2 Semestre de 2019 Marcos Luiz Mucheroni CBD
2º. Semestre de 2019 Marcos Luiz Mucheroni CBD – Escola de Comunicações e Artes www. marcosmucheroni. pro. br/blog Universidade de São Paulo, São Paulo mucheroni. marcosl@gmail. com Escola de Comunicações e Artes – CBD
Dois achados e a técnica Stonehenge – centro da Inglaterra – 7. 000 a 8. 500 a. C. Caverna de Chaveut – Sul França – 32. 000 a. C. Escola de Comunicações e Artes – CBD
Quais as origens da técnica ? Não se sabe como os primeiros monumentos de pedras (post-holes) apareceram ali, mas uma hipótese razoável é que alguns já existiam e depois outros foram sendo trazidos por um longo período de cerca de mil anos, alguns vindos de muito longe de regiões como o País de Gales. Escola de Comunicações e Artes – CBD
Técnicas obscura em Stonehenge é um monumento do período neolítico, que se acredita ter surgido num período chamado por arqueólogos de mesolítico, entre 8500 a 7000 a. C. (*Vatcher e Vatcher, 1973) e descobriu-se recentemente que faz parte de círculos maiores (figura abaixo) * VATCHER, G e VATCHER, M. , ‘Excavation of three post-holes in Stonehenge car park’, Wiltshire Archaeological and History Magazine, 68 (1973), 57– 63. Escola de Comunicações e Artes – CBD
Técnicas surpreendem em Chauvet Veja o link euronews. Uma Vênus neolítica? Escola de Comunicações e Artes – CBD Reconstruída para visitas – igual?
Techné grega: arte e ofício. Em sentido amplo, ars ou téchné significa “habilidade e agilidade para inventar meios para vencer uma dificuldade ou um obstáculo postos pela natureza”. Em sentido estrito, significa “o aprendizado e a prática de um ofício que possui regras, procedimentos e instrumentos próprios”. Ars ou téchné era um saber prático. Por isso, a arte ou a técnica se definia por oposição ao que acontece por acaso, ao que é espontâneo ou não deliberado e ao que é natural. A palavra arte vem do latim ars e corresponde ao termo grego téchné, “técnica”, significando “toda atividade humana submetida a regras com vistas à fabricação de alguma coisa”. Em latim, artesão, artífice ou artista se diz artifex, “o que faz com arte”, e também opficis, “o que exerce um ofício”; e o resultado de sua ação se diz opus (no singular) e opera (no plural), isto é, “obra” em português. A arte ou técnica era, portanto, uma atividade regrada com vistas à produção de uma obra. Escola de Comunicações e Artes – CBD
Outros pensadores e a técnica O pensamento fundamental de Heidegger – aula passada. Outros pensadores disseram a respeito da técnica (Platão e Aristoteles) Levy-Strauss disse que os índios Nhambiquaras eram tão primitivos que nem mesmo tinham técnica, Se contradiz ao dizer que por mais primitiva que seja a sociedade sempre há Técnica Ortega Y Gasset vai dizer que o estágio primitivo da técnica, era “técnica do acaso (azar)”, supondo que estágio de fabricação dos instrumento não se diferenciava muitos dos seus atos naturais, diria por exemplo, que talvez pensasse em uma pedra para quebrar frutas e alimentos duros ou algo parecido, entretanto o estágio importante é o “fabrico”. Oswald Spengler, que era grande best-seller nos anos trinta, quando escreveu A decadência do Ocidente, tratou o assunto no seu “O homem e a Técnica”, em essência o pensamento kantiano de “objetividade” x “subjetividade”. Escola de Comunicações e Artes – CBD
Técnica e Informação A discussão e seu entorno – modernidade e pós-modernidade Sistemas de informação e seu fundo <mentalista> A ideia de informação como coisa, como objeto e recurso, no sentido de técnico (recursos informacionais. . . ) – Guardar este ideia Escola de Comunicações e Artes – CBD
A questão da técnica Em resumo, o objetivo do autor é estabelecer um livre pensar sobre a matéria, a técnica. Para tanto, é imperativo: • Livrar-se de concepções humanistas (qual? ) que, segundo o autor, distorcem e restringem um livre diálogo para com a técnica; • Pensá-la para além da noção corrente da técnica – distanciando-se de um ponto de vista puramente instrumental (meios para se chagar aos fins); Escola de Comunicações e Artes – CBD
A questão da técnica Diferença fundamental: • Ente é a manifestação objetiva de algum isto ou aquilo; Ex. Este sujeito, uma certa pessoa. . . • Essência é aquilo que dele se compartilha com a substância que está, obrigatoriamente, em todos os seus particulares. Ex. A essência humana é a racionalidade, pois a distingue de todos os outros seres vivos, e está presente em todos os homens, a priori. . . Escola de Comunicações e Artes – CBD
A questão da técnica O caminho para isso. . . • A noção de "questão" ao processo de interpretação – análogo ao procedimento adotado por Capurro (O conceito de informação, 2007); • Ontologia, hermenêutica e a meditação: distanciamento de noções subjetivas antropológicas tradicionais, e de definições objetivas técnicas e científicas – a pergunta pela essência; • Reconstrução de um caminho etimológico e conceitual (causalidade em sua matriz grega e sua interpretação posterior, latina e moderna) que auxilie o esclarecimento pretendido. Escola de Comunicações e Artes – CBD
A questão da técnica Entendimento corrente de técnica: • Agenciamento de meios para a consecução de fins (ênfase no poder eficiente do homem, e processual da técnica). A técnica é um fazer humano. A técnica é aquilo pelo qual se alcançam certos fins. A técnica é um fazer humano no qual se angariam certos meios para a realização de fins. Questão que se abre para a pergunta sobre o sentido de causa Escola de Comunicações e Artes – CBD
A questão da técnica O que é causa? Causa é um princípio que dele provêm um efeito As quatro causas: material; formal; eficiente; e final. (Aristóteles) • Ex. A estátua de mármore com a feição de Zeus, feita por um artesão para adornar um jardim de um templo • • A supremacia da causa eficiente como agenciamento de todas as outras três; A isto decorre uma ideia predominante de causa como aquilo que surte efeito – que realiza algo, efetivamente. Escola de Comunicações e Artes – CBD
A questão da técnica Há algum tempo temos o costume de representar as causas como o que opera efeito. Efetuar significa então: visar resultados, efeitos. A causa efficiens, uma das quatro causas, determina de modo exemplar toda causalidade. Isto vai tão longe que em geral nem mais se considera a causa finalis, a finalidde, como causalidade. Causa, casus, pertence ao verbo cadere, cair [declinar], e significa aquilo que efetua, que faz com que algo surja dessa ou daquela maneira no resultado. (HEIDEGGER, 2007, P. 377 -378) Escola de Comunicações e Artes – CBD
A questão da técnica Ainda sobre a causa. . . Causa é, neste sentido operatório, um princípio que dele provêm um efeito; um efeito visto como realização ou produção de algo (perspectiva instrumental da ideia de causa) Em contrapartida. . . [. . . ] no âmbito do pensar grego e para este pensar, tudo que as épocas posteriores procuraram nos gregos sob a representação do título de causalidade pura e simplesmente nada tem em comum com reagir e efetuar. (HEIDEGGER, 2007, p. 378) Escola de Comunicações e Artes – CBD
A questão da técnica A retomada do sentido matricial grego de causalidade • Cada uma das causas tem igual peso na efetivação de algo; • Quebra da função operatória em razão da ideia original de comprometimento; • As quatro causas, comprometidas entre si, deixam surgir algo em presença. Finalmente, o mundo grego nos diz, afirma o autor, o comprometimento é um ocasionamento no sentido de um tal deixar situar, um trazer para a frente. Escola de Comunicações e Artes – CBD
A questão da técnica A ideia de ocasionamento como surgir no comprometer e no situar: Valendo para ambos • Ocasionar da natureza (poiesis); • Ocasionar da produção artificial (techné); Ocasionamento como um modo de ser, como verdade! Escola de Comunicações e Artes – CBD
A questão da técnica Do mundo grego ao moderno • Técnica grega como desvelamento da verdade das coisas (técnica artesanal); • Técnica moderna enquanto mudança substancial na maneira de situar, mas ainda como modo de ser, e agora pautada pelo calculismo (ciência moderna). Escola de Comunicações e Artes – CBD
A questão da técnica Do intensificar (artesanal) ao provocar (da indústria e da ciência experimental) • Intensidade: aquele momento de esperar o retorno da natureza. Há certa dependência do homem em comum acordo com a natureza; • provocação: momento em que o homem põe a natureza em desafio. Quando o sentido de disponibilidade se torna presente em todo o fazer humano. Escola de Comunicações e Artes – CBD
A questão da técnica Do entendimento do mundo como recurso: a disponibilidade enquanto forma de habitar o mundo [. . . ] para a técnica moderna, não é a usina que está no rio, mas o rio que está na usina. [. . . ] Na imagem moderna do mundo, a natureza aparece como um complexo de forças passível de ser calculado. Cálculo e experiências são maneiras de fazer com que a natureza <se anuncie> como uma totalidade assim concebida. (SILVA, 2007, p. 371) Escola de Comunicações e Artes – CBD
A questão da técnica Do conceito de armação (Ge-Stell) A disponibilidade do ente como forma de presença perante a qual também o homem se faz disponível para requerer da natureza a satisfação de suas necessidades por via da transformação técnica, pode, então, ser denominada por armação] (SILVA, 2007, p. 372) Escola de Comunicações e Artes – CBD
A questão da técnica Das características da armação (Ge-Stell) • Ela é um modo próprio de desocultamento que está para a técnica moderna; • A armação é um mecanismo operatório que em nada se parece com as manifestações da técnica– não há nada de técnico na armação. Escola de Comunicações e Artes – CBD
A questão da técnica Das características da armação (Ge-Stell) • Ela é um modo próprio de desocultamento que está para a técnica moderna; • A armação é um mecanismo operatório que em nada se parece com as manifestações da técnica– não há nada de técnico na armação. Escola de Comunicações e Artes – CBD
A questão da técnica Ainda sobre a armação (Ge-Stell) A rede de mecanismos e a disponibilidade da natureza como recurso a ser aproveitado pelo requerer provocador e calculante da ciência experimental, torna a técnica um gigantesco instrumentum que extrai, processa, armazena e distribui os recursos, alimentando a cadeia; fato que dá sempre ao recurso um tom de necessidade prévia de disponibilidade. Escola de Comunicações e Artes – CBD
A questão da técnica Considerações • Armação enquanto expressão da condição habitativa da ciência moderna; • Informação como ente, como objeto concreto particular ao movimento engendrado pela técnica moderna Escola de Comunicações e Artes – CBD
Uma nova visão antropotécnica l Se possível ver o vídeo de Werner Herzog l Link: l https: //www. youtube. com/watch? v=Nf. F 989 -r. W 04&list=PLDb. Kf_KU_nm 5 PZd. Fyj. X 5 QOp. Xvpkg 7 Wwj 6 Escola de Comunicações e Artes – CBD
Heidegger, M. Ser e Tempo, Heidegger, M. A questão da técnica Silva, Franklin Leopoldo, Martin Heidegger e a técnica, Scientia Studia, v. 5, n. 3, p. 369 -74, 2007. Escola de Comunicações e Artes – CBD
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