20162017 Enfermagem Veterinria Borreliose de Lyme Transmisso e
2016/2017 Enfermagem Veterinária Borreliose de Lyme Transmissão e Prevenção da Doença Inspeção Sanitária Susana Duarte nº 14336
Introdução Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho, em cada ano ocorrem em todo o mundo cerca de: - 270 milhões de acidentes de trabalho - 160 milhões de doenças profissionais 22 Ambos têm custos económicos que ultrapassam os 4% do PIB mundial - O nº de mortos ultrapassa os 2 milhões todos os anos. Inspecção Sanitária 2
Agentes biológicos Agentes Biológicos são microrganismos capazes de originar qualquer tipo de infecção no corpo humano Da sua presença nos locais de trabalho podem advir situações de risco para os trabalhadores. Para prevenir estas ameaças é necessário: - Aplicar a legislação comunitária e nacional - Organizar as actividades de segurança e saúde no trabalho nos sectores profissionais de risco Clínicas e Hospitais Veterinários Sector da Saúde Animal Laboratórios Centros de Recolha de Animais Inspecção Sanitária 3
Doenças causadas por Agentes Biológicos A Borreliose de Lyme (ou Doença de Lyme) é uma doença infecciosa multssistémica, caracterizada pelos diferentes quadros clínicos com expressão a nível de: - Pele - Coração - Articulações - Sistema Nervoso ZOONOSE Transmissão ao Homem ACIDENTAL Quem provoca…. Espiroquetas do complexo Borrelia burgdorferi e a transmissão ao Homem resulta da mordedura de carraças infectada, sobretudo do género Ixodes (Silva, 2006). Fig. 1 Aspecto morfológico de B. burgdorferi Inspecção Sanitária 4
Evolução da doença A Borreliose de Lyme é uma doença crónica e pode apresentar diferentes fases no decurso da sua evolução, as quais se traduzem, geralmente, por manifestações clínicas: - Na pele – Eritema migrante e acrodermite crónica - No coração – Cardite de Lyme - No Sistema Nervoso Central – Neuroborreliose - Nas articulações – Artrite de Lyme Olhos, fígado e pulmões podem ser afectados mas de forma menos frequente. Inspecção Sanitária 5
Vectores da doença Os ixodídeos (carraças de corpo duro) são artrópodes ectoparasitas hematófagos que existem em quase todas as regiões geográficas e têm a particularidade de parasitar diferentes hospedeiros. O seu ciclo biológico possui 4 fases - ovo, larva, ninfa e adulto Figura 2 - Aspecto comparativo dos diferentes estádios das carraças (Adaptado EUCALB , 2009) Portugal apresenta condições climáticas, ecológicas e ambientais favoráveis ao desenvolvimento de várias espécies de ixodídeos, tais como Ixodes ricinus, que possui uma elevada importância médica. Esta espécie é predominante em zonas de vegetação e temperaturas elevadas com humidade relativa acima dos 90% (Silva, 2006). Diapausa Inspecção Sanitária 6
I. ricinus consegue localizar um possível hospedeiro vertebrado num espaço de 1 m de distância uma vez que possui células epiteliais fotossensíveis e quimioreceptoras que captam estímulos, vibrações, calor e odores (Silva, 2006). Transmissão das espiroquetas - Carraça fixa-se na pele do hospedeiro através das peças bucais - Cria lesão no local - Alimenta-se de sangue e outros fluidos do hospedeiro - Saliva, contendo espiroquetas, é a forma de contágio - Substâncias anticoagulantes e analgésicas contidas na saliva da carraça suprimem o sistema Transmissão 17 a 29 h imunitário do hospedeiro impedindo a morte das espiroquetas durante a transmissão (Silva, 2006) Inspecção Sanitária 7
Epidemiologia A incidência de Borreliose de Lyme varia de país para país, sendo mais elevada na Alemanha, Aústria, Holanda e Suécia. Estima-se que na Europa existam cerca de 50. 000 casos por ano, sendo que alguns países chegam a ter incidências de 155 casos / 100. 000 habitantes (Silva, 2006). Em Portugal - 1º caso de Borreliose de Lyme em Humanos foi identificado em 1989, em Évora. Desde 1999 – Doença de Declaração Obrigatória Entre 1990 e 2004, o nº de casos por ano variou de 2 a 78, sendo que 1997 registou o maior nº de casos. Inspecção Sanitária 8
Dos casos positivos a Borreliose de Lyme, 53, 5% são mulheres entre 35 e 44 anos. De todas as manifestações da doença, a mais comum foi a Neuroborreliose Os distritos mais afectados - Lisboa (n=286 casos), Setúbal (n=133 casos) , Évora (n=65 casos) e Braga (n=14 casos) (Carvalho, 2006). Figura 3 - nº de amostras recebidas na CEVDI/INSA e a percentagem de casos positivos, em Portugal, de 1990 a 2004 Fonte: eurosurveillance. org Figura 4 - Distribuição geográfica dos casos positivos e nº de casos nitificados, em Portugal, de 1999 a 2004 Fonte: eurosurveillance. org Dados do Laboratório do Centro de Pesquisa de Vectores e Doenças Infecciosas do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge Inspecção Sanitária 9
População em risco - Indivíduos que habitam/trabalham em zonas endémicas Ex. caçadores, agricultores, militares, pastores, jardineiros - Indivíduos que praticam desporto ao ar livre ou praticam campismo (Silva, 2005). Fig. 5 As carraças, vector da borreliose de lyme, podem ser encontradas em ambiente rural, citadino e hospitalar Inspecção Sanitária 10
Manifestações Clínicas da doença De forma a reconhecer a doença, é necessário conhecer as manifestações clínicas assim como a sequência temporal das mesmas. As espiroquetas podem permanecer no organismo durante anos sem que hajam manifestações clínicas aparentes (Marta, 2009). Figura 2 - Evolução da doença desde a infecção do vector à infecção humana (adaptado de Krupka e tal. , 2007) Inspecção Sanitária 11
Estádios da dença Estádio I – Infecção Localizada (Fase Aguda) - Decorridos a 32 dias após mordedura da carraça infectada com B. burgdorferi - Lesão característica – Eritema Migrante - Sintomas gripais (Marta, 2009) Figura 3 - Eritema Migrante O EM é caracterizado pr possuir um centro claro, dando o aspecto de um alvo, e áreas vermelhas circulares que se espalham de forma centrífuga, reflectindo o movimento das espiroquetas através ds vasos linfáticos da pele (Marta, 2009). Inspecção Sanitária 12
Estádio II – Infecção Disseminada - Semanas a meses após mordedura da carraça infectada - Sintomas como fadiga e letargia - Complicações neurlógicas (Neuroborreliose) - Complicações articulares (Artrite de Lyme) - Complicações Cardíacas (Cardite de Lyme) - Complicações oculares (Marta, 2009) Estádio III – Doença Tardia (Fase crónica) - Meses ou anos após mordedura - Artrite de Lyme crónica - Alterações psiquiátricas (Marta, 2009) Inspecção Sanitária 13
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Diagnóstico O diagnóstico é essencialmente clínico, baseando-se nas manifestações e sintomas associados à história clínica do paciente - Testes imunológicos - PCR (Marta, 2009) Tratamento A maioria das infecções é assintomática, pelo que não chega a ser feito o diagnóstico e, por consequência, a terapêutica não chega a ser instituída. Utilização de tetraciclinas, cefalosporinas e penincilinas (Marta, 2009). Inspecção Sanitária 15
Importância da prevenção de vectores A transmissão de agentes infecciosos é a principal preocupação quando somos picados por uma carraça. Num ambiente onde o contacto com animais é constante, é necessário tomar medidas preventivas para que se diminua o risco de transmissão de agentes biológicos. B. Burgdorferi – Agente Biológico do Grupo 2 Agentes Biológicos do Grupo 2 – Agentes que podem causar doenças no ser humano e constituir um perigo para os trabalhadores, sendo escassa a possibilidade de se propagar na colectividade e para o qual existem, em regra, meios eficazes de profilaxia ou tratamento (Portaria nº 405/98 de 11 de Julho). Ministério da Saúde e do Trabalho e da Solidariedade Inspecção Sanitária 16
� O Decreto-Lei 84/97 de 16/2004 , prevê que as medidas específicas para estabelecimentos com fins médicos e veterinários devem rever a probabilidade da presença dos agentes biológicos em animais e em amostras ou materiais residuais provenientes deles, devem igualmente informar do perigo que esses agentes constituem, o risco inerente à natureza da actividade profissional. � A carraça, sendo o vector mais importante na transmissão de B. burgdorferi ao Homem, deve ser controlada de forma efectiva, não colocando em causa a saúde dos trabalhadores Medidas Preventivas Inspecção de todos os animais que dão entrada nas instalações Inspecção regular dos animais e desparasitação dos mesmos Utilização de luvas descartáveis na manipulação dos animais e de todos os objectos que entram em contacto com eles Utilização de vestuário adequado à prática laboral, de preferência claro, cobrindo os braços e pernas Utilização calçado de borracha e lavável Aplicação repelente no vestuário e equipamentos Inspecção de roupa e corpo após manipulação dos animais Inspecção Sanitária 17
Medidas de protecção e higiene pessoal Segundo a DGS (2004), a protecção dos trabalhadores baseia-se na avaliação dos riscos de exposição, os quais são determinados quer pelas características dos agentes envolvidos na actividade, quer pela adequação das instalações, equipamentos e práticas de trabalho. Medidas preventivas relativas aos locais de trabalho O empregador deve fornecer ao trabalhador vestuário de protecção adequado Definir processo para recolha e manipulação de amostras de origem animal Colocar à disposição do trabalhador instalações sanitárias e de vestiário adequadas á sua higiene pessoal Assegurar a existência de colírios e antisépticos cutâneos em locais apropriados Antes de abandonar o trabalho, o trabalhador deve retirar o vestuário de trabalho e equipamento de protecção individual que possa estar contaminado por agentes biológicos e guarda-los em locais separados, previstos para o efeito O empregador deve assegurar a descontaminação, limpeza e se necessário a destruição do vestuário e equipamento de protecção contaminados Inspecção Sanitária 18
Como remover correctamente uma carraça 1 2 3 4 5 6 7 8 Fonte wikihow Inspecção Sanitária 19
Conclusão � As doenças profissionais afectam cada vez mais a classe trabalhadora; � Como enfermeiros veterinários devemos saber identificar quais os riscos inerentes à actividade profissional; � Os parasitas habituais dos animais de companhia, as carraças, podem servir de vectores para doenças infecciosas, sendo um risco para a Saúde Pública ; � A Borreliose de Lyme é uma doença infecciosa multissistémica causada por espiroquetas do tipo Borrellia burgdorferi e é transmitida pela picada da carraça da espécie Ixodes ricinus; � A lesão mais comum e característica da Borreliose é o Eritema Migrante ; � O período de tempo entre a picada da carraça infectada e o aparecimento dos primeiros sintomas varia de dias a anos; � Em Portugal o 1º caso de Borreliose de Lyme foi identificado em 1989 em Évora; � Em 1999 a doença passou a ser de Declaração Obrigatória; Inspecção Sanitária 20
� Como poucos casos são reportados anualmente, não há um correcto estudo dos factores de risco para a Saúde Pública; � Os grupos de risco são indivíduos que trabalham ao ar livre ou que estão em contacto com vegetação , assim como profissionais da saúde animal; � O controlo de vectores é fundamental para o controlo da transmissão da Borreliose de Lyme; � Todos os grupos de risco devem ser correctamente informados da importância na identificação da doença, assim como os trabalhadores devem ser informados riscos inerentes à profissão. Inspecção Sanitária 21
Bibliografia � Marta, F. , (2009), Borreliose de Lyme em Portugal: (novos) aspectos clínico-laboratoriais do diagnóstico da infecção humana , Tese de Mestrado em Microbiologia Aplicada. Universidade de Lisboa - Faculdade de Ciências, Departamento de Biologia Vegetal. Lisboa, 62 pp � � Silva, Mª. , Santos, S. , Formosinho, P. , Bacellar, F. , (2005), Carraças associadas a patologias infecciosas em Portugal , Centro de Estudos de Vectores e Doenças Innfeciosas, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Lisboa, Artigo Revisão, Acta Med Port 2006; 19: 3948, Lisboa � � Lopes de Carvalho, MS Núncio (2006) Laboratory Diagnosis of Lyme Borreliosis at the Portuguese National Institute of Health (1990 -2004). Eurosurveillance 2006, Volume 11, Disponível em: http: //www. eurosurveillance. org/View. Article. aspx? Article. Id=650 � � Decreto-Lei nº 84/97 de 16 de Abril , Portaria nº 405/98, de 11 de Julho de 1998 Disponível em: http: //www. segurancaonline. com/gca/? id=790 � � Direcção-Geral da Saúde (2004), Medidas de Controlo de Agentes Biológicos Nocivos à saúde dos Trabalhadores, Módulo I, Recomendações gerais, Lisboa. Disponível em : www. dgs. pt/saude-ocupacional/. . . /agentes-biologicos-recomendacoes-gerais-pdf. aspx Inspecção Sanitária 22
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