem os vários mestres espirituais acerca da oração? Jesus Cristo, o Mestre por excelência ensinou-nos a oração do Painosso e as condições que acompanham a verdadeira oração. «A oração é uma conversação ou colóquio com Deus» (São Gregório de Nisa) «É falar com Deus» (São João Crisóstomo) É «uma «Um falar conversação familiar e união com Deus» (Santo Agostinho) com Deus» (São João Clímaco) PADRES DA IGREJA «A elevação da alma para Deus e a petição do que se necessita de Deus» (São Pedro Damião)

4 - A oração cristã PADRES DA IGREJA «É a elevação da mente para

4 - A oração cristã PADRES DA IGREJA «É a elevação da mente para Deus para Lhe pedir coisas convenientes» (São João Damasceno) «É o acto pelo qual nos dirigimos a Deus com o intuito de O louvar» (Orígenes) IDADE MÉDIA «É a grande arte de saber conviver com Jesus» (Tomás de Kêmpis» ) «É o piedoso efeito da mente dirigido a Deus» (São Boaventura) «É a elevação da mente para Deus para louvá-Lo e pedir-Lhe coisas convenientes para a eterna salvação» (S. «É um colóquio» (Santo Inácio de Loiola) «É tratar com amizade, estando muitas vezes a só com quem sabemos que nos ama» (Stª Teresa de Ávila) Tomás de Aquino) MAIS RECENTEMENTE… «É um impulso do coração, uma simples olhadela ao céu, um grito de gratidão e amor…» (Stª Teresa do Menino Jesus) «É a elevação do nosso coração a Deus, uma doce conversa entre a criatura e o Seu Criador» (Stº Cura d’Ars) «Orar é pensar em Deus amando-O. Quanto mais é amado, mais se ora» (Charles de Foucald) «Oração mental é esse diálogo com Deus, de coração a coração, no que intervém toda a alma… (S. Josemaria Escriva Balaguer) «É um diálogo com Deus, um diálogo de confiança e amor, como ensina, com o fim de adorá-l’O, dar-Lhe graças, implorar o perdão e pedir o que precisamos» (João Paulo II) «É A oração é a elevação da alma para Deus ou o pedido feito a Deus de bens convenientes» (CIC 2590). A quarta parte do Catecismo da Igreja Católica é dedicada á Oração cristã (2558 -2865)

4 - A oração cristã • Aqui encontramos palavras-chave: diálogo, elevação, adoração, tratamento de

4 - A oração cristã • Aqui encontramos palavras-chave: diálogo, elevação, adoração, tratamento de amizade. • A oração implica um encontro do homem com Deus e um homem que responde com afectividade, emoções, inteligência e com a livre vontade. Orar é chamar e responder. É um diálogo com o Amor. É um encontro real com Deus presente no homem pela acção do Espírito Santo, acção oculta, mas sempre transformante, quando acolhida com generosidade. Aqui entra a definição de Santa Teresa de Jesus. • A oração é um falar com Deus, falar com Ele com a mesma naturalidade e simplicidade como o faríamos com um amigo de confiança. Nesta linha estão as definições de Santa Teresa do Menino Jesus e de São João Damasceno. É um acto de fé, que sustenta a oração, coloca-a em marcha e se exercita nela. A oração não leva a uma iluminação interior que prescinde da revelação acolhida pela fé. As graças místicas são dons gratuitos de Deus pedidos com fé e amor.

4 - A oração cristã FORMAS DE ORAÇÃO CRISTÃ: A ORAÇÃO PRIVADA E A

4 - A oração cristã FORMAS DE ORAÇÃO CRISTÃ: A ORAÇÃO PRIVADA E A LITÚRGICA. • As duas grandes formas da oração cristã são a oração privada e a oração litúrgica. • Quando a oração é feita a Deus por um indivíduo em particular temos a oração privada, recomendada por Jesus: «Tu, quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta, reza em segredo a teu Pai» (Mt 6, 6). Não tem regras especiais, nem exigências de tempo ou de lugar. Os grandes mestres da oração coincidem num crescimento da oração conforme o caminho percorrido, a “idade espiritual” em graus de oração. Stª Teresa de Jesus conseguiu, pelo dom de Deus, conhecer essa doutrina espiritual. Conta a sua experiência pessoal, mas com a consciência que recebeu de Deus graças especiais para ensinar nestes domínios. As linhas essenciais na dinâmica da oração são: a oração passa de formas activas-discursivas para passivas-simples (mística); a oração passiva ou mística é dom gratuito de Deus, não se adquire; a vontade de orar fixa-se em Deus pelo amor; a consciência da presença de Deus é pobre na oração activa, mas irrompe na mística; a perfeita oração contínua, fusão entre contemplação e acção, só se alcança na mística; é simultâneo o crescimento da vida cristã e o da oração. • A oração litúrgica é a oração de toda a Igreja: o indivíduo participa, não como indivíduo privado, mas como membro da Igreja de Cristo. A Liturgia é a oração oficial da comunidade eclesial guiada por Cristo e sujeita-se a regras. Condições: modelo aprovado pelos responsáveis do culto da Igreja; recitada em nome da Igreja; presidida por uma pessoa autorizada. Na liturgia, o indivíduo torna-se parte integrante da comunidade que ora e de Cristo que ora. A forma mais alta d a liturgia é o Sacrifício Eucarístico; outra é a Liturgia das Horas. A oração privada deve-se orientar para a preparação para o efectivo culto litúrgico de Deus, para a participação na liturgia, centro da vida de oração pessoal de cada um.

5. O itinerário da oração cristã

5. O itinerário da oração cristã

5 – O itinerário da oração cristã 1) DISPOSIÇÕES PARA A ORAÇÃO. A oração

5 – O itinerário da oração cristã 1) DISPOSIÇÕES PARA A ORAÇÃO. A oração cristã deve ter certas qualidades (conforme Jesus ensinou) e tendo em atenção condições de lugar, tempo e atitudes corporais. O cristão, templo do Espírito Santo, pode orar em qualquer lugar, no quarto em segredo e sobretudo nas igrejas, lugares privilegiados de encontro com Deus. Deve-se dedicar ao Senhor a hora em que se está mais atento; a duração varia conforme as idades espirituais da pessoa. Recomenda-se a orientação de um Director Espiritual. As posturas corporais influem na oração; no Novo Testamento, as mais importantes são: de pé (Mc 11, 25), de joelhos (Mc 29, 36), elevar as mãos (1 Tim 2, 8), sentados em Assembleia (Act 20, 9); bater no peito (Lc 18, 13), com os olhos no céu (Mt 14, 19) ou baixos (Lc 18, 13), para oriente (Lc 1, 78). O essencial é não adoptar uma postura que pareça estranha a si ou à comunidade. O principiante ainda se vê afectado pelas condições ambientais, frio, ruído, etc. , mas o místico já não (ou quase).

5 – O itinerário da oração cristã 2) DIFICULDADES E AJUDAS NA ORAÇÃO. O

5 – O itinerário da oração cristã 2) DIFICULDADES E AJUDAS NA ORAÇÃO. O homem é um «animal orante» , mas a oração não é fácil: é uma arte que requer muita prática. Principais dificuldades na oração: distracções, obstáculo enunciado por Santa Teresa de Ávila, que incute o desânimo a muitos; mas só impedem a oração quando se consente; quem tenta rezar de verdade, está a fazer um acto de fé contínuo; como diz São Bernardo: «Procurar a perfeição já é perfeição» ; importa é perseverar na busca de Deus; a vida com stress, falta de tempo e tensão nervosa; a educação moderna, que menospreza a disciplina e incentiva o comodismo; mas sem ascese, não há vida de oração; humanismo horizontal, dá mais valor aos valores humanos e o transcendental é deixado na sombra, o que extingue a oração; pragmatismo, utilitarismo. . . : orar, para quê? O sucesso obceca e faz perder o gosto da oração; e o intelectualismo, o tratar mais com ideias do que com Alguém, impede Deus como o grande Tu. Para ajudar na oração, o cristão deve: pedir o dom da oração, primeiro objecto de nossas súplicas, o dom de saber e poder orar, que podemos obter mediante a própria oração; ser dócil ao Espírito, ao Mestre interior (Rm 8, 26); requer-se generosidade para corresponder aos Seus impulsos, que nos querem levar a maior perfeição; mas «Não entristeçais o Espírito Santo de Deus» (Ef 4, 30), deve-se fugir de todo pecado e de toda imperfeição voluntária, criando assim afinidade ou com Deus; ter vida de disciplina e ascese (em nós existe o velho homem com suas concupiscências (Ef 4, 22 -24), entrave à formação do homem novo; a mortificação começa por coisas simples, como a guarda dos sentidos, como olhos, ouvidos, imaginação, memória e o cultivo do silêncio ou o recolhimento interior, que evita devaneios inúteis); amar o próximo, é penhor da mais íntima familiaridade com Deus, «como pode amar a Deus, que ele não vê aquele que não ama o próximo, que ele vê? » (1 Jo 4, 20); ler. O contacto com a Palavra de Deus habilita a um colóquio mais saboroso com Ele; ninguém ama o que não conhece; ter um método de oração para coibir a dispersão e as distracções. O método monástico por excelência é a Lectio Divina. O importante é o desejo de se encontrar com Deus.

5 – O itinerário da oração cristã 3) AS ORAÇÕES ACTIVAS. O cristão principiante

5 – O itinerário da oração cristã 3) AS ORAÇÕES ACTIVAS. O cristão principiante pratica a oração em formas activas, discursivas, com imagens e palavras: as orações activas; as principais formas são a oração vocal, a oração mental e a oração afectiva. A ORAÇÃO VOCAL Pode ser utilizada uma fórmula fixa ou palavras de forma espontânea. Em qualquer caso, as palavras devem exprimir os pensamentos daquele que ora. Uma forma de oração vocal consiste na recitação de fórmulas oracionais já compostas. É o modo mais humilde de orar, mais fácil de aprender e mais praticado pela História da Igreja e mais válido para todas as idades espirituais. Contudo, esta forma de oração é realizada mal, com frequência. É feita muitas vezes depressa, sem atenção ao que se diz ou sem o entender. «Porque naquela em que não se adverte com Quem se fala e o que se pede e quem é que pede a Quem, não lhe chamo eu oração, embora muito meneie os lábios» . Deve-se atender a Quem se fala e ao que se diz, escolher bem as orações, conhecer os textos, com palavras breves e repetição cadenciada (Jesus orava só com uma frase no Getsémani, à qual voltava por várias vezes, Mc 14, 36 -39). O cristão deve viver em oração contínua, orar em todo o tempo. A Igreja vive em oração contínua. Há práticas que a estimulam: a Liturgia das Horas, composta para se atingir a «santificação do dia e de toda a actividade humana» ; o Angelus, o Rosário, etc. ; existem outras breves orações intercaladas durante a acção diária: as jaculatórias, por exemplo «Faça-se a Tua vontade» ; Estas orações são tão breves e velozes, que recebem o nome esquisito de “jaculatórias”, que provém de uma palavra latina que significa flecha. E elas são como flechas atiradas, num segundo, ao coração de Deus: “Senhor, tende piedade de nós!”, “Meu Deus, valei-me!”, “Jesus, eu vos amo!”, etc. » , provêm do Espírito e fazem da vida cristã uma oferta permanente. Outra forma de oração vocal é a oração espontânea de muitas palavras. É uma forma de orar básica, que não requer aprendizagem. É “espontânea”, porque não é assistida por nenhum método, brota dos impulsos do coração, com a assistência do Espírito; de “muitas palavras”, é próprio dos principiantes, pois se aquelas terminam, cessa a oração.

5 – O itinerário da oração cristã A ORAÇÃO MENTAL: MEDITAÇÃO E ORAÇÃO AFECTIVA

5 – O itinerário da oração cristã A ORAÇÃO MENTAL: MEDITAÇÃO E ORAÇÃO AFECTIVA A oração mental é caracterizada pela ausência de palavras ou gestos externos, mas a inteligência e a vontade estão atentas a Deus. É uma aproximação mais pessoal de Deus, do que a oração vocal. São Tomás de Aquino diz que a meditação é necessária para a devoção. Os autores espirituais descrevem três fases de oração mental: a meditação, a oração afectiva e a contemplação, as duas primeiras activas e a última passiva. - MEDITAÇÃO CRISTÃ ou «oração discursiva» é uma forma de oração mental que consiste na aplicação das diferentes faculdades da alma: memória, imaginação, intelecto e vontade, à consideração de algum mistério, princípio, verdade ou feito com vista a provocar as emoções espirituais adequadas e encontrar uma solução acerca da acção a tomar considerando Santa Teresa de Ávila (ou a vontade de Deus. Há uma parte discursiva; e a mais importante, o Santa Teresa de Jesus), elemento amoroso, de encontro pessoal com Aquele que sabemos que nos 1515 -1582. Religiosa ama (cf. V 8, 5). Neste sentido, a meditação é oração na medida em que se carmelita. É uma das produz nela este encontro de amizade. Tal prática tem sido comum nas maiores personalidades da mística católica de almas temerosas a Deus. Cristo deixou exemplos e São Paulo refere-se a todos os tempos. As suas isso frequentemente (por exemplo, Ef 6, 18). Na Igreja sempre foi praticada. obras, especialmente as Na Idade Média, São Bernardo de Claraval ensina os discípulos a centrarem mais conhecidas (Livro da as suas meditações sobre Cristo, na Sua humanidade. Mais tarde, os Vida, Caminho de franciscanos popularizam a meditação sobre a pobreza e paixão de Cristo. Perfeição, Moradas e Fundações), contém uma Mais tarde, os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola foram doutrina que abraça toda escritos para orientar os directores espirituais na promoção da oração a vida da alma, desde os mental. Destaque para o método de Santa Teresa de Jesus, mais tarde primeiros passos até à desenvolvido por Santo Afonso Ligório; e para a tradição influente do intimidade com Deus no Oratório Francês, do Cardial de Bérulle e o método cristocêntrico do padre centro do Castelo Interior. Aqui seguimos Santa João Olier, desenvolvido pelos Sulpicianos e ensinado a muitas gerações de Teresa. seminaristas.

5 – O itinerário da oração cristã A ORAÇÃO MENTAL: MEDITAÇÃO E ORAÇÃO AFECTIVA

5 – O itinerário da oração cristã A ORAÇÃO MENTAL: MEDITAÇÃO E ORAÇÃO AFECTIVA (cont. ) Os métodos de oração meditativa não devem ser sobrevalorizados, como infalíveis para levar à oração. Esta só surge com a força do Espírito Santo. Mas também não devem ser menosprezados, . Os métodos têm três elementos essenciais: a preparação, a oração mental propriamente dita e a conclusão. A preparação remota é o conjunto da vida; a imediata, pode ser o retirar para um lugar calmo, o ler um texto escolhido da Escritura, colocar-se na presença de Deus, pedindo-Lhe que nos ajude a meditar bem. O corpo da meditação consiste na reflexão devota sobre um tema escolhido. Na conclusão pode incluir-se uma conversa com Deus, com Maria Santíssima ou com algum santo. Deve levar-nos a tomar uma resolução firme na nossa vida. Exemplos: meditar orações vocais, palavra por palavra; orar lendo um livro, como nos aconselha Santa Teresa; orar escrevendo; a Lectio Divina. . . Não se trata de orar mais para fazer melhores obras, mas orar mais para compreender o que se deve fazer, a partir de uma opção interior. A lectio Divina É uma aproximação gradual ao texto bíblico e remonta ao antigo método dos Padres da Igreja, herdado do uso rabínico. Compreende oito passos sucessivos: a lectio (leitura): consiste em ler e reler o texto da Escritura, pondo em relevo os aspectos fundamentais; a meditatio (meditação): a reflexão sobre os valores perenes do texto. O que me diz a mim? ; a oração (oratio) é a primeira prece que nasce da meditação: Senhor! Fazme captar a mensagem deste texto para a minha vida!; a contemplatio (contemplação) trata-se de deter-se com amor no texto e de passar deste e a sua mensagem à contemplação de Jesus Cristo; a consolação (consolatio) é apontada por Santo Inácio de Loyola; sem este elemento a oração perde o “gosto”: mas é dom; dela nascem as grandes opções interiores da pobreza, da castidade, da obediência e da fidelidade; o discernimento (discretio) é a capacidade de discernir tudo aquilo que é evangélico do que não é; a deliberação (deliberatio) é a decisão perante o discernimento; no fundo, a decisão da vocação; por fim, a acção (actio) é o fruto de todo o caminho. «É no contexto dos dons da Inteligência e Sabedoria que devemos entender a «Lectio Divina» , ou a escura silenciosa da Palavra de Deus. (…) A Palavra deve ser escutada e acolhida com o mesmo amor que o Espírito Santo infunde na alma do crente» , (COMISSÃO NACIONAL DO JUBILEU DO ANO 2000 – O Espírito Santo e a Igreja Hoje. Lisboa, 1997).

5 – O itinerário da oração cristã A ORAÇÃO MENTAL: MEDITAÇÃO E ORAÇÃO AFECTIVA

5 – O itinerário da oração cristã A ORAÇÃO MENTAL: MEDITAÇÃO E ORAÇÃO AFECTIVA (cont. ) - ORAÇÃO AFECTIVA OU DE SIMPLICIDADE: é uma forma mais profunda de oração mental, em que a reflexão e a investigação desempenham um papel menor, pois o espírito e coração estão firmemente radicados em Deus e voltam-se mais facilmente para Ele, com maior profundidade. Passa-se como num par de namorados que gostam um do outro: ao princípio, gostam de conversar muito; mas chega um tempo em que gostam mais da presença, do olhar, do gesto, do que das palavras. A maior parte dos verdadeiros cristãos podem chegar a esta fase da oração. Na oração mental nota-se certos sinais de que a oração começa a ser árida e desprovida de sentido; porventura será o sinal de que estarão preparados para a alegria mais profunda de uma oração mais simples. Santa Teresa chama-lhe de recolhimento activo. É uma oração de recolhimento, «porque a alma recolhe todas as potências e entra dentro de si com o seu Deus» (CP, XXVIII, 4). As palavras usadas são poucas. É uma simples olhada, com atenção amorosa; o orante representa o Senhor no seu interior, a Sua presença. Esta oração não se dá sem que se haja produzido uma purificação activa dos sentidos e do espírito bastante avançada. Às vezes é dolorosa, outras é de gozo, mas é sempre proveitosa.

5 – O itinerário da oração cristã 4) RUMO À CONTEMPLAÇÃO: AS ORAÇÕES SEMI-PASSIVAS.

5 – O itinerário da oração cristã 4) RUMO À CONTEMPLAÇÃO: AS ORAÇÕES SEMI-PASSIVAS. Há um grau intermédio entre as orações activas e as passivas: as semi-passivas. Santa Teresa distingue nesta fase da oração três formas: 1ª - O recolhimento passivo, psicologicamente semelhante ao recolhimento activo (afectividade), mas o orante dá conta que é um modo de oração infundido por Deus e não adquirido. É a transição para a oração de quietude, prelúdio da mística. 2ª - A oração de quietude, forma mais característica de oração semi-passiva, é princípio da pura contemplação. Dá à alma a certeza da presença de Deus; mas dá por vezes grande sofrer; «é um pôr-se a alma em paz, ou pô-la o Senhor, para melhor dizer, com a Sua presença (…) porque todas as potências se sossegam (…) É como um amortecimento interior e exterior (…) Sente-se grandíssimo deleite no corpo, e grande satisfação na alma (…) As potências sossegadas, não se quereriam bulir, tudo lhes parece as estorva a amar (…). Aqui só a vontade é a cativa» (CP 31, 2 -3). 3ª - O sonho das potências, mais passivo que a oração de quietude, experimentouo Santa Teresa na oração durante alguns anos: «é Ele (…) quem faz tudo. É um sono das potências em que nem de todo se perdem nem entendem como operam. O gosto, suavidade e deleite são sem comparação maiores do que o passado. (…) Não me parece outra coisa senão um morrer quase de todo a todas as coisas do mundo e estar gozando de Deus» (V, XVI, 1). S. João da Cruz (1542 -1591) rade carmelita espanhol, místico, autor de Subida do Monte Carmelo. Os efeitos espirituais destas orações semi-passivas são: acrescento das virtudes e começa um amor a Deus desinteressado; cessa a fascinação pelas coisas do mundo; intensifica-se a busca da perfeição; as considerações discursivas que antes ajudavam a orar, agora só estorvam[2]. Santa Teresa advertiu que são muitos os que aqui chegam, mas poucos os que daqui passam, «que me causa vergonha dizê-lo» (V, XV, 5).

5 – O itinerário da oração cristã 5) A ORAÇÃO CONTEMPLATIVA OU MÍSTICA: ORAÇÃO

5 – O itinerário da oração cristã 5) A ORAÇÃO CONTEMPLATIVA OU MÍSTICA: ORAÇÃO PASSIVA. A verdadeira oração cristã é a oração mística ou contemplação, que corresponde aos cristãos perfeitos, grau mais elevado da oração. É o dom mais generoso que Deus concede, nesta vida, aos que O amam com fidelidade. Estamos nas orações passivas: . É pela cruz, noites escuras e da fidelidade nas tentações, que se chega a tão grande amor. Não é fácil de descrever: «pois não se há-de saber dizer nada nem o entendimento o sabe entender nem as comparações podem servir para o declarar» (M, Quintas Moradas, I, 1). Os místicos utilizam imagens, para descrever o indescritível. Santa Teresa utiliza uma imagem em três fases: 1ª - União Simples: «Estando assim a alma buscando a Deus, sente-se, com deleite grandíssimo e suave, quase de todo desfalecer à maneira de desmaio. Vai-lhe faltando o fôlego e todas as forças corporais, de modo que não pode sequer menear as mãos a não ser a muito custo» (V, XVIII, 10). Contudo, «A vontade é que segura a teia, mas as outras duas potências (entendimento e memória) depressa voltam a importunar» (V, XVIII, 13). A Presença divina é captada na alma do orante de forma indubitável. 2ª - União extática (desposórios): o orante une-se a Deus de forma extática, mas breve: «Deus rouba toda a alma para Si, e que, como a coisa própria Sua (…) e não quer estorvo de ninguém, nem das potências, nem dos sentidos (…) de modo que não parece ter alma. Isto dura pouco tempo» (6 M, IV, 9. 13). Há uma «grandíssima suavidade e deleite» . Mas também pode haver terrível sofrimento, penas que parecem ser das que se se «padecem no purgatório» . É a última noite, última purificação passiva do espírito. 3ª - União transformante (matrimónio): culminar e plenitude da oração cristã, onde se consuma o matrimónio espiritual entre Deus e o homem. Já não encerra em si o desfalecimento corporal do êxtase. Não é contemplação breve, é oração mística permanente, na qual o orante está sempre consciente da presença da Trindade. Os efeitos desta oração mística são notáveis: cresce a lucidez espiritual para ver a Deus, o mundo, para conhecer-se a si mesmo e o tempo passado lhe parece obscuridade e dor; nasce uma grande ternura pelo Senhor, no coração, que lhe concede ânimo para toda a boa obra. Mas «não lhes falta cruz, salvo que não as inquieta, nem lhes faz perder a paz» (7 M 3, 15). Deus mostra ao homem os seus pecados e o põe na firme disposição de nunca mais cometer um pecado, por pequeno que seja. A contemplação de Deus exige a santidade, mas também a produz.

6. Oração e vida cristã

6. Oração e vida cristã

6 – Oração e vida cristã NECESSIDADE DA ORAÇÃO PARA A VIDA CRISTÃ. Há

6 – Oração e vida cristã NECESSIDADE DA ORAÇÃO PARA A VIDA CRISTÃ. Há quem diga que a oração não tem valor, pois Deus já sabe o queremos, ou então que não se interessa pessoalmente pelo mundo (deísmo) ou que é uma forma de egoísmo. A oração não é egoísta, se for feita como Cristo ensina, com submissão humilde à vontade de Deus. Não se pode chegar à salvação sem as graças de Deus e algumas graças, só são concedidas pela oração. A oração não é inútil nem é egoísta: decorre da relação filial de cada um com Deus, da resposta obediente do filho ao Pai. O cristão, que viva as virtudes teologais, da fé, esperança e caridade, terá de se manifestar a Deus na oração. Os cristãos sem oração não sabem falar com o Pai: «são como um corpo paralítico ou tolhido, que, embora tenha pés e mãos, não os podem mexer» . O Magistério da Igreja sempre confirmou esta necessidade da oração. Já no Segundo Concílio de Orange (ano 529) pronunciou-se sobre a necessidade da oração dizendo que se deve implorar sempre o auxílio de Deus para chegar a bom fim. Mais tarde, o Concílio de Trento afirma, que Deus não manda coisas impossíveis, mas que se faça tudo o que se possa e peçamos a Deus ajuda para aquilo que não se pode. Inocêncio XI condenou a proposição de Molinos que dizia que aquele que está resignado com a vontade de Deus, não deve pedir coisa alguma, porque pedir é imperfeição. O Concílio Vaticano II confirma a necessidade da oração: ela é característica da Igreja e do cristão autêntico (cf LG 10, 12, 40, 41).

6 – Oração e vida cristã OS CONTEÚDOS DA ORAÇÃO CRISTÃ. A oração do

6 – Oração e vida cristã OS CONTEÚDOS DA ORAÇÃO CRISTÃ. A oração do crente brota da vida. O seu conteúdo é a mesma existência vivida dia-a-dia. As orações de petição: Quando se sente necessitado, o homem busca alguém que responsa: no fundo do seu ser, há um vazio que nada nem ninguém consegue encher: «Senhor, ouve a minha prece» (Sl 130). Às vezes é mal feita, com exigências, como querendo submeter a vontade de Deus à nossa: isto é prejudicial, apega mais às criaturas e à própria vontade e pode levar a dúvidas de fé e ao abandono da oração. Mas não se deve menosprezar esta oração como se fosse uma forma inferior de oração: Cristo mandou que pedíssemos. Devemos é pedir em Seu nome e com as disposições convenientes, e desde que seja algo útil para a nossa salvação. Deus dá-nos os dons na medida da nossa humildade. Deus responde sempre às nossas petições, ainda que nem sempre no tempo e da maneira que desejaríamos. Deus não nos dá algo que seja insensato ou prejudicial, mas ouve-nos sempre. Mesmo Cristo orou com lágrimas ao Pai para O salvar da morte e foi escutado (Heb 5, 7), não para O salvar da Cruz, mas de forma mais elevada, foi ressuscitado (Act 2, 24). Devemos pedir a Deus todo género de bens, materiais ou espirituais, o pão de cada dia, o perdão dos pecados, alívio nas doenças, o aumento da fé (Mc 9, 24); pelos amigos, pelas autoridades civis e religiosas (1 Tim 2, 2), pelos pecadores (1 Jo 5, 16), pelos que nos perseguem (Mt 5, 4), «por todos os homens» (1 Tim 2, 1), para que Deus envie operários para a Sua Messe (Mt 9, 38) e que as nossas petições ajudem o apostolado (Rm 15, 30 s). Devemos pedir sempre o Espírito Santo (Lc 11, 13), do qual derivam todos os dons.

6 – Oração e vida cristã OS CONTEÚDOS DA ORAÇÃO CRISTÃ (cont. ). As

6 – Oração e vida cristã OS CONTEÚDOS DA ORAÇÃO CRISTÃ (cont. ). As orações de contrição (de pedido de perdão): O ser humano sente-se por vezes com sentimentos de culpa: «Pela Tua grande misericórdia, apaga o meu pecado» (Sl 51). Podem orar justos e pecadores. Clemente XI condenou a opinião de Pascasio Quesnel que afirmava que a oração do pecador se acrescentava aos seus pecados. Ele também precisa da oração para se libertar do pecado. A sua oração só ofenderia a Deus se fosse hipócrita, como se pedisse a Deus que lhe permitisse seguir no mau caminho. As orações de acção de graças e de louvor: A vida não é só necessidade: é também alegria de viver. Do coração do crente sobe a gratidão para Deus, origem de todo o bem, tudo é graça, tudo é dom. O ser humano percebe de muitas maneiras a sua finitude. O seu coração prostra-se perante o Deus Criador que o reafirma no seu próprio ser. Ao adorar a Deus, sente-se sustentado por Aquele fora do qual não é nada: «O Senhor é Quem conserva a minha vida» (Sl 54). Os cristãos estão chamados a «viver em acção de graças» , permanente, exprimida em tudo o que se faça (1 Cor 15, 57). A oração fundamental é a Eucaristia. O louvor cristão, junto com a acção de graças, nasce de um conhecimento novo da bondade de Deus em Cristo e expressa-se num cântico novo (Ap 5, 9). Os homens enchem-se de alegria quando louvam a Deus: «Feliz da nação que sabe louvar-Te, Senhor, que sabe caminhar na luz do Teu rosto» (Sl 89, 16).

6 – Oração e vida cristã EFEITOS PARA A VIDA CRISTÃ. A oração produz

6 – Oração e vida cristã EFEITOS PARA A VIDA CRISTÃ. A oração produz três efeitos, segundo nos diz São Tomás de Aquino (Cf. Summa Theologica II-II, 83, 13): merece de Deus graças, obtém de Deus outros benefícios e revigora o espírito. Quando a oração segue o modelo de oração de Cristo transforma a nossa vida. A verdadeira oração ligase à vida tal como ela é vivida, afecta o resto da vida e é afectada por ela. Para orar bem, o cristão tem de estar preparado para mudar a sua vida: à medida que ora, vai encontrando cada vez mais coisas que devem ser mudadas. O cristão activo pode incorrer na armadilha do activismo: quem diz que “o trabalho é oração” incorre em erro, se de vez em quando, não ora. De facto, aquele que ora pelo seu trabalho, também entra no seu quarto e ora ao Pai em segredo e encontra tempo para estar a sós com Deus. A oração leva a uma reformulação da vida de cada um, segundo os planos de Deus. «Tende entre vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus» (Fil 2, 5). O resultado final é a paz de Cristo: uma ordem e equilíbrio dentro de nós; uma visão do mundo pela perspectiva de Deus e da eternidade; uma força para manter a unidade, apesar das mudanças à volta; e uma união crescente a Deus por Cristo.

6 – Oração e vida cristã ORAÇÃO E VIDA. «Não é possível um compromisso

6 – Oração e vida cristã ORAÇÃO E VIDA. «Não é possível um compromisso com o apostolado directo sem se ser alma de oração» , (CALCUTÁ, Madre Teresa – Um Sorriso para Deus. Edições Paulistas, S. Paulo, 1978). Vida e oração não se opõem: pelo contrário, a oração é o momento culminante da acção, ela sustenta o nosso viver. O encontro com Deus centra a nossa vida no «único necessário» . Ao abrir-nos ao amor do Pai encontramos Nele o melhor fundamento para reconhecer, amar e servir os irmãos. A prova de toda a oração é o amor, pois «Deus é amor» (1 Jo 4, 8). A melhor oração é aquela que nos conduz a amar mais. A oração necessita o espaço da vida inteira para expressar-se como amor. Pode-se orar desde a noite escura, nos momentos da dúvida. Jeremias confia em Deus: «Bendito o homem que confia no Senhor» (Jr 17, 7), mas noutra altura grita: «Ai! Serás para mim como um riacho enganador de água inconstante? » (Jr 15, 18). A oração na noite escura é dos melhores caminhos para crescer na verdadeira fé. A Deus pode-se dizer tudo, inclusive as dúvidas, mas desde que sigamos a dirigir-monos a Ele. Ora-se a vida e desde a vida: Tudo o que faz parte da vida pode ser ocasião de oração, alegrias, temores… Orar desde a vida significa fazer do viver diário, o conteúdo da oração. Quem está atento ao que vive e ora, transforma a vida. Aprende-se a orar quando se acerta a expressar a Deus o estado de ânimo e se comparte com Ele a vida, mesmo quando corre mal: «A minha alma tem aversão à vida!» (Jb 10, 1 -2). Este rezar a Deus do nosso próprio estado de ânimo não é isolar -se dos outros, é do nosso coração donde ressoam as alegrias e sofrimentos dos nossos irmãos. «Oração: Rezar a vida - Levar a vida à oração para não fazermos das duas realidades dois compartimentos estanques. Levar a vida à oração para reflectirmos sobre ela, a rezarmos diante do Senhor, ponderarmos o modo como vivemos, examinarmos como vai a nossa vivência, o nosso esforço de bem viver ao gosto de Deus. (…) Vida: oração vivida – Estar com Deus, rezar-Lhe, estar em comunhão com o divino, deve mudarnos e mudar a nossa vida. Sair da oração com o desejo efectivo de viver melhor, traduzindo na vida as grandezas de Deus. A oração, não pode ser um momento do dia em que se está com Deus, desligada da vida ao longo das horas do dia» , (PEDROSO, Dário, S. J. – Vida em oração. Editorial A. O. , Braga, 1988).

6 – Oração e vida cristã ALGUMAS ORAÇÕES CATÓLICAS. Pai Nosso, que estais nos

6 – Oração e vida cristã ALGUMAS ORAÇÕES CATÓLICAS. Pai Nosso, que estais nos céus santificado seja o Vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a Vossa vontade assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amen. É a oração cristã por excelência, como já vimos, síntese de todo o evangelho, que Jesus ensinou aos Seus discípulos como resposta ao seu pedido: «Senhor ensina-nos a orar» (Lc 11, 1). É a Oratio dominicalis (Oração dominical, Oração do Senhor), que Jesus ensinou aos discípulos (cf. Mt 6, 913; Lc 11, 2 -4).

6 – Oração e vida cristã AMEN. A palavra «Amen» é acrescentada no fim

6 – Oração e vida cristã AMEN. A palavra «Amen» é acrescentada no fim das orações. É uma palavra hebraica que significa «em verdade» ou «verdadeiramente» . Traduz-se por «assim seja» . O seu uso na oração, para exprimir o assentimento pessoal e a concordância do espírito e do coração, encontra-se tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento (cf. 1 Rs 1, 36; 1 Cor 14, 16, etc. ) Sinal da Cruz: Pelo Sinal da Santa Cruz (+) livre-nos, Deus nosso Senhor (+) dos nossos inimigos (+). Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (+). Amen. É o gesto distintivo do cristão, que o acompanha em todos os momentos. Traçamos sobre nós a cruz, para mostrar a fé na obra redentora de Cristo. Faz-se o sinal da cruz com a mão direita, da testa ao peito e dum ombro ao outro. No Ocidente, a cruz faz-se da esquerda para a direita; na Igreja Oriental, da direita para a esquerda. Enquanto se faz o sinal da cruz, diz-se «Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo» . Lembra as palavras de Cristo, ao enviar os apóstolos a ensinar e a baptizar (cf. Mt 28, 19), exprime aqui um acto de fé na Santíssima Trindade.

6 – Oração e vida cristã GLÓRIA AO PAI: Glória ao Pai e ao

6 – Oração e vida cristã GLÓRIA AO PAI: Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre. Amen Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens por Ele amados. Senhor Deus, Rei dos céus, Deus Pai todopoderoso: nós Vos louvamos, nós Vos bendizemos, nós Vos adoramos, nós Vos glorificamos, nós Vos damos graças por Vossa imensa glória. Senhor Jesus Cristo, Filho Unigénito, Senhor Deus, Cordeiro de Deus, Filho de Deus Pai: Vós que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós; Vós que tirais o pecado do mundo, acolhei a nossa súplica; Vós que estais à direita do Pai, tende piedade de nós. Só Vós sois o Santo; só Vós, o Senhor; Só Vós o Altíssimo, Jesus Cristo; com o Espírito Santo, na glória de Deus Pai. Amen O Glória ao Pai e o Glória ao Deus nas alturas são doxologias (do grego dóxa, glória + logos, que significa discurso). O termo indica uma forma de glorificação a Deus Pai ou a Cristo ou à Trindade. Chama-se menor o «Glória ao Pai» e maior o «Glória» da missa. O Glória a Deus nas alturas, também conhecido pelo nome latino Gloria in excelsis Deo, é um antiquíssimo hino de origem grega, muito antigo. Começa com as palavras dos anjos em Belém: «Glória a Deus no mais alto dos céus…» (Lc 2, 14). O Glória ao Pai é uma breve oração de louvor e glorificação à Santíssima Trindade. Não se conhece o autor nem a época da sua introdução na liturgia e oração pessoal.

6 – Oração e vida cristã Ave Maria A Ave Maria (ou Saudação Angélica)

6 – Oração e vida cristã Ave Maria A Ave Maria (ou Saudação Angélica) é composta por duas partes: a primeira é Ave Maria, formada pelas palavras do cheia de graça, o arcanjo Gabriel a Maria, na Senhor é convosco, Anunciação: «Ave, cheia de bendita sois vós graça; o Senhor está entre as mulheres contigo» (Lc 1, 28) e pelas e bendito é o fruto palavras de Isabel a Maria, do Vosso ventre, na Visitação «Bendita és entre as mulheres e bendito Jesus. o fruto do teu ventre» (cf. Lc 1, 42). A segunda parte Santa Maria, Mãe de é uma oração de Deus intercessão da Igreja à Mãe rogai por nós, de Deus, que se foi pecadores, formando pouco agora, e na hora da durante os séculos XVI e XV. A fórmula actual da Ave nossa morte. Maria foi fixada pelo papa Pio V, em 1568. Amen

6 – Oração e vida cristã O rosário é uma oração mariana, usada desde

6 – Oração e vida cristã O rosário é uma oração mariana, usada desde os primeiros tempos do cristianismo; é rezado os monges costumavam contar as preces através de pequenas pedras; foi um beneditino, o venerável Santo Beda, que sugeriu que as pedras fossem colocadas num cordão, para melhor manuseio e transporte. Segundo a tradição, a própria Virgem Maria a revelou, numa aparição, a S. Domingos de Gusmão (11701221), em 1214. De qualquer forma, por volta do ano 800, o rosário constitui-se como «Saltério dos leigos» , pois os monges rezavam os salmos (150) e os leigos não sabiam ler, pelo que rezavam orações por cada salmo, chegando a haver quatro formas diferentes. Em 1365 combinou-se as quatro formas, e por volta de 1500, surge o rosário já estabelecido. Rosário vem do latim rosarium e faz alusão às rosas, que é a rainha das flores; assim também o rosário é a mais importante das devoções. Segundo a tradição, a própria Virgem revelou a muitas pessoas que cada vez que se reza uma Ave Maria é-lhe entregue uma rosa; mas quando é um rosário completo, é-lhe entregue uma coroa de rosas. A própria Maria Santíssima estimulou a devoção do Rosário. «Rezem o terço todos os dias!» , pediu em Fátima e adiantou: «Eu sou a Senhora do rosário!» . O terço é uma terça parte do Rosário. S. BEDA, o Venerável S. DOMINGOS GUSMÃO

6 – Oração e vida cristã «Uma inserção oportuna 19. De tantos mistérios da

6 – Oração e vida cristã «Uma inserção oportuna 19. De tantos mistérios da vida de Cristo, o Rosário, tal como se consolidou na prática mais comum confirmada pela autoridade eclesial, aponta só alguns. Tal selecção foi ditada pela estruturação originária desta oração, que adoptou o número 150 como o dos Salmos. Considero, no entanto, que, para reforçar o espessor cristológico do Rosário, seja oportuna uma inserção que, embora deixada à livre valorização de cada pessoa e das comunidades, lhes permita abraçar também os mistérios da vida pública de Cristo entre o Baptismo e a Paixão. (…) É nos anos da vida pública que o mistério de Cristo se mostra de forma especial como mistério de luz: «Enquanto estou no mundo, sou a Luz do mundo» (Jo 9, 5). Nº 19 da Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae de João Paulo II 16/10/2002) Na prática as comunidades eclesiais seguiram a proposta de João Paulo II, meditando também os Mistérios Luminosos (da Luz). Cada terço compreende cinco mistérios da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo e de Nossa Senhora. Cada mistério é formado basicamente pela recitação de um Pai-nosso, dez Ave Maria, uma Gloria e algumas jaculatórias; simultaneamente reflecte-se sobre o respectivo mistério, que incide sobre uma passagem importante da história da salvação. e pela exposição de um facto da vida de Cristo (o «mistério» ), cuja meditação acompanha a recitação da dezena. Normalmente termina-se com a Salve Rainha e com as ladainhas lauretanas. As 3 Ave-Maria finais não fazem parte do Terço, mas a pessoa é livre de acrescentá-la ou não, tal como a Ladainha, etc.

6 – Oração e vida cristã OS MISTÉRIOS: MISTÉRIOS Mistérios Gozosos (de alegria) 1

6 – Oração e vida cristã OS MISTÉRIOS: MISTÉRIOS Mistérios Gozosos (de alegria) 1 – A anunciação do anjo a Nossa Senhora, para ser Mãe de Jesus 2 – A visitação de Maria à sua prima Santa Isabel 3 – O nascimento de Jesus no presépio de Belém 4 – A apresentação de Jesus no Templo e a purificação de Maria 5 – A perda e encontro de Jesus no Templo entre os doutores Mistérios Dolorosos (de sofrimento) 1 – A agonia de Jesus no Horto das Oliveiras 2 – A flagelação de Jesus 3 – A coroação de espinhos 4 – Jesus levando a cruz para o monte Calvário 5 – A crucifixão e morte de Jesus Mistérios Gloriosos (de Glória) 1 – A ressurreição de Jesus 2 – A ascensão de Jesus ao céu 3 – A descida do Espírito Santo sobre os apóstolos 4 – A Assunção da Santíssima Virgem ao céu em corpo e alma 5 – A coroação de Nossa Senhora no céu, como Rainha Mistérios Luminosos (da Luz) 1 – O Baptismo de Jesus 2 – As Bodas de Caná 3 – O anúncio do Reino de Deus 4 – A Transfiguração de Jesus 5 – A instituição da Eucaristia A Igreja sugere a seguinte distribuição ao longo da semana: Mistérios Gozosos - 2ª ; Sábado Mistérios Dolorosos - 3ª ; 6ª Mistérios Gloriosos - 4ª ; Domingo Mistérios Luminosos - 5ª «O Rosário, precisamente a partir da experiência de Maria, é uma oração marcadamente contemplativa. Privado desta dimensão, perderia sentido, como sublinhava Paulo VI: « Sem contemplação, o Rosário é um corpo sem alma e a sua recitação corre o perigo de tornar-se uma repetição mecânica de fórmulas e de vir a achar-se em contradição com a advertência de Jesus: “Na oração não sejais palavrosos como os gentios, que imaginam que hão-de ser ouvidos graças à sua verbosidade” (Mt 6, 7). Por sua natureza, a recitação do Rosário requer um ritmo tranquilo e uma certa demora a pensar, que favoreçam, naquele que ora, a meditação dos mistérios da vida do Senhor, vistos através do Coração d'Aquela que mais de perto esteve em contacto com o mesmo Senhor, e que abram o acesso às suas insondáveis riquezas » . João Paulo II, Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, nº 12

6 – Oração e vida cristã Virtudes, benefícios e méritos do Santo Rosário. 1º

6 – Oração e vida cristã Virtudes, benefícios e méritos do Santo Rosário. 1º O rosário eleva-nos insensivelmente ao conhecimento perfeito de Jesus Cristo. 2º Purifica as nossas almas do pecado. 3º Torna-nos vitoriosos sobre todos os nossos inimigos; 4º Torna fácil a prática das virtudes; 5º Abrasa-nos do amor de Jesus Cristo; 6º Enriquece-nos de graças e de méritos; 7º Fornece-nos com que pagar as nossas dívidas para com Deus e para com os homens; 8º Enfim, faz-nos obter de Deus toda a espécie de graças” São Luís de Montfort, O segredo admirável do Santo Rosário, nº 81 S. Luís de Montfort «Rezai o terço todos os dias para alcançar a paz para o mundo e o fim da guerra» «A Igreja reconheceu sempre uma eficácia particular ao Rosário, confiando-lhe, mediante a sua recitação comunitária e a sua prática constante, as causas mais difíceis (…) À eficácia desta oração, confio de bom grado hoje – como acenei ao princípio – a causa da paz no mundo e a causa da família. O Rosário é, por natureza, uma oração orientada para a paz, precisamente porque consiste na contemplação de Cristo, Príncipe da paz e « nossa paz » (Ef 2, 14). Quem assimila o mistério de Cristo – e o Rosário visa isto mesmo – apreende o segredo da paz e dele faz um projecto de vida. Além disso, devido ao seu carácter meditativo com a serena sucessão das “Avé Marias”, exerce uma acção pacificadora sobre quem o reza, predispondo-o a receber e experimentar no mais fundo de si mesmo e a espalhar ao seu redor aquela paz verdadeira que é um dom especial do Ressuscitado (cf. Jo 14, 27; 20, 21). (…) Depois, o Rosário é oração de paz também pelos frutos de caridade que produz. (…) Oração pela paz, o Rosário foi desde sempre também oração da família e pela família. Outrora, esta oração era particularmente amada pelas famílias cristãs e favorecia certamente a sua união. É preciso não deixar perder esta preciosa herança. Importa voltar a rezar em família e pelas famílias, servindo-se ainda desta forma de oração. (. . ) 42. É bom e frutuoso também confiar a esta oração o itinerário de crescimento dos filhos. Porventura não é o Rosário o itinerário da vida de Cristo, desde a sua concepção até à morte, ressurreição e glória? (…) Uma oração tão fácil e ao mesmo tempo tão rica merece verdadeiramente ser descoberta de novo pela comunidade cristã» . João Paulo II, Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, nº 39 -43

6 – Oração e vida cristã A Salve-rainha é atribuída ao monge Frei Contrat,

6 – Oração e vida cristã A Salve-rainha é atribuída ao monge Frei Contrat, que a compôs na Alemanha, por volta do ano 1050. Era uma época marcada pelas guerras, epidemias, fomes, ameaça dos bárbaros de Leste… O próprio monge tinha nascido raquítico, mal conseguia andar e escrever. Neste ambiente de misérias elevou à Rainha do céu esta prece maravilhosa até às palavras: «bendito fruto do vosso ventre» . Contase que cerca de 100 anos mais tarde, São Bernardo cantou-a na Catedral de Espira e num arrebato de entusiasmo canta ao fim: «ó clemente ó piedosa, ó doce Virgem Maria» . E a partir daí passa a ser incorporada na oração. É acrescentada, por vezes, a parte final: «Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo» . Consagração a Nossa Senhora Ó Senhora minha, ó minha Mãe, eu me ofereço todo(a) a vós, e em prova da minha devoção para con. Vosco, Vos consagro, neste dia, os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração e inteiramente todo o meu ser. E porque assim sou Vosso(a), ó incomparável Mãe, guardai-me e defendei-me como propriedade vossa. Lembrai-vos que Vos pertenço, terna Mãe, Senhora nossa! Ah, guardai-me e defendei-me como coisa própria vossa! Salve-rainha Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura, e esperança nossa, salve. A Vós bradamos, os degradados filhos de Eva, a Vós suspiramos, gemendo e chorando, neste vale de lágrimas. Eia, pois, Advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei. E depois desterro, Nos mostrai Jesus, bendito fruto do vosso ventre. Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, Para que sejamos dignos da promessa de Cristo. Amen.

6 – Oração e vida cristã S. "Lembrai-vos“ (Memorare) - Oração de S. Bernardo

6 – Oração e vida cristã S. "Lembrai-vos“ (Memorare) - Oração de S. Bernardo a Nossa Senhora: Lembrai-Vos, ó Bernardo piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à de Claraval vossa protecção, implorado a vossa assistência, e reclamado o vosso socorro, fosse por (1090 Vós desamparado. Animado eu, pois, de igual confiança, a Vós, Virgem entre todas 1153), singular, como a Mãe recorro, de Vós me valho e, gemendo sob o peso dos meus Monge pecados, me prostro aos Vossos pés. Não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Filho cisterciense de Deus humanado, mas dignai-Vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que Vos rogo. francês Amen. Magnificat A minha alma glorifica o Senhor * E o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador. Porque pôs os olhos na humildade da sua Serva: * De hoje em diante me chamarão bem aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: * Santo é o seu nome. A sua misericórdia se estende de geração em geração * Sobre aqueles que o temem. Manifestou o poder do seu braço * E dispersou os soberbos. Cântico de louvor e de acção de graças a Deus feito pela Virgem Maria aquando da visita à sua prima Isabel (cf. Lc 1, 46 -55). Toma o nome da primeira palavra do cântico em latim, que significa «louva» . Reflecte várias passagens do Antigo Testamento 8 cf. 1 Sm 2, 1 -10), proclama-se como conclusão das vésperas antes das intercessões. Derrubou os poderosos de seus tronos * E exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens * E aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, * Lembrado da sua misericórdia, Como tinha prometido a nossos pais, * A Abraão e à sua descendência para sempre Glória ao Pai e ao Filho * E ao Espírito Santo, Como era no princípio, * Agora e sempre. Amen

6 – Oração e vida cristã Angelus - Oração do meio dia V. O

6 – Oração e vida cristã Angelus - Oração do meio dia V. O Anjo do Senhor anunciou a Maria. R. E Ela concebeu do Espírito Santo. Ave Maria… A oração do Angelus reza-se às 06: 00, 12: 00 e/ou 18: 00 horas. Glorifica a Anunciação, feita pelo anjo Gabriel a Nossa Senhora, da Encarnação de Jesus Cristo. A festa da Encarnação é celebrada o dia 25 de Março, nove meses antes do Natal. O nome da oração deriva da primeira invocação em latim: Angelus Domini nuntiavit Mariæ. É atribuída ao Papa Urbano II, o Papa que convocou a primeira Cruzada. O costume de rezá-la em três momentos do dia é atribuída ao rei Luís XI da França. São Luís de Montfort, conta que era uma devoção habitual da Cavalaria. V. Eis a escrava do Senhor. R. Faça-se em mim segundo a Vossa Palavra. Ave Maria… V. E o Verbo divino encarnou. R. E habitou no meio de nós. Ave Maria… V. Rogai por nós Santa Mãe de Deus. R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Oremos. Infundi, Senhor, como Vos pedimos, a Vossa graça nas nossas almas, para que nós, que pela Anunciação do Anjo conhecemos a Encarnação de Cristo, Vosso Filho, pela sua Paixão e Morte na Cruz, sejamos conduzidos à glória da ressurreição. Por Nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. No tempo pascal, substitui-se pela oração "Regina Coeli" (oração do meio dia no Tempo Pascal) V. Rainha do Céu, alegrai-vos, Aleluia! R. Porque Aquele que merecestes trazer em Vosso ventre, Aleluia! V. Ressuscitou como disse, Aleluia! R. Rogai por nós a Deus, Aleluia! V. Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria, Aleluia! R. Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente, Aleluia! Oremos. Ó Deus, que Vos dignastes alegrar o mundo com a Ressurreição do vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, concedei-nos, Vos suplicamos, a graça de alcançarmos pela protecção da Virgem Maria, Sua Mãe, a glória da vida eterna. Pelo mesmo Cristo Nosso Senhor. Amen. A oração da Regina Coeli vem do ano 590. Conta-se que nesse ano, em Roma, o rio Tibre tinha transbordado e alagado a cidade, trazendo a fome e a peste. O papa S. Gregório Magno ordenou uma procissão geral da população de Roma. Diante da procissão ia o quadro da Virqem que chora, do Ara Coeli, pintado pelo evangelista S. Lucas. Por milagre, á medida que a imagem passava, tudo se tornava limpo e são à passagem. A certa altura ouve-se um coro que canta por cima da imagem: “Regina Coeli, laetare, Alleluia!”, ao qual S. Gregório respondeu: “Ora pro nobis Deum, Alleluia!”. Assim nasceu o Regina Coeli. Depois, os anjos colocaram-se em círculo à volta da imagem. S. Gregório Magno vê um anjo exterminador que, enxuga a espada de sangue e a coloca na bainha, como sinal de cessamento das calamidades.

6 – Oração e vida cristã Benedictus Bendito o Senhor, Deus de Israel *

6 – Oração e vida cristã Benedictus Bendito o Senhor, Deus de Israel * Que visitou e redimiu o seu povo E nos deu um Salvador poderoso * Na casa de David, seu servo, Conforme prometeu pela boca dos seus santos, * Os profetas dos tempos antigos, Para nos libertar dos nossos inimigos * E das mãos daqueles que nos odeiam Para mostrar a sua misericórdia a favor dos nossos pais, * Recordando a sua sagrada aliança E o juramento que fizera a Abraão, nosso pai, * Que nos havia de conceder esta graça: De O servirmos um dia, sem temor, * Livres das mãos dos nossos inimigos, Em santidade e justiça na sua presença, * Todos os dias da nossa vida. E tu, Menino, serás chamado Profeta do Altíssimo, * Porque irás à sua frente a preparar os seus caminhos, Para dar a conhecer ao seu povo a salvação * Pela remissão dos seus pecados, Graças ao coração misericordioso do nosso Deus, * Que das alturas nos visita como Sol Nascente, Para iluminar os que jazem nas trevas e nas sombras da morte * E dirigir os nossos passos no caminho da paz. Glória ao Pai e ao Filho * E ao Espírito Santo, Como era no princípio, * Agora e sempre. Amen. Significa «bendito» , é a oração de Zacarias no nascimento de S. João Baptista (cf. Lc 1, 68 -79). Dá graças a Deus pelo cumprimento das profecias messiânicas e dirige-se ao menino que será o precursor do Senhor. Recita-se nas laudes.

6 – Oração e vida cristã Alma de Cristo, santificai-me. Corpo de Cristo, salvai-me.

6 – Oração e vida cristã Alma de Cristo, santificai-me. Corpo de Cristo, salvai-me. Sangue de Cristo, inebriai-me. Água do lado de Cristo, lavai-me. Paixão de Cristo, confortai-me. Ó bom Jesus, ouvi-me. Dentro das Vossas Chagas, escondei-me. Não permitais que de Vós me separe. Do espírito maligno, defendei-me. Na hora da minha morte, chamai-me. E mandai-me ir para Vós, para que Vos louve com os Vossos Santos, por todos os séculos. Amen. Designa o amor de Cristo por todos os homens. Difundiu-se por obra de S. João Eudes, mas sobretudo por Stª Margarida Maria Alacoque (16471690), que após algumas visões, recomenda aos cristãos a prática das primeiras 6ªs feiras do mês. Foi ela que compôs a consagração ao lado. Na tradição, é atribuída a Santo Inácio de Loyola, fundador dos Padres jesuítas, no século XVI. Consagração ao Coração de Jesus: Eu (diga seu nome), Vos dou e consagro, ó Sagrado Coração de Jesus Cristo, minha vida, minhas acções, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte de meu ser, senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta a minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar. Tomo-Vos, pois, ó Sagrado Coração, por único bem de meu amor, protector de minha vida, segurança de minha salvação, remédio de minha fragilidade e de minha inconstância, reparador de todas as imperfeições de minha vida e meu asilo seguro na hora da morte. Sede, o Coração de bondade, minha justificação diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim Sua justa cólera. Ó Coração de amor, deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero em Vossa bondade! Extingui em mim tudo o que possa desagradar-Vos ou que se oponha à Vossa vontade. Seja o Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu esquecer-Vos nem separar-me de Vós. Suplico, por todas as Vossas finezas, que meu nome seja escrito em Vosso Coração, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e morrer como Vosso escravo. Amen.

6 – Oração e vida cristã Invocação ao Espírito Santo Vinde, Espírito Santo, enchei

6 – Oração e vida cristã Invocação ao Espírito Santo Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso amor. Enviai, Senhor, o Vosso Espírito, e tudo será criado, e renovareis a face da terra. Oremos: Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos rectamente todas as coisas e gozemos sempre da sua consolação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Amen. Oração do Anjo, em Fátima Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores". Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória Oração do Anjo, em Fátima Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam". Pertencem à Mensagem de Fátima, reveladas aos pastorinhos por um anjo (o «Anjo de Portugal» ), nos Valinhos. A oração «Meu Deus, eu creio…» , foi ensinada na Primavera de 1916, na primeira aparição; a «Santíssima Trindade…» foi ensinada em Setembro ou Outubro do mesmo ano.

6 – Oração e vida cristã São Miguel Arcanjo, protegei-nos no combate, defendei-nos com

6 – Oração e vida cristã São Miguel Arcanjo, protegei-nos no combate, defendei-nos com o vosso escudo contra as armadilhas e ciladas do demónio. Deus o submeta, instantemente o pedimos; e vós, Príncipe da milícia celeste, pelo divino poder, precipitai no inferno a Satanás e aos outros espíritos malignos que andam pelo mundo procurando perder as almas. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ámen. Oração ao Anjo da Guarda Santo Anjo do Senhor meu zeloso guardador já que a ti me confiou a piedade Divina: hoje e sempre me governa, rege, guarda e ilumina. Ámen. Anjo da Guarda, minha companhia, guardai a minha alma de noite e de dia. «O Papa Leão XIII, durante a celebração de uma missa particular, teve uma visão segundo a qual soube que o Demónio pediu permissão para submeter a Igreja a um período de provações. Deus concedeu-lhe permissão para provar a Igreja por um século (o século XX). Assim que o Demónio se afastou, Deus chamou Nossa Senhora e São Miguel Arcanjo e lhes disse: "Dou-vos, agora, a incumbência de contrabalançar a obra nefasta do Demónio. “ O Papa a seguir compôs a oração a São Miguel Arcanjo, ordenando depois que fosse rezada de joelhos, no fim de cada Santa Missa» . Fonte: www. paroquias. org Devoção ao Anjo da Guarda: "Havemos de venerar e invocar devotamente o santo anjo da guarda porque: 1. Ele é um eminente príncipe da corte celeste; 2. Ele foi-nos designado por Deus como nosso companheiro, protector e guia. Lembra-te sempre de sua presença, e nunca faças à vista dele o que não ousarias fazer à vista de tua mãe. Em todos os perigos corporais e espirituais, invoca-o e segue suas inspirações. Não te esqueças de que também o teu semelhante tem o seu anjo custódio. Saúda também a este anjo muitas vezes, e regula o teu procedimento com o próximo de conformidade com essa verdade. Fonte: Fr. Antônio Wallenstein, O. F. M. , Catecismo da Perfeição Cristã, Editora Vozes, Petrópolis, 1956, III edição.

6 – Oração e vida cristã Devoção aos santos. Havemos de venerar também os

6 – Oração e vida cristã Devoção aos santos. Havemos de venerar também os santos, porque: 1. São amigos predilectos de Deus; 2. São modelos proeminentes da perfeição; 3. São poderosos e pressurosos intercessores. A mais excelente devoção aos santos consiste, também neste caso, em lhes imitar as virtudes. Há entretanto, na vida dos santos, certos exercícios que mais são para admirar do que para imitar. As vidas dos santos constituem óptima leitura espiritual. Lendo -as, devemos ter em vista sobretudo nossa edificação e o afervoramento na prática das virtudes. Uma devoção muito especial devemos ter a São José, ao santo de nosso nome, ao de nossa paróquia, enfim, àqueles santos que se distinguiram nas virtudes que mais nos faltam". Fonte: Fr. Antônio Wallenstein, O. F. M. , Catecismo da Perfeição Cristã, Editora Vozes, Petrópolis, 1956, III edição. Responso a Stº António Se milagres desejais Recorrei a Santo António; Vereis fugir o demónio E as tentações infernais. Recupera-se o perdido, Rompe-se a dura prisão; E no auge do furacão, Cede o mar embravecido. Pela sua intercessão Foge a peste, o erro, a morte; O fraca torna-se forte E torna-se o enfermo são. Recupera-se o perdido, Rompe-se a dura prisão; E no auge do furacão, Cede o mar embravecido. Todos os males humanos Se moderam, se retiram; Digam-no os que o viram; Digam-no os paduanos. Recupera-se o perdido, Rompe-se a dura prisão; E no auge do furacão, Cede o mar embravecido. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo Recupera-se o perdido, Rompe-se a dura prisão; E no auge do furacão, Cede o mar embravecido. V. Rogai por nós bemaventurado Santo António. R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Oração: Deus eterno e omnipotente, Vós quisestes que o Vosso povo encontrasse em Santo António de Lisboa um grande pregador do Evangelho e um intercessor poderoso, concedei-nos seguir fielmente os princípios da vida cristã, para que mereçamos tê-lo como protector em todas as adversidades. Por Cristo Nosso Senhor. Amen. «Os santos fazem milagres? (…) Na realidade só Deus tem poder para operar milagres, e os santos são simples intercessores junto de Deus (…) O mesmo se diga de Nossa Senhora. Apesar de ela ser santíssima, não faz milagres, porque é criatura como nós, ainda que com um poder de intercessão junto de Deus (…)» António José Coelho, SJ – perguntas com resposta

6 – Oração e vida cristã Devoção às benditas Almas do Purgatório. CCIC 210.

6 – Oração e vida cristã Devoção às benditas Almas do Purgatório. CCIC 210. O que é o purgatório? O purgatório é o estado dos que morrem na amizade de Deus, mas, embora seguros da sua salvação eterna, precisam ainda de purificação para entrar na alegria de Deus. CCIC 211. Como podemos ajudar a purificação das almas do purgatório? Em virtude da comunhão dos santos, os fiéis ainda peregrinos na terra podem ajudar as almas do purgatório oferecendo as suas orações de sufrágio, em particular o Sacrifício eucarístico, mas também esmolas, indulgências e obras de penitência. Assim, vale a pena rezar pelos mortos, contrariamente ao que os protestantes indicam, dado que não acreditam no purgatório. S. Francisco de Sales tinha medo de seus admiradores. «Essas pessoas, imaginando que depois da minha morte fui logo directo para o céu, me farão sofrer no purgatório» . PELOS FIÉIS DEFUNTOS: Dai-lhes, Senhor, o eterno descanso, entre os resplendores da luz perpétua. Descansem em paz. Amen ORAÇÃO DE SANTA GERTRUDES pelas almas do Purgatório. Eterno Pai, Ofereço-Vos o Preciosíssimo Sangue de Vosso Divino Filho Jesus, em união com todas as Missas que hoje são celebradas em todo o mundo; por todas as Santas almas do purgatório, pelos pecadores de todos os lugares, pelos pecadores de toda a Igreja, pelos de minha casa e de meus vizinhos. Amen. Santa Gertrudes (séc. XIII). Numa visão (revelação privada), Jesus prometeu-lhe que salvaria mil almas do purgatório todos os dias, por cada pessoa que rezar com fervor esta Oração.

6 – Oração e vida cristã Os momentos mais comuns e convenientes para a

6 – Oração e vida cristã Os momentos mais comuns e convenientes para a oração privada, na vida de muitos crentes, são de manhã, ao levantar, ao meio-dia e à noite, antes de deitar. Oferecimento das obras do dia. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amen. Eu Vos adoro, meu Deus, e Vos amo com todo o coração. Dou-Vos graças por me teres criado, feito cristão e conservado nesta noite. Ofereço-Vos as acções deste dia; fazei que sejam todas segundo a Vossa santa vontade para maior glória Vossa. Guardai-me do pecado e de todo o mal. A Vossa graça seja sempre comigo e com todos os que me são caros. Amen. Pai-nosso, Ave-Maria, Glória Oração da manhã: Senhor, no início deste dia, venho pedir-Te saúde, força, paz e sabedoria. Quero olhar hoje o mundo com olhos cheios de amor, ser paciente, compreensivo, manso e prudente; ver, além das aparências, teus filhos como Tu mesmo os vês, e assim não ver senão o bem em cada um. Fecha os meus ouvidos a toda a calúnia. Guarda a minha língua de toda a maldade. Que só de bênçãos se encha o meu espírito. Que eu seja tão bondoso e alegre, que todos quantos se aproximarem de mim, sintam a tua presença. Senhor, reveste-me da tua beleza, e que, no decurso deste dia, eu Te revele a todos. Amen. Oração ao final da noite e antes de dormir: Eu Vos adoro, meu Deus, e Vos amo com todo o coração. Dou-Vos graças por me terdes criado, feito cristão e conservado neste dia. Perdoai-me as faltas que hoje cometi e, se algum bem fiz, aceitai-o. Guardai-me durante o repouso e livrai-me dos perigos. A Vossa graça seja sempre comigo e com todos os que me são caros. Amen. Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória ACÇÃO DE GRAÇAS ÀS REFEIÇÕES. O costume de dar graças às refeições foi seguido por Cristo (cf. Jo 6, 11) e pelos apóstolos (cf. Act 27, 35). A refeição alimenta o corpo, mas também pode alimentar o amor comunitário. Antes das refeições: Abençoai-nos, Senhor, e ao alimento, que vamos tomar. Dai-nos a Vossa graça, para melhor Vos podermos servir e amar. Por Cristo nosso Senhor. Amen. Depois das refeições: Graças Vos damos, Senhor, por estes e por todos os benefícios que recebemos da Vossa bondade. Por Cristo nosso Senhor. Amen.

6 – Oração e vida cristã Actos breves de fé, de esperança e de

6 – Oração e vida cristã Actos breves de fé, de esperança e de caridade: Acto de Fé – Meu Deus, creio firmemente tudo o que Vós revelastes e a Santa Igreja Católica nos ensina, porque não podeis enganar-Vos, nem enganar-nos. Acto de Esperança – Meu Deus, espero em Vós, porque sois omnipotente, infinitamente misericordioso e fidelíssimo às Vossas promessas. Acto de Caridade – Meu Deus, amo-Vos de todo o meu coração, porque sois infinitamente bom e por amor de Vós amo ao próximo como a mim mesmo. ACTO DE CONTRIÇÃO. Meu Deus, porque sois infinitamente bom e Vos amo de todo o meu coração, pesa-me de Vos ter ofendido; e, com o auxílio da Vossa divina graça, proponho firmemente emendar-me, e nunca mais Vos tornar a ofender. Peço e espero o perdão das minhas culpas, pela Vossa infinita misericórdia. Amen. ACTO DE CONTRIÇÃO (simples). Meu Deus, porque sois tão bom, tenho muita pena de Vos ter ofendido. Ajudai-me a não tornar a pecar. CONFISSÃO: Confesso a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos, que pequei muitas vezes por pensamentos e palavras, actos e omissões, (batendo no peito) por minha culpa, minha tão grande culpa. E peço à Virgem Maria, aos Anjos e Santos e a vós, irmãos, que rogueis por mim a Deus, Nosso Senhor. Antes da Confissão. Ó Jesus, meu divino Salvador: tenho pecado contra Vós por minha culpa, por minha grande culpa. Meu Deus e Pai celeste, tende piedade de mim e dai-me a graça de bem me confessar para obter o Vosso perdão e sinceramente me emendar. Virgem Santa, intercedei por nós. Pai-Nosso, Ave-Maria. Depois da Confissão. Eu Vos dou graças, Senhor, pela infinita misericórdia com que perdoastes os meus pecados. De novo me arrependo e prometo não tornar a ofender-Vos. Virgem Santíssima, Anjos e Santos do Céu, acompanhai-me e ajudai-me a fazer o bem.

6 – Oração e vida cristã ANTES DA SAGRADA COMUNHÃO: Acto de fé e

6 – Oração e vida cristã ANTES DA SAGRADA COMUNHÃO: Acto de fé e de adoração. Senhor meu Jesus Cristo, eu creio com toda a alma que Vós estais realmente no Santíssimo Sacramento do altar, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Por isso, nele Vos adoro e Vos reconheço por meu Criador, Senhor, Redentor, e por meu sumo e único bem. ACTO DE ESPERANÇA. Senhor, eu espero que, dando-Vos a mim neste divino Sacramento, usareis comigo de misericórdia, e me dareis todas as graças que são necessárias para a minha eterna salvação. ACTO DE CARIDADE. Senhor, eu Vos amo com todo o coração sobre todas as coisas, porque sois o meu Pai, o meu Redentor, o meu Deus infinitamente amável; por amor de Vós amo ao meu próximo como a mim mesmo, e perdoo, de toda a minha alma, aos que me têm ofendido. ACTO DE CONTRIÇÃO. Senhor eu detesto todos os meus pecados, porque são ofensa Vossa e me tornam indigno de Vos receber no meu coração; e proponho com a Vossa graça não tornar mais a cometê-los para o futuro, fugir das ocasiões e fazer penitência. ACTO DE DESEJO. Senhor, desejo ardentemente que venhais à minha alma, a fim de que a santifiqueis e a façais toda Vossa por amor, de modo que não mais se separe de Vós, mas viva sempre na Vossa graça. DEPOIS DA SAGRADA COMUNHÃO. Acto de fé. Senhor, já que vieste à minha alma, creio que estais verdadeiramente dentro de mim com o Vosso Corpo, Sangue, Alma e Divindade, e humilhado no meu nada Vos adoro profundamente como meu Deus e Senhor. ACTO DE ESPERANÇA. Senhor, já que vieste à minha alma, fazei que eu nunca mais dela Vos expulse com o pecado, mas conservai-Vos sempre em mim com a Vossa graça: assim o espero pela Vossa bondade e misericórdia. ACTO DE CARIDADE. Senhor, meu Deus, amo-Vos quanto sei e posso, e desejo amar-Vos cada vez mais; fazei que eu Vos ame sobre todas as coisas agora e sempre, por todos os séculos dos séculos. ACTO DE OFERECIMENTO. Senhor, já que Vos destes todo a mim, eu me dou todo (a) Vós; ofereço-Vos o meu coração e a minha alma, consagro-Vos toda a minha vida e quero ser Vosso por toda a eternidade. ACTO DE PETIÇÃO. Senhor, concedei-me todas as graças espirituais e temporais que sabeis serem úteis à minha alma; socorrei os meus parentes, benfeitores, amigos e superiores, e libertai as almas do purgatório. ACTO DE HUMILDADE. Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra, e serei salvo.

6 – Oração e vida cristã Algumas jaculatórias. V. Virgem Santíssima não permitais que

6 – Oração e vida cristã Algumas jaculatórias. V. Virgem Santíssima não permitais que eu viva nem morra em pecado mortal. R. Em pecado mortal não hei-de viver nem morrer que a Virgem Santíssima me (nos) há-de valer. - V. Ó meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do inferno. R. Levai as almas todas para o céu, principalmente as que mais precisarem. - V. Ó Maria concebida sem pecado. R. Rogai por nós que recorremos a Vós. - - - Ensinado por Nossa Senhora aos pastorinhos, nas Aparições de Fátima, em 1917. Nossa Senhora das Graças apareceu a Santa Catarina Labouré no dia 27 de Novembro de 1830, na Capela da Rua Du Bac em Paris. “ Nossa Senhora disse -lhe: ”Eis o símbolo das graças que derramo sobre as pessoas que as pedem”. Como se não pudesse com o peso das graças, os braços abaixaram-se e abriram-se na atitude graciosa que se vê na Medalha Milagrosa. Formou-se então em torno da Virgem um quadro onde se liam em letras de ouro estas palavras: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”. V. Sagrado Coração de Jesus que tanto nos amais. R. Fazei que eu Vos ame sempre cada vez mais. Muitas mais orações se poderia mencionar. Mas a oração perfeita é a oração litúrgica, porque é a oração de toda a Igreja, corpo místico de Jesus Cristo ( «Onde dois ou três estiverem reunidos em Meu nome, Eu estou no meio deles, Mt 18, 20) (cf. CIC, 2559 ss).

6 – Oração e vida cristã ALGUMAS ORAÇÕES POPULARES MAIS ANTIGAS. ORAÇÃO PARA O

6 – Oração e vida cristã ALGUMAS ORAÇÕES POPULARES MAIS ANTIGAS. ORAÇÃO PARA O DEITAR Que do céu foste mandado, ORAÇÃO A CAMINHO DA MISSA Para ser meu guardador, Com a graça de Deus e do Divino Espírito Santo, Fica-te casa do mundo, Peço-vos, Anjo bendito, Que me cubra com o seu manto Que eu para à casa de Deus vou, Se eu, com ele, coberto for, Tantos anjinhos me acompanhem, De nada que deste mundo for. Como de passadas eu dou. Jesus Cristo nos veja, ORAÇÃO AO ANJO DA GUARDA Anjo da minha guarda, Semelhança do Senhor, Pelo vosso santo poder, Que dos laços do demónio, Me ajudeis a defender. ORAÇÃO DA 5ª FEIRA SANTA ORAÇÃO A SÃO MAMEDE Quinta-feira, pela luz, Menino Mamede, Padeceu Cristo Jesus. Estrela do dia, Herodes lhe perguntou: Vós destes a vida, Tremes tu, ou treme a Cruz? A quem já morria! Não tremo, nem tremerei. Menino Mamede, Quem minha sagrada morte Estrela do Norte, E Paixão meditar, Vós destes a vida, E trinta e três credos rezar A quem estava à morte! Tudo quanto pedir, (Areosa) Tudo lhe hei-de dar. Com Deus me deito, Com Deus me levanto, Não terei medo nem pavor O demónio cego seja; Eu me entrego a Jesus, Aos cravos e à cruz E à Santíssima Trindade, Que é um Senhor de toda a verdade. Cruz de Cristo se deite sobre nós, Quem nela morreu responda por nós, Que os nossos inimigos não cheguem a nós. P. N. A. M.

7. Uma síntese…

7. Uma síntese…

7 – Uma síntese… SÍNTESE. A oração cristã é mais do que a simples

7 – Uma síntese… SÍNTESE. A oração cristã é mais do que a simples oração de toda a criatura, normal em todo o Homem, que surge da busca do transcendente. Mas é só em Jesus Cristo que a Palavra pendente e provisória do Antigo Testamento se consolida definitivamente: Ele é o Filho Unigénito de Deus, o Verbo Encarnado, é a Palavra feita carne, que leva aos Seus discípulos a entrarem na intimidade com o Pai, com o “Abba”, através da Sua vida e do Seu exemplo: Jesus é o modelo da oração cristã, ora em todo o tempo e circunstâncias, mas aliando-a ao Seu Ministério, até à morte e «morte de Cruz» ; Jesus ensina a orar explicitamente, é o Mestre da Oração; deixa-nos o Seu modelo de toda a oração autêntica: o “Pai Nosso”; e para orar bem, faz falta um coração limpo, uma fé viva e uma audácia filial, de «filhos no Filho» ; Ele é o intercessor dos cristãos, é através do Seu nome que o cristão apresenta as orações ao Pai. Também em Maria o cristão tem um modelo de oração, mulher orante por excelência: a sua oração é de contemplação, mas também de intercessão e orava em comunidade. Já na oração de Israel, Deus começa a entabular uma relação de amizade e um encontro com o Homem, e está numa atitude de escuta, é Deus que Se revela ao Homem, com a expressão máxima na Aliança do Sinai; «Eisme aqui» , é atitude de acolhimento dessa Palavra, como disseram os grandes orantes do Antigo Testamento: Abraão, Moisés, David, os profetas; e nos Salmos, oração que brota da própria vida, colocam-se as necessidades e esperanças do Homem, especialmente no Salvador, no Messias esperado.

7 – Uma síntese… SÍNTESE (cont. ). A verdadeira oração cristã assenta na oração

7 – Uma síntese… SÍNTESE (cont. ). A verdadeira oração cristã assenta na oração de Jesus Cristo ( «Sem Mim nada podeis fazer» ), com a ajuda do Mestre interior da oração, o Espírito Santo, que suscita e sustenta em nós a oração e nos ensina a orar; toda a oração é dirigida ao Pai em última instância; é assim que o cristão reza ao Deus Uno e Trino; a verdadeira oração cristã leva o cristão a comprometer-se com o mundo e com os outros e não a isolar-se em si próprio, é participação da comunhão da Trindade. A oração, sendo uma relação de amizade que se estabelece entre o Homem e Deus, é mais do que um diálogo, é uma escuta, no silêncio, da voz do Espírito que intercede por nós, «com gemidos inefáveis» . Não é fácil definir a oração, pois, como em toda a relação, também depende da experiência de cada pessoa, mas há sempre a componente de escuta atenta e de diálogo com o Amor. A oração pode ser feita no quarto, no segredo, mas toda a oração cristã deve apontar para a oração litúrgica, em comunidade e principalmente para a Eucaristia, oração de graças por excelência. Mas a vida de oração não é estável: quem orar como Jesus ensinou, receberá, como dom do Espírito Santo, uma maior união com Deus, mas isto sim, sempre como dávida, nada é automático, não há comércio na oração. Mas devemos fazer tudo o que está ao alcance para melhorar a vida de oração: o cristão pode (e deve) orar sempre e em qualquer momento e pedir o Espírito Santo, Aquele que ensina a rezar. A oração não é fácil, pois não sabemos como rezar e até impossível, se Deus não a dá. Comecemos pela oração mais simples, pela oração vocal, mas lentamente e com atenção ao que se diz e a Quem se diz; passemos a outros tipos de oração, como vimos; ter sempre em conta que a oração é diálogo, não é falar com o vazio, não é monólogo: um perigo seria sermos espectadores de nós próprios a orar; é algo necessário para o Homem, como resultado do conhecimento e reconhecimento do Deus Criador e do conhecimento e reconhecimento do Homem como criatura. O místico, o contemplativo, é aquele que alcança a maior união com Deus nesta vida, é aquele que realmente orou.

7 – Uma síntese… SÍNTESE (cont. ). A oração do cristão liga-se à vida,

7 – Uma síntese… SÍNTESE (cont. ). A oração do cristão liga-se à vida, os seus conteúdos são os da própria vida, nas diversas circunstâncias e momentos: a oração, como a mesma vida, é feita de petições, de acção de graças, de louvor, de pedido de perdão… Ela é necessária, é inseparável da vida, o cristão deve orar a vida, nos altos e nos baixos e levar a oração à vida; a oração começa em Deus, que estabelece com o Homem um diálogo de amor e volta para o Homem, que à luz do que orou, pelo Espírito Santo, toma decisões interiores de coragem e transforma o mundo: «A oração nasce do amor, é fruto da amizade: querer estar e falar com Aquele que amamos. Diálogo que exige silêncio, escuta, vigilância de coração» . A vida sem oração é solitária, alienante, insípida, leva o Homem à morte em vida. Entremos no templo da nossa alma, onde Deus nos chama suavemente. A principal tristeza do Homem é não ter oração, ainda que pense o contrário: «Ó almas que haveis começado a ter oração (…) Que bens podeis buscar ainda nesta vida (…) que sejam o menor destes? !» . Mas mais do que falar de oração cristã, o importante é orar: assim o presente trabalho deve continuar na vida de cada um e de todos… Tomai, Senhor, e recebei toda a minha liberdade, a minha memória, o meu entendimento e toda a minha vontade, tudo o que tenho e possuo; Vós mo destes; a Vós, Senhor, o restituo. Tudo é vosso, disponde de tudo, à vossa inteira vontade. Dai-me o vosso amor e graça, que esta me basta. (Santo Inácio de Loiola)

8. Bibliografia recomendada (E. F. C. 29) Nota: a bibliografia sobre «oração cristã» é

8. Bibliografia recomendada (E. F. C. 29) Nota: a bibliografia sobre «oração cristã» é imensa. Além do catecismo e do Compêndio da Igreja Católica, indicamos alguns de entre muitos possíveis.